domingo, 21 de julho de 2024

Biden desiste da candidatura à reeleição e apoia Kamala

 Sob pressão do Partido Democrata depois de um debate desastroso e de gafes numa entrevista coletiva em que pretendia mostrar que tem condições de governar os Estados Unidos até os 86 anos, o presidente Joe Biden anunciou hoje que não vai disputar a reeleição em 5 de novembro. Em nota, ele destacou as principais realização de seu governo. Biden apoia a candidatura de sua vice-presidente, Kamala Harris.

Quando se candidatou em 2020 para barrar a reeleição do então presidente Donald Trump, Biden declarou que cumpriria um mandato e abriria caminho para novas lideranças democrata, especialmente para Kamala Harris, a primeira mulher vice-presidente e a primeira de origem africana ou asiática. Ela é filha de pai jamaicano e mãe indiana.

Biden pegou gosto pelo cargo e deu pouco espaço a Harris nesses três anos e meio. A idade avançada, a fragilidade física, o debate e as gafes enterraram a candidatura. Agora, Kamala Harris pode ser a primeira mulher presidente e a primeira de origem africana ou asiática.

Desde o início do primeiro debate presidencial, em 27 de junho, o desempenho calamitoso de Biden alarmou os caciques do Partido Democrata. A recuperação de um mau debate é possível, mas a percepção do eleitorado de que o presidente está velho demais não tem solução.

No fim da conferência de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 11 de julho, Biden deu uma entrevista de uma hora e meia para tentar desfazer as dúvidas a respeito de sua capacidade para governar. Mostrou um bom domínio dos temas em debate, mas apresentou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, como "presidente Putin" e chamou Trump de vice-presidente quando queria falar de Kamala Harris. Depois, deu duas entrevista à televisão sem dirimir as dúvidas sobre sua saúde.

A questão dominou o noticiário político nos EUA até a tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump, em 13 de julho. O fracasso do atirador suscitou alegações de interferência divina por partidários do candidato republicano. Mas, em vez de fazer o discurso de aceitação pregando a conciliação e a união nacional, Trump foi o extremista de sempre, o único presidente dos EUA até hoje a não reconhecer a derrota e tentar dar um golpe de Estado para não entregar o poder.

O Partido Democrata precisa agora encontrar uma fórmula para escolher o candidato. Como vice-presidente, Harris tem a vantagem de poder usar o dinheiro arrecadado pela campanha de Biden. Mas há outros nomes fortes sendo citados, como a governadora de Michigan, Gretchen Withmer; os governadores da Califórnia, Gavin Newsom, da Pensilvânia, Josh Shapiro, de Maryland, Wes Moore, e de Illinois, Jay Robert Pritzker; o senador Sherrod Brown; e o deputado Dean Phillips.

Como o casal Bill e Hillary Clinton, os presidentes dos diretórios estaduais do Partido Democrata em todos os 50 estados apoiaram Harris, tudo indica que ela será a candidata, mas o ex-presidente Barack Obama, a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi e os líderes no Senado e na Câmara ainda não endossaram a candidatura.

O comitê executivo da direção nacional do partido ficou de anunciar uma decisão na quarta-feira.

Pode haver uma eleição primária virtual ou deixar a decisão para a Convenção Nacional do Partido Democrata, a ser realizada de 19 a 22 de agosto em Chicago, mas uma mudança total de planos e o reinício da campanha a menos de três meses e meio da eleição seria um risco enorme. Mais importante será a unidade do partido para evitar a ameaça à democracia que representaria uma volta de Trump ao poder. Como observou um prefeito do partido, os democratas tem de decidir se se unem para ganhar ou brigam entre si para perder.

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