A cinco dias das eleições municipais, o sistema elétrico da Venezuela sofreu ontem o segundo grande apagão do ano. Desta vez, foram atingidos 19 dos 23 estados e a capital, Caracas. Como de costume, o governo chavista de Nicolás Maduro culpou "sabotadores" por sua própria incompetência.
Diante do virtual colapso da economia da Venezuela, país com as segundas maiores reservas mundiais de petróleo, o regime chavista atropela a lógica e o que resta de democracia no país. Durante a campanha, Maduro bateu os recordes de abuso de poder.
O governo proibiu voos do avião particular do líder da oposição, Henrique Capriles. Quando a oposição marca um comício, o governo faz liquidação de preços em mercados governamentais na cidade. Os carros oficiais e o funcionalismo público são usados na campanha.
Há mais de 500 denúncias de uso indevido de dinheiro público para favorecer candidatos chavistas. O empresário e deputado oposicionista Miguel Cocchiola, favorito na cidade de Valência, foi afastado sob acusação de especulação. Para seduzir os eleitores mais pobres, Maduro congelou preços e limitou lucros de empresários e aluguéis.
As cinco televisões do governo passam 90% do tempo fazendo propaganda. E o dia da eleição foi declarado Dia da Lealdade e do Amor a Chávez. Em 8 de dezembro de 2012, Hugo Chávez anunciou na TV que iria para Cuba porque era "absolutamente imprescindível" se submeter a uma nova cirurgia e pediu aos venezuelanos que elegessem Maduro se ele não voltasse à Presidência.
Maduro venceu Capriles na eleição presidencial extra realizada em abril de 2013 por 1,5% dos votos válidos, gerando uma onda de denúncias de fraude nunca investigadas. Sem legitimidade, precisa da vitória para afirmar seu poder até mesmo dentro do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Com inflação anual de 54%, desabastecimento de leite, carne e papel higiênico, falta de dólares e escassez de energia num governo que nada em petróleo, a economia venezuela está à beira do colapso por causa das políticas delirantes do "socialismo do século 21", a utopia chavista. E o discurso oficial não indica qualquer mudança rumo à racionalidade.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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