MOVIMENTO PELA DEMOCRACIA NA CHINA
Em 1989, um milhão de pessoas marcham pelas ruas de Beijim num movimento pela liberdade e a democracia para liberalizar o regime comunista da China. A revolta é esmagada no Massacre na Praça da Paz Celestial na noite de 3 para 4 de junho.
As reformas anunciadas pelo líder Deng Xiaoping em 13 de dezembro de 1978 abriram a economia e liberalizaram o regime depois do longo trauma que foi a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76).O movimento iniciado por estudantes sai às ruas em 15 de abril, quando morre o ex-secretário-geral do Partido Comunista Hu Yaobang (1981-87), um grande responsável pelas reformas políticas e econômicas sob a liderança de Deng, favorável a liberalizar o regime.
Quando o movimento cresce, apresenta suas demandas:
- Reconhecer como corretas as visões de Hu Yaobang sobre democracia e liberdade.
- Admitir que as campanhas contra a "poluição espiritual" e a "liberalização burguesa" são erradas.
- Publicar informações sobre a renda dos altos dirigentes e de suas famílias.
- Acabar com a censura e autorizar a publicação de jornais de grupos privados.
- Mais dinheiro para a educação e aumento dos salários dos intelectuais.
- Fim das restrições a manifestações em Beijim.
- Fazer uma cobertura objetiva do movimento estudantil na mídia oficial.
O então secretário-geral do PC, Zhao Ziyang, defende o diálogo com os estudantes, enquanto o primeiro-ministro linha-dura Li Peng exige uma condenação oficial das manifestações. Quando Zhao viaja à Coreia do Norte, em 23 de abril, Li toma a iniciativa.
Em 25 de abril, o primeiro-ministro e o presidente Yang Shangkun se reúnem na casa de Deng, que aprova a linha dura. No dia seguinte, o Diário do Povo, jornal oficial do PC, publica editorial de primeira página de lavra de Li sob o título: "É preciso adotar uma posição clara contra os distúrbios". Descreve o movimento como contra o partido e contra o governo.
Com a volta de Zhao, o governo retoma a tolerância. Em 13 de maio, dois dias antes do início de uma visita do líder soviético Mikhail Gorbachev, os estudantes começam uma greve de fome. Quando Zhao diz a Gorbachev que o líder supremo é Deng, este toma como uma tentativa de lhe atribuir toda a responsabilidade pela revolta dos estudantes.
Numa reunião do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central na casa de Deng, em 17 de maio, a alta cúpula do regime comunista chinês decide decretar lei marcial e convocar o Exército para tomar a capital.
No dia 18, quando um milhão saem às ruas da capital, Li encontra os estudantes numa reunião marcada pela confrontação, sem qualquer avanço. Diante das câmeras, o primeiro-ministro mostra mais preocupação com a saúde dos estudantes em greve de fome.
A última aparição de Zhao é na madrugada do dia 19, quando ele fala com os estudantes ao lado de Wen Jiabao, que seria primeiro-ministro de Hu Jintao (2003-13). À noite, numa reunião da alta cúpula, Deng declara ter se arrependido de nomear Hu e Zhao para a liderança do partido. Zhao cai e passa o resto da vida em prisão domiciliar.
Em 20 de maio, o governo decreta lei marcial e convoca 30 divisões, num total de 250 mil soldados, para ocupar Beijim. Em 3 de junho, autoriza a ação para retirar os estudantes acampados na praça central da capital centenas. O total de mortes é estimado entre centenas e 10 mil.
As reformas políticas são enterradas definitivamente. A ascensão de Xi Jinping, em 2012, torna a ditadura mais personalista e contrária a qualquer dissidência. A liberdade acadêmica daquele período não existe mais.
Com a imposição de uma Lei de Segurança Nacional, o fim da autonomia regional e das liberdades democráticas em Hong Kong, todos os livros e publicações sobre o movimento pela liberdade e democracia, que era lembrado com vigília no território, desapareceram das livrarias e bibliotecas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário