Numa grande reviravolta na eleição mais importante na Romênia desde a queda do comunismo, em 1989, com mais de 90% das urnas apuradas, o prefeito centrista de Bucareste, Nicusor Dan, foi eleito presidente hoje no segundo turno.
Por 54% a 46% dos votos válidos, ele venceu o candidato ultranacionalista George Simion, que saiu na frente no primeiro turno e agora denuncia fraude. A participação do eleitorado foi de 65%, em contraste com 53% no primeiro turno duas semanas atrás.
É mais um extremista de direita que perde sob a sombra do presidente dos Estados Unidos. Grande admirador de Donald Trump, Simion ganhou o primeiro turno com 41% dos votos e dava a vitória como certa.Quando terminou a votação, às 21h (15h em Brasília), os dois candidatos cantaram vitória. Dan atribuiu o resultado "à comunidade de romenos que desejam uma mudança profunda" e prometeu: "A partir de amanhã, vamos reconstruir a Romênia." Seus partidários gritavam "Europa" e "unidade", contra o divisionismo e os discursos de ódio e antieuropeus da extrema direita.
No primeiro momento, Simion também declarou vitória diante de seus partidários dizendo ser "o novo presidente da Romênia". Mais tarde, reconheceu a derrota no Facebook e prometeu "continuar a luta".
Nicosur Dan nasceu em Fagaras, na província de Brasov, em 20 de dezembro de 1969. É matemático. Na juventude, ganhou duas vezes medalha de ouro nas Olimpíadas Internacionais de Matemática com notas perfeitas em 1987 e 1988. Doutor pela Escola Normal Superior de Paris em 1998, fundou uma faculdade de mesmo nome ao voltar à Romênia.
Em 2015, ele fundou a União Salve Bucareste para lutar contra a corrupção e pela preservação da capital romena, o que o lançou na política. Dan foi eleito deputado em 2016 e prefeito de Bucareste em 2020 e 2024. Venceu a eleição presidencial por ser considerado um bom prefeito.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cumprimentou "calorosamente" o presidente eleito: "Os romenos foram às urnas em massa. Eles escolheram a promessa de uma Romênia aberta e próspera numa Europa forte."
Na vizinha Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky também festejou o resultado "histórico" e destacou "a importância de ter na Romênia uma parceira confiável". Antieuropeu, o candidato derrotado é contra a ajuda à Ucrânia. Na campanha, defendeu a neutralidade.
Esta eleição presidencial romena foi bastante controvertida. Em 6 de dezembro de 2024, dois dias antes da data marcada para o segundo turno, o Tribunal Constitucional, a corte suprema do país, anulou o primeiro turno vencido pelo ultradireitista Calin Georgescu com 23% votos sob a alegação de que houve interferência externa significativa, principalmente da Rússia, e violação da lei eleitoral.
Além de ataques cibernéticos e notícias falsas atribuídas à Rússia, as investigações descobriram que a campanha Georgescu recebeu pelo menos um milhão de euros de financiamento ilegal.
A anulação do primeiro turno foi uma das razões que levou o vice-presidente dos EUA, James David Vance, a acusar a Europa de retrocesso na democracia ao censurar a liberdade de expressão e de tentar suprimir uma corrente de pensamento ignorando parte de seu eleitorado, em discurso na 61ª Conferência de Segurança de Munique. Estava defendendo a extrema direita em todo o continente e alienando aliados históricos.
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