O magnata e ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, o chefe de governo que ficou mais tempo no poder na Itália no pós-guerra, cerca de nove anos, morreu hoje aos 86 anos. De 1994 a 2011, liderou quatro governos, um reeleito. Seu partido é um parceiro menor da coalizão de governo da primeira-ministra Giorgia Meloni. Há anos, sofria de leucemia.
Silvio Berlusconi nasceu em Milão em 29 de setembro de 1936 numa família de classe média. Começou a construir sua carreira empresarial no setor imobiliário antes de criar a Mediaset, a maior empresa privada de televisão do país. De 1986 a 2017, foi dono do clube de futebol Milan. Com fortuna estimada em US$ 6,8 bilhões, era o terceiro homem mais rico da Itália.
Berlusconi foi um dos beneficiários dos escândalos de corrupção revelados pela Operação Mãos Limpas. Com o colapso da Democracia Cristã, que dominava a política italiana depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), temendo a ascensão da esquerda, fundou em 1993 o partido Força Itália, o grito de guerra dos torcedores da seleção do país.
Em 11 de maio de 1994, chegou ao poder com o governo mais direitista da Itália desde 1945, que caiu depois de oito meses, em 17 de janeiro de 1995. Voltou em 11 de junho de 2001 para chefiar o mais longo governo da Itália no pós-guerra, que durou até 17 de maio de 2006, com uma reeleição. Seu quarto governo foi de 8 de maio de 2008 a 16 de novembro de 2011.
No segundo governo, o serviço secreto italiano afirmou que o Iraque havia tentado comprar urânio no Níger. Isto serviu de pretexto para a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003. Após investigar a alegação em viagem ao Níger, o embaixador norte-americano Joseph Wilson concluiu que era mentira e publicou um artigo no jornal The New York Times contestando a história.
Em retaliação, o escritório do vice-presidente Dick Cheney deixou vazar para a imprensa que a mulher de Wilson, Valerie Plame, era agente da CIA (Agência Central de Inteligência), o que é um crime. O chefe de gabinete de Cheney, Scooter Libby, foi condenado a dois anos e meio de prisão. Teve a pena comutada pelo presidente George W. Bush, responsável pela invasão do Iraque.
Il Cavalière foi o terceiro chefe de governo com mais tempo no poder desde a unificação da Itália, em 1861, atrás apenas do ditador fascista Benito Mussolini (1922-45) e de Giovanni Giolitti (1892-93, 1903-5, 1906-9, 1911-14 e 1920-21).
Alvo de investigações de corrupção e pivô de escândalos sexuais, conseguiu aprovar leis que reduziram penas, mas foi condenado por fraude fiscal em 2012. Por causa da idade, a pena de prisão foi convertida em trabalho comunitário.
Em abril, foi internado no Hospital San Raffaele, em Milão, onde ficou seis semanas e foi readmitido na sexta-feira. Foi casado duas vezes e deixa cinco filhos.
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