Em 1128, durante as Cruzadas, o papa Honório II reconhece oficialmente a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, mais conhecida como Ordem do Templo ou Ordem dos Templários, como um "exército de Deus".
De início, a ordem tem apenas nove membros e regras rígidas. Os templários precisam ser nobres e fazem votos de pobreza, obediência e castidade. Até 1127, a ordem cresce em poder e influência. Ganha força enquanto dura a guerra contra os muçulmanos..
Quando as Cruzadas acabam, no início do século 14, o rei Felipe IV, da França, e o papa Clemente V decidem acabar com os Templários. O grão-mestre, Jacques de Molay, é preso sob a acusação de heresia, sacrilégio e satanismo. Ele e outros líderes da ordem fazem confissões sob tortura e são condenados à morte na fogueira.
Clemente V dissolve a ordem em 1312. Hoje a Igreja Católica admite que a ordem foi vítima de uma conspiração de poderes seculares.
Vários mitos e lendas são criadas em torno dos Templários, inclusive que a ordem teria descoberto relíquias no Monte do Templo, em Jerusalém, inclusive o Cálice Sagrado em que Jesus Cristo teria bebido na Última Ceia e onde José de Arimateia teria coletado o sangue de Cristo na cruz.
As façanhas imaginárias dos Templários inspiram vários livros, entre eles o megassucesso Código da Vinci. É ficção.
ÉMILE ZOLA ACUSA
Em 1898, o escritor e intelectual francês Émile Zola publica uma carta aberta ao presidente da França no jornal L'Aurore acusando o alto comando do Exército pela condenação por traição em 1894 do capitão Alfred Dreyfus, num caso marcado pelo antissemitismo.
Filho de um rico industrial judeu do setor têxtil, Dreyfus nasce em 9 de outubro de 1859 em Mulhouse, na França. Em 1882, entra para a Escola Politécnica e depois decide fazer carreira militar. Promovido a capitão, vai para o Ministério da Guerra, onde, em 1894, é acusado de vender segredos militares à Alemanha.
É preso em 15 de outubro de 1894 e condenado por uma corte marcial à prisão perpétua em 22 de dezembro. Ele entra na colônia penal da Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, em 13 de abril de 1895.
Como as provas eram suspeitas, jornalistas investigam o caso, inclusive Georges Clemenceau, futuro primeiro-ministro francês durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18). Quando as evidências apontam a culpabilidade do major Ferdinand Esterhazy, Zola publica a carta aberta:
"Acuso o comandante du Paty de Clam de ter sido o criador diabólico do erro judicial, inconscientemente, quero crer, e ter saído em defesa de sua obra nefasta, durante três anos, por maquinações as mais estapafúrdias e as mais culposas.
"Acuso o general Mercier de ter se tornado cúmplice, ainda que por franqueza de caráter, de uma das maiores iniqüidades do século.
"Acuso o general Billot de ter tido entre as mãos as provas indubitáveis da inocência de Dreyfus e de tê-las ocultado, tornando-se, pois, culpado de crime de lesa-humanidade e lesa–justiça, por motivos políticos e para livrar um Estado-Maior comprometido.
"Acuso o general de Boisdeffre e o general Gonse de tornarem-se cúmplices do mesmo crime, um sem dúvida por paixão clerical, o outro por esse corporativismo que faz do Ministério da Guerra uma arca santa inatacável.
"Acuso o general de Pellieux e o comandante Ravary de terem feito uma investigação criminosa, um inquérito da mais monstruosa parcialidade e do qual temos, no relatório do segundo, um monumento perene da mais ingênua audácia.
"Acuso os três especialistas em grafologia, os senhores Belhomme, Varinard e Couard de terem emitido pareceres mentirosos e fraudulentos, a menos que um laudo médico os declare tomados por alguma patologia da vista e do juízo.
"Acuso o Ministério da Guerra de ter promovido na imprensa, particularmente no L’éclair e no L’Écho de Paris, uma campanha abominável, para manipular a opinião pública e acobertar sua falha.
"Acuso por fim o primeiro Conselho de Guerra de ter violado o direito, condenando um acusado com base em um documento secreto, e acuso o segundo Conselho de Guerra de ter encoberto essa ilegalidade, por ter recebido ordens, cometendo por sua vez o crime jurídico de absolver conscientemente um culpado.
"Fazendo essas acusações, não ignoro enquadrar-me nos artigos 30 e 31 da lei de imprensa de 29 de julho de 1881, que pune os delitos de difamação. E é voluntariamente que eu me exponho.
"Quanto às pessoas que eu acuso, não as conheço, nunca as vi, não nutro por elas nem rancor nem ódio. Não passam para mim de entidades, de espíritos da malevolência social. O ato que aqui realizo não é nada além de uma ação revolucionária para apressar a explosão de verdade e justiça.
"Não tenho mais que uma paixão, uma paixão pela verdade, em nome da humanidade que tanto sofreu e que tem direito à felicidade. Meu protesto inflamado nada mais é que o grito da minha alma. Que ousem, portanto levar–me perante ao tribunal do júri e que o inquérito se dê à luz do dia!
"É o que espero.
"Receba, senhor Presidente, minhas manifestações de mais profundo respeito."
Zola é processado, mas intelectuais, entre eles Anatole France e Marcel Proust, fazem um abaixo-assinado com mais de 3 mil assinaturas pedindo a reabertura do caso. Em 1904, começa o segundo julgamento. Em julho de 1906, um tribunal de recursos civil anula todas as condenações de Dreyfus.
O jornalista judeu austro-húngaro Thedor Herzl cobre o primeiro julgamento em 1894 e, diante da condenação sem provas e dos massacres de judeus no Império Russo, conclui que não há condições para os judeus viverem na Europa. Em 1896, ele publica O Estado Judeu, em defesa da fundação de uma pátria para o povo judeu e lança o moderno movimento sionista.
COSTA CONCORDIA NAUFRAGA
Em 2012, o navio de cruzeiro italiano Costa Concordia encalha e vira com cerca de 4,2 mil pessoas a bordo perto da Ilha de Giglio, no Mar Tirreno; 32 passageiros morrem no naufrágio.
Quando é lançado ao mar, em 2005, o Costa Concordia é o maior navio de cruzeiro da Itália, com 290 metros de comprimento e capacidade para 3.780 passageiros. Em comparação, o Titanic tinha 269 metros e capacidade para 2.435 passageiros.
Com quatro piscinas, um cassino, o maior spa num navio e 500 cabines com varanda para o mar, o Costa Concordia é um navio de luxo. A viagem inaugural, em julho de 2006, é um cruzeiro no Mar Mediterrâneo com escalas na Itália, França e Espanha. Depois, inclui as Ilhas Baleares, a Tunísia, Malta, Grécia, Chipre e Turquia. A partir de 2009, vem à América Latina.
Vários membros da tripulação são processados pelo naufrágio, especialmente o capitão Francesco Schettino, que se aproxima demais do litoral e deixa o navio antes de salvar os passageiros. Num diálogo, um comandante da Guarda Costeira grita: "Vá para bordo, capitão!"
O capitão é condenado em fevereiro de 2015 a 16 anos de reclusão pelas mortes, o abandono do navio e o naufrágio, pena confirmada por um tribunal de recursos em maio de 2016.
UM PRESIDENTE E DOIS IMPEACHMENTS
Em 2021, Donald Trump se torna o único presidente dos Estados Unidos a ser alvo de dois processos de impeachment, quando a Câmara dos Representantes o denuncia num julgamento político por "incitar à insurreição" ao insuflar seus partidários a invadir o Congresso em 6 de janeiro do mesmo ano para impedir a certificação da vitória de Joe Biden.
Trump não aceita a derrota na eleição presidencial de 3 de novembro de 2020. Seus advogados entram com 61 ações judiciais contestando os resultados em estados decisivos. Em todos os casos, os juízes não encontram elementos suficientes para instaurar um processo.
Sem outra alternativa para não entregar o poder, Clinton incentiva uma marcha de seus partidários até a capital, onde faz um comício na gélida manhã de 6 de janeiro e incita a multidão a ir até o Capitólio. Promete inclusive acompanhar os manifestantes, mas o serviço secreto não deixa por não ter como garantir a segurança do presidente no meio da multidão.
A turba assalta o Capitólio, obrigando deputados, senadores e o vice-presidente Mike Pence a se refugiar nos porões do prédio. Os terroristas chegam a armar uma forca para matar o vice-presidente, que presidia a reunião do Congresso e se nega a mudar o resultado das urnas.
Trump assiste tudo durante três horas e sete minutos, apesar dos apelos de deputados e senadores para que mandasse a multidão enfurecida parar de atacar. Cinco pessoas morrem dentro de 36 horas desde o início do assalto ao Capitólio e quatro policiais se suicidam depois por causa do trauma.
Como a destituição do presidente exige os votos de dois terços do Senado, Trump é absolvido, como havia sido no primeiro processo de impeachment, por tentar subornar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pressionando-o a investigar Joe Biden e seu filho em troca de ajuda militar.
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