segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Cessar-fogo na Síria começa a desmoronar

Com múltiplos bombardeios aéreos e de artilharia e trocas de tiros, a trégua na guerra civil da Síria está à beira do colapso. Desde sábado, a situação era mais calma, a não ser nas áreas sob o controle do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que está excluído do cessar-fogo.

A Força Aérea da Rússia, que intervém na Síria desde 30 de setembro de 2015 em apoio à ditadura de Bachar Assad, suspendeu os bombardeios no sábado. No dia seguinte, houve operações terrestres realizadas por governistas e rebeldes.

Um fracasso no cessar-fogo abalaria os esforços de paz dos Estados Unidos, da Rússia e das Nações Unidas, que marcaram o reinício das negociações para 7 de março, e a guerra contra o Estado Islâmico. Sem intervenção direta no solo, há pouco que as grandes potências possam fazer para conter os grupos radicais

Argentina assina acordo com credores em Nova York

O governo Mauricio Macri assinou hoje um acordo em Nova York para acabar com um conflito de 15 anos com os credores que não aceitaram as renegociações de dívida pública da Argentina de 2005 e 2010, noticiou a agência Reuters.

Pelo acordo anunciado pelo mediador Daniel Pollack, a Argentina vai pagar US$ 4,65 bilhões para o Elliot Management e outros fundos de investimentos que a ex-presidente Cristina Kirchner chamava de "fundos abutres" porque compraram títulos desvalorizados e exigiam receber o valor total.

Para o acordo entrar em vigor, o Congresso da Argentina terá de revogar duas leis aprovadas pelo governo anterior, que ainda tem maioria no parlamento, bloqueando a renegociação da dívida.

Voltar ao mercado internacional é uma prioridade do novo governo argentino. Só agora o país regulariza a situação com todos os credores depois do calote de US$ 100 bilhões em 2001, quando entrou em colapso a dolarização da era Carlos Menem.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Yoko é hospitalizada em Nova York com suspeita de AVC

A artista plástica japonesa Yoko Ono foi internada sexta-feira à noite no Hospital Monte Sinai Oeste, em Nova York, possivelmente por causa de um acidente vascular cerebral, noticiou ontem o jornal New York Daily News.

Yoko foi levada de seu apartamento no famoso Edifício Dakota, na esquina da avenida Central Park West com a Rua 72, em Manhattan, onde mora desde que se mudou para lá com o beatle John Lennon, em 1973. Lennon foi morto na entrada do prédio em 8 de dezembro de 1980.

Oficialmente, ela foi internada com "desidratação no fim de uma gripe".

No fim da tarde, pelo Twitter, Sean, filho de John e Yoko, anunciou no fim da tarde que ela saiu do hospital e voltou para casa.

Trégua na Síria se sustenta com violações esporádicas

Apesar de algumas violações, o cessar-fogo se mantém no segundo dia da trégua na Síria, negociada pelos Estados Unidos, a Rússia e as Nações Unidas, noticiou a agência Reuters.

A Rússia denunciou nove violações do cessar-fogo, afirmando que parou de atacar ontem, mas prometeu retomar os bombardeios contra o Estado Islâmico do Iraque e do Levante e a Frente al-Nusra, braço da rede terrorista Al Caeda, excluídos da trégua. Grupos rebeldes acusaram a Rússia de atacar com bombardeios aéreos pelo menos sete comunidades nas províncias de Alepo e Hama.

Um representante dos rebeldes admitiu que o acordo criou uma situação mais calma como não se via desde o início da guerra civil síria, em março de 2011.

O cessar-fogo iniciado à zero hora de sábado, 27 de fevereiro, visa a facilitar o acesso de ajuda humanitária a populações sitiadas e criar um clima favorável às negociações de paz marcadas para recomeçar em 7 de março.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Venezuela paga US$ 1,5 bilhão de juros da dívida

O governo da Venezuela pagou ontem na íntegra os juros devidos para os credores de sua dívida pública, no valor de US$ 1,5 bilhão, noticiou a agência Reuters, mas não dissipou as dúvidas do mercado sobre pagamentos maiores devidos pela empresa estatal Petroleos de Venezuela (PdVSA) no fim do ano.

Como o país enfrenta uma recessão de 8% neste ano depois de contração de 10% no ano passado, com inflação prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 720% em 2016 e desabastecimento generalizado, o governo tentou renegociar os termos da dívida e vendeu reservas em ouro.

As duas iniciativas inquietam o mercado, que já considera o calote inevitável.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Xi intensifica campanha anticorrupção para consolidar poder na China

A Comissão Central para Inspeção Disciplinar, a agência de combate à corrupção do Partido Comunista da China, promete intensificar em 2016 a campanha anticorrupção, vista principalmente como um instrumento para consolidar o poder do presidente Xi Jinping.

Mais de cem investigações devem ser realizadas neste ano, bem mais do que no ano passado, envolvendo todas as 280 organizações do Estado e do partido ligadas ao governo central antes do 19º Congresso do PC chinês, em 2017.

A campanha ajuda o dirigente máximo do país a reafirmar seu controle sobre a mídia estatal. Em 19 de fevereiro, Xi concluiu uma série de visitas aos principais meios de comunicação do regime comunista: a agência oficial de notícias Nova China, a televisão CCTV e o jornal Diário do Povo.

Xi cobrou dos meios de comunicação absoluta lealdade ao partido, o que é interpretado como absoluta lealdade a ele. O Ministério da Propaganda e os órgãos de controle da imprensa, do rádio, da televisão e do cinema estão entre os principais alvos da campanha anticorrupção neste ano.

Crescimento dos EUA no fim de 2015 foi maior do que estimado

A economia dos Estados Unidos terminou o ano passado um pouco melhor do que foi calculado anteriormente. A revisão do produto interno bruto do quarto trimestre indica um crescimento num ritmo de 1% ao, em vez do 0,7% da primeira estimativa, anunciou hoje o Departamento do Comércio.

Os economistas esperavam uma redução no índice para 0,4% ao ano. Um mercado de trabalho robusto e a alta nos preços dos imóveis residenciais dão lastro para a maior economia do mundo resistir à desaceleração da economia mundial.

Depois de um forte crescimento de 3,9% ao ano no segundo trimestre de 2015, a economia dos EUA se desacelerou para 2% no terceiro trimestre e 1% no quarto.

O consumo doméstico, principal componente do PIB americano, foi revisado para baixo, de 2,2% para 2%. A maioria dos analistas prevê crescimento maior neste trimestre, em torno de 2% ao ano.

Comércio internacional sofre maior queda desde auge da crise

Com a queda na demanda nos países emergentes, abalados pela queda nos preços dos produtos primários, o comércio internacional sofreu em 2015 sua maior queda desde o auge da Grande Recessão, em 2009. O valor dos bens negociados no ano passado caiu 13,8% em dólares, informou o Monitor do Comércio Mundial do Escritório de Análises de Política Econômica da Holanda.

Os dados divulgados ontem são a primeira radiografia do comércio em 2015. A maior parte da queda se deve à desaceleração na China e à crise em outros países emergentes, como o Brasil. Ao mesmo tempo, os números são um alerta para riscos da economia mundial em 2016, quando a situação está se deteriorando ainda mais.

As exportações da China para o Brasil em contêineres caíram 60% em janeiro de 2016 em relação a janeiro de 2015, enquanto o volume total de importações chinesas do Brasil foi reduzido à metade, pelos cálculos da empresa Maersk Line, maior empresa de transporte marítimo de cargas do mundo.

Em volume, o comércio internacional cresceu 2,5% no ano passado. Mesmo assim, ficou abaixo do crescimento mundial, de 3,1%. Antes da crise de 2008, o comércio avançava num ritmo duas vezes mais forte do que o crescimento.

Essas preocupações estão no centro da reunião de dois dias de ministros das Finanças e diretores de bancos centrais dos países do Grupo dos Vinte (G-20), que reúne os 19 países mais ricos do mundo e a União Europeia (UE). O presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, adverte para o risco da economia mundial "ficar presa numa armadilha de baixo crescimento, inflação baixa e taxas de juros baixas".

Há um consenso de que a ação dos bancos centrais não basta para superar a crise. Isso depende de uma ação mais decidida das autoridades políticas para mobilizar recursos para estimular o crescimento.

A boa notícia para o Brasil é o aumento das exportações para a Ásia, beneficiadas pela baixa de 40% na cotação do real em relação ao dólar nos últimos 12 meses.

Cátedra Ayrton Senna será instalada na Universidade de Ghent

Com patrocínio do Instituto Ayrton Senna, a Universidade de Ghent, na Bélgica, instala na próxima quarta-feira, 2 de março, a Cátedra Ayrton Senna, dedicada à avaliação e ao desenvolvimento de capacidades dos jovens.

Há 20 anos, o IAS, presidido por Viviane Senna, irmã do piloto, desenvolve projetos de educação integral, com atenção especial às crianças e uma preocupação não só com o aspecto cognitivo, mas também com os componentes sociais e emocionais.

Dois meses antes de sua morte, em maio de 1994, Senna falou com a irmã sobre o sonho de dar a todas as crianças brasileiras a oportunidade de desenvolver plenamente seu potencial como ele teve.

O instituto nasceu seis meses depois de sua morte. No Brasil, financia uma cátedra no Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), a cargo do professor Ricardo Paes de Barros. Em Ghent, o titular será o psicólogo Filip De Fruyt, professor de Psicologia Diferencial e Avaliação de Personalidade, coautor de mais de 170 ensaios acadêmicos.

Suas pesquisas devem se concentrar na avaliação e no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais em jovens e jovens adultos, examinando como a personalidade, a autoconfiança e as funções cognitivas podem ser avaliadas para aumentar o conhecimento sobre como esses fatores afetam a trajetória dos indivíduos.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

EUA e China se acertam para impor novas sanções à Coreia do Norte

Depois de um mês e meio de negociações, os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo para impor novas sanções à Coreia do Norte por seus testes nucleares e de mísseis, noticiou hoje o jornal The Wall Street Journal.

A embaixadora americana nas Nações Unidas, Samantha Power, deve apresentar hoje um projeto de resolução ao Conselho de Segurança. A expectativa é de um endurecimento capaz de atingir o regime comunista norte-coreano.

"Estamos trabalhando no Conselho de Segurança numa resposta forte a ampla a última série de testes feitos para avançar no programa de armas nucleares", declarou o porta-voz interino da delegação dos EUA na ONU, Kurtis Cooper.

Os detalhes ainda não foram revelados. As sanções podem ir até num bloqueio marítimo, além de criar uma lista negra de militares e intermediários envolvidos com o programa nuclear da Coreia do Norte.

Todas as tentativas passadas de impedir o desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano fracassaram. Desde o fim da União Soviética, em 1991, quando perdeu seu maior patrocinador, a Coreia do Norte faz uma chantagem nuclear, barganhando alimentos e energia para sustentar seu regime stalinista economicamente falido.

Desde 2006, o governo de Pionguiangue fez quatro testes nucleares e foi alvo de quatro resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

A questão norte-coreana é uma carta na manga do regime comunista chinês em negociações com os EUA, que precisam da China para controlar a Coreia do Norte. Quando navios de guerra dos EUA desafiam o crescente poderio militar chinês em águas disputadas do Mar do Sul da China, a crise permanente na Península Coreana ajuda a desviar ou ao menos dividir a atenção de Washington.

Mas há um limite. Depois das últimas demonstrações de força da Coreia do Norte, os EUA aceleraram as negociações com a Coreia do Sul para instalar um sistema avançado de defesa antimísseis. Isso poderia dar aos americanos uma vantagem estratégica decisiva num possível confronto com a China, uma capacidade de abater mísseis intercontinentais chineses logo depois do lançamento.

Um porta-voz do Ministério da Defesa da China observou hoje que o sistema de defesa antimísseis vai muito além da Península Coreana e assim "prejudica diretamente os interesses estratégicos e de segurança da China e afeta a estabilidade estratégica global."

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Argentina faz acordo com credores que rejeitavam renegociação

A Argentina fez hoje um acordo em Nova York perante a Justiça Federal dos Estados Unidos com credores que não aceitaram renegociações anteriores para pagar US$ 5 bilhões, noticiou a agência Reuters.

Foi mais uma iniciativa do governo Mauricio Macri para levantar as restrições ao acesso da Argentina ao mercado financeiro internacional e atrair capital estrangeiro.

É o fim de um longo exílio financeiro. O país não normalizava plenamente suas relações com o mercado internacional desde o calote de uma dívida de US$ 100 bilhões no fima de 2001, quando desmoronou a dolarização da era Carlos Menem (1989-99).

Forças especiais da França atacam Estado Islâmico na Líbia

Comandos de operações especiais das França estão realizando ações secretas na Líbia contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante com a autorização do presidente François Hollande, revelou hoje o jornal francês Le Monde.

O ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian não comentou a notícia e mandou investigar a origem do vazamento.

Desde os atentados que mataram 130 pessoas em Paris em 13 de novembro de 2015, a França intensificou suas operações contra o Estado Islâmico na Síria, no Iraque e também na Líbia.

"A última coisa a fazer será intervir na Líbia. É preciso evitar todo engajamento militar aberto, é preciso agir discretamente", disse ao jornal uma fonte do Ministério da Defesa. Por enquanto, o presidente Hollande só autorizou ações militares não oficiais.

O objetivo não é ganhar uma guerra, mas impedir a instalação do Estado Islâmico do outro lado do mar Mediterrâneo. Em 19 de fevereiro, os Estados Unidos bombardearam posições da milícia jihadista na cidade de Sabrata. Ontem, o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, autorizou o uso de uma base aeronaval da Sicília para ataques de drones contra território líbio.

Ao se instalar na Líbia, o Estado Islâmico ganha uma costa. Se for atacado na Líbia, pode tentar ir para a vizinha Tunísia, único país onde a Primavera Árabe levou a uma frágil democratização.

Evo Morales perde referendo sobre reeleição ilimitada na Bolívia

O presidente Evo Morales não terá o direito de concorrer a um quarto mandato na Bolívia. Com 98,57% dos votos apurados, o não vence o referendo sobre a reeleição sem limites com 51,52% dos votos válidos contra 48,48% para o sim. Faltando apurar cerca de 67 mil votos, o não tem uma vantagem de 154.037 votos, noticiou o diário boliviano Página Siete.

A primeira derrota de Morales em dez anos no poder num período de desenvolvimento sem precedentes na tumultuada história da Bolívia, marcada por 192 tentativas de golpe de Estado, abala a popularidade do presidente no início de seu terceiro mandato.

Morales concorreu pela terceira vez sob o argumento de que era a segunda pela nova Constituição da República Plurinacional da Bolívia, outra iniciativa de seu primeiro presidente indígena, que incorpora elementos das culturas tradicionais dos índios bolivianos.

"Não há pessoas imprescindíveis", comentou o ex-presidente Carlos Mesa, alfinetando Morales. "O truinfo do não retrata a consciência do país, que sabe que o respeito à Constituição limita o poder absoluto dos governantes.""

A vice-presidente do Movimento ao Socialismo (MAS), a deputada Concepción Ortiz, atribuiu a derrota à "soberba de alguns ministros" que teriam "criado dúvida e desconfiança".

O partido governista e seu aliado Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, falam em financiamento externo, especialmente dos Estados Unidos, de uma "guerra suja" para desestabilizar os movimentos de esquerda na América Latina.

Depois da vitoria de Mauricio Macri na Argentina e da derrota do regime chavista nas eleições parlamentares na Venezuela, é mais um golpe no neocaudilhismo latino-americano. Morales tem sido um bom presidente, que promoveu o desenvolvimento da Bolívia. Mas seu poder tem limites. Foi uma vitória da democracia sobre o autoritarismo.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Itália autoriza EUA a usar Sícilia para atacar Líbia com drones

O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, autorizou os Estados Unidos a usar uma base militar na ilha da Sicília para bombardear posições do Estado Islâmico do Iraque e do Levante na Líbia, noticiou hoje a agência Reuters.

Renzi explicou que não será uma autorização permanente para uso da base aeronaval de Sigonella. Os ataques serão decididos caso a caso.

Um representante do Ministério da Defesa da Itália afirmou que só serão autorizadas ações defensivas, por exemplo, para proteger pessoas ameaçadas pelo terrorismo na Líbia.

Desde a queda do ditador Muamar Kadafi, em 2011, a Líbia vive em estado de anarquia com dois governos paralelos e várias milícias disputando o poder. Sob pressão cada vez maior no Oriente Médio, o Estado Islâmico teria transferido parte de sua liderança para a Líbia.

Obama envia ao Congresso plano para fechar prisão de Guantânamo

A onze meses do fim de seu governo, o presidente Barack Obama enviou ao Congresso um plano para fechar o centro de detenção ilegal instalado pelo então presidente George W. Bush na base naval de Guantânamo, um enclave dos Estados Unidos em Cuba para negar aos presos na "guerra contra o terrorismo" os direitos previstos na Convenção de Genebra sobre Prisioneiros de Guerra.

Durante a campanha eleitoral de 2008, Obama prometeu fechar a prisão em um ano, mas enfrentou resistência da oposição, que temia que os detentos se tornassem ou voltassem a ser terrorismo. O presidente declarou que "Guantânamo é uma mancha na reputação dos EUA" e "um poderoso instrumento de propaganda para os terroristas".

Para Obama, Guantânamo atrapalha a luta contra o terrorismo. Dos 91 presos restantes, alguns seriam enviados a seus países de origem e os outros para uma nova prisão a ser construída nos EUA a um custo de US$ 475 milhões. O fim da prisão representaria uma economia de US$ 85 milhões por ano para o Departamento da Defesa, o Pentágono.

Num ano eleitoral, é altamente improvável que a oposição republicana coopere com a proposta do presidente. Obama não pretende fechar a prisão por decreto. No momento, o Congresso proíbe a transferência de presos em Guantânamo para o território americano.

China instala radares em ilhas artificiais do Mar do Sul da China

Depois de transformar ilegalmente recifes em ilhas artificiais, o regime comunista da China instalou radares para fortalecer seu poderio militar na luta pelo controle do Mar do Sul da China, que tem ilhas disputadas por vários países da região, revelou o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington.

A China já havia instalado mísseis antiaéreos nas Ilhas Paracel, que ficam ao norte das Ilhas Spratlys, onde agora montou radares, deixando clara a intenção de não fazer concessões aos vizinhos assustados com suas crescentes demonstrações de força.

O alerta acontece no momento em que o ministro do Exterior chinês, Wang Yi, inicia uma visita de três dias aos Estados Unidos, onde deve discutir as disputas territoriais no Mar do Sul da China e a ameaça nuclear da Coreia do Norte.

Maior aliada do regime stalinista norte-coreano, a China reluta em enquadrá-lo para usar sua chantagem atômica na concorrência estratégica com os EUA. A Coreia do Norte é uma carta na manga do regime comunista chinês.

Se navios de guerra americanos continuarem cruzando o Mar do Sul da China para reafirmar a liberdade de navegação em águas internacionais, num desafio direto à postura chinesa, Beijim não vai cooperar em outras questões de interesse dos EUA.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Evo Morales está perdendo referendo sobre reeleição

Com 35,9% das urnas apuradas, o não à reeleição sem limites lidera a apuração do referendo realizado ontem na Bolívia. São 61,64% de votos contra e 38,36% a favor da proposta defendida pelo presidente Evo Morales. Pode ser a primeira derrota de Morales nas urnas em dez anos de governo.

A presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, Katia Uriona, antecipando-se à divulgação oficial dos resultados, revelou hoje que apurados 72% dos votos o não lidera com 56,5% contra 42,3% para o sim, revela o boletim de notícias argentino Infobae.

Embora a Constituição da Bolívia só permita uma reeleição, Morales está no terceiro mandato. Alegou que sua primeira eleição, 2005, havia sido sob a Constituição anterior. Como sua popularidade é alta, desde já tentou garantir o direito de concorrer em 2019.

Diante da derrota iminente, o primeiro índio a governar a Bolívia não se rendeu: "Mesmo que ganhe o não, a luta continua", declarou Morales. "Vamos esperar pacientemente a palavra final do tribunal eleitoral. Somos otimistas", afirmou em entrevista coletiva no Palácio Queimado, prometendo aceitar o resultado das urnas.

A campanha do sim foi abalada por uma série de escândalos. Um jornalista revelou que Morales teve um caso há dez anos com a jovem advogada Gabriela Zapata, que na época tinha 18 anos. O casal teve em 2007 um filho que teria morrido pouco depois de nascer.

Hoje Zapata é gerente comercial de uma empresa chinesa que fez contratos de mais de US$ 500 milhões com o governo boliviano.

Na semana passada, também houve um ataque contra a prefeitura de El Alto, uma cidade-satélite de La Paz, que foi incendiada, supostamente para destruir documentos comprovando a corrupção do ex-prefeito, Edgar Patana, do Movimento ao Socialismo (MaS), o partido do presidente.

Se a derrota se confirmar, será a terceira seguida da esquerda latino-americana, depois da vitória de Mauricio Macri na Argentina e da oposição nas eleições para a Assembleia Nacional da Venezuela.

Prefeito de Londres adere à campanha do não à União Europeia

O primeiro-ministro conservador David Cameron sofreu um golpe na luta para manter o Reino Unido na União Europeia (UE), com o anúncio ontem do espetaculoso prefeito de Londres, Boris Johnson, de que vai fazer campanha pelo não, informou a televisão pública britânica BBC.

Por trás da decisão, é evidente a intenção de Johnson de disputar com Cameron a liderança do Partido Conservador, que neste momento defende sua posição em debate na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico. Depois de renegociar as relações do país com a UE na sexta-feira passada, o primeiro-ministro convocou um referendo para o eleitorado decidir a questão em 23 de junho de 2016.

É uma tentativa de acabar com a guerra interna do partido em torno da Europa, que vem desde a queda da primeira-ministro Margaret Thatcher, em 1990. Em seu delírio de grandeza, parte dos conservadores ainda vê o Reino Unido como uma superpotência, apesar do fim do Império Britânico.

Com a declaração de Johnson, a libra esterlina caiu a US$ 1,4058, a menor cotação em sete anos, num sinal claro de que a comunidade empresarial britânica prefere ficar na Europa. A oposição trabalhista apoia a permanência na UE sob o argumento de que a legislação social europeia amplia direitos e garantias sociais aos trabalhadores britânicos.

Os economistas preveem uma queda de até 20% no produto interno bruto britânico, se o país deixar o maior bloco comercial do planeta. Teria de cumprir todas as regras do mercado comum para ter acesso e não teria direito de participar da tomada de decisão.

Mais de um terço das 100 maiores empresas britânicas enviaram carta ao jornal The Times defendendo a permanência na UE. A mídia conservadora, que não quer ser regulamentada pela Europa, deve fazer campanha contra.

O maior império que o mundo já viu, hoje reduzido a Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, pode estar prestes a dar um tiro no pé. Se o país deixar a UE, provavelmente a Escócia fará outro plebiscito sobre a independência para sair do reino e ficar na Europa. O Reino Unido seria reduzido à pequena Inglaterra e ao País de Gales.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

EUA e Rússia anunciam nova tentativa de cessar-fogo na Síria

O secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, anunciaram hoje mais um "acordo provisório" para chegar a um cessar-fogo na guerra civil da Síria que entraria em vigor no dia 27 de fevereiro, informou a agência Reuters.

Ontem o ditador sírio, Bachar Assad, declarou estar pronto para um cessar-fogo desde que os rebeldes não aproveitassem a trégua para melhorar suas posições no campo de batalha.

A oposição síria afirmou que aceitar o cessar-fogo desde que todos os aliados de Assad, principalmente a Força Aérea da Rússia, parem de atacar.

Kerry acrescentou que os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin devem discutir nos próximos dias por telefones detalhes para concluir o acordo.

Explosões matam pelo menos 146 pessoas na Síria

Duas explosões de carros-bomba mataram hoje pelo menos 59 pessoas e feriram outras cem em Homs, a terceira maior cidade da Síria, conhecida como berço da revolução frustrada contra a ditadura de Bachar. Em Damasco, a capital do país, quatro bombas mataram ao menos 87 pessoas e deixaram outras 180 feridas.

Em Homs, os ataques foram no bairro Zahra. No mês passado, uma explosão atribuída ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante deixou 24 mortos. Teria sido uma reação à ofensiva das forças da ditadura de Bachar Assad, com o apoio da Força Aérea da Rússia, contra vilas dominadas pelos jihadistas na província de Alepo, no Norte da Síria.

Na capital, os atentados ocorreram perto de um hospital xiita na bairro da Saida Zeinabe horas depois das explosões de carros-bomba em Homs. No mês passado, um atentado triplo matou 45 pessoas no mesmo bairro.

Horas depois, o Estado Islâmico reivindicou a autoria dos ataques, que complicam as negociações de cessar-fogo mediadas pelas Nações Unidas, os Estados Unidos e a Rússia.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Cameron convoca referendo sobre UE para 23 de junho

Depois de uma reunião ministerial na manhã de hoje, o primeiro-ministro David Cameron convocou um referendo para 23 de junho de 2015 para o eleitorado britânico decidir se o Reino Unido deve continuar fazendo parte da União Europeia (UE). Cinco ministros e um secretário do governo votaram contra e farão campanha para deixar o bloco europeu.

Com o acordo anunciado ontem com a UE e a convocação do referendo, a campanha está lançada. Num delírio de grandeza, uma boa parte do Partido Conservador sonha com a ilusão de um país forte, poderoso e independente fora do maior bloco comercial do mundo.

Para convencer os britânicos a permanecer na UE, Cameron negociou uma série de concessões. Os estrangeiros terão de ficar pelo menos quatro anos no Reino Unido antes de ter pleno direito a benefícios sociais como o seguro-desemprego. Se não conseguirem emprego dentro de seis meses, terão de saír do país.

O Reino Unido rejeita o princípio de "uma união cada vez maior". Promete jamais participar da uma federação europeia, nem de um Exército europeu ou do acordo de abertura das fronteiras internas. Não será obrigado a participar de resgate de países em crise na Zona do Euro, mas se reserva o direito de discordar das decisões do Grupo do Euro que afetem sua economia.

Tanto o centro financeiro de Londres quanto a indústria britânica consideram essencial a permanência na UE. A direita conservadora sonha com o poder imperial do passado. Mas, se o Reino Unido deixar a UE, é provável que a Escócia realize seu próprio referendo para deixar a Grã-Bretanha e continuar fazendo parte da Europa.

O maior império que o mundo já viu ficaria reduzido à pequena Inglaterra e ao País de Gales. Seria um declínio melancólico para um país que já foi o mais poderoso do mundo. Cameron convocou o referendo para acabar com a guerra interna do Partido Conservador sobre a Europa.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Reino Unido anuncia acordo para ficar na Europa

Depois de dois dias de reunião de cúpula da União Europeia, o primeiro-ministro David Cameron anunciou há pouco um acordo para o manter o Reino Unido no bloco comercial sem a obrigação de cumprir algumas cláusulas sociais. Cameron deve anunciar em breve um referendo para o eleitorado britânico decidir.

O primeiro-ministro explicou que o Reino Unido rejeita o princípio de "uma união cada vez maior, nunca vai aderir à moeda comum europeia [euro], nem participar de um superestado europeu, nem do acordo de fronteiras abertas, nem de um Exército europeu."

Se o acordo for aprovado pelos outros 27 países da UE e no referendo no Reino Unido, os cidadãos europeus que se mudarem para o país terão de esperar quatro anos para ter direito aos benefícios sociais. Os britânicos conservadores e eurocéticos acusam europeus de outros países de abusarem do salário-desemprego, do sistema de saúde e de outras garantias sociais.

Ao ficar no bloco, argumentou Cameron, o Reino Unido garantiu o direito de não ser discriminado por decisões econômicas do Grupo do Euro e de não participar de programas de resgate financeiro de países da Zona do Euro em crise, mas vai participar das decisões que lhe interessam no maior mercado do mundo, com mais de 500 milhões de pessoas.

A renegociação das relações com a Europa faz parte de uma jogada de Cameron para pacificar o Partido Conservador britânico em relação à UE. Boa parte do partido é eurocética. Gostaria de deixar o bloco. A questão é fruto de uma guerra interna do partido desde a queda da primeira-ministra Margaret Thatcher, em 1990.

Para acabar com a guerra interna, Cameron prometeu que, se fosse reeleito no ano passado, convocaria até 2017 um referendo para o eleitorado britânico decidir de uma vez por todas se deseja permanecer na UE.

Hoje a Europa fez sua proposta. O Reino Unido é a segunda maior economia do continente. A UE ficaria mais frágil.

Por outro lado, a economia britânica poderia encolher em até 20% fora da UE. Para negociar com o mercado comum europeu, seria obrigada a cumprir todas as suas exigências sem participar da tomada de decisões. E a Escócia, onde os nacionalistas querem convocar novo plebiscito sobre a independência, provavelmente sairia da Grã-Bretanha para ficar na Europa.

Até um novo partido surgiu da extrema direita surgiu para defender o divórcio com a UE. O Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, em inglês) foi o mais votado, com 26,6% dos votos, nas eleições de 2014 para o Parlamento Europeu. Em 2015, foi o terceiro mais votado, com 12,6%, mas só elegeu um deputado na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico.

No momento, as pesquisas apontam uma ligeira vantagem para a permanência na UE. As próximas vão medir o impacto do acordo anunciado hoje. A imprensa conservadora eurocética britânica, especialmente o grupo de mídia do empresário australiano-americano Rupert Murdoch, deve fazer campanha contra.

Cessar-fogo na Síria fracassa

Um encontro do grupo de coordenação internacional liderado pelos Estados Unidos e pela Rússia para implantar um cessar-fogo na guerra civil da Síria marcado para hoje em Genebra, na Suíça, foi cancelado, noticiou o jornal The Washington Post, diminuindo a esperança de uma trégua anunciada para hoje.

Em troca, os EUA e a Rússia realizaram um encontro bilateral inesperado. Não foram divulgados mais detalhes sobre essa reunião.

Como a intervenção militar russa desde 30 de setembro de 2015 fortaleceu a ditadura de Bachar Assad, principal responsável pelo conflito, há pouca esperança de um acordo de paz no momento. Mais uma vez, Assad parece decidido a obter uma vitória militar.

EUA ataca Estado Islâmico na Líbia

Caças-bombardeiros dos Estados Unidos bombardearam hoje um suposto centro de treinamento da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante na cidade de Sabrata, na Líbia, matando mais de 30 pessoas, noticiou o jornal The New York Times. O prefeito da cidade falou em 41 mortos.

O principal alvo era Noureddine Chouchane, um tunisiano acusado de articular duas grandes ações terroristas no ano passado, contra o Museu do Bardo, em Túnis, onde 22 pessoas foram mortas, e na praia de Sousse, também na Tunísia, onde 38 pessoas morreram. Não se sabe se ele foi morto, observou o jornal The Washington Post.

Foi a segunda vez em três meses que os EUA bombardearam a Líbia. Há dois dias, o presidente Barack Obama prometeu impedir o Estado Islâmico de se entrincheirar no país, de onde basta cruzar o Mar Mediterrâneo para atacar a Europa.

A base do EI estaria treinando terroristas estrangeiros para cometer atentados na Europa.

Desde a queda do ditador Muamar Kadafi, em agosto de 2011, a Líbia vive em estado de anarquia. No momento, tem dois governos paralelos formados por milícias rivais. As Nações Unidas tentam criar um governo de união nacional para evitar a proliferação de grupos terroristas. Mas não há expectativa de uma solução fácil. Por isso, é possível uma nota intervenção militar no país para impedir que o Estado Islâmico se instale.

Diante da pressão que sofre no Oriente Médio, suspeita-se parte da liderança do EI teria ido para a Líbia, onde o grupo tem hoje cerca de 5 mil militantes.

Corrupção ameaça vitória de Morales em referendo na Bolívia

A corrupção ameaça o sonho do presidente Evo Morales de se perpetuar no poder na Bolívia eliminando as restrições à reeleição num referendo no próximo domingo, 21 de fevereiro. Uma empresa onde trabalha uma ex-namorada de Morales teria assinando contratos milionários com o governo. Mas não é o único caso.

Uma multidão de manifestantes tocou fogo ontem na Prefeitura da cidade de El Alto, onde fica o aeroporto de La Paz. Seis pessoas morreram por inalar a fumaça. A prefeita Soledad Chapeton acusou os manifestantes de destruir as provas da corrupção de seu predecessor, Edgar Patana.

Patana pertence ao Movimento ao Socialismo (MaS), partido do presidente. No primeiro ano de seu terceiro mandato depois de se reeleger em outubro de 2014 com 61% dos votos, Morales sonha desde já com o quarto, embora a próxima eleição presidencial seja em 2019.

Com 70% de apoio popular, o presidente acreditou ser um bom momento para aprovar a reeleição sem limites. Os escândalos complicaram a situação. Pela primeira vez, corre o risco de perder uma votação.

Gabriela Zapata Montaño tinha 18 anos entrou para o MaS em 2005, durante a primeira campanha
Gabriela Zapata, a mulher que ameaça Evo
eleitoral de Morales, o primeiro índio a governar a Bolívia, onde a população indígena é maioria. O caso durou dois anos e eles tiveram um filho que morreu em condições não esclarecidas. A partir daí, em 2007, o casal se afastou.

Ela trabalha hoje como gerente comercial da companhia chinesa CAMC, que assinou sete contratos com o governo boliviano no valor de US$ 576 milhões (R$ 2,317 bilhões). Evo admite a relação, mas nega o tráfico de influência.

O vice-presidente Álvaro García Linera também é objeto de um escândalo. A Universidade Autônoma do México negou que ele tenha se formado em matemática lá, revelou o jornal chileno La Tercera.

Antes dos escândalos, Morales prometia ganhar com 70% dos votos. Na semana passada, uma pesquisa do instituto Mori deu empate em 40%. Mas numa pesquisa rápida do diário Página Siete depois das alegações de corrupção o não liderava com 47% contra 28% do sim.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Papa admite uso de anticoncepcionais em áreas infestadas pela zika

Durante viagem de volta do México para Roma, o papa Francisco admitiu o uso de métodos anticoncepcionais em regiões infestadas pelo vírus da zika. A declaração reabre o debate sobre a proibição da Igreja Católica de uso da camisinha para impedir a transmissão da aids (síndrome de deficiência imunológica adquirida).

O papa também criticou o bilionário Donald Trump, aspirante à candidatura do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos em novembro de 2016, dizendo que "ele não é cristão" se pretende erguer um muro na fronteira sul para barrar o acesso ilegal de mexicanos ao país.

"Uma pessoa que só pensa em construir muros, onde quer que seja, e não em construir pontes não é cristã", declarou Francisco em vídeo divulgado pelo jornal The New York Times.

Sem perder a arrogância nem fazer qualquer gesto de humildade, Trump considerou a declaração do papa "uma desgraça".

No final de uma viagem histórica de seis dias ao México e a Cuba, onde esteve com o patriarca Cirilo, da Igreja Ortodoxa Russa, num encontro inédito quase mil anos depois do Cisma do Oriente, o papa discordou de seus predecessores ao dar liberdade a parlamentares católicos para votar a favor da união civil e do casamento de pessoas do mesmo sexo.

Em 2003, um documento da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, na época dirigida pelo cardel Joseph Ratzinger, que viria a ser o papa Bento XVI, proibia legisladores católicos de votar a favor da união civil e do casamento gay.

Produção industrial dos EUA cresceu 0,9% em janeiro

No primeiro avanço em seis meses, a produção industrial aumentou 0,9% em janeiro de 2016 nos Estados Unidos, revelou ontem a Reserva Federal (Fed), o banco central do país. O índice de preços ao produtor subiu 0,1% no mês passado, mas caiu 0,2% em 12 meses.

O setor manufatureiro cresceu 0,5%. Na indústria de extração, houve queda de 10% nos últimos 12 meses por causa da queda nos preços internacionais do petróleo e seu impacto sobre a produção de óleo de xisto betuminoso.

A utilização da capacidade instalada subiu de 76,4% em dezembro para 77,1% em janeiro. Ainda está abaixo dos 80% anteriores à Grande Recessão de 2008-9.

A produção industrial americana sofreu nos últimos meses com a alta do dólar, que parou recentemente por causa da desaceleração econômica nos EUA e no resto do mundo.

O índice de preços ao produtor, a inflação no atacado, flerta com a deflação por causa queda nos preços internacionais do petróleo em 70% desde junho de 2014. Os preços da energia caíram 5% no mês passado e 11,5% em 12 meses, enquanto os alimentos subiram 1%.

O núcleo do índice, excluídos os preços mais voláteis de energia e alimentos, registrou alta de 0,4% em janeiro e de 0,6% num ano.

Para o consumidor, a inflação de 2015 ficou em 0,7%. Foi a segunda menor em 50 anos. Ficou bem abaixo da meta informal perseguida pelo Fed, de 2% ao ano. O núcleo do índice de preços ao consumidor registrou alta de 1,2%.

Cruz supera Trump em pesquisa nacional nos EUA

Com o acirramento da disputa e o aumento do tiroteio verbal do bilionário Donald Trump contra seus adversários na disputa pela candidatura do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos em novembro de 2016, o senador evangélico ultraconservador Ted Cruz passou à frente pela primeira vez numa pesquisa nacional.

Sob fogo cerrado dos adversários, Trump caiu. Na sondagem do jornal The Wall Street Journal e da rede de televisão NBC, Cruz teve 28% das preferências contra 26% para Trump, seguido pelo jovem senador Marco Rubio (17%), o governador de Ohio, John Kasich (11%), o neurocirurgião aposentado Ben Carson (10%) e o ex-governador da Flórida Jeb Bush (4%).

Num duelo pessoal com Trump, Cruz divulgou as contribuições de campanhas do passado do bilionário, que deu muito dinheiro para candidatos democratas. Também mostrou um vídeo onde Trump defendia o aborto.

Nas pesquisas sobre a eleição primária da oposição republicana no estado de Carolina do Sul, marcada para o próximo sábado, Trump lidera com 34,5%, seguido de Cruz com 17,3%, Rubio com 16,8% e Bush com 10%.

O terceiro lugar num estado conservador do Sul seria um golpe em Cruz. Trump alega que tem a maioria dos votos evangélicos e acusa o rival de fraude nas convenções regionais de Iowa, onde a campanha de Cruz teria insinuado que Carson, outro evangélico, estaria desistindo para roubar-lhe os votos.

Para Jeb Bush, talvez seja a última chance de se apresentar como um candidato viável. Para isso, mobilizou até o irmão e ex-presidente George W. Bush e a mãe, a ex-primeira-dama Barbara Bush. Apostou todas as suas fichas. Sonhava com o apoio da governadora Nick Haley, que ontem declarou apoio a Rubio, informou a agência Reuters.

A próxima primária do Partido Democrata será em Nevada no próximo sábado. A prévia democrata na Carolina do Sul será em 27 de fevereiro. Em Nevada, os dois estão praticamente empatados. A ex-secretária de Estado Hillary Clinton é favorita na Carolina do Sul.

Turquia acusa curdos por atentado com 28 mortes em Ancara

Depois de uma reunião do gabinete de segurança e do cancelamento de uma viagem ao exterior do primeiro-ministro Ahmet Davutoglu, a Turquia responsabilizou hoje guerrilheiros ligados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) pelo atentando com carro-bomba que matou ontem 28 pessoas e deixou 61 feridas.

Davutoglu declarou que um sírio ligado às Unidades de Proteção Popular (YPG), o braço da guerrilha curda no Norte da Síria, que se mostrou a força terrestre mais eficiente no combate ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante e tem o apoio dos Estados Unidos e da Rússia.

A explosão ocorreu em hora de grande movimento no início da noite no centro de Ancara perto da sede do Parlamento e do quartel-general do Exército da Turquia. Os alvos foram ônibus que transportavam militares. O carro-bomba foi detonado quando eles estavam parados no sinal.

Os suspeitos são guerrilheiros curdos e a organização terrorista Estado Islâmico. O presidente Receb Tayyip Erdogan estava negociando a paz com os guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Depois da entrada de um partido curdo moderado na Assembleia Nacional nas eleições de 7 de junho de 2015, quando o governo perdeu a maioria, Erdogan rompeu as negociações, acusou os curdos moderados de apoiar a guerrilha separatista do PKK e declarou guerra ao Estado Islâmico. Desde então, bombardeia posições dos curdos e do EI na Síria. E conseguiu recuperar a maioria em novas eleições realizadas em 1º de novembro.

Como Erdogan pretende convocar um referendo constitucional para aumentar os poderes da Presidência, deve atiçar o conflito com os curdos nos próximos meses.

O atentado pode ser uma resposta das YPG, a guerrilha curda no Norte de Síria. Esse foi o quarto atentado violento nos últimos seis meses na Turquia. Os anteriores foram atribuídos ao Estado Islâmico.

A estratégia de Erdogan na Síria foi minada pela intervenção militar da Rússia a partir de 30 de setembro de 2015 para sustentar a ditadura de Bachar Assad. Erdogan gostaria de derrubar Assad e de criar uma zona de segurança e de proibição de voo no Norte da Síria para assentar os 2,7 milhões de refugiados sírios que estão na Turquia e impedir que os curdos tomem controle da área e tentem uni-la ao governo autônomo do Curdistão iraquiano.

Em 24 de novembro, a Turquia chegou a derrubar um avião de guerra russo alegando invasão de seu espaço aéreo. Com a Força Aérea da Rússia em ação, não há como criar a zona de exclusão aérea.

Obama vai a Cuba em março

O presidente Barack Obama deve ir a Cuba em março de 2016. Será a primeira visita de um presidente dos Estados Unidos à ilha em 88 anos, anunciou o jornal The Wall Street Journal citando como fonte altos funcionários públicos americanos.

Em dezembro de 2014, os EUA e Cuba anunciaram a decisão de reatar as relações diplomáticas depois de mais de 50 anos de hostilidades, desde que a revolução liderada por Fidel Castro alinhou o país com a União Soviética durante a Guerra Fria.

No seu último Discurso sobre o Estado da União, Obama pediu ao Congresso que acabe com o embargo econômico imposto a Cuba a partir de 1960. A viagem é mais um desafio do presidente à maioria conservadora que domina a Câmara e o Senado. Desde Calvin Coolidge em 1928, nenhum presidente dos EUA foi a Cuba no exercício do mandato.

Em ano eleitoral, não há a menor chance de suspender o embargo. Desde 1992, é lei aprovada pelo Congresso. Só pode ser revogado com base nessa lei se houver eleições democráticas em Cuba.

A Casa Branca confirmou a notícia e informou que a viagem deve ser realizada em 21 e 22 de março.

Venezuela aumenta gasolina em mais de 6.000%

A partir de 19 de fevereiro, o preço do litro da gasolina na Venezuela vai passar de 0,097 para 6 bolívares, um aumento de 6.085%. A gasolina comum sobe de 7 centavos para 1 bolívar, anunciou ontem à tarde o presidente Nicolás Maduro.

Foi o primeiro aumento dos combustíveis do regime chavista. O último havia sido em 1997, no segundo governo Rafael Caldera, antes da primeira eleição de Hugo Chávez, em 1998.

Maduro declarou que o novo preço cobrirá os custos de produção e permitirá algum ganho para o Estado venezuelano, quebrado por causa da queda de 70% nos preços internacionais do petróleo desde junho de 2014. Ele também anunciou uma desvalorização de 37% na cotação oficial do bolívar, de 6,30 para 10 bolívares por dólar, que continua muito distante da realidade.

No mercado paralelo, o dólar foi cotado ontem a 1.045,90 bolívares e o euro a 1.164,93, informa o boletim de notícias Dolar Today. Acusados pelo presidente Maduro de liderar uma "guerra econômica" contra o país, os responsáveis alegaram: "Não imprimimos dinheiro nem somos responsáveis pela política monetária." E ironizaram: "Que revolução é essa que não resiste a um sítio de Internet?"

Com recessão de 10% no ano passado e 8% prevista para este, a maior inflação do mundo, que deve chegar a 720% em 2016 pelos cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI), desabastecimento generalizado e a queda na arrecadação com petróleo, a Venezuela tem hoje o pior desempenho econômico do mundo. É uma economia à beira do colapso.

O último grande aumento da gasolina, em 1989, no governo Carlos Andrés Pérez, sob pressão do Fundo Monetário Internacional, provocou uma onda de protesto de rua conhecido como Caracaço em que pelo menos 276 foram mortas. A matança foi uma das razões que levou o então coronel Hugo Chávez à política. Em 1992, ele liderou um golpe fracassado contra Andrés Pérez. Anistiado pelo presidente Rafael Caldera, chegou à Presidência em 1998.

O governo venezuelano tem um pagamento de US$ 2,1 bilhões da dívida pública na próxima semana. Talvez o calote não venha agora, mas na visão do mercado é inevitável.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Compra de votos mina candidatura de milionário à Presidência do Peru

O milionário César Acuña estava em segundo lugar nas pesquisas sobre o primeiro turno da eleição presidencial no Peru, marcado para 10 de abril de 2016. Pode cair fora por compra de votos.

Na segunda-feira, o Escritório Nacional de Processos Eleitorais abriu investigação sobre imagens apresentadas na TV Panorama em que Acuña oferece 10 mil sóis (US$ 2,8 mil ou R$ 12.424) para comerciantes de um mercado de Lima reconstruírem um muro de contenção e protegerem suas casas de avalanche de pedra e lama.

"Quero dividir o que Deus me deu para ajudar o muro de vocês", disse Acuña na ocasião.

A lei eleitoral peruana proíbe doações em dinheiro aos eleitores. Em outro trecho da reportagem, o empresário, dono de três universidades, com uma renda anual declarada de US$ 16 milhões, oferece 5 mil sóis (US$ 1,4 mil ou R$ 6.212).

Em primeiro lugar nas pesquisas, com 35% das preferências, está a ex-deputada Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, preso e condenado a 25 anos de cadeia por corrupção e violações dos direitos humanos.

O segundo colocado é o economista Julio Guzmán (17%), seguido pelo economista e ex-primeiro-ministro Pedro Pablo Kuczynski (11%). Com o escândalo da compra de votos, Acuña desabou para 8%.

O atual presidente, Ollanta Humala, não pode concorrer à reeleição. Se nenhum candidato conquistar mais da metade dos votos válidos, o que é praticamente certo, haverá um segundo turno em 5 de junho.

Colômbia pode oferecer asilo político a Maduro

A Colômbia está examinando a possibilidade de dar asilo político ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, admitiu a deputada colombiana María Fernanda Cabal, citada pelo jornal venezuelano El Nacional.

De acordo com a deputada, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) está procurando um lugar seguro para Maduro se ele deixar o poder. Com o colapso iminente da economia venezuelana, Maduro está sob pressão tanto da Assembleia Nacional, dominada pela oposição, quanto do chavismo.

Como o Tribunal Supremo de Justiça derrubou uma decisão do Parlamento que anulava seu decreto de emergência econômica, Maduro tem mais uma chance de enfrentar a pior crise econômica da história da Venezuela. Mas ele insiste em acusar os Estados Unidos e a elite venezuelana de uma "guerra econômica", ignorando sua responsabilidade pela crise.

Maduro, escolhido a dedo pelo finado caudilho Hugo Chávez e pelo ditador cubano Fidel Castro, é o símbolo maior da agonia, da corrupção e da incompetência do chavismo e de seu "socialismo do século 21".

Ontem, a Assembleia Nacional aprovou em primeira votação a anistia para presos políticos. Maduro já avisou que não aceita.

O governo venezuelano repudiou a notícia sobre o possível asilo de Maduro alegando que partiu de deputados uribistas, aliados do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe (2002-10), um linha dura e inimigo histórico do chavismo.

Irã rejeita congelamento da produção de petróleo

Apesar do acordo anunciado ontem pela Arábia Saudita, a Rússia, o Catar e a Venezuela para congelar a produção, os preços do petróleo caíram. É um sinal de que o mercado não acreditou no congelamento. Hoje o Irã confirmou essa desconfiança.

A República Islâmica do Irã declarou hoje que não vai congelar a produção de petróleo antes de atingir o nível anterior às sanções internacionais a seu programa nuclear, recentemente suspensas. Pretende produzir até o fim do ano mais um milhão de barris por dia.

Os ministros do Petróleo da Venezuela, Eulogio del Pino, e do Iraque, Adel Abdel Mahdi, vão a Teerã negociar com o colega iraniano, Bijan Zanganeh. O Irã só estaria disposto a aceitar um limite no nível anterior à sanções.

China instala mísseis antiaéreos em área disputada

As Forças Armadas da China instalaram mísseis terra-ar em uma das ilhas disputas no Mar do Sul da China, revelam imagens de satélite citadas hoje pela televisão americana Fox News. Os Estados Unidos confirmaram a autenticidade das fotografias.

O satélite mostrou duas baterias com oito lançadores de mísseis cada uma, além de um sistema de radar, na ilha Woody, parte do arquipélago das Ilhas Paracel, reivindicadas também por Taiwan e o Vietnã.

O sistema de defesa antiaérea HQ-9 tem um alcance de 200 quilômetros. Outras imagens de satélite mostraram no fim de semana passado construções em outros dois lugares do arquipélago.

As revelações acontecem no momento em que o presidente Barack Obama recebe os líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) em reunião de cúpula na Califórnia. Sua maior preocupação é o poderio crescente e a agressividade da China.

"Na questão do Mar do Sul da China, Washington deve ter em mente que a China nunca vai fazer vistas grossas para qualquer tentativa de desafiar sua inquestionável soberania. Subestimar a determinação da China de defender seus interesses seria um erro fatal", advertiu em editorial a agência de notícias oficial Nova China.

O problema é que Beijim quer resolver o problema na base da força, sem recurso à diplomacia ou a tribunais internacionais.

França investiga contas de campanha do ex-presidente Sarkozy

O ex-presidente Nicolas Sarzoky será investigado por financiamento ilegal de sua campanha à Presidência da França em 2007 com foco em notas falsas emitidas pela agência de comunicação Bygmalion para esconder o estouro do limite legal de gastos, anunciou ontem o procurador da República em Paris François Molins.

Sarkozy pretende concorrer à eleição primária do partido de centro-direita Os Republicanos no segundo semestre deste ano para tentar voltar à Presidência em 2017. Antes, terá de dar explicações ao juiz de instrução Serge Tournaire.

A Justiça examina se houve fraude nas contas da campanha para esconder uma explosão do limite de despesas previsto em lei, de 22,5 milhões de euros, equivalentes hoje a US$ 25 milhões, quase R$ 100 milhões.

Enquanto o advogado do ex-presidente admite uma "infração formal", Sarkozy insiste que nenhum fato o liga ao Caso Bygmalion. Treze pessoas responsáveis pela campanha foram denunciadas.

O ex-presidente já estava sendo investigado por corrupção e tráfico de influência em outro caso por tentar obter através de um alto magistrado informações sigilosas sobre um processo que corria em segrego de justiça.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

MsF acusam Rússia e Síria de atacar 17 clínicas e hospitais

Depois de bombardeios contra cinco hospitais e clínicas ontem em áreas dominadas por rebeldes, a organização não governamental Médicos sem Fronteiras acusou a Força Aérea da Rússia e a ditadura de Bachar Assad de atacar "deliberadamente" 17 clínicas, hospitais e postos de saúde na Síria, informou o jornal francês Le Monde.

Os MsF denunciam a Rússia por "crimes de guerra" ao usar a mesma política de terra arrasada adotada pelo presidente Vladimir Putin na Guerra da Chechênia, uma república rebelde da Federação Russa, inclusive bombardeios a hospitais e centros de saúde. O hospital da ONG em Marat al-Numan foi visado pela terceira vez desde o início da guerra civil, há quase cinco anos.

"São zonas controladas pela oposição", observou o presidente dos MsF, Mego Terzian. "Seria ilógico se bombardeassem um hospital que serve sua população Claramente, os quatro foguetes foram disparados pela coalizão do governo de Damasco. Foi deliberado, com certeza, porque quatro foguetes caíram em poucos minutos no mesmo alvo, o prédio do hospital. Não pode ter sido um erro ou acidente."

Desde o início da intervenção militar da Rússia em defesa da ditadura de Bachar Assad, em 30 de setembro de 2015, os ataques a hospitais e clínicas aumentaram, acrescentou Terzian: "Eles usam a mesma política de destruição de Grozny, na Chechênia, uma política de bombardeios maciços sem discriminação. É uma política de terra arrasada.""

Terzian afirmou que os MsF deram à Força Aérea da Rússia as coordenadas dos três hospitais geridos pela ONG na Síria: "Estas estruturas devem ser protegidas. Mesmo a guerra tem regras, há convenções que se aplicam. Mas este não é o caso da Síria desde o início do conflito e isso se acentuou com os bombardeios russos a partir do fim de setembro de 2015."

Nas últimas seis semanas, cinco hospitais dos MsF foram alvejados. Ao todo, foram 17 hospitais, clínicas e postos de saúde. O hospital de Marat al-Numan atendia 40 mil pessoas. Tinha dois centros cirúrgicos, uma sala para emergências e 30 leitos. Foi totalmente destruído.

Desde o início da guerra civil, 117 hospitais, clínicas e postos de saúde foram alvejados pelo regime ou pelos vários grupos rebeldes, que ignoram as Convenções de Genebra.

A questão agora é se vai haver cessar-fogo a partir da sexta-feira, como prometeram os EUA e a Rússia, ou se o regime vai continuar atacando sob a cobertura aérea russa que mudou a relação de forças no campo de batalha.

Grandes produtores congelam produção de petróleo

A Arábia Saudita, a Rússia, o Catar e a Venezuela concordaram em não aumentar sua produção de petróleo acima dos níveis de janeiro de 2016 numa tentativa de reverter a queda de 70% nos preços do produto desde junho de 2014.

Os preços do petróleo estavam em alta de 5% no dia. Com a notícia, voltaram a cair. No momento, o petróleo do tipo West Texas Intermediate, do Golfo do México, padrão do mercado americano, está em queda de 1,15%, sendo cotado a US$ 29,11.

Para ter sucesso, o acordo precisa ser apoiado pelo Irã, que está voltando ao mercado depois do fim das sanções internacionais a seu programa nuclear, e o Iraque, que precisa de dinheiro para enfrentar a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. O regime fundamentalista iraniano prometeu aumentar a produção em 1 milhão de barris por dia até o fim do ano.

"O congelamento agora nos níveis de janeiro é adequado ao mercado", declarou o ministro do Petróleo saudita, Ali al-Naimi. "Não queremos grandes variações de preços, queremos atender à demanda. Queremos um preço do petróleo estável.""

A queda nos preços é atribuída à Arábia Saudita e às outras monarquias petroleiras do Golfo Pérsico, interessada em tirar do mercado produtores de alto custo como os do óleo de xisto betuminoso nos Estados Unidos.

No nível atual, a exploração do pré-sal brasileiro é deficitária. A presidente Dilma Rousseff admitiu nos últimos dias mudar a regra do jogo e permitir maior participação da empresas estrangeiras. Pela lei atual, a Petrobrás, que acumula dívidas de US$ 500 bilhões, precisa ter uma participação de pelo menos 40% em todos os poços.

ELN ataca infraestrutura e mata dois policiais na Colômbia

Numa ofensiva anunciada para 14 a 17 de fevereiro, o grupo guerrilheiro esquerdista Exército de Libertação Nacional (ELN) atacou oleoduto e a rede elétrica, e matou dois policiais, noticiou hoje a Rádio Caracol.

Os rebeldes atacaram oleodutos de Cano Limón Covenas e Transandino, e a rede elétrica do departamento de Cesar. Os dois policiais foram mortos no departamento de Nariño.

Segundo maior grupo guerrilheiro colombiano, o ELN está sob pressão para seguir o exemplo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que prometeram firmar um acordo de paz definitivo até 23 de março de 2016. O tempo está se esgotando e os guerrilheiros estão cada vez mais vulneráveis.

Bombardeio atinge escolas e hospitais na Síria

Um intenso bombardeio da Força Aérea da Rússia e de forças aliadas à ditadura de Bachar Assad destruiu cinco clínicas e hospitais e duas escolas em regiões da Síria dominadas por rebeldes. Pelo menos 50 pessoas morreram.

Com a expectativa de um cessar-fogo na próxima sexta-feira, que parece cada vez mais ameaçado, o regime trata de consolidar suas posições no campo de batalha.

A maioria das mortes aconteceu no Norte da Síria, na batalha pelo controle de Alepo, a segunda cidade mais importante do país. Quatorze pessoas foram mortas por mísseis que atingiram uma escola usado como abrigo para refugiados internos na cidade de Azaz, perto da fronteira com a Turquia.

Um dos hospitais era da organização não governamental Médicos sem Fronteiras (MsF), que havia sido alvo de um bombardeio dos Estados Unidos no Afeganistão. Ficava em Marat Numan, na província de Idlibe, no Noroeste da Síria.

"Houve pelo menos sete mortes de funcionários e pacientes e pelo menos oito funcionários dos MsF estão desaparecidos", declarou na França o presidente da ONG, Mego Terzian.

Os ataques a hospitais violam o direito internacional, mas tanto o governo sírio quanto os rebeldes foram acusados de fazer isso na guerra civil síria, que completa cinco anos em 15 de março de 2016.

Desde então, pelo menos 260 mil pessoas foram mortas, 470 numa estimativa mais pessimistas. Sem uma trégua, os rebeldes se negam a participar das negociações previstas para iniciar em 25 de fevereiro.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Ex-primeiro-ministro de Israel vai para a cadeia por corrupção

Antes de entrar na prisão hoje para cumprir uma sentença de um ano e sete meses por corrupção, o ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert declarou mais uma vez que é inocente, noticia o jornal The Times of Israel.

O escândalo de corrupção vem dos anos 1990s, quando Olmert era prefeito de Jerusalém. Ele foi condenado por aceitar suborno e obstruir a Justiça.

Depois de vários recursos, hoje ele se apresentou para cumprir a pena. Depois de ser submetido a exames psicológicos, Olmert irá para uma ala da prisão onde vai ficar numa cela com outros dois condenados no mesmo caso, sem contato com outros presos.

Como ex-chefe de governo, conhecedor de segredos de Estado, Olmert não pode ter contato com membros de gangues do crime organizado. Na mesma ala, está o ex-presidente Moshe Katsav, condenou por molestar e abusar sexualmente de funcionárias mulheres do Ministério do Turismo e da Presidência de Israel.

Comércio exterior da China recua ainda mais

O comércio exterior da China sofreu nova queda em janeiro de 2016. As exportações recuaram 6,6% na comparação anual e as importações, 14,4% num ano e 4% nos valores em iuanes em relação a dezembro de 2015.

Hoje a moeda chinesa se valorizou em 1,2%, na maior alta desde que o Banco Popular da China, o banco central do país, acabou com a cotação fixa em relação ao dólar, em julho de 2015.

Este começo de ano tem sido difícil para a segunda maior economia do mundo, que tenta se reorientar do mercado externo para o mercado interno, da exportação e do investimento para o consumo interno.

Em consequência, os preços dos produtos primários caem no mundo inteiro, com forte impacto sobre países em desenvolvimento como o Brasil.

Economia do Japão recua mais do que esperado

A economia do Japão, a terceira maior do mundo, recuou no último trimestre de 2016 num ritmo que projeta uma queda de 1,4% ao ano, mais do que o 1,2% previsto pelos analistas de mercado e retração de 0,4% em relação ao trimestre anterior. Nos últimos três trimestres, houve contração em dois, apesar das políticas de estímulo do primeiro-ministro Shinzo Abe.

Em todo o ano passado, o Japão cresceu 0,4% por causa do aumento de 2,7% nas exportações, que neutralizou uma queda de 1,2% no consumo pessoal. Esse resultado se soma às desacelerações nos EUA e na China, aumentando as preocupações sobre a economia mundial que derrubaram as bolsas de valores na semana passada, especialmente em Tóquio.

Hoje a Bolsa de Tóquio subiu 7,2%, depois de perder 11% na semana passada e 21% desde o início do ano, um pouco menos do que a Bolsa de Xangai, na China.

No poder desde dezembro de 2012, Abe se propôs a combater a estagnação e a deflação, duas pragas da economia japonesa desde os anos 1990s. Além de imprimir dinheiro para comprar US$ 700 bilhões de títulos no mercado financeiro e aumentar a quantidade de dinheiro em circulação, o Banco do Japão passou recentemente a pagar juros negativos sobre os depósitos dessa compra depositados como garantia pelos bancos privados no banco central.

"O gasto público para sustentar a economia mundial deve ser o foco central da próxima reunião de cúpula do Grupo dos Sete mais a China", a ser realizada em 26 e 27 de maio de 2016 no Japão, comentou o economia Mitsumaru Kumagai, do Instituto de Pesquisa Daiwa.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Congresso do Haiti elege presidente interino

O Congresso do Haiti elegeu hoje o presidente do Senado, Jocelerme Privert, como presidente de um governo interino destinado a evitar um vácuo de poder depois do fim do mandato do presidente Michel Martelly, informou a agência Associated Press (AP).

Privert terá como principal missão organizar o segundo turno da eleição presidencial, adiado para 24 de abril de 2016 diante das denúncias de fraude de Jude Célestin, o oposição mais votado, que ameaça abandonar a segunda votação.

Um novo conselho eleitoral será formado para preparar o segundo turno. No primeiro, ganhou o governista Jovenel Moïse com 33% dos votos, seguido por Célestin com 25%. Em 20 de janeiro, o oposicionista declarou que quem participasse do segundo turno marcado para 24 de janeiro seria "um traidor da pátria".

Por enquanto, o primeiro-ministro Paul Evans continua na chefia do governo.

Obama e Putin discutem Síria e Ucrânia por telefone

Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Vladimir Putin, falaram por telefone sobre a guerra civil na Síria e o conflito na Ucrânia, revelaram o Kremlin e o jornal The New York Times. É um degelo na confrontação que o primeiro-ministro da Rússia chamou de "nova guerra fria".

A ligação partiu de Obama. Sobre a Síria, os dois consideraram positiva a reunião do Grupo Internacional de Apoio à Síria que anunciou em 12 de fevereiro um cessar-fogo em uma semana. Há dúvidas se o regime de Bachar Assad vai aceitar a trégua.

Putin destacou a importância de combater o terrorismo e de restabelecer uma relação de trabalho entre os ministérios da defesa dos dois países. Essa relação foi rompida depois da intervenção militar da Rússia na Ucrânia em 2014.

Desde 30 de setembro de 2015, quando começou a intervenção militar da Força Aérea da Rússia na guerra civil da Síria, há uma coordenação para evitar choques diretos, já que os EUA estão bombardeando posições do Estado Islâmico do Iraque e do Levante na Síria e no Iraque.

A Casa Branca e o Kremlin mantêm uma linha telefônica direta desde que a Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962, quase levou o mundo a uma guerra nuclear.

Turquia bombardeia milícia curda no Norte da Síria

A Turquia está bombardeando desde ontem posições ocupadas pela milícia curda Unidades de Proteção ao Povo (YPG) no Norte da Síria, noticiou a televisão pública britânica BBC, sob a alegação de que são ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

O presidente Recep Tayyip Erdogan rompeu as negociações de paz com o PKK para ganhar as últimas eleições parlamentares na Turquia e passou a bombardear o grupo.

Seu objetivo é impedir que os curdos ocupam a região do Norte da Síria e a unam ao governo autônomo do Curdistão iraquiano. Como a maioria dos cursos vive na Turquia, um Curdistão independente reivindicaria parte do Sudeste da Turquia.

As milícias curdas se negam a deixar o território conquistado no Norte da Síria, afirmando que neste caso a região será ocupada pela organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Até agora, os curdos foram a força terrestre mais efetiva no combate ao Estado Islâmico, que não é alvo dos bombardeios da Rússia nem da ofensiva da ditadura de Bachar Assad e seus aliados da Guarda Revolucionária do Irã e da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus).

Os ataques turcos aos curdos mostram como as ambições das diferentes potências regionais do Oriente Médio complicam as negociações sobre a paz na Síria. Em 12 de fevereiro, os Estados Unidos e a Rússia anunciaram uma trégua a ser iniciada em uma semana, mas deixaram de fora o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra, braço armado da rede terrorista Al Caeda no conflito sírio.

A Rússia queria iniciar o cessar-fogo em 1º de março, o que daria tempo às forças leais ao regime para retomar Alepo, a cidade mais importante do país, e fortalecer sua posição de negociação. Em entrevista, Assad não manifestou a intenção de fazer quaisquer concessões. Prometeu reassumir o controle de todo o território da Síria e combater "terroristas", palavra que usa para todos os grupos rebeldes, embora o maior terrorista na guerra civil seja o próprio Assad.

No momento, a Rússia e Assad se concentram no ataque aos grupos rebeldes que participam das negociações, poupando o Estado Islâmico, com o claro objetivo de apresentar o conflito como uma luta entre o regime e os jihadistas. Durante anos, a ditadura síria foi aliada à rede terrorista Al Caeda na luta contra invasão americano no vizinho Iraque.

Candidatos democratas: Obama deve nomear juiz da Suprema Corte

Diante das ameaças de obstrução do Partido Republicano, que tem maioria na Câmara e no Senado, os aspirantes à candidatura do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos em novembro de 2016 defenderam o direito do presidente Barack Obama de nomear o próximo ministro da Suprema Corte.

O ministro Antonin Scalia, o grande intelectual da ala mais conservadora do tribunal, morreu ontem aos 79 anos no Texas. Se Obama indicar um juiz liberal, os conservadores perdem a atual maioria de 5 a 4 no supremo tribunal americano. Por isso, os republicanos parecem determinados a barrar a indicação, que precisa ser aprovada pelo Senado.

Obama declarou ontem que é seu dever constitucional como presidente indicar um novo juiz, a ser sabatinado e aprovado ou não pelo Senado.

A ex-secretária de Estado Hillary Clinton se limitou a dizer: "Barack Obama é o presidente dos EUA até 20 de janeiro de 2017." Seu oponente, o senador socialista Bernie Sanders, foi irônico: "Os republicanos estão reinterpretando a Constituição para dizer que um presidente democrata não pode nomear ministros para a Suprema Corte.

A Batalha da Suprema Corte promete ser o grande duelo final de Obama com um Congresso hostil e conservador. Em plena campanha eleitoral, será um desafio a mais para o primeiro presidente negro da história dos EUA.

Nos últimos 40 anos, a nomeação que levou mais tempo a ser confirmada pelo Senado foi a do ministro Clarence Thomas, o segundo negro a chegar ao tribunal. Foram 109 dias. Obama tem mais de 300 dias de governo pela frente.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Obama vai nomear juiz para vaga de Scalia na Suprema Corte

Apesar das ameaças de obstrução do Partido Republicano, o presidente Barack Obama anunciou há pouco na Casa Branca que pretende nomear um novo ministro para a Suprema Corte dos Estados Unidos em substituição ao juiz conservador Antonin Scalia, que morreu hoje aos 79 anos.

Depois de muitos elogios a "um dos juízes mais consequentes que já serviram à Suprema Corte" e "um dos maiores defensores da pedra fundamental de nossa democracia, o Estado de Direito", que influenciou gerações, o presidente insistiu que é seu dever nomear um novo ministro.

Scalia era considerado o grande intelectual da ala mais à direita do supremo tribunal americano, onde agora há quatro juízes conservadores e quatro liberais. Como Obama deve nomear um liberal, o equilíbrio de forças seria virado em direção à esquerda.

Desde logo, o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, declarou que "o povo americano deve ter voz na escolha do seu próximo ministro da Suprema Corte. Portanto, esta vaga não deve ser preenchida enquanto não tivermos um novo presidente."

Outros deputados e senadores republicanos, entre eles o senador Ted Cruz, aspirante à candidatura da oposição à Casa Branca em novembro de 2016, repetiram a mensagem do líder.

Obama reagiu afirmando que é seu dever constitucional nomear um novo ministro para a Suprema Corte e que o Congresso tem tempo suficiente para realizar as audiências e votar a indicação. Com a confrontação total da oposição com o presidente que marca o governo Obama, deve haver obstrução.

Morre um dos juízes mais conservadores da Suprema Corte dos EUA

O ministro Antonin Scalia, considerado o intelectual da ala conservadora da Suprema Corte dos Estados Unidos, morreu hoje aos 79 anos durante o sono de causas naturais, informou o governador Greg Abbott, do Texas, onde o juiz estava. Sua morte dá ao presidente Barack Obama a chance de nomear um juiz liberal e tirar a atual maioria dos conservadores.

Scalia, o primeiro ítalo-americano a chegar ao supremo tribunal americano, foi nomeado em 1986 pelo então presidente Ronald Reagan. Era contra o aborto e o casamento gay. Defendia uma interpretação estrita da Constituição e não a reinterpretação à luz dos valores da atualidade.

"Ele era um extraordinário indivíduo e jurista, admirado e apreciado por seus colegas", declarou o presidente da Suprema Corte, ministro John Roberts. "Sua passagem é uma grande perda para a Corte e o país que ele tão lealmente serviu. Damos nossas mais profundas condolências à sua mulher, Maureen, e à sua família.""

Era um grande amigo da ministra Ruth Bader Ginsburg, embora os dois discordassem quase sempre em suas decisões.

A expectativa agora é de uma batalha entre liberais e conservadores em plena campanha presidencial nos EUA, mas cabe ao presidente Obama, um liberal, nomear o próximo ministro, que precisa ser aprovado pelo Senado, onde a oposição tem maioria.

Em nota, o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, declarou que o presidente não deve nomear novo ministro num ano eleitoral: "O povo americano deve ter uma voz na seleção do seu próximo ministro da Suprema Corte. Portanto, esta vaga não deve ser preenchida enquanto não tivermos um novo presidente."

Arábia Saudita manda aviões de guerra para base na Turquia

A Arábia Saudita vai levar aviões de combate para a base aérea de Incirlik, na Turquia, para participar da guerra contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, revelou hoje o ministro do Exterior turco, Mevlut Cavusoglu, citado pela agência Reuters.

Nessa semana, a Arábia Saudita se ofereceu para enviar tropas terrestres para uma ofensiva contra o Estado Islâmico. A Turquia fez o mesmo, mas ambas exigem que a força seja liderada pelos Estados Unidos, que não têm a intenção de mandar forças terrestres.

Há dois dias, em Munique, os EUA e a Rússia anunciaram um cessar-fogo na guerra civil da Síria a entrar em vigor dentro de uma semana. Há dúvidas se as forças aliadas à ditadura de Bachar Assad vão aceitar a trégua no momento em que estão prestes a retomar Alepo, a segunda cidade mais importante do país.

Com o apoio dos bombardeios aéreos da Rússia, que intervém militarmente na Síria desde 30 de setembro, Assad recuperou a iniciativa dos combates quando seu regime parecia prestes a desabar. Agora, ele promete reconquistar todo o território e continuar combatendo "terroristas", termo que usa para se referir a todos os seus inimigos.

Apesar das atrocidades do Estado Islâmico, o maior terrorista na guerra civil da Síria é Assad, que está há quase cinco anos usando todo o poderio de suas Forças Armadas contra seu próprio povo.

As negociações sobre a paz na Síria mediadas pelas Nações Unidas devem começar em 25 de janeiro, mas os rebeldes exigem o fim dos bombardeios e do cerco a populações civis.

Al Chababe reivindica autoria de ataque a avião na Somália

A milícia extremista muçulmana Al Chababe (A Juventude) reivindicou hoje a responsabilidade por um atentado que abriu um rombo na fuselagem de um avião da companhia aérea Daallo Airlines em 2 de fevereiro na Somália, noticiou a televisão pública britânica BBC.

Em mensagem enviada por correio eletrônico, Al Chababe, ligada à rede terrorista Al Caeda, declara que o ataque foi uma vingança pela atividade dos serviços secretos ocidentais.

Apesar do rombo na fuselagem, o avião com 74 pessoas conseguiu voltar e fazer um pouso de emergência no aeroporto de Mogadíscio, a capital somaliana. Só morreu o terrorista suicida, ejetado para fora da aeronave pela explosão, que aconteceu pouco depois da decolagem. Outras duas pessoas saíram feridas

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Papa encontra em Cuba o patriarca da Igreja Ortodoxa

Quase mil anos depois do Cisma do Oriente, os líderes das duas principais igrejas cristãs, o papa Francisco, da Igreja Católica Apostólica Romana, e o patriarca Cirilo, da Igreja Ortodoxa da Rússia, se encontraram hoje no Aeroporto Internacional José Martí, em Havana.

Depois de uma reunião de duas horas, o papa e o patriarca divulgaram uma declaração de 30 pontos. Eles pediram a união de todos os cristãos e fizeram um apelo às potências internacionais para que acabem com a perseguição aos cristãos na África e no Oriente Médio por grupos extremistas muçulmanos como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

A organização não governamental americana OpenDoorsUSA (PortasAbertasEUA) estima que 7,1 mil cristãos foram mortos por motivos religiosos em 2015, 3 mil a mais do que no ano anterior.

Cuba foi escolhida por ser neutra, ter uma longa tradição católica e fortes laços com a Rússia do tempo da Guerra Fria. O papa Francisco foi um mediador importante nas negociações secretas que levaram ao reatamento entre Cuba e os Estados Unidos.

Por causa da proximidade entre a Igreja Ortodoxa Russa e o governo ditatorial de Vladimir Putin, o papa está sendo criticado por legitimar a intervenção militar da Rússia na guerra civil da Síria sob o pretexto de combater o terrorismo. Na prática, Putin está sustentando o aliado Bachar Assad, que já fala em vitória militar e é o maior responsável pela guerra que em quase cinco matou mais de 260 mil pessoas.

"A luta contra o terrorismo é uma batalha sagrada e hoje nosso país talvez seja a força mais ativa combatendo-o hoje no mundo", declarou Vsevolod Chaplin, ex-porta-voz da Igreja Ortodoxa, enquanto o papa Francisco pediu uma solução pacífica para os conflitos no Iraque e na Síria: "A comunidade internacional parece incapaz de encontrar soluções adequadas enquanto os vendedores de armas continuam a atingir seus objetivos."

Para o diretor do Centro de Pesquisa Histórica da Ucrânia da Universidade de Alberta, no Canadá, Frank Synsyn, "entendo a preocupação do papa com o Oriente Médio, mas de resto o momento é muito ruim. Definitivamente, dá credibilidade às ações de Putin na Síria."

O Cisma do Oriente aconteceu em 1054, quando a Igreja Católica Apostólica Romana rompeu com a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, na época com sede em Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia.

A origem das divergências está na divisão do Império Romano em 395 entre o Império Romano do Ocidente, com sede em Roma, e Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla. Com a queda do Império do Ocidente para os bárbaros em 476, a Igreja de Roma passou a ser mais influenciada pelos povos germânicos, enquanto a Igreja de Constantinopla se considerava a legítima herdeira da tradição grego-romana.

As divergências eram em torno da natureza do Espírito Santo, se o pão na eucaristia deveria ser fermentado ou não, o celibato dos padres e a primazia jurídica e pastoral do papa. A Igreja Ortodoxa negou-se a se submeter ao papa. Em 1054, os líderes das duas igrejas se excomungaram mutuamente.

Com o Massacre dos Latinos em 1182 em Constantinopla, a capital do Império Bizantino, a vingança dos ocidentais em Tessalônica em 1185 e o cerco e saque de Constantinopla na Quarta Cruzada, em 1204, a reconciliação tornou-se impossível.

Até hoje, os gregos, seguidores da Igreja Ortodoxa culpam os cruzados pela decadência do Império  Bizantino e sua queda ante o Império Otomano, em 29 de maio de 1453, marco do fim da Idade Média.

EUA e Coreia do Sul discutem sistema de defesa antimísseis

Os Estados Unidos e a Coreia do Sul devem começar a discutir a instalação de um sofisticado escudo antimísseis, o Sistema de Defesa Aérea Terminal em Alta Altitude, revelou um alto funcionário sul-coreano citado anonimamente pelo jornal The South China Morning Post, com sede em Hong Kong.

Os dois aliados vão formar uma força-tarefa para desenvolver o projeto. Os EUA já tem uma bateria antiaérea na ilha de Guam e o Japão também pode aderir.

Na China, o ministro do Exterior, Wang Yi, manifestou "sérias preocupações", mas, diante do desenvolvimento de armas atômicas e tecnologia de mísseis pela Coreia do Norte, a oposição russa foi descrita pela empresa de análises estratégicas Stratfor com "quixotesca".

A China teme que os EUA tenham uma vantagem estratégica num possível confronto direto entre os dois países mais poderosos do mundo.

Zona do Euro cresceu 1,5% em 2016

Apesar da crise e das políticas de austeridade econômica, os 19 países da Zona do Euro cresceram em conjunto 0,3% no último trimestre de 2015, o que projeta um ritmo anual de 1,1%, revelou hoje o Eurostat, escritório oficial de estatísticas da União Europeia. 

No ano inteiro, a Eurozona avançou 1,5%, mas a desaceleração da economia mundial desde o fim do ano passado pressiona o Banco Central Europeu a adotar novas medidas de estímulo ao crescimento. Na UE como um todo, o crescimento foi de 0,3% no quarto trimestre do ano passado e de 1,8% no ano inteiro.

O anúncio chega num momento de turbulência nos mercados por causa das dúvidas sobre a economia da China e a fragilidade dos bancos da Europa. Os dados sobre inflação e produção industrial indicam que a Eurozona terá dificuldades para manter o ritmo de crescimento em 2016.

"A deterioração da economia internacional tirou o vento das velas da Eurozona", comentou Simon Tilford, subdiretor do Centro para Reforma na Europa, com sede em Londres. "O problema é que a Eurozona ainda não se recuperou da queda anterior."

Em 2015, o crescimento foi maior na Eslováquia (4%), na Romênia (3,8%), na Polônia (3,6%), na Espanha (3,5%) e na Bulgária (3,1%). A Alemanha e a França, as maiores economias da Eurozona, avançaram 1,3%. O Reino Unido, a maior economia europeia fora do euro, 1,9%.

Os piores resultados foram registrados na Grécia (-1,9%) e na Finlândia (-0,2%), os dois únicos países da UE que tiveram recessão.

ELN anuncia ataque para os próximos dias

O Exército de Libertação Nacional (ELN), o segundo maior grupo guerrilheiro da Colômbia, anunciou a intenção de realizar uma ação armada entre 14 e 17 de janeiro de 2016 para marcar o 50º aniversário da morte de seu líder Camilo Torres Restrepo, noticiou hoje o jornal colombiano El Espectador.

Em ataques anteriores, o ELN bloqueou estradas, paralisou os transportes públicos e obrigou lojas a fechar. Ontem, fontes militares e policiais advertiram para o risco de uma onda de ataques do ELN em sete dos 32 departamentos do país.

Com as negociações entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que prometeram chegar a um acordo de paz definitivo até 23 de março, aumenta a pressão para o ELN negociar. Mas as divisões e a intransigência do movimento tendem a fragilizá-lo cada vez mais, deixando os guerrilheiros à mercê das forças de segurança, adverte a empresa de estudos estratégicos Stratfor.

Cientistas descobrem ondas gravitacionais descritas por Einstein

A colisão de dois buracos negros, um com 29 vezes a massa do Sol e outro com 39 vezes a massa do Sol, formou um buraco negro com 62 vezes a massa do Sol. A massa restante foi convertida em ondas gravitacionais detectadas por cientistas aqui na Terra, anunciaram hoje cientistas nos Estados Unidos.

"É a primeira vez que um sistema desses foi observado, um buraco negro binário em fusão, é a confirmação de que esses sistema existem no Universo", declarou David Reitze, diretor-executivo do LIGO, sigla em inglês para o Observatório de Ondas Gravitacionais com Interferômetro a Laser.

Em sua Teoria da Relatividade, o físico alemão Albert Einstein, o cientista mais importante do século 20, previu há cem anos a existência de ondas gravitacionais. Hoje suas ideias foram comprovadas por uma fusão de buracos negros ocorrida há um bilhão de anos.

Einstein argumentou que o tempo e o espaço não era imutáveis como se acreditava desde que as teorias de Isaac Newton lançaram as bases da Física moderna, inclusive a Lei da Gravitação Universal.

O LIGO tem duas instalações nos estados de Washington e da Lousiana. Sua descoberta abre uma nova janela para o universo, uma nova maneira de observar o espaço.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Grandes potências anunciam trégua na Síria em uma semana

Os Estados Unidos e a Rússia anunciaram hoje em Munique, na Alemanha, um cessar-fogo dentro de uma semana na guerra civil da Síria, o que dá à ditadura de Bachar Assad uma chance de fortalecer sua posição. Com o acordo, o secretário de Estado americano, John Kerry, prometeu o envio imediato de ajuda às populações sitiadas.

Os grupos rebeldes jihadistas Estado Islâmico do Iraque e do Levante e Frente al-Nusra não participam da trégua. Isso significa que podem ser atacados. Observadores temem que a Rússia use isso como pretexto para atacar outros grupos rebeldes, como fez até agora.

As negociações sobre a paz na Síria deveria ter começado no início do mês, mas os rebeldes moderados que participam do diálogo exigiram o fim dos bombardeios aéreos da Rússia e do cerco a regiões dominadas pelos rebeldes.

No momento, as negociações estão marcadas para 25 de fevereiro. Sem uma trégua efetiva, provavelmente serão adiadas mais uma vez.

Desde 30 de setembro de 2015, sob o pretexto de combater o Estado Islâmico, a Rússia intervém militarmente para sustentar o regime do aliado Bachar Assad, que estava à beira do colapso. Mas pouco ataca o Estado Islâmico. Sob a cobertura aérea russa, forças iranianas e a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) lideram a ofensiva terrestre.

Forças do governo tomam base perto da capital do Iêmen

As forças leais ao presidente deposto do Iêmen, Abed Rabbo Mansur Hadi tomaram hoje um acampamento militar situado a 60 quilômetros da capital, Saná, ocupada por rebeldes há um ano e meio, noticiou hoje a agência Reuters.

As autoridades locais anunciaram que houve um grande número de baixas na luta pelo campo de Fardhat Nahm, mas não divulgaram o número de mortos e feridos.

O avanço da coalizão liderada pela Arábia Saudita, que intervém na guerra civil do Iêmen desde 25 de março de 2015, segue firme e deve chegar à capital nos próximos dias. Os rebeldes de minoria huti são xiitas zaiditas apoiados pelo Irã. A guerra civil do Iêmen se insere assim no conflito maior entre sunitas apoiados pela Arábia Saudita e xiitas apoiados pelo Irã.

Rússia rejeita cessar-fogo imediato na guerra civil da Síria

A Rússia rejeitou uma proposta dos Estados Unidos para uma trégua imediata que viabilize o início das negociações sobre a paz na Síria, mas Moscou sugeriu a data de 1º de março. Isto daria tempo para a ditadura de Bachar Assad vencer a Batalha de Alepo, que antes da guerra era a capital econômica do país.

As negociações estão previstas para começar em 25 de fevereiro. Os rebeldes exigem um cessar-fogo imediato e o fim do cerco a áreas sitiadas onde a população civil está sendo ameaçada pela fome e pelos bombardeios.

Desde 30 de setembro de 2015, a Rússia intervém militarmente com bombardeios aéreos em apoio a seu aliado Bachar Assad. O governo, que estava à beira do colapso, lançou contraofensivas em várias frentes com a ajuda de batalhões da Guarda Revolucionária do Irã e da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus).

O objetivo da Rússia é enfraquecer todos os grupos de oposição menos o Estado Islâmico do Iraque e do Levante para fortalecer o regime na mesa de negociação e apontar Assad como a única alternativa ao terrorismo. Mas, apesar das atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico, o maior terrorista na Síria é Assad. Sua vitória não vai reverter o fluxo de refugiados.

Um relatório recente do Centro Sírio para Pesquisas Políticas estimou em 470 mil o total de mortos na guerra civil da Síria, onde 45% da população fugiram de casa. Pelos números das Nações Unidas, pelo menos 260 mil pessoas foram mortas na guerra civil síria, que completa cinco anos em março.

Coreia do Norte ocupa complexo industrial de empresas sul-coreanas

A ditadura stalinista da Coreia do Norte mandou hoje os militares ocuparem o complexo industrial de Kaesong, onde trabalhadores norte-coreanos trabalham em fábricas de empresas da Coreia do Sul em território norte-coreano, no maior projeto de cooperação entre os dois países. Também cortou duas telefônicas diretas entre os dois governos.

Ontem, a Coreia do Sul parou as atividades em protesto contra um teste de míssil de longo alcance pelo Norte em 7 de janeiro e o Senado dos Estados Unidos aprovou novas sanções ao regime comunista de Pionguiangue.

Oficialmente, a Coreia do Norte lançou um satélite espacial. Como é uma tecnologia de uso duplo, civil e militar, os analistas entendem que foi um teste disfarçado de um míssil balístico intercontinental capaz de atingir o território dos EUA.

OTAN tenta conter tráfico de pessoas no Mar Egeu

O comando militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ordenou três navios de guerra a ir imediatamente para o Mar Egeu para tentar conter o tráfico humano de migrantes e refugiados da Turquia para a Grécia, informou o secretário-geral da aliança atlântica, Jens Stoltenberg, citado pela agência Reuters.

Sob comando alemão, os navios - da Alemanha, do Canadá e da Turquia - vão fazer operação de reconhecimento e vigilância. O ministro da Defesa da Grécia, Panos Kammenos, deixou claro que seu país só aceitará as patrulhas se os navios gregos e turcos ficarem em seus próprios mares territoriais e nenhum dos dois países assumir o comando rotativo da força.

Com a Batalha de Alepo em andamento na guerra civil da Síria, mais 60 mil pessoas teriam fugido do país. Diante desta tragédia, é evidente que cercas, controles e patrulhas navais serão insuficientes para reduzir o fluxo de imigrantes rumo à União Europeia.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

EUA e Índia discutem patrulhas conjuntas no Mar do Sul da China

Os Estados Unidos e a Índia estão discutindo a possibilidade de realizar patrulhas navais conjuntas ainda neste ano, inclusive em águas territoriais disputadas pelo China e países vizinhos no Mar do Sul da China, revelaram fontes não identificadas do Departamento da Defesa dos EUA, o Pentágono, citadas pela agências Reuters.

A Marinha da Índia nunca realizou patrulhas navais conjuntas. O país adota uma política de só participar de forças internacionais sob a bandeira das Nações Unidas.

No passado, os EUA e a Índia fizeram manobras navais conjuntas com o Japão, outro país-chave na aliança de nações democráticas criada para contrabalançar a ascensão da China a superpotência. Durante a visita do presidente Barack Obama a Nova Déli, ele e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, concordaram em "identificar áreas específicas para expandir a cooperação marítima".

Os dois países também aumentaram a cooperação com o Vietnã, um dos países em disputa territorial com a China. A Marinha indiana aumentou sua presença no Mar do Sul da China, mas ainda reluta em patrulhar a região junto com os EUA, temendo provocar o regime comunista chinês.

Metade das espécies de árvores da Amazônia corre risco de extinção

Cerca de 8,7 mil das 15 mil espécies de árvores catalogadas na Amazônia estão ameaçadas de extinção, adverte a Rede da Diversidade das Árvores Amazônicas, da qual faz parte o Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento, com sede em Paris.

No mundo inteiro, a estimativa é que 40 mil espécies de árvores tropicais corram risco de extinção, elevando para 22% o total de espécies vegetais em perigo, alerta uma nova pesquisa feita por 160 cientistas publicada na revista acadêmica Science Advances.

Uma em cada duas espécies de árvores da Amazônia pode desaparecer por causa do desmatamento, adverte o estudo. A ameaça paira sobre 36% a 57% das árvores amazônicas, com consequências desastrosas para a biodiversidade, a economia da região e até o regime de chuvas e a agricultura no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.

A expectativa dos cientistas é que um terço da Floresta Amazônica seja destruída até 2050. Desde os anos 1970s, 20% foram desmatados. Algumas espécies serão extintas antes de serem identificadas e estudadas.

Assembleia da França aprova cassação de nacionalidade de terroristas

Com 162 votos a favor, 148 contra e 22 abstenções, a Assembleia Nacional da França aprovou ontem uma reforma na Constituição para cassar a nacionalidade de condenados por terrorismo. A medida provocou uma grande discussão no país e no governo socialista, levando à demissão da ministra da Justiça Christiane Taubira.

A França ficou chocada ao perceber que a maioria dos terroristas responsáveis pelos atentados de 2016 em Paris eram franceses ou belgas de origem estrangeira. A revisão constitucional é uma tentativa de adaptar a lei máxima do país à nova realidade da guerra contra o terrorismo.

O Partido Socialista, do presidente François Hollande, se dividiu, com 119 votos a favor, 92 contra e 10 abstenções. Os comunistas e os ecologistas votaram em massa contra o cassação da nacionalidade.

Agora, o projeto segue para o Senado, onde o líder da maioria direitista, Bruno Retailleau, que ameaça "reescrever" o texto. Para emendar a Constituição da França, o mesmo projeto precisa ser aprovado nas duas Casas.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Trump e Sanders vencem eleições primárias em Novo Hampshire

O bilionário Donald Trump venceu hoje as eleições primárias do Partido Republicano no pequeno estado de Novo Hampshire, no Nordeste dos Estados Unidos, na disputa pela candidatura à Presidência em novembro de 2016. A briga pelo segundo lugar é apertada. No Partido Democrata, a senador socialista Bernie Sanders tem ampla vantagem sobre a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.

Com 24% dos votos apurados, Trump lidera entre os republicanos com 34%, seguido por uma surpresa, o governador moderado de Ohio, John Kasich, com 15%. Logo atrás, praticamente empatados, estão o ex-governador Jeb Bush e o senador evangélico ultraconservador texano Ted Cruz, com 12%.

O senador pela Flórida Marco Rubio sentiu o massacre que sofreu no último debate depois de ter sido o terceiro nas convenções regionais do estado de Iowa, onde começou a corrida à Casa Branca há uma semana. Ficou em quinto lugar com apenas 10%, depois de conquistar 23% dos votos em Iowa.

Se Kasich confirmar o segundo lugar, dará uma sacudida na campanha republicana. Bush, o que mais arrecadou até agora, também voltou à luta. O governador de Ohio adota uma política de não atacar os adversários republicanos nos debates, mas é considerado moderado demais para o o partido.

No Partido Democrata, Sanders venceu com 60% contra 38%. O repórter John King, da televisão americana CNN, observa que Sanders ganhou entre os independentes, que em Novo Hampshire podem votar nas eleições prévias.

Entre os eleitores até 44%, Sanders teve 74% dos votos. Entre as mulheres, Sanders tem 11 pontos de vantagem. Hillary sonha em ser a primeira mulher a presidir os EUA.

Fome ameaça 4,7 milhões de pessoas na Somália, alerta a FAO

Por causa da seca na maior parte da Somália, cerca de 4,7 milhões de pessoas, 38% da população do país, correm risco de passar fome, advertiu ontem a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), citada pelo jornal Latin American Herald Tribune.

Uma pesquisa de campo realizada pela Unidade de Análise da Nutrição e Segurança Alimentar na Somália e a Rede de Sistemas de Alerta Antecipado da Fome revela que 931 mil somalianos estão passando fome. A maioria é de desalojados pela longa guerra civil.

Para o diretor da FAO na Somália, Richard Trenchard, considerou a situação "terrível" e previu que deve piorar nas regiões da Puntlândia e da Somalilândia, onde a estação das chuvas começa no fim de março ou início de abril.

Entre a população mais ameaçada, mais de 300 mil são crianças, das quais cerca de 60 mil podem morrer em curto prazo. Pelos cálculos da FAO, serão necessário US$ 885 milhões em 2016 para evitar o ressurgimento da tragédia da fome em grande escala na Somália.

Desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991, a Somália vive em estado de anarquia, sem governo estável. Além da seca e da miséria, o país é assolado pela revolta da milícia jihadista Al Chababe (A Juventude), ligada à rede terrorista Al Caeda.

Míssil testado pela Coreia do Norte pode atingir os EUA

O foguete lançado há dois dias pelo regime comunista da Coreia do Norte parece mais pesado e mais poderoso que o testado em 2012, com um alcance de até 12 mil quilômetros. Seria capaz de atingir a maior parte dos Estados Unidos, afirmou hoje o Ministério da Defesa da Coreia do Sul, citado pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.

O satélite de observação Kwangmyongsong-4 lançado pelo foguete entrou em órbita. Ainda não se sabe se está operando normalmente. Analistas militares entendem que o lançamento do satélite foi apenas uma desculpa para testar um míssil balístico intercontinental.

O míssil é semelhante ao Unha-3 testado em dezembro de 2012, declarou um analista sul-coreano, mas o alcance seria 2 mil quilômetros maior. Como o governo de Pionguiangue acaba de fazer mais um teste nuclear, o objetivo evidente é desenvolver um míssil balístico intercontinental capaz de atingir os EUA com uma bomba atômica.

No momento, a Coreia do Norte tem um míssil de longo alcance capaz de carregar uma bomba de até 250 quilos. Para a empresa de consultoria e estudos estratégicos Stratfor, a ditadura stalinista norte-coreano está avançando, mas seus mísseis de longo alcance ainda não têm capacidade militar.

A Coreia do Norte ainda não teria conseguido miniaturizar a bomba atômica para colocá-la numa ogiva nuclear. Desde o fim da União Soviética, em 1991, quando perdeu sua patrocinadora, o regime de Pionguiangue faz uma chantagem nuclear contra os EUA e seus principais aliados no Leste da Ásia, a Coreia do Sul e o Japão.

É uma maneira de tentar manter a legitimidade do regime comunista e de estimular a indústria pesada, a ciência e a tecnologia para se apresentar como um país independente e autossuficiente, de acordo com a linha ideológica traçada pelo Grande Líder Kim Il Sung, fundador do país e avô do atual ditador, que morreu em 1994.

Juche (Autossuficiência) é a base ideológica do marxismo-leninismo-kimilsunismo. O isolamento do país mais fechado do mundo reduz as possibilidades de impor sanções à Coreia do Norte.

Do ponto de vista político, a exemplo do pai e antecessor Kim Jong Il, o atual ditador, Kim Jong Un usa o programa espacial norte-coreano para aumentar sua legitimidade e se apresentar como moderno e visionário.

Em maio, a Coreia do Norte realiza o 7º Congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia, o nome oficial do partido comunista norte-coreano. As duas Coreias reivindicam a soberania sobre toda a Península Coreana. Será o primeiro encontro do gênero desde 1980. A expectativa é de uma consolidação do poder do jovem Kim.

Sob o aspecto militar, os mísseis balísticos intercontinentais norte-coreanos ainda têm problemas de lançamento para serem armas efetivas. Os lançadores abertos e a necessidade de um a dois dias de preparação tornam o sistema vulnerável a ataques preventivos. Como a Coreia do Norte só tem duas bases de lançamento de mísseis, a vigilância fica mais fácil.

A capacidade de atingir diretamente os EUA muda os cálculos estratégicos em Washington sobre uma invasão americana. Em 2002, o então presidente George W. Bush denunciou no Discurso sobre o Estado da União a existência de um "eixo do mal" formado pelo Irã, o Iraque e a Coreia do Norte - invadiu o Iraque e derrubou o ditador Saddam Hussein. Os dois outros países entenderam que para evitar uma intervenção militar americana precisariam de armas nucleares.

Com a intervenção em 2011 na guerra civil da Líbia, onde o ditador Muamar Kadafi havia renunciado às armas atômicas, essa impressão se fortaleceu. A última garantia seria a capacidade de atacar diretamente o território americano.

Para Pionguiangue, o que era uma carta na manga para chantagear seus inimigos se tornou a base da estratégia de segurança nacional. Isto exige um desenvolvimento tecnológico real em vez do simples teatro de testes fracassados, complicando as tentativas de conter a Coreia do Norte.

Os últimos desafios aceleraram as negociações entre os EUA e a Coreia do Sul para implantar um sistema de defesa antimísseis, o que inquieta a China. O regime comunista chinês, maior aliado da Coreia do Norte, teme que isso dê uma grande superioridade tecnológica aos EUA num confronto direto com a China.

A questão norte-coreana é mais um ponto de discórdia entre os EUA e a China. Apesar dos testes nucleares e de mísseis, de vários relatos de problemas nas relações entre a China e a Coreia do Norte, e da parceria econômica cada vez maior entre Beijim e Seul, a China dá sinais de mudar de orientação e aumentar a pressão sobre a ditadura de Pionguiangue.

Essa dualidade de Beijim mantém a China na posição de único país supostamente capaz de influenciar positivamente a Coreia do Norte. Ao mesmo tempo, quanto mais crises os EUA forem obrigados a enfrentar no mundo menos tempo resta para se preocuparem com o desafio da ascensão da China a superpotência.

Ninguém quer o colapso do regime comunista norte-coreano. Para a Coreia do Sul, tendo em vista os problemas da unificação da Alemanha, onde o lado oriental era relativamente menor e muito menos problemático, o custo da reunificação da Coreia seria enorme.

Na visão da ditadura comunista chinesa, "a Coreia do Norte é a nossa Alemanha Oriental". A queda do regime poderia ter um efeito dominó sobre a China, o que parece altamente improvável dada a diferença de tamanho, população e poderio dos dois países.

Uma nova guerra da Coreia envolveria os principais aliados dos EUA na região, com os quais Washington têm pactos de defesa. Dentro da Guerra da Coreia (1950-53), houve uma guerra particular entre os EUA e a China. A China conseguiu empurrar os americanos de volta para baixo do paralelo 38º Norte, restabelecendo o status quo anterior à guerra. Nunca mais os dois países entraram em conflito direto - e é melhor que não entrem.