A América Latina precisa combater a pobreza com mais agressividade para incorporar suas centenas de milhões de excluídos ao mercado de consumo e assim acelerar seu ritmo de crescimento e poder competir com as economias emergentes da Ásia, afirma um novo relatório do Banco Mundial.
“O desempenho econômico da América Latina nas últimas décadas foi desapontador, deixando a região para trás das dinâmicas economias asiáticas”, comenta Pamela Cox, vice-presidente do banco para a América Latina e o Caribe. “Entre outras coisas, a pobreza está prejudicando o crescimento e, a menos que os problemas dos pobres sejam resolvidos, um crescimento mais robusto será uma ilusão.”
Nos anos 80, a “década perdida” por causa da crise das dívidas externas, a renda média por habitante na região caiu 0,7%. Nos anos 90, cresceu 1,5% ao ano, o que pouco alterou os índices de pobreza. Ao mesmo tempo, a renda per capita da China cresceu 8,5% e a pobreza foi reduzida em 42%.
Com cerca de 25% de seus habitantes vivendo com menos de dois dólares por dia, a América Latina é uma das regiões mais desiguais do mundo. No ano 2000, a renda média na cidade mais pobre do Brasil era de apenas 10% da mais rica; no México a renda per capita no estado de Chiapas de apenas 18% da renda na Cidade do México. Esta má distribuição da riqueza está atrapalhando o desenvolvimento econômico, conclui o relatório Redução da Pobreza e Crescimento: Círculos Virtuosos e Viciosos.
Uma redução de 10% da pobreza significaria um crescimento de mais um ponto percentual por ano, enquanto um aumento de 10% da pobreza provocaria uma queda de um ponto na taxa de crescimento e de até 8% do produto interno bruto no volume de investimentos.
“Para sair de um círculo vicioso para um virtuoso, precisamos lançar um amplo ataque contra a pobreza que aumente o crescimento e leve a uma redução ainda maior da pobreza”, declarou Guillermo Perry, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, um dos autores do estudo. “Combater a pobreza não é bom só para os pobres mas para toda a sociedade”.
Numa estratégia para reduzir a pobreza, o relatório propõem:
• melhoria na qualidade da educação e aumento de oportunidades na educação secundária e na superior,
• mais investimentos em infra-estrutura,
• ampliação do acesso ao crédito e a serviços financeiros’
• manutenção da estabilidade macroeconômica, e
• implementação da políticas sociais efetivas.
Estas medidas são particularmente importantes para complementar políticas como liberalização comercial, importantes para integrar positivamente a região na economia globalizada mas que podem ter impactos negativos a curto prazo em função da concorrência internacional.
“Os benefícios do comércio podem ser reforçados com investimentos em áreas como educação, infra-estrutura e transferências condicionais de recursos para regiões mais pobres e trabalhadores rurais que sofram com a transição”, observou Perry.
A resposta para a crise da dívida externa nos anos 80 foi a redemocratização da América Latina. Nos anos 90, as reformas econômicas de inspiração liberal foram vistas como caminho para o crescimento e a reinserção internacional dos países da região no mundo globalizado. O ideário neoliberal do Consenso de Washington (controle da inflação, redução dos gastos públicos, privatização e liberalização comercial) gerou crescimento mas não melhorou a distribuição da riqueza.
Assim, depois da democratização e das reformas econômicas, a região precisa agora de produndas reformas sociais para se modernizar e enfrentar os desafios do mundo globalizado.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
nos itens de reforma social, para mim, falta aumentar o nível de trabalho formal.
bom comeco
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