O presidente Ebrahim Raisi e o ministro do Exterior do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, morreram domingo à noite num acidente de helicóptero em meio a forte neblina perto da fronteira com o Azerbaijão.
Raisi era um linha-dura que chegou ao poder com a desmoralização da ala mais moderada da ditadura teocrática iraniana. Essa ala negociou no governo Barack Obama com os EUA e as outras grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (China, França, Reino Unido e Rússia) um acordo para congelar a parte militar do programa nuclear do Irã. Em 8 de maio de 2018, o então presidente Donald Trump abandonou o acordo.
No fim dos anos 1980, Raisi foi um dos juízes de morte, que condenaram à morte entre mil e 30 mil iranianos, com número mais provável em torno de 5 mil, dizimando a oposição de esquerda à República Islâmica.
Ele concorreu à Presidência em 2017 pela conservadora Frente Popular das Forças da Revolução contra o então presidente, Hassan Rouhani, que tentou uma aproximação com o Ocidente ao negociar o acordo nuclear. Perdeu por 57% a 38,3%. Em 2021, foi eleito com 62% dos votos.
Homem de confiança do Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, o ditador de fato do Irã, Raisi foi duro na repressão a qualquer oposição ao regime, por exemplo, nos protestos contra a morte da menina Mahsa Amini, torturada pela polícia da moralidade por não usar o véu islâmico corretamente. Pelo menos 537 pessoas foram mortas pelas forças de segurança.
Ibrahim Raisi era um candidato em potencial à sucessão de Khamenei, que tem 85 anos e teve câncer na próstata. As autoridades têm agora 50 dias para convocar nova eleição presidencial, o que sempre gera uma disputa de poder dentro do regime teocrático iraniano. Mas o núcleo central do regime não é abalado porque em última análise manda o líder supremo.
Em política externa, com a volta das sanções dos EUA e a guerra da Rússia contra a Ucrânia, o Irã se aproximou do eixo China e Rússia por terem um inimigo comum, os EUA.
O presidente tinha muitos inimigos dentro e fora do Irã, mas não se falou até agora de indícios de sabotagem.
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