terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Trump deve nomear crítico da China para representante comercial dos EUA

Em mais um sinal de que pretende jogar duro com a China, o presidente eleito, Donald Trump, deve nomear Robert Lightizer, um advogado crítico das práticas comerciais chineses, para representante comercial dos Estados Unidos, uma espécie de ministro do comércio exterior, noticiou hoje a agência Bloomberg.

Lightizer foi subchefe do Escritório de Representação Comercial dos EUA no governo Ronald Reagan. Ele defende o uso de barreiras tarifárias para promover a indústria americana e evitar novas transferências de fábricas dos EUA para a China.

Trazer de volta os empregos perdidos na era da globalização econômica foi uma das grandes promessas da campanha de Trump para conquistar o eleitorado branco sem curso superior, o mais afetado pela desindustrialização e a transferência de fábricas para outros países.

As empresas transnacionais americanas instalaram fábricas no resto do mundo depois da Segunda Guerra Mundial beneficiando-se de matérias-primas e mão de obra mais baratas, numa nova onda de globalização depois da expansão colonial marítima europeia na era dos descobrimentos e da Revolução Industrial dos séculos 18 e 19.

Essa nova onda de expansão econômica atingiu todos os recantos da Terra, como previu Karl Marx, o primeiro teórico da globalização, com o colapso do comunismo e a conversão da China à economia de mercado, criando cadeias produtivas que o trumpismo não será capaz de quebrar sem prejuízos para o consumidor americano.

Os telefones inteligentes da Apple, por exemplo, são projetados e desenhados em Cupertino, na Califórnia, ou seja, a maior parte do dinheiro vai para os EUA. O segundo item em termos de custo é a tela sensível, fabricada por empresas da Coreia do Sul e de Taiwan. Esses países são também grande fabricantes de microprocessadores. Os chineses fazem a parte da mão de obra barata.

Se Trump quiser um iPhone montado nos EUA, o preço dobra. Se quiser um iPhone 100% produzido nos EUA, será preciso criar uma fábrica de telas sensíveis. Não há nenhuma no continente americano.

Quando a presidente Dilma Rousseff foi à China, o ministro Aloizio Mercadante anunciou a instalação de uma fábrica de telas sensíveis no Brasil com investimentos de US$ 12 bilhões da empresa taiwanesa Foxconn, a mesma que monta os iPhones na China. Diante dos entraves da burocracia e da carga fiscal brasileiras, o negócio não saiu.

O economia keynesiano liberal Paul Krguman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, já prevê uma guerra comercial com sérios prejuízos ao eleitorado de Trump, que ainda corre sério risco de perder o programa de cobertura universal de saúde do governo Barack Obama.

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