sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

EUA bombardeiam milícias apoiadas pelo Irã na Síria

 Na primeira ação militar do governo Joe Biden, a Força Aérea dos Estados Unidos bombardeou bases de milícias xiitas apoiadas pelo Irã na Síria em resposta a ataques a forças americanas no Iraque. Pelo menos 17 milicianos teriam sido mortos. É um sinal de que o novo presidente está disposto a usar a força e vai retaliar quando soldados dos EUA forem atacados, e um aviso ao Irã.

Os alvos foram as milícias Kataib Hesbolá e Kataib Said al-Chuhada, mas o principal recado é para o Irã, o maior inimigo dos EUA no Oriente Médio, que se fortaleceu com a invasão do Iraque, onde a maioria da população é xiita como na República Islâmica. 

O Iraque foi criado em 1920 pelo então subsecretário de Estado para o Oriente Médio do Império Britânico, Winston Churchill, reunindo a província curda de Kirkuk e as províncias árabes de Bagdá e Bássora do extinto Império Otomano para formar um país capaz de conter o Irã. Churchill traiu os curdos, a quem fora prometido um Estado Nacional. A invasão americana de 2003 para depor o ditador sanguinário Saddam Hussein fragmentou o país - e o Irã foi o maior beneficiado pela influência que tem sobre a maioria xiita.

Biden repete a política do Grande Porrete, associada ao presidente Theodore Roosevelt, pioneiro do imperialismo americano: fale macio, mas mostre um grande porrete. Ele anunciou a intenção de renegociar o acordo nuclear fechado em 2015, no governo Barack Obama (2009-17), entre o Irã, as grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha para congelar por 10 anos o programa nuclear iraniano e assim evitar que o país fabrique armas atômicas.  O presidente Donald Trump abandonou o acordo em 8 de maio de 2018 e impôs sanções econômicas duríssimas para sufocar a economia do Irã. 

Agora, os EUA pretendem incluir na renegociação a tecnologia de mísseis, querem que o Irã tenha apenas mísseis defensivos, de curto alcance (500 km), e que pare de interferir em outros países da região, exportando sua revolução e armando, financiando e treinando milícias xiitas. O regime fundamentalista iraniano quer limitar a negociação à questão nuclear.

A retaliação dos EUA foi uma resposta a ataques de milícias xiitas a alvos americanos em Irbil, a capital do Curdistão Iraquiano, bases na periferia de Badgá e na Zona Verde da capital do Iraque, onde fica a embaixada americana.

Em 3 de janeiro de 2020, um ataque de mísseis dos EUA matou o general Kassem Suleimani, o mais laureado general iraniano, comandante da Força Quods, o braço da Guarda Revolucionária do Irã para ações no exterior. 

Suleimani comandava mais de 60 milícias xiitas em ação no Iraque, no Líbano e na Síria, onde algumas foram uma força terrestre decisiva ao lado do ditador Bachar Assad na guerra civil iniciada em 2011 e até agora não totalmente pacificada.

Na época, houve uma resposta moderada do Irã e aliados à morte do general, mas o desejo de vingança está vivo. De tempos em tempos, as forças dos EUA, reduzidas no governo Trump. são alvo de milícias xiitas ou sunitas. O Estado Islâmico, agora na clandestinidade, voltou a atacar em Rakka, a antiga capital de seu califado.

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