domingo, 26 de fevereiro de 2006

Crescimento medíocre prejudica planos de Lula

O crescimento medíocre da economia brasileira em 2005, de apenas 2,3%, foi o segundo pior da América Latina, acima apenas do Haiti, país em estado de guerra civil. Como o suposto sucesso econômico de seu governo é um dos principais argumentos da campanha à reeleição do presidente Lula, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, apressou-se em prever que a economia dará uma "bombadinha" e crescerá 5% em 2006. Mas nem os analistas de mercado mais otimista acreditam nisso. A média das expectativas do mercado está em]ntre 3% e 3,5%.

A principal causa deste crescimento baixo é a taxa de juros real mais alta do mundo. Além de aumentar o custo do dinheiro, os juros altos atraem capital estrangeiros porque a remuneração no Brasil é muito maior do que nos países ricos, o que compensa o risco mais elevado. Em consequência, o real se valorizou diante do dólar e outras moedas fortes, reduzindo a competitividade das exportações brasileiras. O primeiro resultado negativo em 13 meses no balanço de pagamentos, registrado em janeiro, indica que o câmbio está prejudicando as exportações.

Se não fosse pelo extraordinário crescimento da China e de outros países asiáticos, que não param de comprar nossas matérias-primas, a economia brasileira ficaria estagnada. O câmbio sobrevalorizado prejudica as exportações de maior valor agregado, de maior conteúdo tecnológico.

O Brasil está perdendo espaço no mercado internacional para produtos manufaturados. Este é um problema que terá de ser enfrentado pelo próximo governo. O país precisa definir uma política industrial, escolher em que setores pretende se especializar para ser competitivo internacionalmente, além da agricultura, onde o Brasil já é o país mais competitivo.

Na prática, exportamos nossa natureza privilegiada, nossos recursos naturais, nosso verde, nossa água, nossa energia. Precisamos exportar mais inteligência.

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