O prefeito de Varsóvia, Rafal Trzarkowski (foto), apoiado pelo governo, venceu no domingo o primeiro turno da eleição presidencial na Polônia, com 31,2% dos votos, mas é uma vantagem pequena sobre o oposicionista de extrema direita Karol Nawrocki, que teve 29,7%. Os dois se enfrentam no segundo turno em 1º de junho. A participação foi de 66,8%.
A eleição é fundamental para o governo pró-europeu do primeiro-ministro Donald Tusk, que já presidiu o Conselho Europeu, que reúne os chefes de governo da União Europeia. Além de questões que mobilizam a ultradireita, como aborto e direitos das minorias sexuais, os problemas mais importantes para a Polônia hoje são a guerra da Rússia contra a Ucrânia, dois países vizinhos, e o futuro da segurança da Europa quando o presidente Donald Trump ameaça retirar os Estados Unidos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
"Este resultado mostra como devemos ser fortes, como devemos ser determinados", enfatizou Trzarkowski, de 55 anos, ao festejar a vitória parcial com seus partidários da Plataforma Cívica, um partido liberal de centro-direita fundado por Tusk em 2001 como dissidência do movimento Solidariedade, que derrubou o regime comunista.
Por sua vez, Nawrocki, de 42 anos, admirador de Trump, com quem esteve na Casa Branca, prometeu vencer o segundo turno para impedir a coalizão de governo de "monopolizar" o poder na Polônia. Ele é do partido ultranacionalista Lei e Justiça (PiS), fundado em 2001 pelos irmãos Jaroslaw e Lech Kaczynski, partido do atual presidente Andrzej Duda.
Em terceiro lugar, com 14,9%, ficou o extremista de direita Slawomir Mentzen, que pode ser o fiel da balança no segundo turno favorecendo Nawrocki porque suas ideias têm mais afinidade. Mentzen é um libertário eurocético radicalmente contra o aborto e a imigração. Acusa os refugiados ucranianos, cerca de um milhão, de explorar a Polônia.
Uma vitória do prefeito de Varsóvia dará ao governo autoridade para continuar a restauração do Estado de Direito, depois que governos do PiS atacaram a mídia, a liberdade de imprensa e a independência do Poder Judiciário, no modelo do autoritarismo do século 21.
"Temos a possibilidade de restaurar a ordem em nosso país", comentou o ex-presidente Lech Walesa, líder da luta contra o comunismo, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1983. "Estamos num momento de grandes discussões sobre o futuro da Polônia, da Europa e do mundo."
Na Polônia, o chefe de Estado tem poderes limitados. Quem manda mesmo é o primeiro-ministro. Mas o presidente pode vetar, o que o atual presidente fez várias vezes para frustrar o governo Tusk.
"Com Nawrocki, o governo será paralisado e isto pode levar com o tempo à queda da coalizão no poder", prevê a cientista política Anna Materska Sosnowska. "Seria a volta dos populistas com uma força decuplicada no mais tardar em dois anos", nas próximas eleições parlamentares. Ela considera a eleição fundamental para a "tentativa de conter as tendências antidemocráticas e populistas através da Europa."
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