Com sua guerra comercial contra o resto do mundo, o boicote ao multilateralismo, à promoção do desenvolvimento sustentável e ao combate ao aquecimento global, o presidente Donald Trump cede à China espaços importantes do poderio dos Estados Unidos. Basta à China entrar no vácuo da retirada norte-americana para afirmar sua liderança.
Depois do encontro na semana passada na Coreia do Sul, ao qual Trump deu nota 12, as duas superpotências anunciaram uma trégua na guerra comercial. Agora, negociam um acordo. A China adiou por um ano o controle das exportações de terras raras, minerais estratégicos sobre os quais tem um virtual monopólio, e prometeu aumentar a compra de produtos agrícolas dos EUA. Ficou de comprar mais soja num acordo em 2020, no primeiro governo Trump, e não cumpriu a promessa.
A China mostrou ser o único país do mundo capaz de resistir à chantagem de Trump. Colocou-se em pé de igualdade com os EUA e usou as terras raras para obrigar Trump a ceder. Ao chamar o encontro de uma reunião do Grupo dos Dois, o presidente norte-americano reconhece implicitamente o fim da hegemonia dos EUA.
Por ironia da história, Trump está tornando a China, que foi a potência dominante na Ásia da Antiguidade até o início do século 19, grande de novo.

Um comentário:
Muito bom!
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