sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Líder da oposição na Venezuela ganha Prêmio Nobel da Paz

 A principal líder da oposição à ditadura de Nicolás Maduro que ainda está na Venezuela, a ex-deputada María Corina Machado, ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2025, anunciou hoje em Oslo o Comitê Norueguês do Nobel por "seu trabalho incansável para promover os direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta para realizar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia."

"O Prêmio Nobel da Paz de 2025 vai para uma campeã da paz corajosa e comprometida – para uma mulher que mantém a chama da democracia acesa em meio à escuridão. Como líder do movimento democrático na Venezuela, María Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem cívica na América Latina no período recente", declarou o comitê.

É mais uma premiação polêmica, como a do então secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, considerado um criminoso de guerra. María Corina assinou a Carta de Madri, ao lado de expoentes da extrema direita como o líder do partido Vox na Espanha, Santiago Abascal, a líder neofascista da França, Marine Le Pen, entre outros, inclusive Eduardo Bolsonaro. Já pediu sanções e intervenção dos Estados Unidos na Venezuela. Repaginou-se para ser candidata.

Ela teve a candidatura à Presidência na eleição de 28 de julho de 2024 barrada pela Justiça, subserviente à ditadura de Maduro. Indicou como substituto o diplomata Edmundo González Urrutia, considerado o vencedor de uma eleição fraudada por Maduro.

"A senhora Machado tem sido uma figura-chave e unificadora numa oposição política que estava profundamente dividida – uma oposição que encontrou uma causa comum na exigência de eleições livres e de um governo representativo", acrescentou o comitê do Nobel da Paz, o único atribuído na Noruega. "Foi uma escolha por votos em vez de balas."

Não é bem assim. Quem pede intervenção militar não é exatamente defensora da paz.

"No ano passado, Machado foi forçada a viver na clandestinidade. Apesar de sérias ameaças contra sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões de pessoas. Ela conseguiu unir a oposição. Nunca hesitou em resistir à militarização da sociedade venezuelana. Tem sido inabalável em seu apoio a uma transição pacífica para a democracia", justificaram os responsáveis pela decisão, ignorando o passado da laureada.

Ao comentar a premiação, a deputada radical de direita falou em "imenso reconhecimento" e dedicou o prêmio ao presidente Donald Trump, que sonhava em ser o escolhido. Avalizou assim os ataques da Força Aérea dos EUA contra quatro barcos que Trump acusa de transportar drogas, matando cerca de 20 pessoas ilegalmente, o que está sendo contestado pela oposição no Congresso norte-americano. 

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, um antiesquerdista radical de origem cubana, enviou uma carta ao comitê do Nobel no ano passado propondo o nome dela quando ainda era senador. Seu chefe queria o prêmio. Se ajudar a criar o Estado palestino, como querem seus aliados árabes, terá uma chance.

Na segunda-feira, será anunciado o ganhador do Prêmio Nobel de Economia, o último do ano.

ESTE BLOG DEPENDE DE SEUS LEITORES. CONTRIBUIÇÕES VIA PIX PELO CNPJ 25.182.225/0001-37

Nenhum comentário: