TRIBUNAL DE TÓQUIO
Em 1946, o Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, mais conhecido como o Tribunal de Tóquio, começa a julgar 28 oficiais e altos funcionários do Japão acusados de crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade antes e durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), a partir da invasão da Manchúria em 1931. Segue o modelo do Tribunal Militar Internacional de Nurembergue, na Alemanha, que julga os líderes nazistas.
Depois da derrota do Japão e da ocupação do arquipélago pelos Estados Unidos, o comandante supremo das Forças Aliadas, general Douglas MacArthur, cria o tribunal para julgar os crimes da Guerra do Pacífico.Uma carta define a composição, a jurisdição e o procedimento do tribunal com base na corte de Nurembergue. Os juízes, procuradores e funcionários do Tribunal de Tóquio vêm dos 11 países que lutaram contra o Japão na guerra: Austrália, Canadá, China, EUA, Filipinas, França, Índia, Holanda, Nova Zelândia, Reino Unido e União Soviética.
Os réus são 28 líderes políticos e militares japoneses, inclusive ex-primeiros-ministros, ministros do Exterior e altos comandantes militares. Eles são alvo de 55 acusações de guerra de agressão, assassinato, vários crimes de guerra e crimes contra a humanidade, como a tortura e os trabalhos forçados de prisioneiros, detenção e internação de civis nos territórios ocupados.
Dois réus morrem durante o julgamento. A sentença sai em 12 de novembro de 1948. Shimei Okawa, é considerado incapaz de responder ao processo. Todos os demais réus são condenados. Sete pegam a pena de morte e 16 a prisão perpétua. Milhares de criminosos de patentes inferiores e colaboradores são julgados por tribunais locais na Ásia e no Pacífico até 1949.
PRIMEIRO SPAM
Em 1978, usuários da ARPANET recebem um anúncio que é considera o primeiro e-mail indesejado (spam).
ASCENSÃO DE THATCHER
Em 1979, o Partido Conservador vence as eleições no Reino Unido. No dia seguinte, sua líder, Margaret Thatcher, se torna a primeira primeira-ministra da Europa.
Margaret Hilda Roberts nasce em 13 de outubro de 1925 em Grantham, na Inglaterra, filha de um dono de armazém e vereador que seria prefeito da cidade. É a primeira mulher a se tornar primeira-ministra britânica e a pessoa que chefiou o governo do país por mais tempo desde 1827. Ela chegou ao poder depois do chamado Inverno do Descontentamento, marcado por uma onda de greves, agitação social e desemprego resultantes da primeira crise do petróleo.
A Dama de Ferro, apelido que ganhou da imprensa soviética em 1976 depois de um discurso anticomunista quando líder da oposição, promete resgatar a moralidade pública e reduzir a participação do Estado na economia.
Além de cortar impostos, uma de suas principais bandeiras é a privatização de empresas estatais, que ela considera mais ineficientes do que o setor privado. Thatcher quer transformar a Grã-Bretanha num país de acionistas. Começa esse processo em 1981 sob forte oposição dos sindicados, ligados ao Partido Trabalhista.
Estão lançadas as bases do thatcherismo, que incluem recuo da máquina estatal, disciplina fiscal, cortes de impostos, privatizações, respeito à autoridade e à ordem pública, e um feroz anticomunismo. Poucos primeiros-ministros dão nome a uma filosofia política.
Em seu radicalismo, Margaret Thatcher chega a dizer: "Não existe isso que chamam de sociedade. Há homens, mulheres e famílias".
O total de desempregados no Reino Unido sobe para 3 milhões, e o número de pobres aumentou quatro vezes, aprofundando a desigualdade social, uma das marcas perversas do neoconservadorismo. Impopular, Thatcher conta com uma ajuda inesperada.
A invasão das Ilhas Malvinas pela ditadura militar da Argentina em 2 de abril de 1982 é um teste para sua determinação. Uma força-tarefa é enviada para a guerra a 10 mil quilômetros de distância da Inglaterra. Em 14 de junho, as ilhas são retomadas depois da morte de 649 argentinos e 258 britânicos.
Humilhada, a ditadura militar argentina cai. Fortalecida, Thatcher obtém em 1983 sua maior vitória eleitoral. Com maioria de 144 deputados no Parlamento Britânico, parte para o enfrentamento com os sindicatos para impor sua ideologia econômica neoliberal. Uma greve de 11 meses contra o fechamento de 20 minas estatais deficitárias deixa o Reino Unido sem carvão em 1984 e 1985.
Sem o apoio da opinião pública, a greve fracassa. Os mineiros e o sindicalismo em geral perdem força.
Também em 1984, Margaret Thatcher sobrevive a um atentado a bomba do Exército Republicano Irlandês (IRA) contra a convenção anual do Partido Conservador. É uma tentativa de vingar as mortes de 10 militantes republicanos irlandeses em greve fome que exigiam reconhecimento como presos políticos, em 1981. Inflexível, a Dama de Ferro os considerava criminosos comuns.
No mesmo ano, Thatcher convida o futuro líder soviético Mikhail Gorbachev para ir a Londres. É a primeira a identificá-lo no Ocidente como "alguém com quem se pode negociar".
Naquela época, ela considera o líder negro sul-africano Nelson Mandela, que ainda está preso, como "terrorista". Mais tarde, defende o amigo e admirador general Augusto Pinochet, o ditador preso em Londres em 1998 por crimes cometidos quando governou o Chile, de 1973 a 1990.
Sob Thatcher, amplos setores da economia britânica, aviação, metalurgia, telecomunicações, água, energia e o sistema ferroviário, são entregues à iniciativa privada. São mudanças permanentes, observa o jornal The New York Times. Modernizam a Grã-Bretanha, mas aprofundam a desigualdade.
A ex-primeira-ministra também é uma grande adversária do aumento dos poderes da Comunidade Europeia, hoje União Europeia. Chega a bater na mesa com sua bolsa para pedir a devolução de parte da contribuição britânica para a política comum de subsídios agrícolas do bloco europeu, já que o Reino Unido tem uma agricultura muito menor do que países como a França e a Alemanha.
"Não estou pedindo o dinheiro dos outros. Estou pedindo nosso dinheiro de volta", afirmou.
Em 1987, depois de sua terceira vitória eleitoral consecutiva, Thatcher se torna ainda mais antieuropeia, preocupando um de seus maiores aliados, o centro financeiro de Londres, que teme perder a primazia para Paris ou Frankfurt na união monetária europeia porque o Reino Unido não adota o euro.
Uma de suas principais bandeiras, entusiasticamente adotada pelo Partido Conservador, é repatriar poderes da UE para o Parlamento Britânico. Diante do avanço do euroceticismo e da crise da Zona do Euro, o atual primeiro-ministro e líder do partido, David Cameron, prometeu convocar um plebiscito sobre a permanência do país na UE até 2017. Por 52% a 48%, em 23 de junho de 2016, o Reino Unido decidiu sair da UE
O risco de isolamento na Europa e a substituição do imposto predial e territorial por um imposto por pessoa, independentemente da renda pessoal e do tamanho da propriedade, selam sua impopularidade. Em novembro de 1990, o ex-ministro Michel Heseltine, um europeísta, desafia a liderança da Margaret Thatcher.
Sem uma vitória consistente, com mais de dois terços dos votos da bancada do partido na Câmara dos Comuns, Thatcher pede demissão. Vira Baronesa Thatcher e vai para a Câmara dos Lordes. Enquanto sua saúde permite, influencia a vida política do país.
O regicídio, como o episódio é conhecido na Grã-Bretanha, abre uma guerra interna de que o Partido Conservador não se recuperou até hoje e que levou ao plebiscito para sair da UE. O compromisso com a defesa de Londres como um dos maiores centros financeiros do mundo entra em choque com a rejeição à integração europeia.
Talvez seu maior legado seja a profunda reforma política e econômica, que vai muito além do Reino Unido. Antes de Thatcher, a maioria das companhias aéreas e as empresas telefônicas de fora dos EUA eram estatais.
Para voltar ao poder com Tony Blair, em 1997, o Partido Trabalhista faz uma ampla mudança, abrindo mão do socialismo e da estatização dos meios de produção, que são excluídos do programa partidário para reconquistar a classe média. Essa é a grande vitória ideológica de Thatcher, fazer o principal adversário abraçar a economia de mercado.
Do ponto de vista econômico, o neoliberalismo que defendeu com tanto vigor ao lado de Ronald Reagan é a ideologia dominante da economia internacional por quase três décadas. Com suas políticas de desregulamentação e redução da atividade do Estado, é a principal causa da grande crise econômico-financeira internacional de 2008-9.
Acima de tudo, Thatcher ajuda a acabar com a Guerra Fria, resgata o prestígio da economia de mercado e recupera o orgulho do Reino Unido, mas a um custo social elevado que divide o país, aumenta a desigualdade social e o afasta do resto da Europa.
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