AVIÃO QUE NÃO DECOLA
Em 1903, os irmãos Orville e Wilbur Wright realizam o primeiro voo de um aparelho mais pesado do que o ar, em Kitty Hawk, na Carolina do Norte, no que é considerado o primeiro voo de avião da história.
A diferença em relação ao 14 bis, criado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, que faz o primeiro voo em 23 de outubro de 1906, é que é o primeiro a decolar. O avião dos irmãos Wright é catapultado, fica 12 segundos no ar e percorre 36 metros.AR PURO
Em 1963, entra em vigor uma das primeiras leis ambientais dos Estados Unidos. A Lei do Ar Puro autoriza os governos federal e estaduais a pesquisar a regulamentar a poluição do ar.
A Lei de Controle da Poluição do Ar, de 1955, destina US$ 15 bilhões para estudar o impacto da contaminação do ar no país. Deixa evidente a necessidade de uma legislação mais específica para atacar o problema.
A lei de 1963 é emendada em 1967, 1970, 1977 e 1990. Na opinião da prestigiosa revista Scientific American, é um modelo da legislação necessária. Mas a supermaioria conservadora da Suprema Corte decide, em junho de 2022, que a Agência de Proteção Ambiental não tem autoridade para limitar as emissões de gases de efeito estufa dos estados com base em decretos. Isso só pode ser feito, de acordo com a decisão, por lei aprovada pelo Congresso.
Os ministros são a favor do estado da Virgínia Ocidental, grande produtor de carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis, dificultando a ação do governo federal para conter o aquecimento global.
PRIMAVERA ÁRABE
Em 2010, o engenheiro desempregado Mohamed Bouazizi, que ganha a vida como camelô vendendo frutas e legumes, tem a mercadoria e a balança confiscadas pelo fiscal Faida Hamdi e se autoimola em Sidi Bouzid, na Tunísia. Sua morte, em 4 de janeiro de 2011, deflagra a onda de protestos e revoluções conhecida como Primavera Árabe.
Depois do confisco, Bouazizi vai até a delegacia de polícia para tentar recuperar sua balança elétrica. Sem sucesso, tenta uma audiência com o governador regional. Quando não consegue, por volta de 11h30, joga combustível sobre a cabeça e a roupa, e toca fogo.
Ao saber a imolação, seu primo Ali Bouazizi vai até o local e filma Mohamed ao ser colocado numa ambulância e os protestos com a situação. Publica as imagens no Facebook e manda para a televisão árabe Al Jazira, que bota a reportagem no ar naquela noite.
No dia seguinte, uma onda de protestos se espalha pela Tunísia. Primeiro, o ditador Zine El Abidine Ben Ali manda reprimir as manifestações. Em 28 de dezembro, visita Bouazizi no hospital. O fiscal, que o teria esbofeteado, é preso.
Com a morte de Bouazizi, os protestos se intensificam. Dez dias mais tarde, em 14 de janeiro, depois de ficar 23 anos no poder, Ben Ali foge para a Arábia Saudita. A Primavera Árabe se espalha pelo Egito, o Bahrein, o Iêmen, a Líbia e a Síria.
No Egito, a revolução começa em 25 de janeiro, com protestos contra a brutalidade policial, o estado de emergência em vigor há décadas, a falta de liberdade, a censura, a corrupção, o desemprego, a inflação e os baixos salários.
A Primavera Árabe é um produto da Grande Recessão (2008-9), a crise econômico-financeira deflagrada pela falência de banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008. A economia egípcia crescia em média 8% ao ano no início do século. O ditador Hosni Mubarak, no poder há quase 30 anos, cai em 11 de fevereiro.
Quatro dias depois, começa a guerra civil na Líbia, que não termina com a fuga do ditador Muamar Kadafi, em agosto, e sua morte, em 20 de outubro, em meio a uma intervenção militar internacional liderada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A Líbia está até hoje em guerra civil, assim como o Iêmen. Na Síria, onde cerca de 618 mil pessoas foram mortas, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental ligada à oposição, a guerra civil parece ter terminado com a queda do ditador Bachar Assad em 8 de dezembro de 2024.
Só na Tunísia a Primavera Árabe levou a uma democratização do país, mas o autoritarismo está de volta com a eleição em 2019 do presidente Kais Saied. Em 25 de julho de 2021, ele demite o primeiro-ministro, fecha o Parlamento e acaba com a imunidade parlamentar.
MORRE O QUERIDO LÍDER
Em 2011, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Il, morre do coração quando viaja pelo interior do país e é sucedido pelo filho Kim Jong Un, depois de suceder o pai, o Grande Líder Kim Il Sung, fundador do país e de um comunismo dinástico.
Kim Jong Il nasce em 1941 numa base militar soviética em Khabarovsk, na Rússia, onde seu pai articula a resistência contra o Japão. Ao virar líder, a história oficial afirma que ele nasceu em 16 de fevereiro de 1942 no Monte Paektu, sobre o qual surgiram uma nova estrela e um duplo arco-íris.
O Querido Líder, que de acordo com a história oficial do regime stalinista norte-coreano "nunca defecou", chega ao poder em 1994 e mantém a ditadura impiedosa no país mais fechado do mundo.
Como a Coreia do Norte perde seu patrocinador com o fim da União Soviética em 1991, é um período de miséria, escassez, fome e falta de energia. Kim Jong Il faz os primeiros testes nucleares, o primeiro em 9 de outubro de 2006 e um total de seis desde então.
Kim II é sucedido por Kim III, Kim Jong Un, meses depois da queda e morte do ditador Muamar Kadafi, que acaba com os programas de armas de destruição em massa e se aproxima do Ocidente durante a guerra contra o terrorismo, mas vira alvo de uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia.
Com medo de seguir o destino de Kadafi, Kim Jong Un acelera o programa nuclear, faz mais quatro testes e desenvolve mísseis de longo alcance, capazes de atingir o território continental dos EUA.
EUA E CUBA REATAM RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS
Em 2014, depois de 53 anos, os Estados Unidos e Cuba anunciam o reatamento de relações diplomáticas.
Os EUA impõem um embargo econômico a Cuba, proibindo exportações, com a exceção de alimentos e medicamentos, em outubro fr 1960 por cauda da estatização da propriedades de norte-americanos pela revolução liderada por Fidel Castro e rompem com Cuba em 3 de janeiro de 1961, poucos dias antes do fim do governo Dwight Eisenhower (1953-61).
No início do governo John Kennedy (1961-63), há a fracassada Invasão da Baía dos Porcos, quando exilados cubanos tentam derrubar Fidel numa operação com o apoio da CIA (Agência Central de Inteligência), numa articulação atribuída a Richard Nixon, vice-presidente de Eisenhower.
Em 3 de fevereiro de 1962, Kennedy amplia o embargo econômico a praticamente todo o comércio, o que persiste até hoje. O regime comunista culpa esse embargo pela crise econômica permanente.
No pior momento das relações bilaterais, a Crise dos Mísseis Soviéticos em Cuba quase deflagra uma guerra nuclear. Em 14 de outubro de 1962, um avião espião U-2 dos EUA fotografa obras para a construção de silos para os mísseis da União Soviética, que lança o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik, em 4 de outubro de 1957, mas não desenvolve a tecnologia de mísseis intercontinentais como os EUA e fica atrás na corrida nuclear. Os mísseis em Cuba equilibrariam a balança.
Dois dias depois, o presidente Kennedy recebe as fotos já analisadas pelos serviços de inteligência. Em 22 de outubro, decreta um bloqueio aeronaval a Cuba para impedir a chegada de novos mísseis e ameaça abordar navios soviéticos que tentem furar o cerco.
Quando os EUA se preparam para invadir Cuba, a URSS recua e concordar em retirar os mísseis em troca de um acordo tácito com para que os EUA não invadam Cuba. A Crise dos Mísseis acaba em 27 de outubro de 1962. Um telefone vermelho com uma linha direta para desarmar crises entre as superpotências é instalado na Casa Branca e no Kremlin.
Os EUA tentam matar Fidel mais de 600 vezes. O regime comunista cubano resiste com ajuda da URSS. Entra numa crise grave com o fim da URSS em 1991, o Período Especial, com racionamento rigoroso.
Em 23 de outubro de 1992, com a aprovação da Lei da Democracia em Cuba, mais conhecida como Lei Torricelli, o embargo passa a ser lei aprovada pelo Congresso dos EUA, o que significa que só o Congresso pode revogá-la. Endurece o embargo ao proibir filiais de empresas norte-americanas sediadas no exterior de comerciar com Cuba e impor restrições à ajuda humanitária.
A Lei da Liberdade em Cuba e Solidariedade Democrática, mais conhecida como Lei Helms Burton. de 1996, torna o embargo ainda pior ao punir empresas que "trafiquem" com o que foi propriedade de norte-americanos e seus donos e executivos.
As negociações para o reatamento são intermediadas pelo Canadá e pelo papa Francisco. As embaixadas são reabertas oficialmente em julho de 2015. Em março de 2016, o presidente Barack Obama faz uma visita histórica a Havana e se encontra com o ditador Raúl Castro.





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