segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Militares dão golpe e prendem líder civil de Mianmar

Os militares, que mandam em Mianmar, a antiga Birmânia, desde 1962, deram mais um golpe de Estado no país do Sudeste Asiático. A líder civil Aung San Suu Kyu, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1991, e outros políticos foram presos. Horas antes, os militares decretaram estado de emergência por um ano. Legalmente, só o presidente Win Myint, aliado de Suu Kyi, poderia fazer isso. Ele também foi preso.

A desculpa para o golpe foi uma suposta fraude nas eleições parlamentares de novembro, vencidas por ampla margem pela Liga Nacional pela Democracia (LND), liderada por Suu Kyi, que conquistou supermaiorias nas duas câmaras da Assembleia da União. Na quinta-feira, a comissão eleitoral rejeitou as alegações de fraude dos militares.

Com soldados ocupando as ruas da capital, Naupidai, e da principal cidade, Yangum, a antiga Rangum, o poder será transferido hoje para o comandante das Forças Armadas, general Min Aung Hlaing. O telefone e a Internet foram cortados, os voos domésticos foram cancelados e o aeroporto internacional de Yangum fechado. O novo Parlamento tomaria posse nesta semana.

Filha de Aung San, o herói da independência do país do Império Britânico, em 1948, Suu Kyi passou 15 anos em prisão domiciliar. Depois da ampla vitória da LND nas eleições de 8 de novembro de 2015, impedida de assumir a Presidência, foi nomeada Conselheira do Estado, um cargo comparado ao de primeira-ministra.

Em 2017, centenas de milhares de muçulmanos do povo rohingya fugiram de Mianmar para escapar de um genocídio cometido pelo Exército. A maioria era refugiada ou descendente de refugiados da guerra da independência de Bangladesh, a República de Bengala, que se tornou independente do Paquistão em 1971.

Suu Kyi ignorou os apelos da sociedade internacional para proteger os rohingyas. O arcebispo sul-africano Desmond Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1984, chegou a pedir que o prêmio dela fosse cassado. Ela perdeu a aura de defensora dos direitos humanos.

Os Estados Unidos, a União Europeia e a Austrália exigiram a restauração da democracia e liberdade para os presos políticos.

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