sábado, 30 de junho de 2007

Jornalistas fazem greve contra Murdoch

Mais de 200 journalistas de The Wall Street Journal, o segundo diário mais vendido nos Estados Unidos, se declararam em greve anteontem em protesto contra a venda do jornal para a News Corporation, do empresário australiano naturalizado americano Rupert Murdoch, um dos maiores magnatas da mídia globalizada. Na sua opinião, o negócio ameaça a independência editorial do Journal, um jornal conservador, porta-voz do centro financeiro de Nova Iorque.

"A longa tradição de independência de The Wall Street Journal está ameaçada hoje. A integridade editorial depende de um proprietário comprometido com a defesa da independência jornalística", afirmaram os jornalistas em nota divulgada à imprensa.

Nesta semana, a família Bancroft, dona do controle acionário do grupo Dow Jones, que edita o WSJ, anunciou um acordo de princípios com Murdoch para manter a independência editorial de um dos jornais diários econômico-financeiros de maior prestígio no mundo, ao lado do Financial Times, de Londres, e do Nihon Keizai Shimbun, de Tóquio.

Além de ser publicado nos EUA, o Journal tem edições na Ásia e na Europa, The Asian Wall Street Journal e The Wall Street Journal Europe. Emprega 600 pessoas nos EUA e outras 700 no resto do mundo. Murdoch ofereceu US$ 5 bilhões. Houve um contato entre a General Eletric e o Financial Times para estudar uma proposta alternativa, mas essas duas empresas desistiram de disputar o WSJ com o magnata da mídia.

Murdoch é dono da Fox News, claramente alinhada com o conservadorismo, o Partido Republicano e a invasão do Iraque, da produtora de cinema Fox, e do tablóide nova-iorquino New York Post, nos EUA; dos jornais News of the World, The Sun, The Sunday Times e The Times, e da TV por assinatura Sky TV, na Grã-Bretanha; da Star TV, Ásia; além de jornais, editoras e outros negócios no mundo inteiro que lhe deram uma fortuna pessoal estimada em US$ 8 bilhões.

Carro pegando fogo atinge aeroporto na Escócia

Um veículo utilitário esportivo pegando fogo foi jogado hoje contra o terminal de passageiros do aeroporto de Glasgow, a maior cidade da Escócia. Testemunhas viram o esquadrão antiterrorista da Scotland Yard lutando contra ocupantes do carro. Dois suspeitos foram presos.

Mais tarde, a polícia informou que o homem que saiu do carro com as roupas em chamas morreu a caminho do hospital.

Como a polícia britânica desativou ontem dois carros-bomba no centro Londres, o Reino Unido está em alerta máximo contra o terrorismo. Explosões coordenadas são a marca registrada dos atentados da rede terrorista Al Caeda.

Há quase dois anos, em 7 de julho de 2005, o sistema de transporte de Londres foi atacado por terroristas, em atentados que provocaram a morte de 52 pessoas e quatro terroristas suicidas. Inicialmente, pensou-se que era uma célula terrorista autônoma constituída por muçulmanos britânicos. Mas as investigações reveleram que eles tinham recebido treinamento terrorista no Paquistão de um grupo ligado a Al Caeda.

Na Espanha, cerca de 3 mil pessoas foram retiradas às pressas hoje do aeroporto de Ibiza, uma das Ilhas Baleares, por causa de uma suposta de bomba depois de uma denúncia anônima de bomba feita ao jornal basco Gara, um dos porta-vozes do movimento separatista basco ETA (Euskadi ta Askatasuna, que significa Pátria Basca e Liberdade).

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Diretor-geral do FMI renuncia

O diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, o espanhol Rodrigo Rato, anunciou ontem inesperadamente que deixa o cargo no final de outubro, depois da reunião anual do FMI e do Banco Mundial.

Rato alegou razões pessoais. Comenta-se que poderia retomar sua carreira política na Espanha, onde foi ministro das Finanças do governo conservador de José María Aznar, o que foi negado por sua assessoria.

Sua sucessão deve provocar uma forte disputa. Tradicionalmente, desde sua fundação, o Fundo é dirigido por um europeu e o Banco Mundial por um americano. Mas os outros países-membros destas instituições, alguns dele, especialmente os asiáticos, cada vez mais importantes economicamente querem ter uma voz mais forte.

Desde a crise asiática, que faz 10 anos na próxima segunda-feira, há no ar proposta de criação de um Fundo Monetário da Ásia para fugir das políticas de ajuste estrutural monetaristas e ortodoxas impostas pelo FMI a quem necessita de seus empréstimos. Com o bom momento da economia mundial, há menos países em crise.

O Brasil, por exemplo, quitou sua dívida e enviou como representante de um grupo de países latino-americanos o economista Paulo Nogueira Batista Jr., um adversário da ortodoxia liberal, na tentativa de influir na inevitável reforma da instituição.

Na primeira vez em que entrevistei o ministro Pedro Malan, em 1995, em Londres, como correspondente do Jornal do Brasil, perguntei-lhe qual era a proposta brasileira para a reforma da arquitetura das instituições econômicas internacionais. Ele ficou surpreso: "Mas o Sr. quer uma manchete para o seu jornal".

Não queria: estava estudando relações internacionais na London School of Economics e resolvi colocar uma questão mais ampla sobre o sistema internacional criado pela Conferência de Bretton Woods (1944), que lançou as bases da ordem econômica mundial pós-Segunda Guerra Mundial.

Malan ficou na defensiva. Nunca dizia nada que o mercado pudesse interpretar como um sinal de fraqueza, de que o Brasil precisasse recorrer ao Fundo.

Política externa brasileira: do Barão a Lula

O objetivo de qualquer política externa é manter a soberania nacional e a integridade territorial de qualquer país. Isso levou o Brasil a adotar uma política de alinhamento automático com as grandes potências desde a independência, o Império Britânico e os EUA, a grande potência regional. Como não dava para enfrentá-las, era mais prudente ser realista e tentar barganhar o apoio em troca de ajuda nas questões de interesse nacional.

Um dos problemas centrais da política externa do Brasil e dos outros países latino-americanos é a assimetria de poder em relação à potência regional, que no século 20 torna-se uma grande potência no fim da Primeira Guerra Mundial, uma superpotência depois da Segunda Guerra Mundial e a única superpotência, a hiperpotência, com o final da Guerra Fria.

Então, como explica o embaixador Rubens Ricupero em Visões do Brasil, as relações exteriores no continente se orientam através de dois eixos: o da simetria com os países sem grande diferencial de poder e o da assimetria em relação aos EUA. Assim a relação Brasil-América Latina-EUA é na visão de Ricupero uma relação triangular.

Essa presença hegemônica contribuiu para ser o continente com a menor incidência de guerras entre países no século passado.

A política externa do Brasil republicano foi definida por nosso mais ilustre ministro das Relações Exteriores, o Barão do Rio Branco (1902-12), um personagem carioca e popular, apesar da origem nobre e da complexidade do cargo que desempenhava. Quando o Barão morreu, até o carnaval carioca foi adiado.

O Barão percebeu a emergência dos Estados Unidos como potêncial mundial. Em 1905, criou em Washington a primeira embaixada do Brasil (era a sétima na capital americana e a segunda latino-americana, depois do México).

Uma frase atribuída ao Barão é: “Só temos dois amigos no continente: os Estados Unidos e o Chile”. Resume bem a herança da tradição diplomática do Império, um animal político diferente das repúblicas caudilhescas do subcontinente, para quem a unidade latino-americana poderia ser uma unidade da América espanhola contra o Brasil, uma idéia do ditador argentino Juan Rosas que nunca teve a simpatia de Simón Bolivar.

O Barão criou assim o que Bradford Burns chamou de aliança não-escrita, dando apoio ao pan-americanismo nascente com a vinda ao Brasil do secretário de Estado Elihu Root para a 3ª Conferência Pan-Americana, realizada aqui no Rio em 1906.

Essa aliança tácita visa a aumentar o poder de barganha do Brasil apresentando-o como parceiro dos Estados Unidos. Rio Branco não se opôs às intervenções americanas na América Central: “Se esses países não sabem como governar-se a si mesmos, se não possuem os elementos necessários para evitar revoluções e guerras civis contínuas que se seguem interminantemente umas às outras, não têm o direito de existir e deveriam ceder o lugar a uma nação mais forte, melhor organizada e mais viril”.

Em sua genuína adesão ao pan-americanismo, Rio Branco gostava de fazer a ponte entre os Estados Unidos e a América Espanhola, que naturalmente não concordava com a frase acima. A opção preferencial pelos EUA afasta o Brasil dos países hispano-americanos.

EUA TORNAM-SE PRINCIPAL PARCEIRO
Não era uma prioridade arbitrária ou caprichosa. Derivava de fatores objetivos bem claros, não só de realpolitik como por razões econômicas. Na virada do século, os EUA tinham se tornado o principal parceiro comercial do Brasil. O posição de maior investidor viria mais tarde, com o declínio do Império Britânico, após a Primeira Guerra Mundial.

Os elementos básicos do paradigma de Rio Branco para a política externa brasileira, que a dominaria por mais de meio século, são três:
- uma convergência ideológica: a convicção dos dirigentes brasileiros de que compartilhavam os mesmos valores e aspirações que os americanos, como se vê nas opiniões de Rio Branco sobre pagamento de dívidas e intervenções militares;
- o segundo elemento é um vínculo pragmático ou utilitário: a partir do reconhecimento da total superioridade americana, tentar colocar o poder dos EUA a serviço dos objetivos brasileiros ou ao menos neutralizá-lo, apoiando os EUA nos cenários continental e global em troca do apoio ou da benevolência americana em questões de interesse do Brasil;
- em terceiro, a inevitável subordinação da América Latina diante da opção preferencial pelos EUA.

Além do sucesso nas diferentes questões de limites, o Barão deixou as bases da política externa brasileira.

Cerca de 40 anos depois de sua morte, o chanceler Osvaldo Aranha declarava na Escola Superior de Guerra não poder conceber outra política externa para o país que a consistente em apoiar as posições dos Estados Unidos nos foros mundiais em troca do apoio americano à preeminência política e militar do Brasil no continente sul americano.

A política externa do Barão permanece quase inalterada até os anos 30, quando já havia ocorrido a transição hegemônica do Império Britânico para os EUA e Getúlio Vargas flertou com a Alemanha nazista. Com a chamada barganha nacionalista, Vargas tentou obter vantagens em negociações com a grande potência dominante no continente americano, os EUA, e a grande potência emergente, a Alemanha de Hitler. Ao mesmo tempo em que renova um acordo comercial com os EUA, tenta fechar outro com a Alemanha.

De certa forma, agora, quando negociava paralelamente com os EUA para criar a ALCA e com a União Européia, o Itamaraty procurou tirar lições da barganha nacionalista de Vargas. (Há uma tese feita na Universidade de Oxford pelo diplomata Eugênio Vargas,)

GUERRA CRIA ALIANÇA FORMAL
Quando os japoneses bombardearam Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, e os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial, imediatamente Roosevelt enquadrou o Brasil. No início de 1942, foi realizada mais uma reunião de consulta pan-americana no Rio. Coube ao Brasil ajudar a articular o apoio latino-americano ao rompimento com o Eixo e à guerra. A aliança não-escrita vira uma aliança formal.

A aliança político-militar durante a guerra vai gerar o mito da relação especial. Em 1947, é aprovado no Rio o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), um acordo militar assinado no quadro do início da Guerra Fria. No ano seguinte, nasce a Organização dos Estados Americanos (OEA).

Durante a Guerra Fria, a luta ideológica recebe considerável impulso dos problemas da política doméstica, devido ao conservadorismo extremado de parte da elite. Seu desejo de controlar autoritariamente a agitação sindical e o crescimento do Partido Comunista levam à decretação de ilegalidade do PC, em 1947, e ao rompimento com a União Soviética. As visitas de Truman ao Brasil e Dutra aos EUA revelam a aspiração brasileira de manter a relação especial no pós-guerra.

Se o componente ideológico da política externa é reforçado, o vínculo pragmático perde, na medida em que os EUA subordinam todos os seus interesses à lógica da confrontação estratégica na Guerra Fria. A concentração não só do poder estratégico e nuclear mas também financeiro nos EUA reduzia a margem de manobra do Brasil.

Com a Europa em reconstrução, durante muitos anos as únicas fontes de financiamento eram o Banco Mundial e o Tesouro dos EUA.

Preocupados com a ameaça comunista, os americanos davam ênfase ao tema da segurança e da subversão, enquanto os latino-americanos, vendo no subdesenvolvimento a fonte da instabilidade política, estavam mais interessados em crescimento econômico.

A expressão ideológica dessa divergência se expressa na Teoria da Dependência surgida na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que defendia a industrialização através da substituição das importações com papel hegemônico do Estado.

Washington se contrapõe com uma abordagem privatizante. O desenvolvimento seria fruto de investimentos privados nacionais e estrangeiros atraídos pela abertura comercial e uma intervenção estatal mínima.

A incapacidade do vínculo pragmático de oferecer resultados práticos enfraquece o componente ideológico. Vargas não manda tropas para a Coréia. Da América do Sul, só a Colômbia manda.

O consenso ideológico anticomunista se fragmenta com o aparecimento de uma coalizão da esquerda com setores conservadores, mesmo das Forças Armadas, defensores do nacionalismo econômico. Isto complica o relacionamento com os EUA e os organismos multilaterais de crédito, levando à crise que provocou o suicídio de Vargas.

Tudo isso levou ao afastamento do paradigma de Rio Branco. Na segunda metade dos anos 50, um relativo degelo na Guerra Fria com a denúncia do stalinismo por Kruschev reintroduz um certo pluralismo e flexibilidade. O elemento pragmático ajuda o desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek.

Na Operação Pan-Americana, JK tenta resgatar o papel do Brasil de mediador das relações entre os EUA e a América Espanhola. Um resultado disto foi a criação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em 1958.

A POLÍTICA EXTERNA INDEPENDENTE
No início dos anos 60, depois do desenvolvimento juscelinista, nasce a política externa independente do embaixador Afonso Arinos de Mello Franco, chanceler de Jânio Quadros. A expressão foi empregada primeiro pelo chanceler San Tiago Dantas.

A convergência ideológica é substituída pelo desejo de afirmação de um ator médio num espaço onde o interesse brasileiro é estabelecer o máximo de multipolarização.

Essa busca de afirmação e independência não abdica dos valores ideológicos do Ocidente, o que torna o Brasil diferente da maioria dos integrantes do Movimento dos Países Não-Alinhados.

Aquela época, observa Ricupero, “não é das páginas mais gloriosas da diplomacia brasileira, que tentava defender o indefensável com as armas da soberania, da tentativa de contrastar violações de direitos humanos com injustiças da ordem econômica internacional”.

Depois de uma breve tentativa de volta ao paradigma do alinhamento automático com os EUA (1964-73), no governo Geisel, volta a política externa independente, com o reconhecimento da independência das repúblicas socialistas de Angola e Moçambique, o acordo nuclear com a Alemanha, a denúncia do tratado militar com os EUA, questões de direitos humanos.

A latino-americanização da política externa brasileira começa com a normalização das relações com Cuba e a formação do Grupo de Apoio ao Grupo de Contadora, que já negociava a paz na América Central numa iniciativa latino-americana. Eles viriam a se fundir e se ampliar para formar o Grupo do Rio.

INTEGRAÇÃO REGIONAL
Com a democratização da Argentina em 1983 e do Brasil em 1985, começa com Sarney e Alfonsín o processo de integração econômica do Cone Sul. No início do governo Figueiredo, os dois países tinham resolvido o conflito em torno do aproveitamento dos recursos hidrelétricos da Bacia do Prata.

Um acordo sobre bens de capital logo foi seguido por uma série de medidas na área nuclear, acabando com o risco de uma corrida armamentista na região com o acordo tripartite Brasil-Argentina-AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que abre as instalações nucleares dos dois países a inspeções mútuas e da agência. Os dois países também assinaram o Tratado de Tlatelolco, que torna a América Latina uma zona livre de armas nucleares.

Em questões como a América Central, o embargo a Cuba e as violações dos direitos humanos pelo regime de Fidel Castro, acabou a subordinação às posições americanas.

O vínculo pragmático é abalado pela crise da dívida. A marginalização ante o sistema financeiro internacional levou à dependência dos programas de ajuste do FMI e do Banco Mundial, dando ao Tesouro dos EUA poderes para impor suas condições. A vulnerabilidade econômica leva a pressões comerciais americanas em duas frentes: na Rodada Uruguai (serviços, propriedade intelectual, investimentos) e bilateralmente (Lei de Informática, regime de controle de exportações da Cacex, siderurgia).

Os problemas comerciais se sobrepõem na agenda às antigas questões dos direitos humanos e da não-proliferação nuclear. Aumenta a dependência para obter apoio do governo americano nas negociações com o FMI, o Clube de Paris e os bancos privados, para levantar resistências a empréstimos.

A desintegração da URSS e o fim do comunismo provocam a chamada globalização econômica, a expansão do capitalismo a praticamente todos os países da Terra. A vitória não é só americana, é mais do capitalismo, cujo poder está distribuído em três pólos: EUA, Europa e Ásia. O grande diferencial do poder americano está no seu poderio militar.

Como essa situação não coloca os EUA no que os antigos chamavam de monarquia universal, Ricupero a define como uma “modalidade inovadora de multipolarismo com dois traços característicos”.

O primeiro é a existência de um líder: “o monopólio estratégico nuclear faz com que um atores seja mais igual do que os outros”. Assim, “o líder assume o papel insubstituível de catalisar as coligações e as iniciativas”.

A outra característica é a utilização do processo multilateral para dar às ações legitimidade e recursos adicionais. Ricupero entende que a noção de unipolarismo esconde “as limitações reais do poder dos EUA e as que são auto-impostas por razões de busca de legitimidade.

A essa configuração política, corresponde no plano econômico a tendência de integração regional e global, no processo de globalização, o que leva à uniformização das normas na chamada “convergência sistêmica”.

Da mesma forma que o Movimento dos Não-Alinhados, o Grupo dos 77 sofreu considerável enfraquecimento em função da desagregação do socialismo e do desaparecimento de modelos econômicos alternativos.

Na América Latina, a reestruturação econômica foi precipitada pela dívida e balizada pelos programas de ajuste do FMI e do Banco Mundial. Através dos planos Baker e Brady, o Tesouro dos EUA comandou o processo, coordenando os credores, ditando a política dos EUA para a região. As tentativas esporádicas de dar uma resposta conjunta coerente e as moratórias unilaterais não tiveram força para contrabalançar a unidade dos credores.

Com a onda neoconservadora da era Reagan e Thatcher, os EUA conseguiram o que tentavam há décadas: substituir na prática as teses da Cepal e da UNCTAD pelo Consenso de Washington: redução do tamanho e das funções do Estado, privatização, abertura comercial, liberalização da economia, eliminação do déficit público, saneamento antiinflacionário. Tudo isso geraria o clima favorável aos investimentos privados nacionais e estrangeiros.

A chamada revolução silenciosa na América Latina ultrapassou uma barreira quando o presidente Carlos Salinas decide completar a reforma do México pela associação do seu país aos EUA e Canadá no Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, da sigla em inglês).

O governo George H. W. Bush dá mais um passo à frente lançando, em 1990, a Iniciativa para as Américas, com objetivo de criar uma zona de livre comércio integrando todo o continente, a única região econômica importante com a qual os EUA tinham saldo comercial na época.

Esse novo desafio de se acomodar diante da iniciativa da potência hegemônica no continente soma-se à “crise sistêmica e permanente do próprio Brasil”, visto na época por si mesmo, pelos vizinhos e pelo resto do mundo como “parte da América Latina que não está dando certo”. Ricupero sugere que “o país precisa mais de conserto e reforma do que sua política exterior”, criticando a pretensão do governo Collor de realinhar o Brasil com os EUA na busca de uma via direta para chegar ao Primeiro Mundo.

“O colapso da União Soviética e do comunismo desmoralizou de vez a pregação do alinhamento automático e a repressão das reformas sociais internas”.

Ao organizar a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), o Brasil mostrou ter condições de contribuir para as muitas coalizões necessárias para enfrentar os problemas globais. O país transformou uma vulnerabilidade, as críticas internacionais ao desmatamento da Amazônia, numa demonstração de criatividade diplomática, capacidade de organização e disposição para articular aproximações e acordos.

Na pacificação de conflitos regionais e na promoção da democracia, o Brasil tem uma atuação consistente.

POR UMA ORDEM INTERNACIONAL DEMOCRÁTICA
A estrutura diversificada do comércio exterior brasileiro e a ampla liberalização do regime de importações tornam uma exigência para o Brasil lutar pelo aperfeiçoamento do sistema multilateral de comércio: “Não há compulsão de coincidir nem de discordar da nação mais poderosa do sistema. Para o Brasil, a nova ordem só será duradoura se for baseada na participação e do consenso. Uma ordem internacional democrática não é compatível com o alinhamento automático para evitar punições ou receber recompensa”.

Claramente Ricupero teme as conseqüências da ALCA: “Resta ver como, havendo superado a fase em que subordinava a América Latina aos EUA, a diplomacia brasileira poderá evitar agora que a América Latina subordine o Brasil aos EUA. (…) Cria-se assim para o Brasil um duplo desafio. De um lado, evitar que as preferências do Nafta ao México e sua extensão a outros países proporcionem a esses competidores condições mais vantajosas de ingresso no mercado do principal parceiro nosso e deles. Do outro lado, impedir que a multiplicação de acordos entre Washington e essas nações acabe por erodir as margens de preferência dos manufaturados brasileiros nesses mercados”.

Infelizmente o Brasil não tem poder para tanto. O PIB brasileiro chegou a ser superado pelo do México (e de outros países) mas agora o país parece ter retomado um ritmo de crescimento sustentado, embora ainda abaixo de média histórica do pós-guerra, de 7%.

Diante do endurecimento da posição do Brasil nas negociações da ALCA e na OMC, os EUA acenaram com a possibilidade de realizar uma série de acordos multilaterais capazes de isolar o Brasil dentro do continente. Mas se aproximaram do Brasil por causa

Voltando a olhar para os governos brasileiros, Sarney decretou a moratória isolando o país ainda mais economicamente e partiu para a integração regional com a Argentina de Raúl Alfonsín.

Collor tentou um realinhamento com os EUA e Menem tentou criar uma “relação carnal” com os EUA, mas ambos acabaram se rendendo às limitações de suas pretensões primeiro-mundistas ao assinar, em 1991, o Tratado de Assunção, que criou o Mercado Comum do Sul (Mercosul), uma tentativa de reinserção competitiva das economias do Cone Sul no mercado internacional depois da década perdida com a crise da dívida.

Itamar Franco retomou com força total o paradigma da política externa independente, propondo a criação de uma zona de livre comércio sul-americana (Safta, em oposição ao Nafta) para fortalecer o poder de barganha do subcontinente nas negociações da ALCA. Isto não impediu que a Cúpula de Miami, no final de 1994, lançasse oficialmente as negociações da ALCA, com o apoio de dois presidentes, Itamar e o recém-eleito Fernando Henrique Cardoso.

DE FHC E LULA
Como as maiores preocupações de FHC eram a estabilidade econômica e a reinserção internacional do Brasil, sua política externa tinha como foco principal mostrar-se um parceiro confiável dos países ricos e desenvolvidos, de onde viria o capital para a retomada do desenvolvimento. Isso levou a um alinhamento em alguns temas e ao silêncio em outros para não desagradar aos países centrais, sobretudo os EUA. Quando o real foi abalado pelas crises asiática e russa, os EUA coordenaram a ajuda do FMI.

Lula assume tentando reafirmar a política externa independente. Sem margem de manobra ou criatividade para mudar a política econômica, como prometeu durante a campanha, Lula usa a política externa como uma espécie de última praia do esquerdismo.

Mas a política externa de Lula vai muito além da retórica. Primeiro, tenta junto com o novo presidente argentino, Néstor Kirchner, relançar o Mercosul e fazer um acordo, fechado em abril, embora ainda falte acertar detalhes, com a Comunidade Andina das Nações (Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela) para criar a zona de livre comércio sul-americana proposta por Itamar. A dúvida é se haverá tempo para consolidar esta nova aliança ou se ela será atropelada pelas negociações da ALCA.

Ao mesmo tempo, sob a orientação do chanceler Celso Amorim, ex-embaixador na ONU e na OMC, aproxima-se grandes países em desenvolvimento com status de potência regional como a China, a Índia e a África do Sul e articula a criação do Grupo dos 20 para lutar contra o protecionismo agrícola dos países ricos na Organização Mundial do Comércio, numa política agressiva de abertura de novos mercados, especialmente no setor agrícola.

O grande desafio continua sendo acomodar as relações com os EUA. No momento, as negociações da ALCA estão estagnadas. O Brasil, co-presidente das negociações ao lado dos EUA, nega-se a marcar a próxima reunião enquanto não houver um avanço concreto na proposta americana sobre agricultura.

Primeiro, o Itamaraty apostou no adiamento das negociações para depois das eleições presidenciais nos EUA, em 2004. Não esperava que os EUA fizessem qualquer concessão significativa às vésperas das eleições, que incluíram a renovação da Câmara dos Representantes e de parte do Senado Federal, além de governadores e parlamentos estaduais.

A relutância do Itamaraty provocou duras críticas do setor empresarial, inclusive dos ministros-empresários, Amaral Furlan (Desenvolvimento) e Roberto Rodrigues (Agricultura). Eles viam um viés ideológico antiamericano com origens na diplomacia brasileira, sobretudo no secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, de posições nitidamente esquerdistas, de agrado do PT e daqueles que viam na ALCA uma rendição ao imperalismo econômico americano.

A ALCA foi praticamente enterrada na Conferência de Cúpula das Américas em Mar del Plata, na Argentina, em novembro de 2005. Desde então, os EUA negociaram acordos de livre comércio com a Colômbia e o Peru, e o Paraguai e o Uruguai, os dois sócios menores do Mercosul, manifestaram interesse em negociar com os americanos.

O Uruguai está irritado com a indiferença do bloco regional para resolver o conflito com a Argentina em torno da instalação de duas fábricas de celulose na margem oriental do Rio Uruguai, a chamada 'guerra das papeleiras'. Os argentinos têm bloqueado sistematicamente as pontes que ligam os dois países.

Em abril do ano passado, o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, recorreu ao Mercosul. Lula chegou a discutir a questão com a presidente da Finlândia, onde fica a sede da Botnia, empresa que está construindo uma das fábricas, mas o presidente argentino, Néstor Kirchner, reagiu com dureza, insistindo em que se trata de uma questão bilateral.

No momento, a intermediação está sendo feita pelo rei Juan Carlos, da Espanha, a antiga potência colonial. Se o Mercosul tivesse regras comuns para instalação desse tipo de fábrica na região, o problema estaria resolvido. Mas o bloco tem um sério déficit institucional.

Outra questão importante é a entrada da Venezuela como membro pleno do Mercosul antes de negociar a adesão às normas preexistentes. O projeto político do presidente Hugo Chávez, antiliberal, anticapitalista e antiamericano, entre em conflito com o projeto original do Mercosul de ser um instrumento de inserção na economia globalizada.

A Venezuela é importante, mas o personalismo de Chávez não ajuda na institucionalização do bloco nem nas suas negociações externas. A recente proposta da União Européia propondo uma “parceria estratégica” ao Brasil indica o desinteresse europeu nas negociações bloco a bloco.

Além dos debates em torno das reformas previdenciária e tributária, da política econômica e do salário mínimo, da corrupção e da reforma política, a política externa tornou-se um elemento importante do governo Lula, que brilha no cenário internacional com seus programas sociais e o sucesso da economia brasileira.

(Este texto foi preparado inicialmente para a cadeira de Jornalismo Internacional do curso de Jornalismo da UniverCidade)

Polícia desarma bombas no centro de Londres

A polícia britânica desarmou esta manhã, depois de isolar toda a área, uma bomba deixada na rua Haymarket, no Centro de Londres, durante a madrugada. O "objeto potencialmente explosivo" foi encontrado dentro de um carro.

Mais tarde, o Esquadrão Antiterrorismo da Scotland Yard fechou a Park Lane, avenida paralela ao lado leste do Hyde Park, onde descobriu outro carro-bomba.

Os carros estavam carregados de material explosivo: gasolina, gás engarrafado e pregos, usados para causar o maior dano possível no maior número de pessoas. Ambulâncias que passaram pelo local viram fumaça saindo do carro na rua Haymarket. Quando os bombeiros chegaram, pediram a intervenção do esquadrão antiterrorista.

Foi um duro alerta ao novo primeiro-ministro, Gordon Brown, que assumiu a chefia do governo do Reino Unido há dois dias.

Em 7 de julho de 2005, o sistema de transporte de Londres foi atacado por terroristas, em atentados que provocaram a morte de 52 pessoas e quatro terroristas suicidas. Inicialmente, pensou-se que era uma célula terrorista autônoma constituída por muçulmanos britânicos. Mas as investigações reveleram que eles tinham recebido treinamento terrorista no Paquistão de um grupo ligado a Al Caeda.

Candidatos democratas criticam Suprema Corte

Os senadores Barack Obama e Hillary Clinton, aspirantes à candidatura democrata à Presidência dos Estados Unidos em 2008, rejeitaram com veemência a decisão da Suprema Corte de proibir o uso da raça como critério para discriminação positiva quando as escolas escolhem seus alunos. Os ministros alegaram que toda discriminação é ilegal nos EUA.

Hillary, que disputa com Obama o voto dos afro-americanos, que um dia foi quase cativo de seu marido, tratou logo de atacar o supremo tribunal americano, tornado mais conservador com a nomeação de dois novos juízes pelo presidente George W. Bush.

Leia a matéria do New York Times sobre o tema.

Suprema Corte rejeita discriminação positiva

Por 5 a 4, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu hoje que são anticonstitucionais a discriminação positiva nos programas de ação afirmativa usados, por exemplo, para aumentar a participação de negros nas escolas, nas universidades e no mercado de trabalho.

Os ministros do supremo tribunal americano, onde os conservadores são hoje maioria de 6-3, depois de duas nomeações feitas pelo presidente George Walker Bush, consideraram ilegal toda discriminação com base na cor da pele.

Para o comentarista jurídico Jerry Toobin, da rede de televisão CNN, é claramente um reflexo do conservadorismo da atual Suprema Corte.

A questão está em debate no Brasil, onde estão sendo introduzidas cotas nas universidade para negros e índios. Na minha opinião, seria mais conveniente promover as camadas de renda mais baixa do que usar como critério a cor da pele.

O Brasil tem cerca de 45% de afrodescendentes mas é um país altamente miscigenado. Como não há definição científica de raça, todos os seres humanos são da mesma raça, fica difícil, num país como o Brasil, decidir até onde se é negro.

A renda familiar me parece um critério mais justo, embora deva reconhecer que, nos EUA, os programas de ação afirmativa tenham dado uma contribuição para a emancipação e integração dos negros americanos depois do fim das leis segregacionistas, nos anos 60.

Quando coloquei a questão para meus alunos, todos os afrodescendentes foram a favor das cotas, com uma ou outra exceção de quem já está bem colocado profissionalmente e não quer que seus méritos sejam colocados em dúvida.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Giuliani acusa Bill Clinton pelo 11 de setembro

O ex-prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani, líder na disputa pela candidatura do Partido Republicano à eleição presidencial de 2008 nos Estados Unidos, acusa o ex-presidente Bill Clinton de não ter reagido com a força necessária depois do primeiro atentado contra o World Trade Center, em 1993.

Seu tema repetia uma velha jogada republicana para amedrontar o eleitorado: os democratas dão fracos e ingênuos para conduzir a guerra. Ao atacar Bill, ele também atinge Hillary Clinton, até o momento a favorita para conquistar a Casa Branca em 2008.

"Terroristas muçulmanos mataram mais de 500 americanos antes de 11 de setembro. Muitas pessoas pensam que o primeiro ataque contra os EUA foi em 11 de setembro de 2001. Não foi. Foi em 1993", declarou Giuliani.

Como prefeito de Nova Iorque no dia dos atentados, ele posou como presidente dos EUA, enquanto George W. Bush sumiu, protegido pelo serviço secreto, por medo de novos ataques.

Mas o Corpo de Bombeiros e a Polícia de Nova Iorque não ficaram com uma imagem tão favorável de Giuliani. Ele é acusado de não ter modernizado o sistema de radiocomunicação depois do primeiro atentado, em 1993. Os bombeiros e policiais que entraram nas Torres Gêmeas logo após os atentados de 2001, usavam equipamentos da mesma geração tecnológicas que seus colegas tinham em 1993. Só que as torres desabaram sobre eles.

Para as famílias dos policiais e bombeiros soterrados pelas torres, a culpa foi de Giuliani. Ele poderia ter equipado os bombeiros e policiais nova-iorquinos com equipamentos de última geração. Mas os republicanos achavam que o Estado não deve gastar dinheiro.

Por isso, Giuliani tem um ponto fraco para empanar a glória do que em que posou como presidente dos EUA. Jogar a culpa nos outros é uma boa maneira de desviar a atenção da sua.

Em ocasiões anteriores, Giuliani não quis responsabilizar Clinton nem Bush pelos atentados de 11/9. Disse que a culpa foi dos terroristas.

Depois dos atentados contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 1998, Clinton mandou bombardear uma fábrica no Sudão e bases da rede terrorista Al Caeda no Afeganistão. Mas foi apenas um bombardeio aéreo. Faltou consistência à ação. Parecia que Clinton estava apenas dando uma satisfação ao povo americano para dizer que tinha reagido.

A realidade é que ninguém dava importância a um inimigo não-governamental com recursos supostamente limitados. Ossama ben Laden declarou guerra aos EUA e ao Ocidente mas não foi levado a sério.

Presidência alemã recoloca UE em marcha

A Alemanha faz um balanço positivo de seus seis meses na presidência da União Européia, por causa do acordo para aprovar um minitratado constitucional em substituição à Constituição da Europa rejeitada por franceses e holandeses em 2005 e o lançamento das negociações de um acordo pós-Quioto para controlar a emissão dos gases que agravam o efeito estuda, provocando o aquecimento da Terra.

O processo de integração da Europa saiu de uma fase de estagnação em que estava desde que a França e a Holanda, dois membros fundadores da Comunidade Econômica Européia, em 1957, rejeitaram a Constituição da Europa, em plebiscitos, em 2005.

Na reunião de cúpula da semana passada em Bruxelas, na Bélgica, o Conselho Europeu convocou uma nova conferência intergovernamental e aprovou um minitratado constitucional que melhore a governabilidade de uma União Européia que nasceu com seis e hoje tem 27 países-membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Suécia.

A Constituição foi substituída por um tratado que reforma a UE para impedir a paralisia do processo de tomada de decisões, que seria inevitável numa organização de 27 países, se fosse mantida a regra inicial que exigia unanimidade para todas as decisões.

Entre os destaques do novo tratado, estão:
• a criação do cargo de presidente do Conselho da Europa com mandato de dois anos e meio;
• um superministro para Relações Exteriores e Política de Segurança;
• uma mudança no sistema de votação no Conselho de Ministros a partir de 2014;
• uma redução de 27 para 15 no número de comissários da Comissão Européia;
• o fortalecimento do Parlamento Europeu, que passará a participar do processo legislativo;
• o direito natural dos parlamentos nacionais de participar no processo legislativo europeu; e
• tornar obrigatória em todos os países, menos no Reino Unido, a Carta dos Direitos Fundamentais do cidadão europeu.

Durante a presidência alemã, a chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel esforçou para promover avanços na área ambiental, com destaque para a política de energia e mudança do clima, incluída pela primeira vez num tratado constitutivo da UE.

A meta da UE é limitar o aumento da temperatura média do planeta em apenas dois graus centígrados em comparação com a era pré-industrial. Isto exige a redução até 2050 das emissões dos gases que agravam o efeito estufa em até 50%, o que depende da adesão de outras potências industriais.

Concretamente, os países europeus se comprometeram em reduzir suas emissões em 20% até 2020. Este percentual pode subir para 30% se outras potências industriais se submeterem a sacrifício semelhante,

Nas relações exteriores da UE, a presidência alemã:
• tentou resgatar o Quarteto (EUA, ONU, UE e Rússia) que negocia a paz no Oriente Médio, que terá ímpeto renovado com a indicação de Tony Blair como enviado especial;
• retomou a proposta de uma parceria econômica transatlântica com os EUA, diante da estagnação das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio;
• encaminhou o processo, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, de definição do futuro status do Kossovo, cuja independência enfrenta resistência da Rússia e da Sérvia.

EUA cresceram a taxa de 0,7% ao ano no primeiro trimestre

A maior economia do mundo cresceu apenas 0,7% no primeiro trimestre do ano, um pouco acima do 0,6% estimado no mês passado, mas o núcleo a inflação, excluídos os preços de energia e alimentos, registrou ligeira alta passando na revisão de 2,2% para 2,4% ao ano. O Federal Reserve Board, o banco central dos Estados Unidos trabalha com uma meta informal de inflação 1% a 2% ao ano.

No ano passado, o núcleo da inflação americana ficou em 2,3%, um pouco acima dos 2,2% da estimativa anterior.

Para os analistas, o problema é que a inflação sobe mesmo com o crescimento baixo. "Os riscos inflacionários deram um grande passo na direção errada", observou o economista Drew Matus, do banco de investimentos Lehman Brothers.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

CIA revela suas ações mafiosas

Para dar uma imagem de transparência nas atividades secretas da Agência Central de Inteligência (CIA), o serviço de contra-espionagem dos Estados Unidos, seu novo diretor, general-brigadeiro Michael Hayden, decidiu abrir arquivos antigos e revelar operações sinistras do tempo da Guerra Fria, como a contratação do mafioso Sam Giancana para matar o presidente cubano, Fidel Castro.

Republicanos viram contra a guerra no Iraque

Quando o mais importante senador republicano na Comissão das Forças Armadas do Senado dos Estados Unidos, Richard Lugar, afirmou que a nova estratégia lançada pelo presidente George Walker Bush no início do ano não está funcionando e que já está na hora de começar a retirar as tropas americanas do Iraque.

As últimas pesquisas indicam que 63% dos americanos são contra a guerra. Entre os eleitores republicanos, 42% são contra a guerra.

Em seu discurso, na segunda-feira à noite, Lugar declarou que "os custos e riscos de continuar no caminho atual superam os benefícios potenciais que podem ser alcançados". Ele é um conservador moderado, com grande experiência em política externa.

O senador fez um apelo a Bush para que busque apoio bipartidário para uma nova estratégia no Iraque neste ano. No próximo, haverá eleições presidenciais nos EUA. Se não for possível uma aliança bipartidária para enfrentar os problemas da ocupação do iraque neste ano, a campanha para a Casa Branca impedirá a articulação de um consenso em 2008.

Gordon Brown já é primeiro-ministro britânico

Depois de dez anos de espera e de uma luta surda pelo poder com primeiro-ministro que sai, Tony Blair, Gordon Brown assumiu hoje a chefia do governo do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Depois de pedir autorização oficial à rainha Elizabeth II para formar o próximo Governo de Sua Majestade, entrou na residência oficial de 10e Downing Street prometendo "trabalhar pela mudança".

Não foi uma entrada triunfal como a de Blair chegou em 2 de maio de 1997, com o povo nas ruas festejando a derrota dos conservadores. Com apenas 43 anos, levava o Partido Trabalhista à vitória depois de 18 anos de thatcherismo. Era o mais jovem primeiro-ministro britânico desde Lorde Liverpool, em 1812, na época das guerras napoleônicas.

Blair deixa como legado uma economia estável e em crescimento sustentado, graças ao ex-ministro das Finanças e agora primeiro-ministro Gordon Brown, uma certa recuperação dos serviços públicos e a paz na Irlanda do Norte, acabando com um conflito de 800 anos entre Inglaterra e Irlanda.

Em 11 de setembro de 2001, percebendo a importância dos atentados terroristas contra Nova Iorque e Washington, tratou de consolidar a "relação especial" com os Estados Unidos, dando apoio incondicional ao presidente George W. Bush. Sua "herança maldita" será a guerra no Iraque, causa de sua queda prematura.

Na sua terceira vitória eleitoral consecutiva, algo inédito para um líder trabalhista britânico, Blair perdeu mais de 100 deputados na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico por causa da rejeição da opinião pública à intervenção no Iraque. Desde então, sua queda está anunciada. Ele teve o direito de marcar a data.

Brown, preterido na disputa pela liderança do partido depois da morte de John Smith, em 1994, é mais sizudo e mais carruncudo, menos midiático. Sorri pouco. Fala pouco. É frio e calculista. Como ministro das Finanças de Blair, foi um excelente gestor do mais longo período de expansão da história econômica da Grã-Bretanha. Agora, é a sua vez.

A exemplo da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher (1979-90), Blair adotou um estilo de governo quase presidencialista, centralizado nele. Sempre tomou decisões com um pequeno grupo do qual participavam assessores sem mandato eletivo, como seu diretor de comunicações, Alastair Campbell, a "face antipática" do governo Blair.

Campbell era tão influente que caiu depois do suicídio de um cientista do Ministério da Defesa que dissera em sigilo à BBC que a alegação de que Saddam Hussein poderia contra-atacar com armas de destruição em massa em 45 minutos era uma fabricada pelo governo. Nenhum cientista previra essa possibilidade.

Se era responsável, em primeiro lugar, o primeiro-ministro sabia e concordou com a mentira apresentada ao Parlamento e à opinião pública; em segundo lugar, Campbell tinha poder demais. Desde o início, o governo Blair notabilizou-se por manipular as notícias, dando um 'efeito especial' (spin), a tal ponto que no dia 11 de setembro de 2001 uma assessora do Ministério do Meio Ambiente, Transportes e Cidades sugeriu que era "um bom dia para divulgarmos notícias que quisermos enterrar", debaixo das Torres Gêmeas do World Trade Center, com quase mil cadáveres. Pegou mal.

No fim, o governo Blair foi vítima do seu próprio veneno.

Gordon Brown prometeu governar com todo o gabinete e o Parlamento, fortalecer as instituições e fazer um governo menos personalista. Blair virou uma celebridade midiática internacional ao chamar Lady Diana, a Princesa de Gales, de "princesa do povo", no dia de sua morte. Teria sido uma idéia de Campbell. Brown sabe que não tem a mesma naturalidade e desenvoltura diante das câmeras.

Sintomaticamente, o último encontro de Blair como primeiro-ministro foi com o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, um astro de Hollywood. Os repórteres brincaram que Blair poderia dizer "Hasta la vista, baby!" (Até a vista, baby!), uma das frases do Exterminador do Futuro, papel que celebrizou Arnie no cinema, mas não "I'll be back!" (Eu voltarei!)

Sua carreira de deputado do Parlamento Britânico também chegou ao fim. Blair renunciou ao mandato para se dedicar à função de enviado especial do Quarteto (EUA, Nações Unidas, União Européia e Rússia) para negociar a paz no Oriente Médio.

Já há comentaristas árabes protestando, por causa da participação de Blair na ocupação do Iraque. Mas se houvesse um mínimo de concordância no Oriente Médio, a paz não estaria tão distante.

Anistia denuncia tortura em mais de 100 países

Em mais de 100 países, a polícia, as forças de segurança ou outras autoridades públicas usam de tortura e maus-tratos, denunciou a organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, ao lançar ontem em Londres seu Relatório anual sobre Tortura. Era o 20º aniversário da Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e a Punição ou Tratamento Cruel, Desumano ou Degradante, assinada por 144 países.

De 157 países estudados pela Anistia na seu Relatório Anual sobre Direitos Humanos de 2007, 102 empregavam a tortura.

"É preocupante o fato de que nem todos os países tomem medidas para erradicar todas as formas de tortura patrocinadas pelo Estado, e que alguns inclusive a estejam fomentando, enquanto outros fecham os olhos ou permitem que outros países torturem em seu nome", afirma a AI.

Os Estados Unidos são diretamente acusados: "A tendência, no contexto da 'guerra contra o terrorismo' (travada pelos EUA), de legitimar e inclusive legalizar o uso da tortura não faz senão acentuar esta preocupação".

A Anistia acusa os EUA e seus aliados de "abusos sistemáticos" cometidos luta antiterrorista, como "prisões secretas, desaparecimentos forçados, tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes".

Leia a declaração da Anistia na íntegra.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Produção de cocaína cresce 17,5% nos Andes

A produção de cocaína nos países andinos cresceu 17,5% no ano passado, atingindo uma área de 156,9 mil hectares, sendo 50% na Colômbia, 33% no Peru e 18% na Bolívia, informa hoje, Dia Mundial de Luta contra as Drogas Ilícitas, o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime. O consumo de maconha é relativamente maior na Argentina, onde 6% admitem fumá-la regularmente.

Na Bolívia, onde o presidente Evo Morales começou sua carreira política como líder do sindicato dos produtores de coca, rebelando-se contra as política de erradicação propostas pelos Estados Unidos, o aumento da área cultivada no ano passado foi de 8%.

Macri: "É possível vencer Kirchner"

Com a euforia da vitória por 61%-39% contra o candidato governista, o prefeito eleito de Buenos Aires, Mauricio Macri, presidente do Boca Juniors, declarou hoje que é possível derrotar do presidente Néstor Kirchner nas eleições presidenciais de outubro na Argentina.

Kirchner, por sua vez, acusou a imprensa de "esquizofrenia" e "ação persecutória", alegando não ter perdido nada.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Zoellick é o novo presidente do Banco Mundial

A Junta de Governadores do Banco Mundial aprovou hoje a candidatura do ex-representante comercial dos Estados Unidos e ex-subsecretário de Estado Robert Zoellick para substituir na presidência da instituição o ex-subsecretário da Defesa Paul Wolfowitz, acusado de tráfico de influência para beneficiar a namorada e amigos.

Zoellick assume em 1º de julho por um período de cinco anos.

Al Caeda declara apoio ao Hamas

A rede terrorista Al Caeda anunciou seu apoio ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas). Em gravação divulgada hoje na Internet, o médico egípcio Ayman al-Zawahiri, lugar-tenente de Ossama ben Laden, advertiu que está sendo preparada uma "ofensiva" contra o partido fundamentalista palestino, com a participação do Egito e da Arábia Saudita, os dois maiores aliados dos Estados Unidos no mundo árabe.

O alerta coincide com uma reunião de cúpula árabe-israelense em Charm al-Cheik, um balneário egípcio no Mar Vermelho, para dar apoio ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, da Fatah, derrotada pelo Hamas na Faixa de Gaza em combates que deixaram 115 mortos.

Israel prometeu liberar os impostos arrecadados de palestinos, retidos desde a vitória eleitoral do Hamas nas eleições legislativas palestinas de 25 de janeiro de 2006, sob o argumento de que o dinheiro seria usado em atividades terroristas, e os militantes da Fatah presos não-acusados por crimes de sangue.

"Temos de apoiar hoje os mujahedin da Palestina, inclusive os mujahedin do Hamas, apesar dos erros de sua direção", afirmou Zawahiri, conhecido por criticar a participação do movimento islamita nas eleições do ano passado.

"Dizemos a nossos irmãos, os mujahedin do Hamas, que ficaremos, como toda a nação muçulmana, a seu lado, mas devem retificar sua linha política", prosseguiu o segundo homem na hierarquia d'al Caeda, dizendo que "chegar ao poder não é um fim em si, é para fazer valer a lei divina na Terra, e, segundo, o que foi conquistado não está garantido porque prepara-se o terreno para uma invasão de Gaza".

"Tenemos que apoyar hoy a los muyahidín en Palestina, incluidos los muyahidín de Hamas a pesar de todos los errores de su dirección", declaró Zawahiri, conocido por sus vivas críticas contra Hamas desde su participación en las elecciones de enero 2006 que lo llevaron al poder.

"Unam-se a vossos irmãos, os mujahedin da Palestina. Não criem problemas com eles e unam suas filas com todos os mujahedin do mundo diante de uma ofensiva que se preparar, na qual os egípcios e sauditas jogarão, como de costume, um papel grave e ingrato".

Kirchner recebe quarta prefeito eleito de Buenos Aires

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, recebe nesta quarta-feira na Casa Rosada o prefeito eleito de Buenos Aires, o empresário Mauricio Macri, presidente do Boca Juniors, time mais popular do país.

Eleito ontem, em segundo turno, com 61% dos votos válidos, contra 39% para o ministro da Educação, David Filmus, candidato de Kirchner, Macri foi logo dizendo: "Trabalharemos para construir uma alternativa em outubro", quando serão realizadas eleições presidenciais na Argentina.

Leia mais no jornal argentino La Nación.

Blair será enviado especial ao Oriente Médio

Mal entregou a liderança do Partido Trabalhista para o futuro primeiro-ministro Gordon Brown, que deve assumir a chefia do governo britânico na quarta-feira, o primeiro-ministro Tony Blair deve ser nomeado enviado especial do Quarteto (EUA, ONU, UE e Rússia) para negociar a paz no Oriente Médio.

Representantes dos Estados Unidos, das Nações Unidas, da Rússia e da União Européia reúnem-se nesta terça-feira em Jerusalém e devem confirmar a indicação de Blair.

domingo, 24 de junho de 2007

La Nación elogia economia brasileira

Desde o lançamento do Plano Real, em 1994, apesar das crises e escândalos de corrupção, a economia brasileira está cada vez mais sólida. O Brasil acumula recordes e é uma das 10 maiores economias do mundo, auto-suficiente em petróleo e líder mundial em biocombustíveis, afirma neste domingo o jornal argentino La Nación.

Com um produto interno bruto de US$ 1,17 trilhão, o Brasil está na frente da Rússia e da Índia, entre as grandes potências emergentes, embora cresça a taxas menores.

Entre os problemas nacionais, o jornal argentino cita a violência (115 homicídios por dia), que explica o fato de ter a segunda maior frota do mundo de carros blindados, a corrupção, a concentração da riqueza, a educação deficiente, a burocracia e a carga tributária.

Por outro lado, "o Brasil tem hoje uma democracia com um sistema de votação eletrônica exemplar, as pessoas pagam impostos via Internet, a liberdade de imprensa é irrepreensível e as instituições do Estado avançam, na medida do possível, com um projeto de país e não de governo".

"Ficaram na História as corridas para as casas de câmbio, a fuga desaforada de capitais, as falências de bancos e as temidas visitas de missões do Fundo Monetário Internacional. Ao FMI, o país já não deve nada; saldou sua dívida em 2005. O risco-país, que superou 2.300 pontos em 2002, agora é de apenas 145, e o país avança em todas as classificações de risco.

"As reservas, que durante a crise de 1998 se aproximaram perigosamente dos US$ 10 bilhões, hoje chegam a US$ 122 bilhões. O índice da Bolsa de Valores de São Paulo se valorizou quase 300% em cinco anos, e o mercado de ações atraiu a classe média, que se beneficia dos resultados de ações da Vale do Rio Doce ou Petrobrás - se antes seus impostos iam cobrir o passivo dessas empresas, agora obtém lucros como acionista. O país também atrai a atenção do mundo por uma agenda de políticas humanistas e ecológicas.

"Possui uma política antiaids respeitadas no mundo, lançada no governo Fernando Henrique Cardoso pelo ministro José Serra, um dos presidenciáveis mais fortes para suceder Lula em 2010. E o país, que já tem uma matriz energética quase completamente hídrica, renovável e não-contaminante, se converte numa referência mundial para o etanol, o combustível biológico que pode mudar a matriz energética do mundo."

Essa retomada do dinamismo perdido desde a crise da dívida externa, nos anos 80, teria começado com a abertura comercial do início dos anos 90, que obrigou as empresas privadas a se modernizarem, seguida pela implantação do real e as privatizações.

Leia a íntegra em La Nación.

Ali Químico e mais dois serão enforcados no Iraque

Três altos funcionários da ditadura de Saddam Hussein foram condenados à morte na forca hoje por perseguições e massacres de curdos na Operação Anfal, nos anos 80, quando mais de 180 mil pessoas foram mortas.

Entre eles, está Ali Hassan al-Majid, mais conhecido como Ali Químico, acusado pelos ataques com armas químicas, inclusive contra Halabja, a 'Hiroxima curda', onde 6 mil pessoas morreram envenenadas por gás em março de 1988.

Outros dois réus no mesmo processo pegaram prisão perpétua e um foi absolvido por falta de provas. A defesa vai recorrer.

Ali Químico será enforcado por ter sido o grande arquiteto da Operação Anfal. Primo de Saddam, era um dos homens mais temidos do Iraque antes da invasão americana, em março de 2003.

Também pegaram pena de morte o ex-ministro da Defesa iraquiano Hashem Ahmed, e o chefe da Guarda Republicana, a tropa de elite de Saddam, Hussein Rachid al Tikriti.

O chefe dos serviços de inteligência, Saber Abdul Aziz, e agente secreto Farhan al Yiburi, foram sentenciados a prisão perpétua. Já Taher Mohamed al Ani, governador de Mossul, foi absolvido por falta de provas.

Macri é o favorito para prefeito de Buenos Aires

O empresário conservador Mauricio Macri, presidente do Boca Juniors, é o favorito hoje, no segundo turno da eleição para prefeito da capital da Argentina. Mais de 2,5 milhões de portenhos votam hoje e as pesquisas dão uma vantagem a Macri sobre o ministro da Educação, Daniel Filmus, candidato do presidente Néstor Kirchner.

Leia mais no jornal espanhol El País e no argentino La Nación.

Karzai acusa OTAN por morte de civis

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, acusou ontem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar dos Estados Unidos, Canadá e Europa, de "uso desproporcional" força, responsabilizado-a pela morte de civis na luta contra a milícia dos Talebã (Estudantes). A OTAN anunciou a morte de 60 rebeldes talebã numa grande ofensiva junto à fronteira com o Paquistão.

Pelo menos 25 civis morreram Gerechk, na província de Helmand, no Sul do Afeganistão, um dos redutos dos talebã.

"Não se combate o terrorismo disparando um canhão a 30 quilômetros de distância", reclamou Karzai. "Isto está definitivamente destinado a causar baixas civis".

Zimbabueanos fogem para a África do Sul

A fuga de zimbabueanos para a África do Sul, diante do colapso da economia do Zimbábue, está criando problemas para os dois países. Eles tentam escapar da opressão, do desemprego e da hiperinflação.

Cerca de 3,9 mil imigrantes ilegais vindos do Zimbábue são expulsos por semana da África do Sul, informa a Organização Internacional de Migração, citada sábado no jornal americano The New York Times.

É 40% mais do que no segundo semestre de 2006 e seis vezes mais do que no final de 2003.

O dólar do Zimbábue perdeu mais da metade do valor na semana passada, quando o banco central entrou no mercado comprando dólares, o que aumentou a corrida para a moeda americana. A inflação está em 9.000% ao ano.

sábado, 23 de junho de 2007

Apple ensina o segredo da inovação

A fábrica de produtos de informática Apple, considerada a empresa mais inovadora do mundo, que popularizou o computador pessoal e criou o iPod, recuperando-se depois de estar à beira da morte nos 90, com o avanço do sistema operacional Windows, dá o segredo da inovação, disse a revista inglesa The Economist.

Além dos sucessos, a Apple colecionou fracassos como o Newton, que reconheceria o texto manuscrito, e o precursos do iPod. O segredo, então, observa o Economist, é não desanimar com os fracassos, inevitáveis quando se aventura por terrenos inexplorados. Mais importante, é aprender com os erros e nunca perder o deseja de inovar.

No final deste mês, começam as vendas do novo produto da empresa, o iPhone, integrando internet, telefone celular e o iPod.

Trabalhistas lideram pesquisas com ascensão de Brown

Gordon Brown assume neste domingo a liderança do Partido Trabalhista embalado com uma recuperação nas pesquisas. De acordo com sondagem publicada pelo jornal dominical The Observer, os trabalhistas têm hoje 39% das preferências do eleitorado contra 36% para os conservadores, que lideravam as pesquisas nos últimos meses do governo Tony Blair.

Para 40% dos eleitores, Brown seria o melhor primeiro ministro entre os atuais líderes partidários, batendo o jovem conservador David Cameron, indicado por 22%.

Como os trabalhistas têm ampla maioria na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, Brown se tornará primeiro-ministro do Reino Unido na quarta-feira.

EUA e Coréia do Norte acertam fechamento de reator

A Coréia do Norte aceitou fechar em três semanas o reator nuclear de Yonguibion, anunciou hoje o negociador americano Christopher Hill. O regime comunista de Pionguiangue também teria concordado em voltar as negociações com os EUA, a Coréia do Sul, a China, o Japão e a Rússia em torno do seu programa nuclear.

Europeus fazem a acordo sobre minitratado constitucional

Na madrugada deste sábado, depois de longas negociações, os líderes dos 27 países da União Européia chegaram a um acordo para adoção de um novo tratado em 2009.

O projeto cria um presidente executivo para o Conselho Europeu, eleito para um mandato de dois anos e meio, e estabelece um novo sistema de tomada de decisões baseado numa maioria qualificada.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Chávez não quer mais o "velho Mercosul"

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, declarou que não está interessado em entrar no "velho Mercosul", numa crítica aos que defendem a manutenção do bloco regional como está, sem o governo autoritário venezuelano, já que existe uma cláusula democrática, aplicada várias vezes para impedir golpes de Estado no Paraguai.

Irritado porque não recebeu apoio pelo fechamento do canal de televisão da Radio Caracas Televisión (RCTV) e foi criticado pelo Senado brasileiro, que aprovou moção pedindo que ele revisse sua decisão, Chávez decidiu não ir à reunião de cúpula do Mercosul no final do mês em Assunção, no Paraguai.

Na ocasião, Chávez acusou o Senado de ser "papagaio dos Estados Unidos", um insulto grave típico de um caudilho com pouco apreço pelas instituições democráticas.

Quarta-feira, disse que a Venezuela quer entrar no "novo Mercosul" mas, "se não há vontade de mudar, tampouco estamos interessados no velho Mercosul".

Chávez gostaria de transformar o bloco num instrumento de seu antiamericanismo inconseqüente, numa aliança política militar, sem maior preocupação com a integração econômica e o comércio exterior, objetivos prioritários do Tratado de Assunção.

A Venezuela é um país importante, terceira economia da América do Sul, com uma das maiores reservas mundiais de petróleo. Mas a entrada de Chávez não ajuda na institucionalização do bloco nem nas negociações internacionais. A União Européia já manifestou interesse em fazer uma "parceria estratégica". Isto significa que não acredita no sucesso das negociações bloco a bloco.

Chávez não soma; divide. Não é um democrata. A integração tem de ser nos seus termos ou ele não participa. Seria melhor que estivesse falando sério e deixasse o Mercosul. Admitir a Venezuela antes de negociar a adesão aos acordos e normas preexistentes foi um erro grave que espanta a Europa.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Moeda do Zimbábue entra em colapso

O dólar do Zimbábue sofreu hoje a maior queda de sua História, provocando uma corrida especulativa para o dólar. Como o banco central entrou no mercado negro comprando dólares a taxas ilegais para pagar as dívidas do país, a cotação da moeda zimbabueana chegou a 300 mil por dólares. A cotação oficial é de 15 mil.

Diante da especulação alimentada pelo próprio governo, os corretores já prevêem um cotação de 400 mil amanhã. "É uma loucura", comentou um deles. "Quem tem dólares está segurando à espera da alta. A cotação muda a toda hora".

Desde segunda-feira, o valor do dólar do Zimbábue caiu a menos da metade.

A inflação está em 9.000% ao ano, maior do que a inflação brasileira quando o governo Itamar Franco lançou o Plano Real, em 1994. Em uma semana, o preço do bife aumentou duas vezes e meia, o do óleo de cozinho dobrou e as passagem de ônibus aumentaram em até cinco vezes.

Desde a independência, em 1980, o Zimbábue é governado pelo ditador Robert Mugabe. De herói da luta pela independência, ele se transformou em algoz de seu próprio povo.

Com o crescimento da oposição, a partir de 2000 passou a acusar a minoria branca, o Reino Unido e os Estados Unidos pelos problemas do país. Criou o seu próprio movimento dos trabalhadores rurais sem terra, inspirado pelo MST, e ordenou não só a invasão de fazendas dos brancos por supostos "veteranos de guerra" que não teriam ganho seu quinhão de terra como recompensa pela luta como a destruição de favelas onde a oposição ganha eleições.

Isso destruiu a agricultura de um país antes conhecido como "celeiro da África". Para acalmar seus generais e evitar um possível golpe de Estado, Zimbábue envolveu-se na guerra civil do Congo, onde eles puderam se locupletar saqueando as riquezas minerais das regiões ocupadas.

A sociedade internacional esperava a mediação da África do Sul, maior potência da África negra. Mas o presidente Thabo Mbeki, sucessor de Nelson Mandela, sabe que seu país tem problemas semelhantes herdados do regime segregacionista do 'apartheid', como má distribuição da terra e da riqueza, e teme criar uma revolta na África do Sul.

O Zimbábue também viveu sob um regime dominado pela minoria branca da independência do Império Britânico, em 1965, até a vitória da guerrilha liderada pela União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF), sob o comando de Mugabe.

Negociações da OMC terminam em fracasso

As negociações entre Brasil, Estados Unidos, Índia e União Européia (UE) para salvar a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio entraram em colapso hoje. Representantes brasileiros e indianos abandonaram a reunião, realizada em Pótsdã, na Alemanha, acusando os países ricos de não fazerem as concessões mínimas para um acordo agrícola.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Celso Amorim, explicou que os dois países consideram "inútil" prosseguir com o diálogo: "Era inútil prosseguir com as negociações levando em conta o que havia sobre a mesa", disse Amorim ao lado do ministro indiano do Comércio, Kamal Nath.

Nos EUA, o presidente George Walker Bush responsabilizou o Brasil e a Índia, e alegou que esses países estão prejudicando o desenvolvimento de países mais pobres, enquanto o comissário europeu de Comércio Exterior, o britânico Peter Mandelson adotava o mesmo discurso.

Os três países e o bloco europeu, descritos pelo jornal The Wall Street Journal como os "mais poderosos membros da OMC", acusaram-se mutuamente pela impossibilidade de chegar a um acordo para reduzir o protecionismo agrícola dos países ricos. Eles não têm mandato dos 150 membros da organização, que opera por consenso, mas o sistema multilateral de comércio sempre funcionou desta maneira.

Quando as negociações da Rodada Uruguai (1986-94) do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT, da sigla em inglês) estavam num impasse, no final de 1993, o grupo Quad (EUA, UE, Japão e Canadá) fez um acerto entre si e apresentou o pacote para os países em desenvolvimento na base de pegar ou largar. No início daquela rodada, Brasil e Índia tinham uma postura negativa, contra as negociações de liberalização comercial.

A abertura comercial do Brasil e da Índia, no início dos 90, e o extraordinário desenvolvimento da China, que agora faz parte da OMC, fortaleceram a posição dos países em desenvolvimento, levando à criação do Grupo dos Vinte (G-20), sob a liderança do chanceler Celso Amorim.

O G-20 foi criado em agosto de 2003, na preparação da Conferência Interministerial da OMC em Cancún, no México, em setembro do mesmo ano. Hoje, tem 21 membros:cinco da África (África do Sul, Egito, Nigéria, Tanzânia and Zimbábue), seis da Ásia (China, Filipinas, Índia, Indonésia, Paquistão Tailândia) and 10 América (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Guatemala, México, Paraguai, Uruguai and Venezuela).

A Rodada Doha começou em Doha, no Catar, em novembro de 2001. Sob o impacto dos atentados de 11 de setembro de 2001, os EUA estavam com a idéia de que o desenvolvimento econômico era importante para combater o terrorismo. O Brasil negociou concessões para quebrar patentes de medicamentos contra a aids (sídrome de deficiência imunológica adquirida) porque o governo George W. Bush temia atentados com armas químicas e biológicas que poderiam exigir a fabricação em massa de medicamentos em tempo recorde.

Por sua vez, a Europa exigia maior acesso a mercados para suas exportações industriais para implementar os cortes de subsídios agrícolas aprovados na Rodada Uruguai. Daí surgiu a idéia de uma Rodada do Milênio ou do Desenvolvimento, com o argumento de que a liberalização comercial beneficiaria os países mais pobres.

Mas a espetacular ascensão da China e o especto da Índia, outro país de mais de 1 bilhão de pessoas em crescimento acelerado, aumentaram as pressões protecionistas nos países ricos.

O mesmo Mandelson que defende restrições às exportações chinesas de produtos têxteis e calçados agora acusa os países em desenvolvimento de não querem reduzir suas tarifas industriais: "Emergiu na discussão que não seríamos capaz de ter nenhuma mudança significativa comercialmente nas tarifas das economias emergentes, como uma compensação razóavel pelo preço que estamos pagando", declarou o comissário europeu em nota oficial.

A reunião de Pótsdã tinha urgência porque no final do mês termina o prazo da Autorização de Promoção Comercial dada pelo Congresso dos EUA ao governo Bush. Com essa autorização, o Congresso não pode emendar acordos comerciais internacionais assinados pelo presidente americano, apenas aprová-los ou rejeitá-los.

Se os acordos fossem alterados pelo Congresso, seria preciso rediscuti-los com os outros países signatários, inviabilizando a negociação. Mas o Brasil e a Índia preferiram não aceitar uma proposta lesiva a seus interesses.

Como é altamente improvável que o novo Congresso, empossado no início deste ano, com maioria democrata, dê nova autorização a Bush, nem esteja disposto a fazer concessões no ano eleitoral de 2008, a Rodada Doha deve se arrastar por mais alguns anos.

A Rodada Uruguai durou oito anos. Doha talvez exija mais tempo.

Ditadura militar argentina foi genocida, diz Itália

A última ditadura militar da Argentina (1976-83) realizou "um verdadeiro genocídio" tendo como pretexto a Guerra Fria, com o apoio dos Estados Unidos e o silêncio da Igreja Católica, conclui a Justiça da Itália em sentença proferida ontem em Roma.

No processo, os ex-oficiais argentinos Jorge Eduardo Acosta, Alfredo Ignacio Astiz, Jorge Raúl Vildoza, Antonio Vañek e Héctor Antonio Febrés foram condenados à prisão perpétua à revelia pelo desaparecimento dos italianos Angela María Aietta Gullo, Giovanni Pecorato e sua filha Susana.

"A instrução abundante permitiu confirmar judicialmente aquilo que, de outra parte, era já bem conhecido historicamente: que entre 1976 e 1983 se instaurou na Argentina uma feroz ditadura militar que, com o pretexto de combater a guerrilha e frear a difusão de idéias marxistas, levou a cabo com métodos desumanos um verdadeiro genocídio", afirma a sentença.

Em 96 páginas, o tribunal de Roma faz um relato histórico dos fatos desde alguns anos antes do golpe de 24 de março de 1976
até o fim da ditadura, em 1983, depois da humilhante derrota na Guerra das Malvinas, em 1982.

O juiz italiano faz um paralelo entre a "ostentatória" ditadura militar chilena do general Augusto Pinochet, que começou três anos antes com "o inútil e espetacular bombardeio do palácio de La Moneda", e a "silenciosa, dissimulada e científica" ditadura argentina: "A perseguição política foi clandestina, sem caminhões nem blindados. Buenos Aires parecia uma cidade tranqüila onde a vida prosseguia normalmente, a tal ponto que, pelo menos no princípio, [a ditadura] foi acolhida com alívio por parte da sociedade argentina e até mesmo por parte da imprensa democrática (Le Monde e Washington Post)".

A sentença, que deve ser publicada em livro, acusa a própria Itália de não receber "nenhum refugiado em sua embaixada" em Buenos Aires. "Também foram graves as decisões do Vaticano e da hierarquia da Igreja argentina".

Sarkozy apresenta suas principais metas

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, recebeu ontem no Palácio do Elizeu os deputados eleitos pelo seu partido, a União por um Movimento Popular, para apresentar suas metas de governo.

"Os franceses nos confiar por cinco anos a responsabilidade de escrever a História da França", declarou Sarkozy. Tudo o que prometi mudar, mudarei. Tudo o que prometei reformar, reformarei".

• Salário Mínimo: uma "comissão de notáveis" vai examinar a revalorização do salário mínimo, que a candidata presidencial socialista prometeu elever de 1.250 para 1.500 euros. O presidente pretende introduzir "um pouco de racionalidade econômica" na discussão sobre salário mínimo. Ele teme que um forte aumento tenha um efeito negativo sobre o emprego de trabalhadores sem qualificação.

• Moralização da Vida Econômica: uma "lei de moralização da vida econômica" será aprovada "rapidamente", anunciou Sarkozy, considerando que "a situação atual é insustentával". "Nenhum sistema econômico pode funcionar sem um mínimo de moral", declarou o presidente, referindo-se à especulação financeira.

• Equilíbrio Orçamentário: "O objetivo é atingir o equilíbrio orçamentário em cinco anos e reduzir a dívida pública a 60% do produto interno bruto". Ela está hoje em 68%, acima do limite estabelecido para a convergência econômica necessária à adoção do euro, em 1999. O presidente ressalva que pretende equilibrar as contas públicas "sem reduzir o crescimento nem impedir a realização das grandes reformas estruturais que se impõem".

• Imposto de Valor Agregado Social: "Se o IVA social contribuir para frear as desterritorializações, para o emprego, para o cresciemtno, não penalizar o poder de compra, então faremos o IVA social... Abster-se sobre o IVA social e olhar a passagem do trem da desterritorialização será não apenas uma falha econômica, mas uma falha moral e política". O IVA social será testado e, se der certo, será generalizado.

• Carga Fiscal: "Todo o sistema de impostos franceses serão revistos para encorajar o trabalho, a produção e o investimento", afirmou Sarkozy, prometendo uma "redada nos nichos fiscais". Ele quer ainda "reduzir sistematicamente o IVA sobre produtos ecológicos até caírem a 5,5%".

• Reforma do Estado: "Faremos um profundidade e faremos até o fim", declarou o chefe de Estado francês, avisando que ele mesmo vai "pilotar diretamente" esta reforma. "Não é apenas o rigor, é uma coisa mais ambiciosa... fazer do Estado um ator da mudança".

• Pré-Aposentadorias: na França, os trabalhadores entre 55 e 65 anos ameaçados de demissão podem ser pré-aposentados, passando a trabalhar meio turno em troca de um salário menor, recebendo em troca parte da pensão de aposentado a que teriam direito aos 65 anos. Sarkozy quer acabar "o mais rapidamente possível" com as pré-aposentadorias.

• Franquia Médica: "Para financiar as despesas de saúde, será necessário um esforço suplementar", explicou o presidente. Ele apóia a ampliação do papel das empresas de seguro-saúde.

•"Grandes Trincheiras": a luta contra o câncer e o Mal de Alzheimer estão entre as prioridades.

• Poder de Compra: para o presidente, a França tem "um problema de poder de compra. Os preços são muito altos e os salários muito baixos".

• Desenvolvimento Sustentável: na sua opinião, "não é somente uma política de proteção e de precaução, mas uma política de produção que vai estimular o crescimento".

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Junta militar da Tailândia convoca eleições

Sob pressão do Ocidente, dez meses depois de um golpe de Estado, a junta militar que governa a Tailândia anunciou nesta quarta-feira um cronograma para redemocratizar o país.

Até 6 de julho, será apresentado um projeto de Constituição, que será submetido a um plebiscito em 19 de agosto. As eleições legislativas estão previstas para 25 de novembro, revelou o presidente da Comissão Eleitoral, Apichart Sukhagganond, depois de se reunir com o primeiro-ministro interino, general Surayud Chulanont.

Há três semanas, junta dissolveu o partido do primeiro-ministro deposto Thaksin Shinawatra, acusado de corrupção, entre outras coisas pela venda de principal companhia telefônica tailandesa, que era controlada por Thaksin, para Cingapura por US$ 1,9 bilhão, sem pagar impostos.

Merkel tira traços de super-Estado do novo tratado constitucional da União Européia

Numa tentativa da garantir a aprovação do novo tratado constitucional da União Européia, depois da rejeição da Constituição da Europa em plebiscitos na França e na Holanda em 2005, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, prometeu ontem remover do texto quaisquer traços de um super-Estado europeu.

A Alemanha ocupa no momento a presidência rotativa da UE e vai apresentar a proposta em reunião de cúpula européia, a ser realizada amanhã e depois de amanhã, em Bruxelas, na Bélgica. Uma das mudanças será eliminar o termo Constituição.

Com um novo tratado, os líderes da UE tentam evitar a necessidade de referendos para evitar o não que a Constituição da Europa recebeu na França e na Holanda em 2005. Outros 18 países aprovaram a Constituição.

A idéia agora, defendida pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que participa de sua última reunião do Conselho Europeu, e pelo seu mais novo membro, o recém-empossado presidente da França, Nicolas Sarkozy, é de um tratado minimalista para evitar a paralisia administrativa da UE. Seria difícil a aprovação em referendo na eurocética Grã-Bretanha.

O problema é a governabilidade de um bloco regional que, em 50 anos, cresceu de seis (Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo) para 27 países-membros (entraram Áustria, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Espanha, Finlãndia, Grécia, Hungria, Irlanda, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Suécia) e no momento negocia a adesão da Croácia e da Turquia. A perdurar a exigência de unanimidade em questões constitucionais, de segurança, defesa e impostos, a UE pode se tornar ingovernável.

Para complicar a situação, além da eurocética Grã-Bretanha, a Polônia está exigindo mais peso para os países de porte médio e aproveita a situação para reabrir seu conflito com a Alemanha, mencionando inclusive a Segunda Guerra Mundial. Governada por dois gêmeos populistas de direita absolutamente idênticos, os irmãos Kaczynski, a Polônia parece mais preocupada em reafirmar seu nacionalismo do que em contribuir para a construção de uma Europa unida.

Prefeito de Nova Iorque vira independente e pode concorrer à Casa Branca

O multibilionário prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, dono da agência de notícias Bloomberg, deixou ontem o Partido Republicano, do presidente George Walker Bush, e se tornou independente. Há rumores de que pode seguir o exemplo de Ross Perot e se lançar como candidato independente à Presidência dos Estados Unidos em 2008.

"Qualquer executivo eleito de sucesso sabe que os resultados reais são mais importantes do que batalhas partidárias e que boas idéias devem ter precedência sobre a adesão rígida a qualquer ideologia política", justificou-se Bloomberg.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Suspensão do boicote não pacifica palestinos

O presidente George Walker Bush recebeu hoje o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert. Ambos prometeram apoiar o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, para retomar negociações de paz que levem finalmente à criação de um Estado Nacional palestino.

Com a dissolução do governo de união nacional formado há três meses, ontem os Estados Unidos, a União Européia e Israel anunciaram o fim do embargo econômico adotado desde a vitória do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) nas eleições parlamentares de 25 de janeiro de 2006. O novo governo do primeiro-ministro independente Salam Fayad, empossado no sábado, exclui os fundamentalistas do Hamas.

A estratégia americana é clara: fortalecer a Organização para a Libertação da Palestina, presidida por Abbas, considerado "um parceiro confiável para negociar a paz", e isolar o Hamas, que nas últimas semanas assumiu o controle total sobre a Faixa de Gaza, uma estreita tripa de areia de 360 quilômetros quadrados onde vivem 1,5 milhão de palestinos, na maior densidade populacional do mundo, com 70% de desemprego e subemprego, e uma renda média por habitante de apenas US$ 600 por ano.

Nada indica que o isolamento do Hamas e de Gaza contribuam para a paz no Oriente Médio. Pelo contrário, foi a deterioração da vida cotidiana dos palestinos em conseqüência do embargo provocou uma guerra civil entre o Hamas e a Fatah (Luta), partido político de Abbas, que consolidou seu domínio sobre a Cisjordânia.

Já se fala até numa solução com três Estados - um judaico e dois palestinos -, em vez de dois países, como previsto pelas Nações Unidas ao aprovar a divisão da Palestina e a criação de Israel, há 60 anos.

O objetivo dos EUA é mostrar ao povo palestino que há vantagens em viver sob um governo apoiado pelo Ocidente. Mas o apoio dos EUA e de Israel certamente não contribui para a popularidade de Abbas e dá mais um trunfo para a propaganda do Hamas.

Em outras palavras, aumenta a radicalização e não cria um clima de paz. Ao contrário, o surgimento do chamado Hamastão na Faixa de Gaza e a consolidação do poder da Fatah na Cisjordânia tornam ainda mais distante o sonho de uma pátria palestina. Os EUA e Israel poderiam negociar a criação de um país a partir da Cisjordânia. Mas ela tem colônias onde vivem 200 mil israelenses e há preocupações de segurança muito maiores de parte de Israel.

Israel cedeu Gaza porque não tinha nenhum interesse estratégico naquela estreita faixa de areia. Mas isolar os palestinos de Gaza, 1,4 milhão de pessoas sobrevivendo miseravelmente, só pode acirrar o conflito.

Caminhão-bomba mata 78 pessoas no Iraque

No ataque mais mortífero em dois meses no Iraque, um caminhão bomba explodiu hoje no centro de Bagdá, matando pelo menos 78 pessoas e ferindo outras 200, num atentado atribuído à rede terrorista Al Caeda porque ocorreu perto de uma mesquita xiita. Teria sido uma retaliação por ataques contra mesquitas sunitas que se seguiram ao segundo atentado contra a Mesquita Dourada de Samarra, um dos mais importantes santuários xiitas.

A destruição da cúpula dourada da mesquita, em 22 de fevereiro do ano passado, transformou o conflito sectário entre árabes sunitas e árabes xiitas no Iraque numa guerra civil.

Este novo e brutal atentado coincide com o início, ontem, de uma operação contra bastiões da Al Caeda nos arredores da capital iraquiana, com a participação de 10 mil soldados americanos.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Argentino faz radiografia do populismo

Mais uma vez, a América Latina é assolada por políticos demagógicos que prometem um futuro que não têm como oferecer. É a praga do populismo. Seus maiores exemplos no passado foram Getúlio Vargas, no Brasil, e o general Juan Domingo Perón, na Argentina. Agora, o líder desta esquerda inconseqüente que se confunde com o fascismo é o coronel-golpista Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Seus maiores discípulos são os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa.

Em artigo para o jornal La Nación, o escritor argentino Marcos Aguinis, autor de O Atroz Encanto de Ser Argentino, traçou as principais características do populismo, que resumo a seguir:

1. "Nenhum regime populista conseguiu (ou quis seriamente) acabar a fundo com a pobreza, estimular uma educação aberta nem desmontar o fanatismo. Seus programas não apontam para o desenvolvimento sustentado e firme. Não lhe interessam os direitos individuais nem a majestade das instituições republicanas. Pelo contrário, exageram no assistencialismo mendicante, impõem doutrinas tendenciosas e exaltam diversos tipos de animosidade para conseguir a adesão de multidões carentes, exploradas ou perturbadas pela confusão". O populismo depende da miséria dos "descamisados" (termo usado por Perón e depois pelo presidente Fernando Collor) para prosperar.

2. Como as ditaduras comunistas e fascistas, o populismo precisa "criar um inimigo externo, um inimigo interno e um inimigo... anterior". Além de botar sempre a culpa nos outros, "investe contra o que ocorreu antes para, desta forma, depredar sem limites". São as "heranças malditas" e o "nunca antes neste país..."

3. "O sistema populista não se sustenta em idéias, por isso é pragmático e muda segundo os ventos. Em suas cúpulas argentinas, cabem o variável Perón, a feérica mitologia de Evita, a criminalidade de López Rega [ministro do Bem-Estar Social de Isabelita e líder da Aliança Anticomunista Argentina, um esquadrão da morte], uma Isabelita que dá dó, a salada fascista-bolchevique dos Montoneros, a ineficaz renovação de Cafiero e companhia, as privatizações monopolistas de Menem, o caudilhismo de Duhalde, os sindicatos imbatíveis e o pseudoprogressismo de Kirchner.

4. Não há populismo sem personalismo, como observou o historiador mexicano Enrique Krause. O movimento ou partido se constroem ao redor de uma figura messiânica, de um "salvador da pátria". Esse "pai da pátria" é "um demagogo porque se acomoda, mente, afaga e desacredita segundo convenha ao crescimento de seu poder". De um lado, seduz e promete maravilhas; do outro, "é duro com quem essa massa manifesta antipatia, a um extremo que acende muitas fogueiras de ódio".

5. "Não há regime populista que tolere a total liberdade de imprensa". Perón "expropriou um jornal, amordaçou outros e fechou a rádio da oposição". Chávez acaba de não renovar a licença da rede de televisão da Radio Caracas Televisión (RCTV). Morales e Correa seguem o mesmo caminho.

6. "O orçamento nacional é sempre manipulado com arbitrariedade. Os controles são silenciados ou neutralizados. O modelo populista identifica os fundos do Estado como fundos do governo ou - pior ainda - fundos de quem está no poder. Usa-os a seu critério para submeter opositores, cooptar vontades e fazer propaganda". Chávez distribui arbitrariamente bilhões de petrodólares para avançar seu projeto "narcisista-leninista", na descrição do jornalista Andrés Oppenheimer. Kirchner violou o art. 29 da Constituição da Argentina para fazer o que quiser com o orçamento. "O populista é um modelo que ri das ingênuas e frágeis limitações da transparência repúblicana".

7. "Também não faltam as alianças com a 'burguesia nacional' ou os 'empresários patrióticos', isto é, aqueles que preferem subornar funcionários para obter privilégios do que produzir de forma realmente competitiva.

8. "O modelo populista não se priva de atiçar o ódio: Perón contra a oligarquia; Evo Morales contra os brancos; Chávez contra os ricos (menos ele e os leais a ele); Kirchner contra os anos 90 (também excluindo ele e aliados). Mas devo me corrigir: é comum que os inimigos de foro, de dentro e do passado sejam vários, assim é mais fácil provocar uma cadeia de ira catártica, antidemocrática e regressiva. Da Casa Rosada, por exemplo, este modelo de "crescimento" e felicidade populista, mal chamado de progressista, dirigiu sua metralhadora de grosso calibre contra empresários, militares, sacerdotes, jornalistas e opositores de hoje, de ontem e de anteontem. Como se fosse pouco, "não pôde proibir"que Chávez viesse ladrar em Buenos Aires contra os Estados Unidos, o Uruguai, o Brasil, a OEA [Organização dos Estados Americanos] e tudo o que pretende pôr algum freio a suas arengas desbocadas de papagaio capanga".

9. O populismo não esconde seu desdém pela ordem legal. Como os monarcas absolutistas e como os caudilhos "donos de vidas e fazendas", "a lei é apenas um traje que se ajusta a gosto e medida". Menem mudou a Constituição para se reeleger. Chávez, Morales e Correa convocaram Assembléias Constituintes para "refundar" seus países. Kirchner abusa dos "decretos de necessidade e urgência", o equivalente às "medidas provisórias" da lei brasileira.

10. A alternância no poder, essencial numa democracia, não agrada aos líderes populistas, que não gostam de largar o 'trono'. Preferem a reeleição ilimitada ou a presidência vitalícia e até hereditária, como na Síria.

11. O populismo cultiva uma utopia, a promessa de que se avança para um futuro esplêndido. É uma mensagem que se repete com insistência até hipnotizar, ao mesmo tempo em que se culpa os outros e o passado para encobrir a ineficiência do governo atual.

Em resumo, conclui Aguinis, "o culto da personalidade - em torno do qual se constrói quase tudo -, a ausência de controles republicanos, a instabilidade jurídica, a falta de visão estratégica, o ódio crescente e o objetivo excludente de se manter no poder a qualquer custo sabotam o progresso real".

Ele exclui desse diagnóstico o socialismo democrático que vê no Brasil, no Uruguai e no Chile: "Não praticam a hipnose do personalismo, não manipulam os meios de comunicação, não usam de forma arbitrária o orçamento, não alimentam o ódio, não desprezam a ordem legal, não abalam a estabilidade jurídica, não temem a alternância, não desqualificam a oposição, não espantam os grandes investimentos mas os recebem com bons contratos, se abrem ao comércio mundial, não distorcem os índices para enganar a cidadania até cuidam da linguagem. Por isso, crescem mais rápido, são previsíveis e mais confiáveis. Por isso, nos empurram para o extremo do continente e do mundo, apesar das potencialidades que continuam inativas por culpa desse modelo populista que hipnotiza, embrutece e esclerosa.

Leia a íntegra do artigo de Aguinis no jornal argentino La Nación.

Petróleo volta a rondar US$ 70 por barril

O preço do petróleo bruto subiu US$ 1,15 (1,7%) hoje na Bolsa Mercantil de Nova Iorque (Nymex), atingindo US$ 69,15 por barril, o nível mais alto desde 18 de setembro de 2006. A alta foi atribuída à ameaça de greve em regiões produtoras da Nigéria, à resistência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em aumentar a produção e ao temor de que os estoques americanos estejam baixos para enfrentar o aumento de consumo no verão.

Já o petróleo tipo Brent, do Mar do Norte, referência no mercado de Londres, caiu um pouco, fechando hoje em US$ 71,70, depois de ter chegada a US$ 71,88 na sexta-feira, maior preço desde 28 de agosto do ano passado.

"A gasolina estará quente neste verão", previu o analista do mercado de petróleo Mike Wittner.

EUA enfrentam Exército Mehdi no Sul do Iraque

A aliança liderada pelos Estados Unidos matou pelo menos 36 pessoas, sendo 16 civis e 20 milicianos, hoje, depois de ser duramente atacada pelo Exército Mehdi durante operações de busca na província de Maiçã, no Sul do Iraque, que faz fronteira com o Irã, por onde estariam sendo contrabandeadas armas para insurgência.

O governo iraquiano revelou que uma série de grandes operações foi lançada tendo como alvo focos da insurgência ao redor da capital. No sábado, o general David Petraeus, comandante militar americano no Iraque, anunciou ter iniciado uma ofensiva contra militantes da rede terrorista Al Caeda.

Soldados dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Iraque participaram das ações em Amara, capital da província de Maiçã, e na cidade vizinha de Majar al-Cabir. Um porta-voz militar britânico declarou que as operações foram autorizadas pelo primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, e que as forças britânicas tiveram um papel de apoio.

Gen. Petraeus: luta antiinsurgência exige 10 anos

O comandante militar dos Estados Unidos no Iraque, general David Petraeus, advertiu ontem que "historicamente a luta contra a insurgência dura pelo menos nove a dez anos", ou seja, a nova estratégia americana no Iraque deve ser estendida muito além de setembro, quando o general fará uma avaliação no Congresso, e até mesmo das eleições presidenciais de 2008.

A questão, ressalvou Petraeus em entrevista à TV Fox News, é até que nível os EUA pretendem levar a estabilização do Iraque. Leia a transcrição da entrevista no sítio da Fox News.

Israel estuda atacar Gaza para neutralizar Hamas

Diante da vitória do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) sobre a Fatah (Luta), do presidente Mahmoud Abbas, em Gaza na guerra civil palestina, Israel analisa a possibilidade de atacar a Faixa de Gaza nas próximas semanas para destruir a capacidade militar do Hamas, que prega sua destruição, revelou no domingo o jornal inglês The Sunday Times.

Ontem, o primeiro-ministro isralense, Ehud Olmert, cumprimentou o novo governo palestino nomeado por Abbas sem a participação do Hamas, que ganhou as eleições de janeiro de 2006, dizendo que agora tinha "um parceiro para negociar a paz".

Cerca de 20 mil soldados israelenses participariam da ofensiva. Unidades do Exército já estão tomando posições ao Norte da Faixa de Gaza, perto da fronteira Sul de Israel. As manobras até agora são explicadas pelos militares israelenses como "preventivas". Israel tem razões para supor que o Hamas pretende usar Gaza como base para lançar ataques contra o Estado judaico.

Para Israel, a Faixa de Gaza sob controle do Hamas, que os jornalistas já chamam de Hamastão, é uma "entidade terrorista". Por isso, cortou o suprimento de gás e combustível para o território, que está com as fronteiras fechadas e sofreu terrivelmente com os combates entre facções palestinas rivais na semana passada.

Isso agrava ainda mais a situação na miserável Faixa de Gaza, uma pequena tripa de areia junto ao Mar Mediterrâneo de 41 quilômetros de cumprimento por 6km a 12km de largura, num total de 360 quilômetros quadrados sem nenhum recurso natural importante onde vivem 1,4 milhão de palestinos, com desemprego de 70% e renda média por habitante de US$ 600 por ano. É uma das maiores densidades demográficas do planeta.

Rei da Arábia Saudita teme que conflitos do Oriente Médio provoquem explosão mundial

O rei Abdala bin Abdulziz al Saud, sultão da Arábia Saudita, chega hoje à Espanha para uma visita oficial com uma preocupação: a bomba atômica do Irã. "Um programa nuclear é uma carga a mais em nossos problemas".

Em entrevista ao jornal espanho El País, o sultão se descreve como "um homem simples" com um sonho: "rezar um Jerusalém". Seu temor é que "os conflitos no Oriente Médio provoquem uma explosão mundial".

Os conflitos na Palestina, no Iraque e no Líbano, e a crise nuclear com o Irã, observa El País, tornam altamente improvável que o rei Abdala, de 83 anos, realize seu sonho. Quer pelo menos evitar o desastre. Tanto a nuclearização do Irã quanto um bombardeio americano para tentar destruir instalações atômicas iranianas agravaria a crise permanente do Oriente Médio.

Leia a entrevista do sultão a El País.

UMP elege menos deputados do que previsto

A União por um Movimento Popular (UMP), partido do presidente conservador Nicolas Sarkozy, elegeu 314 dos 577 deputados da Assembléia Nacional da França, bem menos que os cerca de 400 previstos. Com seus aliados de centro, chega a uma maioria cômoda de 345 cadeiras.

Mas a recuperação na reta final do Partido Socialista, que conquistou 207 cadeiras, com um ganho de 58 em relação ao parlamento atual, tirou o brilho da vitória de Sarkozy.

Os analistas atribuíram o resultado a uma mobilização extra da esquerda no segundo turno das eleições legislativas, realizado ontem, para evitar que o presidente seja ainda mais poderoso.

domingo, 17 de junho de 2007

Ségolène quer disputar liderança socialista

A candidata derrotada à Presidência da França, Ségolène Royal, anunciou hoje que está separada do primeiro-secretário do Partido Socialista, François Hollande, e que pretende disputar o cargo, se seu "projeto de renovação tiver o apoio da maioria" no próximo congresso do partido.

O PS francês perdeu a eleição presidencial para Nicolas Sarkozy em 6 de maio e as eleições legislativas cujo segundo turno foi realizado hoje. Mas acabou elegendo mais deputados do que se esperava.

De qualquer maneira, o PS precisa passar por uma profunda reformulação interna e Ségolène se dispõe a liderar esse processo de modernização.

No lado governista, o ex-primeiro-ministro e Alain Juppé, resgatado por Sarkozy depois de ter caído por corrupção na década passada, foi derrotado e vai pedir demissão dos cargos de vice-primeiro-ministro e de ministro da Energia e Meio Ambiente.

Novo partido reunifica esquerdas alemãs

Um novo partido surge da fusão das forças políticas socialistas no Leste e no Oeste da Alemanha. Já nasce sob críticas dos partidos da direita à centro-esquerda, que o acusam de ser antiliberal e anticapitalista. O objetivo central do novo partido é garantir a igualdade de oportunidades em todo o país.

A Esquerda é o resultado da união do Partido de Esquerda, da antiga Alemanha Oriental, e da Alternativa Eleitoral Trabalho e Justiça Social (Wasg), do lado ocidental. Essa fusão histórica foi sacramentada hoje em Berlim, depois de dois anos de preparação.

Cerca de 800 delegados aprovaram a fusão. O novo partido terá 72 mil filiados e dois presidentes, Oskar Lafontaine, ex-líder do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), e Lothar Bisky, representante do Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unificado da Alemanha Oriental (SED), que governou o Leste da Alemanha enquanto o país esteve dividido.

Na opinião do líder da bancada do partido no parlamento alemã, Gregor Gysi, esta é a primeira autêntica fusão alemã-alemã depois da reunificação do país, em 3 de outubro de 1990. Até agora, os alemães-orientais não teriam feito nada além de se adaptar às estruturas ocidentais.

"A constituição de um partido único de esquerda na Alemanha sela o processo de reunificação alemã do ponto de vista organizacional", entende Gysi.

Uma das metas da Esquerda é fortalecer a democracia direta. Para Lafontaine, a democracia está em crise: "Precisamos de novas formas de combate através das quais a população consiga impor sua vontade", declarou ele.

Lafontaine era ministro da Economista do chanceler (primeiro-ministro) Gerhard Schröder, com quem roupeu em 1999, em protesto contra as propostas liberalizantes de Schröder. Voltou em 2005, candidatando-se às eleições parlamentares pela nova aliança eleitoral entre forças de esquerda do Leste e do Oeste do país.

A Esquerda reivindica a herança do movimento sindcalista alemão. Seus ídolos são Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, que acreditavam que socialismo e democracia são inseparáveis. Ambos foram assassinados pela polícia alemã em 1919, depois de tentarem iniciar uma revolução.

Além de lutar para manter o modelo social-democrata alemão, a Esquerda cobra do governo federal mais empenho no combate à pobreza, uma economia sustentável ecologicamente sem exclusão social e a retirada dos soldados alemães do Afeganistão.

Para democratas-cristãos, social-democratas e liberais, tudo não passa de uma tentativa de ressuscitar o "cadáver socialista". Eles insistem em que a Esquerda é herdeira do partido que governou a Alemanha Oriental sob uma ditadura comunista.

"Os pós-comunistas não devem ter lugar na Alemanha", declarou o deputado democrata-cristão Ronald Pofalla. O presidente do Partido Liberal-Democrata (FDP), Guido Westerwelle, é "contra o reavivamento do cadáver socialista".

Mas o deputado social-democrata Frank-Walter Steinmeier, ministro da Defesa alemão, aconselhou seus correligionários a não subestimarem A Esquerda. No seu entendimento, o programa do novo partido levaria a Alemanha à pobreza e ao isolamento em relação ao resto do mundo.