sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Hoje na História do Mundo: 10 de Janeiro

 PANFLETO REVOLUCIONÁRIO

    Em 1776, o revolucionário britânico Tom Paine publica Senso Comum, um livro de 50 páginas que defende que a guerra dos colonos norte-americanos contra o Império Britânico leve à independência dos Estados Unidos no que chama de Revolução Americana.

Thomas Paine nasce em 29 de janeiro de 1737 em Thetford, na Inglaterra, filho de mãe anglicana e pai quaker. Sua vida na Inglaterra é marcada por sucessivos fracassos, entre eles dois casamentos que não dão certo. Ele trabalha como fiscal de impostos. É demitido ao pedir aumento alegando que o salário é uma fonte de corrupção.

Em Londres, ele conhece Benjamin Franklin, que o aconselha a tentar a sorte nos EUA e lhe dá cartas de apresentação.

A Guerra da Independência dos EUA (1775-83) começa com as batalhas de Lexington e Concord, em 19 de abril de 1775, como uma revolta contra aumentos de impostos pela coroa britânica para financiar as dívidas contraídas durante a Guerra dos Sete Anos (1756-63), que também foi uma das causas da Revolução Francesa de 1789.

Seis meses depois da publicação de Senso Comum, em 4 de julho de 1776, o Congresso Continental declara a independência. Sua introdução é um dos textos mais importantes da Revolução Americana: 

"Estes são os tempos que testam as almas dos homens. O soldado de verão e o patriota do sol, nesta crise, se afastarão do serviço de seu país; mas aquele que o apoia agora merece o amor e o agradecimento do homem e da mulher. 

"A tirania, como o inferno, não é facilmente conquistada; mas temos esse consolo conosco: quanto mais difícil o conflito, mais glorioso o triunfo. O que obtemos muito barato, estimamos muito levianamente: É só carência que dá a tudo seu valor. O Céu sabe como colocar um preço adequado em seus bens; e seria realmente estranho se um artigo tão celestial como a liberdade não devesse ser altamente avaliado. 

"A Grã-Bretanha, com um exército para impor sua tirania, declarou que tem o direito não apenas de taxar, mas de "nos obrigar em todos os casos", e se ser obrigado dessa maneira não é escravidão, então não existe escravidão na Terra."  

Em 1787, Paine volta à Europa. Revoltado com Reflexões sobre a Revolução na França, do conservador britânico Edmund Burke, escreve outro livro, Direitos do Homem, em defesa da Revolução Francesa, publicado em 1791. Quando Burke responde, publica, em 17 de fevereiro de 1792, Direitos do Homem: Parte II

É a única pessoa que luta pela independência dos EUA e pela Revolução Francesa. É eleito deputado da Assembleia Nacional da França. É a favor do fim da monarquia, mas não da execução do rei e dos monarquistas. É a favor de banir e não de matar os inimigos do novo regime.

No Período do Terror, quando os extremistas liderados por Maximiliano Robespierre tomam o poder, Paine é preso de 28 de dezembro de 1793 a 4 de novembro de 1794. Solto, é readmitido na Convenção Nacional.

Tom Paine morre em 1809 em Nova York. Os obituários não reconhecem sua importância histórica. Em 30 de janeiro de 1937, o jornal The Times, de Londres, resgata sua memória e o chama de "Voltaire inglês".

Seu pensamento se resume numa frase: "Minha pátria é o mundo, os humanos são meus irmãos e minha religião é fazer o bem."

ERA DO PETRÓLEO

    Em 1901, o petróleo jorra numa perfuração em Spindletop Hill, perto de Beaumont, no Texas, nos Estados Unidos, cobrindo a terra até uma distância de dezenas de metros, num marco do início da indústria petrolífera e da era do petróleo.

O lençol petrolífero está a 300 metros de profundidade. O poço jorra 100 mil barris por dia. Até então, o petróleo é usado como lubrificante e para fazer querosene para iluminação. Passa a ser a principal fonte de combustível, inclusive para invenções que revolucionaram os transportes como o automóvel e o avião. Os meios de transporte movidos a carvão, como trens e navios, passam para o combustível líquido.

LIGA DAS NAÇÕES INSTALADA

    Em 1920, a Liga ou Sociedade das Nações é instalada em Genebra, na Suíça, como a primeira organização de caráter universal dedicada à paz mundial, resultado da Conferência de Versalhes (1919) depois da Primeira Guerra Mundial (1914-18).
A criação da Liga das Nações é um dos 14 pontos do plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. Os EUA são a maior economia do mundo desde o fim do século 19. Com a guerra, torna-se a maior potência mundial.

Para convencer os norte-americanos a ir à guerra, Wilson diz que é "a guerra para acabar com todas as guerras" e criar um mundo seguro para a democracia, rompendo um isolacionismo histórico que vem desde a independência, o que não impediu os EUA de intervir militarmente nos países vizinhos.

Por causa desse isolacionismo, o Senado dos EUA, que tem o dever constitucional de aprovar acordos internacionais, rejeita a Convenção da Liga das Nações sob a alegação de que reduziria a soberania nacional.

Sem o país mais poderoso do mundo e sem uma regra clara para usar a força para impedir novas guerras, a Liga não impede o Japão de ocupar a Manchúria em 1931 e o resto da China em 1937, nem a Itália de invadir a Etiópia em 1935 nem a Alemanha de anexar a Áustria em 1938 e a Tcheco-Eslováquia em 1938 e 1939, e assim evitar a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Em 1945, ela é substituída pela ONU e desaparece oficialmente em 1946.

PRIMEIRA ASSSEMBLEIA GERAL DA ONU

    Em 1946, a Assembleia Geral das Nações Unidas se reúne pela primeira vez, em Londres, no Reino Unido.
A Assembleia Geral é o único órgão da ONU em que todos os países-membros estão representados. É uma espécie de parlamento mundial, mas suas decisões não são de cumprimento obrigatório, ao contrário do que acontece com o Conselho de Segurança, onde cinco grandes potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial (1939-45) tem direito de veto: EUA, China, França, Reino Unido e Rússia.

Isto não reflete mais a realidade do mundo atual, mas é muito difícil da mudar porque diluiria o poder dos cinco grandes e, se hoje é difícil chegar a um consenso com cinco membros com poder de veto, seria mais difícil com mais membros permanentes.

Antes dos EUA entrarem na guerra, em 14 de agosto de 1941, o presidente norte-americano, Franklin Delano Roosevelt, e o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, assinam a Carta do Atlântico, estabelecendo os princípios de uma nova ordem internacional liberal para o pós-guerra.

Entre esses princípios, estão a proibição de conquista de territórios à força, a necessidade de consentimento das populações para ajustes territoriais, reconhecimento do direito de autodeterminação dos povos, liberdade de navegação nos mares, fim das barreiras comerciais, cooperação econômica e desarmamento dos países agressores.

Em 24 de setembro de 1941, os aliados europeus aderem aos princípios da Carta do Atlântico.

Depois que os EUA entram na guerra, em 1º de janeiro de 1942, os aliados do mundo inteiro na luta contra o nazifascismo fazem a Declaração das Nações Unidas com base nos mesmos princípios.

A ONU é resultado de negociações entre três grandes líderes asiáticos, Roosevelt, Churchill e o ditador soviético Josef Stalin em uma série de conferências, em Moscou, Teerã, Dumbarton Oaks, Ialta e São Francisco. 

A Carta da ONU é assinada por 50 países em 26 de junho de 1945 em São Francisco. Quando a organização é instalada, em 24 de outubro do mesmo ano, são 51 países porque a Polônia recupera a independência.

EUA REATAM COM VATICANO

    Em 1984, os Estados Unidos e o Vaticano reatam relações diplomáticas depois de 117 anos de rompimento.
Os EUA mantêm relações consulares com os Estados Pontifícios de 1797, no governo George Washington (1789-97) e o papado de Pio VI (1775-99), a 1867, no governo Andrew Johnson (1865-69) e pontificado de Pio IX (1846-79).

As relações são cortadas quando o Congresso dos EUA aprova uma lei que proíbe o financiamento de missões diplomáticas norte-americanas na Santa Sé por causa do sentimento anticatolicismo no país, fundado por refugiados protestantes das guerras religiosas na Europa.

Esse anticatolicismo é agravado na época pela condenação e enforcamento de Mary Surratt por participar da conspiração para matar o presidente Abraham Lincoln (1861-65). Seu filho, John Surratt, acusado de conspirar com John Wilkes Booth, recebe asilo da Igreja Católica e foge para a Itália, onde trabalha como zuavo papal, soldado do regimento de infantaria que protege o Vaticano.

Desde o início do governo Ronald Reagan (1981-89), o presidente norte-americano percebe que o papa polonês João Paulo II (1978-2005) é anticomunista e será útil na Guerra Fria contra a União Soviética. Os dois países anunciam o reatamento em 10 de janeiro de 1984. Desta vez, não há oposição.

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