O primeiro-ministro conservador Luís Montenegro foi reeleito hoje em Portugal, mas a Aliança Democrática, de direita, não terá maioria absoluta na Assembleia da República, de 230 cadeiras. Com 226 resultados definidos, elegeu 89 deputados, nove a mais, mas ficou longe da maioria de 116 cadeiras.
As eleições foram marcadas pelo avanço da extrema direita, que passou a ter o mesmo número de deputados do Partido Socialista (PS), numa derrocada da esquerda, que fica com apenas 27% dos parlamentares.
Desde a Revolução dos Cravos (1974), que democratizou o país, o PS foi o partido que governou Portugal por mais tempo. Hoje, perdeu 20 cadeiras, caindo de 78 para 58, o mesmo resultado obtido pelo partido de extrema direita Chega, liderado por André Ventura, que tinha 49 deputados. Nas quatro cadeiras a decidir, com votos do exterior, a ultradireita levou duas nas últimas eleições.
Com o PS correndo o risco de ser rebaixado a terceiro maior partido no parlamento português, seu líder e candidato a chefe de governo, Pedro Nuno Santos, renunciou.
O Partido Comunista Português (PCP), que teve papel de destaque na revolução e que de 2015 a 2019 participou da Geringonça, a coalizão de governo do primeiro-ministro socialista António Costa, elegeu apenas três deputados. E o Bloco de Esquerda, outro parceiro daquela coligação, só um.
É a segunda eleição de Montenegro, de 52 anos, ambas com o marqueteiro brasileiro Sérgio Guerra, com o lema "Deixa o Luís trabalhar". Geralmente, em Portugal, os políticos são conhecidos pelo sobrenome. Usar o prenome foi uma jogada para dar a impressão de maior intimidade com o eleitor.
Montenegro não é um líder carismático. Sempre foi homem da máquina do partido. Lidera a Aliança Democrática, formada por seu Partido Social-Democrata (PSD), de centro-direita, e o conservador Partido Popular (CDS-PP), o antigo Centro Democrático Social, que mudou de nome mas manteve as iniciais na sigla. O ex-primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva (1985-95), líder histórico do PSB, deu uma contribuição importante.
Ele chegou ao poder em abril de 2024. Tinha grande popularidade até estourar o Caso Spinumviva, um escândalo envolvendo uma empresa da família do primeiro-ministro que fazia negócios com empresas com interesses junto ao governo, entre elas um cassino. Sua popularidade caiu, mas não o prestígio do governo.
NOTA: Os resultados finais, divulgados em 28 de maio, deixaram a extrema direita como a segunda maior força política de Portugal, com 22,7% dos votos e 60 cadeiras na Assembleia da República.
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