quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Hoje na História do Mundo: 30 de Janeiro

 CARLOS I EXECUTADO

    Em 1649neva em Whitehall, no centro de Londres, quando o rei Carlos I é decapitado por traição durante a Guerra Civil Inglesa (1642-51).

A execução é o ápice de uma crise entre os monarquistas católicos e o Parlamento de maioria protestante durante a Guerra Civil Inglesa.

Em 27 de janeiro de 1649, a Alta Corte ou Tribunal Superior de Justiça condena Carlos I, rei da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda, por "deter um poder tirânico e ilimitado para governar por sua vontade e por negar os direitos e liberdades do povo". A pena é a morte por degola.

Carlos I é decapitado numa estrutura armada na frente da Banquet House, em Whitehall, diante de uma multidão que enfrenta o frio para ver o regicídio. O rei faz um discurso final declarando-se inocente e um "mártir do povo", mas só quem está perto dele ouve.

Com a execução do rei, começa o breve período da República na história da Inglaterra, sob a liderança tirânica de Oliver Cromwell. Com a morte de Cromwell, em 1658, seu filho o substitui, mas a monarquia é restaurada em 1660, com a ascensão ao trono de Carlos II, filho de Carlos I.

HITLER CHANCELER

    Em 1933, depois da vitória do Partido Nazista sem maioria absoluta, o presidente Paul von Hindenburg nomeia Adolf Hitler chanceler (primeiro-ministro) da Alemanha, cargo que ocupa até a morte, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Hitler nasce em 20 de abril de 1898 em Braunau, na Áustria. Pintor medíocre, luta na Primeira Guerra Mundial (1914-18) como cabo do Exército da Alemanha. Em 1919, entra para o Partido Trabalhista Alemão, que no ano seguinte muda de nome para Partido Nacional-Socialista Trabalhista Alemão.

Em 8 a 9 de novembro de 1923, os nazistas tentam o Golpe da Cervejaria de Munique para tomar o poder na Baviera. Hitler é preso, mas o julgamento o transforma em celebridade. Num ano de cadeia, ele escreve Mein Kampf (Minha Luta), o grande manual do nazismo.

Decidido a chegar ao poder pela via democrática, Hitler faz uma vigorosa campanha ultranacionalista, denunciando a injustiça do Tratado de Versalhes (1919), antissemita e anticomunista.

O colapso da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929, também atinge a economia alemã. Se o desemprego chega a 25% nos Estados Unidos em 1932, na Alemanha vai a quase 30% Enquanto os norte-americanos elegem Franklin Roosevelt e seu New Deal (Novo Pacto), nas eleições de 31 de julho de 1932, os nazistas conquistam o maior número de cadeiras no Reichstag, 230 de 585, com 37% dos votos.

Em 6 de novembro de 1932, há outra eleição antecipada. Com 33% dos votos, os nazistas elegem 196 deputados, mas continuaram sendo o maior partido no Parlamento. São as últimas eleições livres na Alemanha.

Um mês depois de Hitler ser nomeado primeiro-ministro, em 27 de fevereiro, os nazistas tocam fogo no Parlamento e acusam os comunistas. É o grande golpe de Hitler. Ele aproveita o episódio para obter poderes especiais, perseguir adversários políticos e conquistar maioria absoluta na Câmara.

Com a morte de Hindenburg, em 2 de agosto de 1934, Hitler acumula os dois cargos, de presidente e primeiro-ministro, chefe de Estado e de governo. Em 19 de agosto, com quase 90% dos votos, um referendo o transforma no Führer, um ditador com poderes absolutos.

PIOR NAUFRÁGIO DA HISTÓRIA

    Em 1945, um submarino soviético põe a pique o navio alemão Wilhelm Gustloff matando quase 9 mil pessoas no pior desastre marítimo da história.

O Gustloff é fabricado para o programa Força através da Alegria, que promove atividades de lazer para os trabalhadores alemães. Tem 208,5 metros e pesa mais de 25 mil toneladas. É batizado em homenagem ao líder do Partido Nazista da Suíça, assassinado em 4 de fevereiro de 1936. O ditador nazista Adolf Hitler participa do lançamento, em 5 de maio de 1937.

Em 10 de maio de 1938, serve como local de votação para alemães e austríacos residentes no Reino Unido participarem do referendo sobre a anexação da Áustria pela Alemanha. Faz parte da frota que leva soldados da Legião do Condor de volta à Alemanha no fim da Guerra Civil Espanhola (1936-39), em maio de 1939.

No começo da Segunda Guerra Mundial (1939-45), é um navio-hospital no Mar Báltico. A partir de novembro de 1940, serve como quartel da 2ª Divisão de Treinamento de Submarinos.

Quando o Exército Vermelho da União Soviética avança pela Prússia Oriental, o almirante Karl Dönitz prepara a evacuação de 2 milhões de alemães na Operação Hannibal, muito maior do que a Retirada de Dunquerque, quando os britânicos fogem da França para fugir do avanço das forças alemães de 26 de maio a 4 de junho de 1940.

O navio começa a embarcar refugiados em 25 de janeiro. Em 29 de janeiro, há 7.956 refugiados registrados. A estimativa é que mais 2 mil pessoas embarcam. O Gustloff zarpa em 30 de janeiro. Por medo de que os motores do navio, parado há anos, tenham problemas, o capitão Friedrich Petersen decide viajar a no máximo 10 nós por hora (22 km/h). Ele ignora o conselho do comandante da 2ª Divisão de Treinamento de Submarinos para ir a 15 nós por hora (28 km/h) para escapar dos submarinos inimigos.

Apesar do grande número de civis, o Gustloff leva cerca de mil soldados e equipamentos militares, o que o torna um alvo de guerra. Às 21h16 pela hora local, três torpedos do submarino soviético S-13 atingem o Gustloff, que afunda em uma hora. O navio tem barcos salva-vidas para 5 mil pessoas, mas um torpedo atinge o local onde está a tripulação, encarregada de realizar o salvamento. Nove navios resgatam 1.239 sobreviventes. 

ASSASSINATO DA GRANDE ALMA

    Em 1948, um fundamentalista hindu mata o herói da independência da Índia, Mohandas Karamchand Gandhi, o Mahatma (Grande Alma), aos 78 anos.

Advogado nacionalista e anti-imperialista, Gandhi lidera a luta pela independência da Índia com uma campanha não violenta de resistência e desobediência civil contra o Império Britânico.

Gandhi nasce em Porbandar, na Índia, em 2 de outubro de 1869, estuda direito em Londres e vai para a África do Sul, onde a comunidade indiana luta por direitos civis e ele aplica pela primeira vez os princípios da resistência não violenta do norte-americano Henry David Thoreau, que conhece através do escritor russo Leon Tolstoy. De volta à Índia, em 1921, vira líder do Congresso Nacional Indiano.

Apesar de defender o pluralismo religioso, Gandhi não consegue evitar a divisão do subcontinente indiano entre Índia e Paquistão, em agosto de 1947, quando ambos se tornam independentes do Império Britânico.

Mahatma acaba de fazer suas orações quando é morto por Nathuram Vinayak Godse, um ultranacionalista hindu membro da organização paramilitar Rashtryia Swayamsevak Sangh (RSS) em que o atual primeiro-ministro Narendra Modi inicia sua atividade política.

Modi está acabando com o legado de Gandhi de uma Índia pluralista com 900 povos que falam línguas diferentes e professam uma enorme variedade de religiões.

DOMINGO SANGRENTO

    Em 1972, atiradores de elite do Exército do Reino Unido atiram contra uma manifestação pacífica em Londonderry de católicos nacionalistas e republicanos contra o domínio britânico da Irlanda do Norte e matam 13 pessoas desarmadas (outra morre meses depois), no Domingo Sangrento ou Massacre de Bogside, o pior em 30 anos de guerra civil.

Quando a República da Irlanda se torna independente, em 1922, seis dos nove condados da província do Úlster, de maioria protestante, formam a Irlanda do Norte, que permanece sendo parte do Reino Unido.

A minoria católica e republicana sente-se discriminada dentro do Reino Unido. Quer fazer parte da Irlanda. A revolta aumenta na onda dos movimentos de libertação nacional dos anos 1960 e leva à guerra civil na Irlanda do Norte e à intervenção militar britânica em 1969.

O Exército Republicano Irlandês (IRA) Provisório é a maior força do lado católico, republicano e nacionalista irlandês na guerra contra o Reino Unido. 

O serviço secreto militar britânico suspeita que o IRA vai se infiltrar na manifestação em Bogside e pode usar a multidão como escudo humano para atacar as forças de segurança. Atiradores de elite da força de paraquedistas do Exército Real vão para o alto dos prédios em missão especial que não é do conhecimento de agentes que estão policiando a manifestação no solo.

A marcha encontra vários bloqueios armados pelos soldados britânicos. Jovens manifestantes jogam pedras nos soldados, que respondem com balas de borracha, gás lacrimogênio e canhões d'água. Quando a multidão vê os paraquedistas no alto dos prédios, ataca com pedradas.

No meio da confusão, com tiros de balas de borracha disparados em terra, os atiradores disparam contra a multidão com munição letal. Os primeiros inquéritos acobertam o crime, alegando que os soldados atiraram em manifestantes armados que jogavam bombas.

Depois de 12 anos de investigação presidida por Lorde Mark Oliver Saville, o Relatório Saville conclui em 2010 que as mortes foram "injustas" e "injustificáveis". Nenhuma vítima estava armada nem representava qualquer perigo e nenhuma bomba foi jogada. 

O então primeiro-ministro britânico, David Cameron, pede desculpas. Ninguém nunca é punido pelo Domingo Sangrento da Irlanda do Norte.

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