domingo, 11 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 11 de Maio

 NOVA ROMA

    Em 330, o imperador romano Constantino I, o Grande, proclama Bizâncio, depois Constantinopla e hoje Istambul, como a Nova Roma, capital do Império Romano do Oriente, o que a transforma numa das cidades mais importantes do mundo, uma ponte entre a Europa e a Ásia.

Como Constantino fez do cristianismo a religião oficial do Império Romano, a cidade tem a religião cristã, a organização romana e o grego como língua. O conceito do direito divino dos reis como guardiães da fé nasce lá.

Com a queda do Império Romano do Ocidente em 476, Constantinopla vira a principal cidade do império e um centro de preservação da cultura greco-romana durante a Idade Média. O auge é sob o imperador Justiniano I (527-565).

Até a ascensão das cidades-estado italianas durante o Renascimento, Constantinopla é o principal centro comercial do Mar Mediterrâneo. 

Em abril de 1204, a cidade é saqueada durante a Quarta Cruzada, o que aprofunda o Cisma do Oriente entre a Igreja Católica e a Igreja Cristã Ortodoxa. Os cavalos de bronze que ornamentam o hipódromo vão parar na Basílica de São Marcos, em Veneza, onde estão hoje.

Quando os turcos invadem a Europa no século 14, o destino da cidade está selado. A tomada de Constantinopla pelos turcos do Império Otomano sob a liderança do imperador Mehmet II, em 29 de maio de 1453, marca o fim da Idade Média. Em 1547, a cidade de torna capital do Império Otomano. A Basílica de Santa Sofia e outras igrejas bizantinas são convertidas em mesquitas.

O Império Otomano se expande pela Europa e cerca Viena, a capital do Sacro Império Romano-Germânico, duas vezes, em 1529 e 1683, quando começa o recuo otomano.

A primeira ponte ligando a Ásia à Europa é construída em 1838. A presença em Constantinopla de forças britânicas e francesas, aliadas dos otomanos durante a Guerra da Crimeia (1853-56) contra a Rússia, acelera a ocidentalização da cidade. Nos anos 1870, a ferrovia europeia do Expresso do Oriente chega até lá.

O início do século 20 é o fim do Império Otomano. Em 1908, os Jovens Turcos ocupam a cidade e depõe o odiado sultão Abdulhamid II. Nas Guerras dos Bálcãs (1912-13), os búlgaros quase tomam a cidade.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), o Império Otomano se alia aos Poderes Centrais, os impérios Alemão e Austro-Húngaro. A cidade é cercada e, no fim da guerra, ocupada por britânicos, franceses e italianos até 1923, quando os nacionalistas liderados por Mustafá Kemal abolem o Califado do Império Otomano e proclamam a República da Turquia.

O nome muda oficialmente de Constantinopla para Istambul em 1930.

GUERRA MEXICANO-AMERICANA

    Em 1846, o presidente James Polk, que se elege prometendo ampliar o território dos Estados Unidos, pede autorização ao Congresso para declarar guerra ao México.

O México corta relações com os EUA em março de 1845, depois da anexação do Texas. Há uma disputa sobre onde o Texas termina, no Rio das Nozes, como quer o México, ou no Rio Grande, como entendem os EUA.

Em setembro de 1845, o presidente Polk envia John Slidell ao México para negociar a fronteira e outras questões pendentes, e propor a compra do Novo México e da Califórnia por US$ 30 milhões (US$ 750 milhões pela cotação atual). O presidente mexicano, José Joaquín Herrera, sabendo das intenções norte-americanas, nem o recebe.

Irritado, em janeiro de 1846, Polk manda o general Zachary Taylor ocupar a área em litígio, entre o Rio Grande e o Rio das Nozes. 

Quando está preparando a mensagem ao Congresso, em 9 de maio, o presidente dos EUA recebe a informação de que os mexicanos atravessam o Rio Grande em 25 de abril, no início da guerra, atacam as tropas do general Taylor e ferem ou matam 16 soldados norte-americanos. Polk muda a mensagem e acusa o México de "invadir nosso território e derramar sangue americano em solo americano."

O Congresso aprova a declaração de guerra em 13 de maio, mas os EUA entram no conflito divididos. Os democratas do Sul são a favor da guerra. Os whigs veem uma tentativa indevida e inescrupulosa de apropriação de terras e fazem oposição durante toda a guerra.

Em dezembro de 1846, Polk acusa os whigs de traição. Como eles são maioria na Câmara dos Representantes, censuram Polk por 85 a 81 votos por iniciar uma guerra com o México "desnecessária e inconstitucionalmente".

Entre as vozes mais agressivas contra a guerra de Polk, está o jovem deputado e futuro presidente Abraham Lincoln (1861-65). Os abolicionistas também são contra a guerra, entre eles, o escritor e naturalista Henry David Thoreau, preso em julho de 1846 por se negar a pagar impostos sob o argumento de que financiariam a guerra.

Thoreau passa só uma noite na cadeia porque uma tia paga os impostos. Em 1849, ele publica o livro Desobediência Civil, em que defende a resistência pacífica quando a injustiça do governo "é de tal natureza" que exige que "se descumpra a lei" para criar um atrito que pare a máquina estatal.

Suas ideias influenciam o escritor e pacifista russo Leon Tolstoy, o líder da independência da Índia, Mohandas Gandhi, e o grande herói da luta contra o regime segregacionista do apartheid na África do Sul, Nelson Mandela.

Quando a guerra começa, Polk envia um navio para resgatar o ex-presidente mexicano Antonio López de Santa Ana, o vencedor da Batalha do Álamo (1836), no início da Guerra da Independência do Texas, que está no exílio em Cuba. Polk espera negociar a paz. Mas Santa Ana assume o comando do Exército do México.

Polk manda o general Taylor, que está no Rio Grande, invadir a região central do México, enquanto forças do coronel Stephen Kearny ocupam o Novo México e a Califórnia sem encontrar grande resistência. Taylor trava várias batalhas no Rio Grande e toma Monterrey, mas não invade a região central do México.

O presidente manda então o general Winfield Scott levar um exército de navio até o porto de Veracruz. Depois de três semanas de cerco, ele toma a cidade e avança rumo à Cidade do México. Scott entra na capital mexicana em 14 de setembro de 1847. É o fim da fase militar do conflito.

Ao todo, 1.733 soldados norte-americanos morrem em combate e pelo menos 10 mil de doenças, principalmente da febre amarela, de varíola, cachumba e sarampo. Cerca de 5 mil mexicanos morrem em ação.

A guerra termina em 2 de fevereiro de 1848 com o Tratado de Guadalupe Hidalgo. O México cede o Texas, a Califórnia, Nevada e Utah, e parte do Arizona, Colorado, Novo México e Wyoming, num total de 1,36 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 41% de seu território. Os EUA pagam US$ 15 milhões como indenização pelos danos causados pela guerra e assumem uma dívida de US$ 3,25 milhões de mexicanos com cidadãos norte-americanos.

A Guerra Mexicano-Americana é uma precursora da Guerra da Secessão (1861-65), a pior guerra da história dos EUA, com 620 mil mortes, não só porque estimulou o debate sobre a escravidão, que não deveria existir nos territórios conquistados. Vários militares com experiência no campo de batalha foram líderes nos dois lados do conflito.

PRISÃO DE EICHMANN

    Em 1960, quase 14 anos depois de fugir de um campo de prisioneiros da Segunda Guerra Mundial (1939-45), o carrasco nazista Adolf Eichmann é capturado pelo serviço secreto de Israel perto de Buenos Aires, na Argentina. Ele é levado para Israel e julgado como um dos executores do Holocausto, condenado e executado.

Eichmann nasce em Solingen em 19 de março de 1906. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), a família se muda para Linz, na Áustria. Antes de entrar para o Partido Nazista, ele leva uma vida desinteressante. Trabalha como vendedor em uma companhia de petróleo e perde o emprego na Grande Depressão (1929-39).

Ele entra para o Partido Nazista em abril de 1932 em Linz e sobe rapidamente na hierarquia. Em novembro, se torna membro da SS, a força paramilitar do partido, sob o comando de Heinrich Himmler. Em 1933, Eichmann sai de Linz para a escola de terrorismo da Legião Austríaca em Lechfeld, na Alemanha.

De janeiro a outubro de 1934, ele serve na unidade da SS no campo de concentração de Dachau. De lá vai para o escritório central da SS em Berlim, onde trabalha para o serviço secreto na seção de assuntos judaicos.

Depois da anexação da Áustria pela Alemanha Nazista, em março de 1938, Eichmann é enviado para Viena para "livrar" a cidade de judeus. Um ano depois, vai para Praga cumprir a mesma missão na Tcheco-Eslováquia. Ao criar o Escritório Central de Segurança do Reich, Himmler nomeia Eichmann para a seção sobre judeus em Berlim.

Quando os nazistas aprovam a "solução final da questão judaica", o extermínio dos judeus da Europa, na Conferência de Wannsee, in Berlim, em 20 de janeiro de 1942, Eichmann é o grande executor. Coordena a prisão e a deportação de judeus para campos de concentração e centros de extermínio.

No fim da guerra, Eichmann é capturado, mas consegue fugir de um campo de prisioneiros em 1946 e vai para a Áustria e a Espanha até se fixar na Argentina em 1958. Ele é localizado e preso perto de Buenos Aires em 11 de maio de 1960, retirado secretamente do país e levado para Israel nove dias depois.

Seu julgamento pelo Estado de Israel, fundado em 1948, três anos depois do fim da guerra, recebe crítica de ser Justiça pós-fato, porque as leis e a Justiça de Israel não existem quando os crimes são cometidos. Há apelos para que o julgamento seja na Alemanha ou num tribunal internacional. Mas Israel insiste em julgar Eichmann. Vê uma oportunidade de educar as novas gerações sobre o Holocausto.

Eichmann alega não ser antissemita, mas apenas um burocrata que cumpriu rigorosamente as ordens. Diz que leu O Estado Judeu, de Theodor Herzl, livro que lança o moderno sionismo, o movimento nacional do povo judeu, e não Minha Luta, de Adolf Hitler. Nega até mesmo que seu escritório tivesse responsabilidade pelo extermínio dos judeus.

Seis milhões de judeus morrem no Holocausto, 60% da população de judeus da Europa, no que é considerado o pior genocídio da história, além de 1,5 milhão e meio de ciganos, e ainda socialistas, comunistas, anarquistas, negros e oposicionistas do regime nazista.

O julgamento vai de 11 de abril a 15 de dezembro de 1961, quando Eichmann é condenado à morte na forca. É a única condenação à pena da morte da história de Israel.

BOB MARLEY MORRE

    Em 1981, o músico, compositor e cantor jamaicano Bob Marley, o rei do reggae, morre num hospital em Miami, na Flórida, aos 36 anos. Dias depois de shows espetaculares em Nova York no ano anterior, Marley sofre um colapso durante uma corrida no Central Park. Um câncer surgido num dedão do pé machucado num jogo de futebol leva a metástase no cérebro, fígado e pulmões. O primeiro astro pop global do Terceiro Mundo morre menos de oito meses depois.

Robert Nesta Marley nasce em 6 de fevereiro de 1945 em Nine Miles, na Jamaica, filho de Norval Sinclair Marley e Cedella Booker. A mãe vai com o padrasto Toddy Livingston para Trenchtown, uma favela de Kingston, a capital jamaicana, e leva Bob quando ele tem 10 anos.

Sua paixão pela música é embalada por ritmos como o afro-jamaicano ska, o mento e o calipso caribenhos, o jazz e o rhythm and blues norte-americanos, tocados nas ruas em sistemas de som improvisados.

No início dos anos 1960, Marley forma com o meio-irmão Bunny Livingston e Peter Tosh the Wailing Wailers. Eles cantam o sofrimento do gueto, num estilo chamado de rude boy.

Sob influência do percussionista rastafariano Alvin Patterson, Marley adota esta religião e a incorpora à produção musical. Os rastafarianos fumam maconha e reverenciam o imperador Hailé Salassié, um líder africano que sai pelo mundo pedindo ajuda depois que a Itália de Benito Mussolini ocupa a Etiópia, em 1935. Pregam a volta para a África como uma Terra Prometida.

O reggae nasce da fusão de ska, rocksteady, ragga, calipso e ritmos africanos. Está no disco Catch a Fire, de 1973, o primeiro dos Wailers lançado internacionalmente. Ele casa com Rita Marley, com quem tem três de seus 11 filhos.

Em 3 de novembro de 1976, durante uma campanha eleitoral acirrada, a casa de Marley é invadida por homens armados que atiram controle. Num concerto pela paz, faz os dois líderes políticos rivais, Michael Manley e Edward Seaga, se darem as mãos.

Com a ameaça da violência política na Jamaica, em 1977, Marley se muda para Londres, onde lança o álbum Exodus. Ele decide conhecer a África. Vai ao Quênia e à Etiópia, origem do movimento rasfatariano. É convidado para a festa da independência do Zimbábue.

Na volta, lança o disco Survival, com músicas sobre os problemas políticos e sociais da África: as guerras, a fome e a desigualdade. Em 1980, Bob Marley & The Wailers dão um show para 100 mil pessoas em Milão. Depois de apresentações em Nova York, surgem os sintomas do câncer.

Consciente de que a própria morte se aproxima, ele diz a um filho: "Não importa quanto dinheiro alguém tenha, o dinheiro não compra a vida."

Nenhum comentário: