terça-feira, 31 de março de 2009

Conexão Irã-Venezuela ameaça América Latina

Se os Estados Unidos ou Israel atacarem o Irã para tentar destruir o programa nuclear iraniano, a aliança da república islâmica com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, vai aumentar o risco de atentados terroristas na América Latina.

A advertência é do professor Ely Karmon, pesquisador sênior do Instituto Internacional Contra o Terrorismo de Israel, considerado um dos maiores especialistas internacionais em terrorismo. Karmon fez palestra nesta terça-feira no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), no Rio de Janeiro.

"O maior objetivo da rede terrorista Al Caeda é realizar grandes ataques nos Estados Unidos", raciocina o pesquisador, "mas a maioria dos ataques foi realizada em países muçulmanos. Para desestabilizar o Iraque, al Caeda matou mais xiitas do que americanos. A maioria dos terroristas suicidas era saudita".

Com os ataques a Madri e a Londres, a rede terrorista se vingou de países que apoiaram as guerras do então presidente americano George W. Bush. Na Espanha, o governo conservador perdeu as eleições de março de 2004 e o novo primeiro-ministro, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, retirou as forças espanholas do Iraque.

Para Ely Karmon, "os grupos que atacaram na Arábia Saudita não eram controlados por Ben Laden. Al Caeda não atacou mais nos EUA nem usou armas de destruição em massa. Sua capacidade tecnológica não é muito grande".

AMEAÇAS FUTURAS
1. Radicalização de muçulmanos que veem necessidade de justiça e vingança.

2. Ressurgimento d'al Caeda dos Talebã no Afeganistão e no Paquistão:
- o governo civil paquistanês não controla o vale do Swat nem as regiões tribais da fronteira entre os dois países;
- parte do serviço secreto militar paquistanês coopera com os jihadistas;
- as armas atômicas são controladas por militares e cientistas implicados na proliferação nuclear;
- eles matam sunitas, xiitas, mohajires...

Em todos os ataques terroristas no Reino Unido, havia gente treinada no Paquistão. Na Espanha e até mesmo em Israel, há paquistaneses envolvidos, observa o pesquisador.

Na ideologia de Ben Laden, "é absolutamente necessário libertar os territórios que um dia foram muçulmanos, inclusive El Andaluz, cerca de 90% da Península Ibérica. Na China, há 70 milhões de muçulmanos na província de Xinjiang. O império muçulmano pegaria um terço da China e um quarto da Rússia".

Como no mundo globalizado, a informação não tem fronteiras, ele mostra uma imagem de Ben Laden ao lado de Che Guevara num ônibus na Bolívia.

3. Coalizão Iraniana: há uma aliança hoje entre o Irã, a Síria, a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá e os fundamentalistas palestinos do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

Essa aliança começa em 1982, quando Israel invadiu o Líbano. Aí, nasceu o Hesbolá. Para esta milícia xiita, "o único eixo fundamental é Teerã-Damasco".

No Iraque, os sunitas apoiados pelo governo alauíta (xiita) da Síria atacam os xiitas apoiados pelo Irã. O Hamas, sunita, colabora com o Hesbolá, que é xiita. Em 1982, o governo sírio massacrou 20 mil extremistas muçulmanos na cidade de Hama. Por isso, argumenta Karmon, "a aliança entre a Síria e o Irã não é ideológica".

O Hamas é filho da Irmandade Muçulmana, o primeiro grupo do chamado islamismo político, fundado em 1928 no Egito por Hassan al-Bana. É o maior grupo de oposição à ditadura militar do presidente Hosni Mubarak, ex-comandante da Força Aérea, que está no poder há 27 anos, superando seus antecessores famosos, Gamal Abdel Nasser e Anwar Sadat.

Motor da coalizão, o Irã tem o Exército, a Guarda Revolucionária e uma ideologia mito clara:
• reunificar e reislamizar a umma, o conjunto de todos os muçulmanos;
• reimpor a charia, a lei ou direito islâmico;
• e libertar os territórios muçulmanos.

Karmon cita três conceitos do líder da Revolução Iraniana de 1979, o aiatolá Ruhollah Khomeini:
1. Os clérigos governam: jamais havia sido aplicado e não é totalmente um governo de religiosos. A Guarda Revolucionária tem cada vez mais influência.
2. Os sunitas e os xiitas devem se unificar: Karmon considera inaplicável. Em Teerã, cita como exemplo, "não há mesquitas sunitas".
3. A revolução deve ser exportada: é dever de todo o muçulmano usar todas as armas possíveis para impor o islamismo.

Ao permitir a ocupação da Embaixada dos EUA em Teerã durante 444 dias, de 4 de novembro de 1979 a 20 de janeiro de 1981, mantendo 52 diplomatas americanos como reféns, algo inédito na história diplomática, o aiatolá Khomeini influenciou e estimulou os muçulmanos radicais.

A aliança Irã-Síria-Hesbolá-Hamas é o que o pesquisador chama de "eixo da desestabilização".

Ele nota que "a maior parte do Iraque está sob o controle de dois partidos xiitas. Bagdá era a capital do Califado", o poderoso império muçulmano da Idade Média, que surge em 632, com a morte do profeta Maomé, até 1258, quando cai o Califado de Bagdá.

"Quando os EUA saírem, vai aumentar a influência do Irã", prevê o pesquisador.

Já o Hesbolá é "um Estado dentro do Estado", descreve Ely Karmon. "Depois de 10 anos de terror, se tornou em em 1992 um partido político aliado à Síria. Desde 2000, virou um exército com 30 mil mísseis fornecidos pelo Irã e pela Síria. Elegeu deputados e tem ministros com poder de veto no governo supostamente pró-ocidental do primeiro-ministro Fouad Siniora."

O processo de paz no Oriente Médio é paralisado por essa coalizão liderada pelo Irã. Karmon alega que o Irã tomou a decisão em 1991, quando foi realizada a Conferência de Madri para lançar o processo de paz no Oriente Médio, depois que uma grande aliança liderada pelos EUA expulsara as forças iraquianas do Kuwait.

"Dois meses depois dos acordos de Oslo, começou o terrorismo suicida palestino", afirma o analista. Quando o primeiro-ministro Yitzhak Rabin foi assassinado, em 5 de novembro de 1995, assumiu o primeiro-ministro Shimon Peres. Uma onda de atentados do Hamas e uma invasão ao Sul do Líbano levaram à vitória, em 1996, do linha dura Benjamin Netanyahu, que acaba com o processo de paz.

Em 2000, o primeiro-ministro Ehud Barak ainda tentou fazer um acordo definitivo com Yasser Arafat, sob mediação do presidente americano, Bill Clinton, em Camp David, nos EUA. O fracasso levou à segunda intifada, a Intifada Al-Acsa, o que Karmon vê como uma vitória do Hamas e dos rejeicionistas.

O Hamas venceu as eleições legislativas de 25 de janeiro de 2006 e chegou a formar o governo, mas acabou entrando em conflito com a Fatah, do presidente palestino, Mahmoud Abbas, e tomando o poder pela força na Faixa de Gaza.

Para o professor israelense, "tudo não passa da ambição hegemônica do Irã, que sonha em se tornar potência mundial". Ele acusa o presidente Ahmadinejad de pertencer a um grupo religioso xiita que espera o "retorno de Mahdi", o 12º Imã do xiismo. "O apocalipse é necessário para a volta do Messias".

Nesta linha revolucionária, o regime iraniano trabalha pela radicalização e islamização do Iraque, do Líbano e da Palestina, com forte impacto no Egito e na Jordânia, os dois únicos países árabes que assinaram acordos de paz com Israel, e risco de subversão das monarquias petroleiras do Golfo Pérsico. O Yêmen é 50% xiita e o Kuwait, 30%."

Com os mísseis de médio alcance já testados, o Irã é capaz de atingir a Europa.

"Em 2006", afirma o pesquisador, "Ahmadinejad decidiu ampliar a expansão da política externa da África para a América Latina, com o objetivo de combater a influência dos EUA na região".

Isso levou à aliança com o presidente da Venezuela e à abertura de 11 novas embaixadas no subcontinente. "Na Nicarágua, há 65 diplomatas iranianos". O presidente Evo Morales "reorientou o eixo da política de Oriente Médio da Bolívia do Cairo para Teerã".

O terrorista dos fundamentalistas muçulmanos ou jihadismo só cometeu dois atentados terroristas na América, em 1992 e 1994, contra a embaixada de Israel e uma associação cultural israelita, em Buenos Aires. Nos dois casos, as investigações apontaram para o Hesbolá e o Irã, levando a Justiça da Argentina a denunciar altos dirigentes iranianos, como o então presidente Ali Akbar Hachemi Rafsanjani.

"Quando um comandante do Hesbolá morreu, o governo Chávez fez declarações de apoio", acrescenta Karmon. "Há voos semanais regulares entre Caracas e Teerã. Já há campos de treinamento do Hesbolá em Guajira, na Venezuela, e venezuelanos sendo treinados no Líbano. O comandante Darnott, do Movimento Guaicapurano de Libertação Nacional, adotou uma ideologia islamo-cristã de libertação nacional."

Na Argentina, a aliança reúne o Movimento Patriótico Revolucionário Quebracho, bolivarista de esquerda, os árabes xiitas e militares de extrema direita como os ex-coronéis Aldo Rico e Mohamed Alí Seineldín, líderes dos caraspintadas que tentaram derrubar o presidente Raúl Alfonsín. Em 2006, o Quebracho impediu uma manifestação contra o Irã.

"A decisão estratégica do Irã seria política e economicamente legítima", pondera o professor israelense. "Mas esta infraestrutura pode ser usada contra os EUA e outros países da região."

Ex-presidente Alfonsín morre na Argentina

O ex-presidente argentino Raúl Ricardo Alfonsín morreu às 20h30 de hoje na sua casa em Buenos Aires. Ele tinha 82 anos e sofria de câncer de pulmão há mais de um ano.

Primeiro presidente depois da última ditadura militar (1976-83), Alfonsín governou a Argentina de 1983 a 1989 e enfrentou várias rebeliões de oficiais que não queriam ser processados pelos 30 mil desaparecimentos de pessoas atribuídos ao regime.

Seu governo foi marcado por essas rebeliões, que o levaram a aprovar as Leis de Obediência Devida e Ponto Final, garantindo a impunidade dos militares, com a exceção dos altos comandantes. Em 2005, o então presidente Néstor Kirchner revogou as duas leis, reabrindo os processos por violações dos direitos humanos.

Sob pressão de uma hiperinflação de 200% ao mês, Alfonsín foi forçado a deixar o cargo seis meses antes do fim do mandato, transferindo o poder ao sucessor eleito, Carlos Menem.

Netanyahu assume sem apoio popular

Por 69 a 45, a Knesset, o Parlamento de Israel, aprovou agora há pouco o novo governo formado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Mas a nova administração já começa sem apoio popular.

Uma pesquisa publicada pelo jornal liberal israelense Haaretz indica que 54% dos israelenses não confiam que o novo governo seja capaz de resolver os problemas do país.

Em discurso no parlamento, Netanyahu disse que Israel tem dois grandes desafios: a crise econômica global e o programa nuclear do Irã, que estaria desenvolvendo armas atômicas. Na sua opinião, a questão iraniana é muito mais grave.

Preço de casas cai 19% nos EUA em um ano

O preço médio das casas em 20 regiões metropolitanas dos Estados Unidos registrava em janeiro uma queda de 19% na comparação com o mesmo mês no ano passado, revelou ontem o índice Case-Schiller, que estuda o mercado imobiliário.

Em algumas regiões, como em São Francisco da Califórnia, a desvalorização supera os 30%. Em Phoenix, no Arizona, chegou a 35%; em Las Vegas, a 32%; e em Miami a 29%.

OCDE prevê contração mundial de 2,75%

A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê uma retração de 2,75% este ano para a economia mundial e de 13,2% para o comércio internacional - a previsão mais pessimista até agora feita por uma instituição internacional.

O desemprego deve passar de 10% em quase todos os países ricos, com o total de novos desempregados passando de 25 milhões nos 30 países-membros do grupo. Os EUA e a zona do euro devem encolher 4% e o Japão, 6%.

Para o Brasil, a expectativa é de contração de 0,3%.

Desemprego sobe para 4% e Japão faz novo plano

O desemprego no Japão subiu de 4,1% em janeiro para 4,4% em fevereiro.

Com uma queda pela metade das exportações em um ano, o primeiro-ministro Taro Aso deve anunciar um plano extra de estímulo econômico antes de seguir para a reunião de cúpula do Grupo dos Vinte países mais ricos do mundo a ser realizada quinta-feira, 2 de abril, em Londres. A promessa é gerar 2 milhões de empregos.

Será o terceiro plano de estímulo do governo japonês para combater a crise, que atingiu severamente o país, algo em torno de 30 trilhões de ienes, equivalentes a US$ 200 bilhões, na expectativa de tirar a segunda maior economia do mundo da mais severa recessão em 35 anos.

Médicos recontam a colonização da Ásia

Mais de 3 mil médicos contratados pela Companhia Holandesa das Índias Orientais trabalharam da África do Sul ao Japão. Acabaram com má reputação porque enfrentaram doenças tropicais incuráveis na época.

Apesar da imagem negativa, um livro publicado no dia 26 de março pela Universidade de Amsterdã resgata o lado heróico da saga daqueles pioneiros, concluindo que faziam um trabalho com a qualidade da melhor medicina da época. Não eram médicos de segunda classe que não conseguiam trabalho na Europa.

Para escrever Médicos dos Navios da Companhia Holandesa das Índias Orientais: comércio e progresso da medicina no século 18 (Amsterdam: University of Amsterdam Press, 2009), a pesquisadora Iris Bruijn examinou os registros dos trabalhos de 3 mil médicos contratados pela empresa.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Cheney é acusado de dirigir esquadrão da morte

Durante o governo George W. Bush, os Estados Unidos criaram um esquadrão da morte para atuar no exterior sem o conhecimento do Congresso, denunciou o jornalista investigativo Seymour Hersh, da revista The New Yorker, em palestra na Universidade de Minnesota na semana passada.

"Depois de 11 de setembro de 2001, a Agência Central de Inteligência (CIA) esteve profundamente envolvida com atividades domésticas contra pessoas que acreditava serem inimigos do Estado, sem qualquer autoridade legal para isso", acusou o jornalista.

Hersh descreveu a Unidade Conjunta de Operações Especiais como "uma ala especial de nossa comunidade de operações especiais estabelecida independentemente. Ela não presta contas a ninguém. Na era Bush-Cheney, estava diretamente ligada ao gabinete do vice-presidente Dick Cheney... O Congresso não tem nenhum controle sobre ela."

Obama dá ultimato a GM e Chrysler

Reestruturem-se ou peçam concordata: este foi o ultimato que o presidente Barack Obama deu hoje à General Motors e à Chrysler. As duas empresas tinham prazo até amanhã para apresentar planos de recuperação viáveis.

O presidente reafirmou o compromisso de ajudar uma indústria que é um símbolo do "espírito americano", mas disse que as montadoras de automóveis precisam fazer muito mais.

Sob pressão da Casa Branca, o presidente da GM, Rick Wagoner, pediu demissão. Agora, a empresa terá mais dois meses para apresentar um projeto de retorno à lucratividade.

No ano passado, a GM recebeu US$ 13,4 bilhões em empréstimos de emergência para fechar suas contas.

A Chrysler, que recebeu US$ 4 bilhões e está pedindo mais US$ 6 bilhões, tem um mês para acertar uma fusão com a italiana Fiat. Depois do ultimato de Obama, a Chrysler declarou ter chegado a um acordo prévio, mas depois recuou e admitiu que ainda falta acertar muitos detalhes.

Se a GM e a Chyrsler não cumprirem os prazos estipulados por Obama, só lhes restará a alternativa de pedir concordata, que é um pedido de proteção à Justiça contra credores interessados em canibalizar os ativos da empresa.

Terror ataca academia de polícia no Paquistão

Com tiros e granadas, extremistas muçulmanos atacaram hoje uma academia da polícia do Paquistão na cidade de Lahore, considerada capital cultural do país. Pelo menos 12pessoas morreram, sendo oito cadetes e quatro atacantes. Outras 50 saíram feridas. Os terroristas ainda estão atirando dentro do prédio.

A principal suspeita recai sobre os diferentes grupos de jihadistas que proliferam no Paquistão, onde a seleção de críquete do Sri Lanka foi atacada recentemente, entre outros inúmeros ataques cometidos por fundamentalistas islâmicos em que cerca de mil pessoas foram mortas nos últimos dois anos.

O grupo acusado pelo ataque de 26, 27 e 28 de novembro do ano passado contra Mumbai, na Índia, Lashkar-e-Taiba, o Exército dos Puros, acaba de invadir a Caxemira indiana, matando oito soldados do país vizinho e inimigo histórico.

Esses grupos e os talebãs do Paquistão e do Afeganistão tem o apoio do serviço secreto militar paquistanês, afirmou na semana passada o New York Times citando como fonte agentes secretos americanos (leia mais abaixo).

Os EUA estão convencidos de que setores da cúpula militar do Paquistão usam esses grupos irregulares para atacar a Índia e, no caso dos Talebã, manter a influência paquistanesa no vizinho Afeganistão, dilacerado por décadas de guerra. Para Washington, mais problemática é sua aliança com a rede terrorista Al Caeda.

Por isso, a estratégia do presidente Barack Obama para a guerra no Afeganistão muda o foco para o Paquistão. Sem acabar com essa ajuda em dinheiro, armas, munição, suprimentos militares e planejamento estratégico dada pelos militares paquistaneses a radicais muçulmanos, será impossível derrotar o jihadismo na região que Obama considera a "mais perigosa do mundo".

Está em teste a lealdade e a obediência dos militares às autoridades civis paquistanesas.

O Exército, que é quem manda de fato no Paquistão, vai acomodar o radicalismo muçulmano em suas fileiras, fechando-se para preservar o poder das Forças Armadas? Ou vai dar prioridade à aliança com os EUA e colaborar com o governo civil no desmantelamento dos grupos terroristas?

Único país muçulmano com armas nucleares, o Paquistão está à beira do abismo.

Presidente da GM cai sob pressão de Obama

Sob pressão da Casa Branca, o presidente da General Motors, Rick Wagoner, vai deixar o cargo.

O presidente Barack Obama concordou em dar mais ajuda à indústria automobilística dos EUA. Mas deixou claro que a GM e a Chrysler precisam fazer muito mais.

As duas empresas sobrevivem com uma ajuda de US$ 17,4 bilhões do Tesouro. Até 31 de março, deveriam apresentar planos de reestruturação de longo prazo para provar sua viabilidade econômica. A GM perdeu o prazo.

domingo, 29 de março de 2009

Guerra cibernética chinesa espiona 100 países

Uma ampla rede de espionagem supostamente articulada pelos serviços secretos da China obteve dados sigilosos de centenas de computadores dos governos de mais de 100 países, revelaram pesquisadores]s da Universidade de Toronto, no Canadá.

Os investigadores descobriram 1.295 computadores invadidos e infectados no mundo inteiro. Eles acompanharam o roubo de documentos e acompanharam os usuários com câmeras e microfones.

É provável que o relatório, rejeitado pelas autoridades chinesas, aumente o alerta internacional sobre a guerra cibernética e a ação dos hackers a serviço do governo comunista da China. A proporção de alvos de grande valor indicam se tratar de uma operação de espionagem e não de atuação de criminosos.

Dos 1.295 computadores infectados, 397 "eram significativos para as relações entre a China e o Tibete, Taiwan ou a Índia, ou pertenciam a embaixadas, missões diplomáticas, ministérios ou organizações internacionais".

A investigação durou 10 meses e foi realizada a pedido do governo tibetano no exílio, liderado pelo 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso. Vários computadores do escritório do Dalai Lama foram infiltrados.

O centro das operações de espionagem chinesas é a ilha de Hainã, sede do serviço secreto militar chinês Lingshui.

Para o diretor nacional de inteligência dos Estados Unidos, Dennis Blair, grandes potências como a China e a Rússia representam uma ameaça muito maior de guerra cibernética do que grupos extremistas muçulmanos: "Partem da China a maioria dos ataques do exterior contra organizações americanas. Ficam em segundo lugar, depois dos ataques originados nos EUA".

Em 2007, hackers chineses entraram no computador do secretário da Defesa, Robert Gates, mas não tiveram acesso a dados confidenciais do Pentágono. No ano passado, invadiram computadores da Casa Branca.

G-20 acha linguagem comum contra protecionismo

O Grupo dos 20 (G-20) países mais ricos chegou a um acordo para rejeitar o protecionismo econômico mas não se entendeu quanto à necessidade de gastos públicos adicionais coordenados para retomar o crescimento da economia mundial.

É o que revela um anteprojeto de documento final da reunião de cúpula do G-20 marcada para quinta-feira, 2 de abril, em Londres, para buscar soluções para a crise econômica global.

A União Europeia, especialmente a Alemanha e a França, resistem à proposta americana de um estímulo fiscal coordenado vigoroso para aumentar o consumo com dinheiro público neste momento de forte retração no setor privado.

Leia mais no Financial Times e veja o anteprojeto da Declaração de Londres.

Colunista do NY Times compara Lula ao papa

Depois do papa Bento XVI dizer na África que o uso da camisinha pode até agravar a epidemia de aids, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entra no festival da besteira que assola o planeta (reutilizando a idéia de Stanislaw Ponte Preta) ao acusar "o comportamento irracional de brancos de olhos azuis" pela crise financeira global.

Neste domingo, Maureen Dowd, do jornal The New York Times, chamou-os de "lunáticos internacionais".

Ela observa que a chegada de Barack Obama e sua família à Casa Branca ajuda a dar também aos olhos castanhos a imagem de vencedores.

Restam US$ 134 bilhões do plano anticrise de Bush

Sobram apenas US$ 134,5 bilhões do Programa de Remoção de Ativos Tóxicos (TARP, do inglês) do Plano de Estabilização Financeira de US$ 700 bilhões do governo George W. Bush, admite o Tesouro dos Estados Unidos.

Cerca de 81% dos recursos foram entregues a instituições financeiras em risco ou estão comprometidos. Mas o novo secretário do Tesouro, Timothy Geithner, acaba de lançar um novo plano para que uma parceria público-privada compre até US$ 1 trilhão em papéis pobres em poder de bancos e instituições financeiras.

Isso significa que o programa inicial foi inútil? Confira no Wall Street Journal essa confusa e obscura matemática financeira.

Ruptura de barragem mata ao menos 91 na Indonésia

Subiu para 91 hoje o total de mortos pela explosão de uma barragem na sexta-feira perto de Jacarta, a capital da Indonésia. Mais de cem pessoas continuam desaparecidas e presumivelmente estão mortas.

A barragem se rompeu depois de chuvas torrenciais, provocando uma verdadeira tsuname que arrastou casas, causou uma inundação-relâmpago, e abriu uma cratera profunda e longa no meio de uma das regiões de maior densidade populacional do mundo.

Embora as cheias sejam comuns nesta época do ano que é a estação chuvosa na Indonésia, o colapso da barragem indica negligência, falta da manutenção e incompetência administrativa. Junto com a corrupção, elas compõem o quadro político que leva a uma tragédia desta magnitude.

sábado, 28 de março de 2009

Protestos contra G-20 começam em Londres

O movimento antiglobalização, seus aliados anarquistas e outros grupos iniciaram hoje os protestos contra a reunião de cúpula do Grupo dos 20 (G-20) países mais ricos do mundo, entre eles o Brasil, marcada para 2 de abril em Londres.

Cerca de 35 mil pessoas marcharam pelo centro da capital britânica sob forte vigilância polícial para impedir violência e distúrbios. A multidão pediu "emprego, justiça e combate à mudança do clima".

G-20 vai impor regras aos paraísos fiscais

Se não chegou a um acordo sobre como combater a crise econômica global, é praticamente certo que a conferência de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20) de 2 de abril, em Londres, imponha regras para o funcionamento dos paraísos fiscais, onde em teoria as pessoas podem proteger o seu dinheiro de governos corruptos e ladrões.

Na realidade, os corruptos e ladrões de colarinho branco, além das diferentes gangues do crime organizado, estão entre os principais clientes desses paraísos livres de impostos.

Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos passaram a apoiar um controle maior dos paraísos fiscais.

Agora, na reunião do G-20, deve sair uma série de normas sobre transparência, supervisão e conduta dos paraísos fiscais, como parte do debate maior sofre a reforma do sistema financeiro internacional.

De resto, espera-se um discurso comum sobre programas de estímulo ao crescimento econômica, que o presidente Barack Obama faz e pede ao resto do mundo que faça, mas que a Alemanha e a França rejeitam, e uma proposta de supervisão coordenada dos sistema regulatórios nacionais.

O presidente Obama concorda na necessidade de fiscalizar todas os produtos e empresas financeiras, inclusive os fundos de hedge. Mas dificilmente vai aceitar a criação de uma estrutura supranacional para fiscalizar o sistema financeiro americano. Seria uma cessão de soberania.

Karzai e Zardari apoiam estratégia de Obama

Tanto o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, quanto o do Paquistão, Assif Ali Zardari, apoiaram a nova estratégia do presidente Barack Obama para a guerra contra os extremistas muçulmanos da rede terrorista Al Caeda e da milícia dos Talebã (Estudantes) nos dois países.

Vamos ver se tem poder para isso.

Obama vai mandar mais 4 mil soldados para treinar as forças de segurança afegãs, além das 17 mil tropas de combate que anunciara logo depois da posse. Como já havia 38 mil soldados americanos no Afeganistão, o total vai passar para 61 mil.

O custo da guerra para os Estados Unidos, estimado hoje em US$ 2 bilhões por mês, deve subir 60% para US$ 3,2 bilhões.

No Paquistão, um país soberano, é o governo que precisa combater os seus talebã. Os EUA estão convencidos de que membros da cúpula do serviço secreto militar paquistanês ajuda a milícia dos Talebã (Estudantes) com dinheiro, armas, munições, suprimentos militares e orientação estratégica.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Obama vira foco da guerra para o Paquistão

O presidente Barack Obama anunciou hoje a nova estratégia dos Estados Unidos na Guerra do Afeganistão, onde enfrenta a milícia fundamentalista dos Talebã.

Obama vai mandar mais 4 mil soldados americanos para treinar as forças de segurança do Afeganistão, além das 17 mil tropas de combate que anunciara quando tomou posse, e uma ajuda de US$ 1,5 bi ao Paquistão.

A meta é desmantelar derrotar Al Caeda no Afeganistão e no Paquistão. A despesa com a guerra, hoje em US$ 2 bi por mês, deve aumentar 60%. O foco principal é o Paquistão, onde estariam refugiados os líderes d'al Caeda e dos Talebã

Para mostrar que a vitória não será fácil, um terrorista suicida matou pelo menos 50 pessoas hoje num atentado numa mesquita no Noroeste do Paquistão.

Ordens à indústria européia caem 34,1%

As encomendas para a indústria dos 16 países que usam o euro como moeda caiu 3,4% em janeiro. Nos últimos 12 meses, a redução foi de 34,1%.

Comentário de Lula atinge Gordon Brown

Ao acusar "brancos de olhos azuis" pela crise financeira global ontem ao receber o primeiro-ministro Gordon Brown no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou atingindo o convidado, que enfrenta uma situação política muito difícil no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. A assessoria do primeiro-ministro tentou reduzir a importância da alfinetada de Lula dizendo que ela se destina ao público brasileiro.

Como anfitrião da conferência de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20), acuado por uma forte queda de popularidade em casa mesmo antes da crise e tendo de se submeter a eleições até a metade de 2010, Brown precisa definitivamente apresentar a reunião como um sucesso e ele como o grande articulador mundial do combate à crise. Afinal, como ministro das Finanças do governo Tony Blair (1997-2007), Brown passou anos prometendo acabar com os ciclos de euforia e depressão.

Para isso, tenta compatibilizar as posições conflitantes da Europa, que quer uma regulamentação internacional do sistema financeiro, e dos Estados Unidos, que querem regulamentações nacionais articuladas por uma supervisão global flexível e planos de estímulo fiscal para aumentar o investimento, a produção e o consumo.

A proposta de reforma do sistema financeiro americano apresentada ontem pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner para reformar e endurecer a regulamentação financeira dos EUA visa a fortalecer a posição americana em Londres para suportar o assédio, especialmente da Alemanha e da França, por uma instância reguladora internacional, o que me parece inaceitável do ponto de visto americano.

Total de famintos no mundo passa de um bilhão

Com a crise econômica global, que veio logo depois da crise mundial de alimentos, o total de famintos no mundo passou de um bilhão, alertou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos (FAO), Jacques Diouff, em entrevista ao Financial Times.

O diretor da FAO advertiu que a fome pode causar instabilidade e conflito em países pobres: "A segurança alimentar no mundo é uma questão de paz e segurança nacional".

No ano passado - por causa da crise mundial de alimentos causada pelo aumento do consumo e do preços dos produtos primários, inclusive o petróleo, e das secas e quebras de safra provocadas pelo aquecimento global -, houve distúrbios sociais por falta de comida em pelo menos 30 países.

EUA acusam Paquistão de apoiar Talebã

A campanha cada vez maior da Milicía dos Talebã (Estudantes) no Sul do Afeganistão tem a ajuda direta de membros da direção do Serviço de Inteligência das Forças Armadas do Paquistão, afirmam agentes dos Estados Unidos citados pelo jornal The New York Times.

O apoio vem em dinheiro, armas, suprimentos militares e orientação e planejamento estratégico na luta da milícia fundamentalista muçulmana que (des)governou o Afeganistão de 1996 a 2001 contra uma força internacional a ser engrossada em breve por 17 mil soldados americanos enviados pelo presidente Barack Obama.

Obama anuncia hoje sua nova estratégia para o conflito.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Geithner quer fiscalização independente

Em depoimento na Comissão de Finanças da Câmara, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, apresentou a proposta do governo Barack Obama para regulamentar o sistema financeiro, que inclui a criação de uma agência independente para fiscalizar todas as empresas e produtos financeiros.

Como antecipara na terça-feira, Geithner pediu mais poderes para que o governo assuma o controle de instituições financeiras que não sejam bancos, como seguradoras, fundos de hedge e fundos de capital de risco. Ele também quer aumentar as reservas que as empresas financeiras são obrigadas a fazer para enfrentar possíveis prejuízos.

As maiores exigências serão feitas para empresas capazes de abalar todo o sistema, como a seguradora AIG.

Geithner defendeu ainda a criação de uma estrutura global para supervisionar o sistema financeiro internacioal, como querem os europeus, sobretudo a Alemanha e a França.

OMC adverte para "estrangulamento" do comércio

O protecionismo econômico ameaça "estrangular suavemente" o comércio internacional, neutralizando o impacto positivo dos planos de aumento de gastos públicos para combater a crise, adverte a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Leia mais na agência de notícias France Presse.

PIB dos EUA caiu em ritmo de 6,3% ao ano

A queda no produto interno bruto dos Estados Unidos no último trimestre de 2008 foi num ritmo anual de 6,3%, e não de 6,2%, como estimado anteriormente.

Como a mudança é pequena, só confirma a gravidade da recessão. A principal causa foi um recuo de 23% no investimento das empresas.

Leia mais no Wall Street Journal.

Romênia terá ajuda de US$ 27 bilhões

Depois da Letônia e da Hungria, a Romênia fechou ontem um acordo para receber empréstimos de emergência de US$ 27 bilhões sob a coordenação do Fundo Monetário Internacional.

O FMI entra com US$ 17,5 bilhões. A União Européia, o Banco Mundial e o Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) contribuem com o resto.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Venda de casas e encomendas crescem nos EUA

A venda de casas novas subiu 4,7% nos Estados Unidos em fevereiro. É o ritmo mais forte em dez meses, que projeta um total anual de 337 mil. Mas o preço médio, de cerca de US$ 200 mil, foi 18% menor do que um ano atrás.

Já as encomendas de bens duráveis à indústria americana cresceram pela primeira vez em sete meses, a uma taxa de 3,4%. O índice de janeiro foi pior do que estimado iniciamente, uma queda de 7,3%.

Depois de uma queda de 11,3% em janeiro, as ordens de bens de capital (máquinas usadas na produção), excluído o setor de defesa, voltaram a subir.

Alguns analistas entendem que o sinal do início do fim da crise no setor habitacional será o aumento de preços dos imóveis residenciais. As vendas de casas foram mais fortes no Sul e no Oeste dos EUA.

Para a economista Dolores Conway, professora da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, "definitivamente, há sinais do início de uma recuperação no Sul da Califórnia. A gente procura nos dados uma tendência. As vendas de imóveis novos e usados estão subindo consistentemente. Logo, os preços deveriam subir também. Mas o desemprego ainda está aumentando. Enquanto o desemprego aumentar, os preços das casas não vão subir."

Primeiro-ministro tcheco ataca plano de Obama

Um dia depois da queda de seu governo, derrubado por um voto de desconfiança do parlamento da República Tcheca, o primeiro-ministro Mirek Topolanek resolveu sair atirando.

Em discurso no Parlamento Europeu, declarou que o plano de retomada do crescimento do governo Barack Obama vai "minar o sistema financeiro internacional" ao colocar dinheiro demais em circulação e é "um caminho para o inferno".

Como a República Tcheca ocupa a presidência rotativa da União Européia no primeiro semestre do ano, Topolanek foi no mínimo pouco diplomático, mas revelou o fosso que separa as posições da Europa e dos Estados Unidos às vésperas da conferência de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20). Na realidade, Topolanek é um thatcherista ortodoxo.

Em Nova York, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown tentou hoje convencer os americanos da necessidade, na era da globalização, de uma regulamentação financeira internacional para evitar crises.

Ao mesmo tempo, Brown tenta convencer os europeus a aceitar a proposta do governo Obama de um estímulo fiscal global coordenado, um choque de gastos públicos para impulsionar a retomada do crescimento econômico e a geração da empregos.

Netanyahu promete ser "parceiro para a paz"

Depois de receber ontem o apoio do Partido Trabalhista para formar um novo governo, o líder direitista e ex-primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu prometeu hoje negociar a paz com a Autoridade Nacional Palestina.

No primeiro governo Netanyahu (1996-99), o processo de paz com os palestinos ficou estagnado. Agora, como primeiro-ministro designado, ele se apresentou como "um parceiro para a paz, a segurança e o rápido desenvolvimento econômico palestino".

A organização não governamental Human Rights Watch (Vigília dos Direitos Humanos) acusou hoje o Exército de Israel de usar bombas incendiárias de fósforo na guerra contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) no final do ano passado e início deste na Faixa de Gaza, quando mais de 1,4 mil palestinos foram mortos.

Para mostrar que a paz é possível, uma orquestra infanto-juvenil formada por palestinos da cidade de Jenin ensaia para um concerto para vítimas do Holocausto, o massacre dos judeus pela Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

FMI prevê início da recuperação em 2010

A economia mundial deve começar a se recuperar da pior crise dos últimos 70 anos a partir do início do próximo ano, previu hoje o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn.

Hillary admite que uso de drogas gera conflito

Em uma declaração sem precedentes, a secretária de Estado, Hillary Clinton, admitiu hoje, ao chegar ao México, que o "apetite insaciável dos americanos por drogas" alimenta a guerra do tráfico que dilacera o país vizinho.

Desde o início do ano passado, mais de 7 mil mexicanos foram mortos na guerra contra as drogas. As gangues do México já atuam dentro do território americano, de onde mandam dinheiro e armas para o combate contra o Exército, a Polícia e outros grupos mafiosos.

Hillary também reconheceu que a incapacidade dos Estados Unidos de controlar o contrabando de armas através da fronteira sul arma as gangues mexicanas.

Para colaborar com a guerra do governo mexicano contra as drogas, os EUA ofereceram uma ajuda de US$ 80 milhões para a compra de helicópteros ao mesmo tempo em que aumentam para quase US$ 900 bilhões o orçamento para patrulhar a fronteira com o México.

terça-feira, 24 de março de 2009

Obama vê "sinais de progresso"

Na sua segunda entrevista coletiva como presidente dos Estados Unidos, Barack Obama disse que vê "sinais de progresso" no combate à crise econômica.

Sob intensa pressão da opinião pública, especialmente depois do escândalo do pagamento de US$ 165 milhões em bônus a executivos da megasseguradora AIG (American International Group), que recebeu US$ 183 bilhões em dinheiro público, Obama voltou a defender a aprovação de sua proposta orçamentária de US$ 3,55 bilhões para gerar empregos.

"Não há solução rápida nem bala mágica", declarou Obama, acrescentando ter feito um plano múltiplo de combate à crise, para criar empregos, sanear o sistema financeiro, retomar a construção de casas, os empréstimos e os negócios.

Obama se desculpou dizendo que está há apenas 60 dias na Casa Branca. Pediu tempo para que os planos de combate à crise, que chamou de amplos, para cercar os problemas por todos os lados, deem resultado.

Diante da onda de protestos e perseguições aos executivos do setor financeiro que ganharam fortunas depois de levar suas empresas à ruína, Obama fez uma declaração como se quisesse responder às acusações de ser um socialista. Disse que não se podem demonizar empresários e investidores que estão em busca de lucros porque foi esse espírito empreendedor que construiu os EUA.

Depois de uma semana passada muito ruim, com o escândalo dos bônus e a incerteza quanto ao futuro dos bancos, Obama tenta retomar a iniciativa.

Fábricas japonesas vendem 8% menos carros

A Federação dos Fabricantes de Automóveis do Japão prevê uma queda de 8% nas vendas no ano fiscal japonês de 2008, que termina em 31 de março de 2009.

Com a exceção da Suzuki, todas as empresas produziram menos em fevereiro. As vendas da Nissan caíram 51,3% e da Toyota em 49,6%.

China quer moeda internacional de reserva

Em discurso traduzido para o inglês no site do Banco Popular da China, o banco central chinês, seu presidente, Zhou Xiaochan defendeu a criação de uma moeda internacional de reserva sob o controle do Fundo Monetário Internacional para substituir o dólar. Mas admitiu que uma reforma dessas do sistema financeiro internacional exige muito tempo.

Sem falar no dólar, Zhou declara que "a explosão da atual crise e seus efeitos no mundo nos levam a enfrentar uma questão antiga mas ainda não resolvida, que tipo de moeda internacional de reserva precisamos para garantir a estabilidade financeira global e facilitar o crescimento econômico mundial, que foi um dos propósitos da fundação do FMI?"

É um sinal de que a China pretende cobrar um preço, se o Grupo dos Vinte países mais ricos do mundo ou especialmente os países ricos do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) quiserem que Beijim dê uma contribuição importante para reforçar o caixa do FMI.

Assim, o Fundo teria dinheiro para emprestar dinheiro a países em dificuldades. O Banco Mundial estima que os países em desenvolvimento podem ter um rombo de até US$ 750 bilhões.

Como o FMI tem US$ 250 bilhões, precisa de mais US$ 500 bilhões. O Japão e a Europa já ofereceram US$ 100 bilhões cada. Com US$ 1,95 trilhão, as maiores reservas cambiais do mundo, a China é forte candidata.

Onze dias atrás, o primeiro-ministro Wen Jiabao manifestou preocupação com a cotação da moeda americana, na qual está a maior parte das reservas chinesas.

Por enquanto, a China terá de continuar fazendo seu comércio exterior principalmente em dólares. Mas já deu sinais de que quer um peso político à altura de seu poderio econômico.

EUA reforçam patrulhamento da fronteira sul

Os Estados Unidos aumentaram hoje em US$ 189 milhões o orçamento para o patrulhamento da fronteira sul, que já tinha US$ 700 milhões destinados ao combate ao contrabando de drogas, armas e dinheiro através da fronteira com o México, onde o governo trava uma guerra contra gangues.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, chega amanhã ao México e na quinta-feira vai a Monterrey, a terceira maior cidade do país, que fica próxima à fronteira, na região em que se trava a guerra contra as drogas.

Desde que assumiu o poder, em dezembro de 2006, depois de uma eleição contestada pelo candidato esquerdista Andrés Manuel López Obrador, o presidente Felipe Calderón decidiu militarizar o combate às drogas

Ao mesmo tempo, adotou a estratégia americana de guerra contra as drogas e reconheceu a incapacidade da corrupta polícia mexicana de enfrentar o desafio. Esta guerra movida pelo Estado também gerou uma guerra de quadrilhas em disputas pelos pontos e rotas do tráfico.

Depois de quase 6 mil mortes no ano passado e pelo menos 1,5 mil este ano, a guerra do governo mexicano contra as máfias do tráfico de drogas atinge os EUA, onde está o mercado consumidor de drogas que gera a renda do tráfico.

Com os dólares da venda de drogas, as gangues compram armas nos EUA. Então o patrulhamento da fronteira será feito agora do lado americano, em busca das armas e do dinheiro do tráfico.

As gangues mexicanas já atuam até no Alaska, são extremamente violentas e recrutam soldados do tráfico na população carente americana.

O governo Barack Obama e a secretária da Segurança Interna, Janet Napolitano, estão respondendo a um pedido do presidente do México, Felipe Calderón, que arca com o maior ônus nesta guerra contra as drogas estimulada pelos EUA. As armas dos inimigos do governo mexicano na guerra contra as drogas são compradas legalmente no mercado americano.

Fed e Tesouro pedem mais poder ao Congresso

Em depoimento na Comisssão de Finanças da Câmara, tanto o secretário do Tesouro, Timothy Geither, quanto o presidente da Reserva Federal (Fed), o banco central americano, Ben Bernanke, pediram ao Congresso mais poderes legais para o governo poder assumir o controle de empresas financeiras que não sejam bancos.

O secretário Geithner alegou que, se houvesse uma legislação assim em 16 de setembro, quando a seguradora AIG entrou em colapso, o governo poderia ter procedido a uma reestruturação mais ordeira da empresa e suas dívidas a um custo menor para o contribuinte.

Desde então, a AIG recebeu US$ 183 bilhões e provocou revolta ao pagar US$ 218 milhões em bônus a seus executivos do setor de produtos financeiro, justamente o que derrubou a empresa. Foi descrito por Bernanke como um fundo de hedge (proteção) dentro de uma grande seguradora.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Altos executivos da AIG devolvem bônus

Dos 20 altos executivos da seguradora AIG (American International Group) que receberam bônus com dinheiro público apesar do prejuízo recorde da empresa, de US$ 62 bilhões no último trimestre de 2008, 15 concordaram em devolver integralmente o prêmio, revelou hoje o procurador-geral do estado de Nova York, Andrew Cuomo.

O total devolvido chegaria a US$ 30 milhões dos US$ 218 bilhões pagos pela empresa como bonificação a seus funcionários do departamento de produtos financeiros. A AIG recebeu US$ 183 bilhões dos cofres públicos para não quebrar.

Revenda de casas cresce 5,1% nos EUA

Depois de atingir no mês passado o menor nível em 12 anos, a venda de imóveis residenciais usados subiu 5,1% em fevereiro nos Estados Unidos, surpreendendo o mercado.

Mas os preços continuam caindo. Isso indica que o aumento de vendas se deve mais à queda nos preços do que a uma recuperação real do mercado.

O ritmo atual de revenda de habitações nos EUA projeta 4,72 milhões de negócios em um ano.

Governo Obama lança plano para bancos

Para descapitalizar os bancos dos Estados Unidos e destravar os mercados de crédito, o governo Barack Obama anunciou hoje um novo plano para estabilizar o sistema financeiro.

O Tesouro vai entrar com US$ 75 bilhões a US$ 100 bilhões em uma parceria público-privada para criar um fundo de investimentos para comprar US$ 500 bilhões em títulos desvalorizados pela crise.

A expectativa é que os preços sejam formados em leilões, com a participação de agentes privados ajudando a avaliar melhor os chamados papéis podres.

Se tudo der certo, o programa deve ser ampliado para resgatar até US$ 1 trilhão em ativos tóxicos que contaminam as carteiras dos bancos. O custo total já foi estimado em US# 5,4 trilhões pelo banco Goldman Sachs.

Para o economista Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2008, o maior risco é que o plano fracasse e tire força política do governo Obama para nacionalizar os bancos, o que Krugman acredita ser a melhor solução.

Banco Mundial prevê recessão mais profunda

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, espera uma recessão mais profunda do que anunciado até agora, com queda de 1% a 2% no produto mundial bruto.

A última previsão do Fundo Monetário Internacional, revelada na semana passada, é uma contração da economia mundial de 0,5% a 1%.

Leia mais no jornal espanhol El País.

domingo, 22 de março de 2009

Primeiro-ministro da Hungria pede demissão

Diante do forte impacto da crise econômica e financeira global, e da divisão do seu Partido Socialista sobre como cortar gastos e enfrentar o problema, o primeiro-ministro da Hungria, Ferenc Gyurcsány, pediu demissão no sábado, dando duas semanas ao partido para indicar um sucessor.

É o quarto governo que cai em consequencia de crise econômico-financeira global, depois da Nova Zelândia, Islândia e Letônia.

Como não há candidato forte, pode ser uma manobra para Gyurcsány ser reconduzido ao cargo. Por causa da crise econômica, sua impopularidade é enorme.

Gyurcsány chegou a defender um grande programa de estabilização pan-europeu de 180 bilhões de euros em uma reunião de cúpula da União Europeia. Mas a Alemanha sempre rejeitou um resgate financeiro de todos os países. Como maior economia da UE, teria de pagar a maior parte da conta.

Num ano eleitoral, com a produção industrial desabando e o desemprego em alta, é difícil explicar para o eleitor alemão que ele precisa cobrir rombos criados pela alavancagem da Europa Oriental. Só mesmo para salvar a UE de um colapso.

A fuga de capitais impediu a Hungria de pagar suas contas. Em outubro, ao país não conseguiu mais vender bônus para financiar sua dívida. Teve de apelar para uma ajuda de emergência de US$ 25 bilhões do FMI, do Banco Mundial e da UE.

Com a desvalorização da moeda nacional, empresas e pessoas endividadas em moedas forte não conseguem honrar seus pagamentos.

Sem sucesso nem externa nem internamente, o primeiro-ministro Ferenc Gyurcsány declarou: "Se sou um obstáculo à mudança, vou remover esse obstáculo. Cometi erros ao avaliar nosso poder e nossas possibilidades. Em momentos de grande importância, não falei claramente. Minha credibilidade ficou seriamente arranhada".

Chávez usa a Justiça para afastar rivais

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, usa a Justiça para se livrar de seus adversários políticos. Centenas de políticos, estudantes e ativistas estão sendo processados, revela neste domingo o jornal espanhol TEl País.

A ordem de prisão contra o líder oposicionista Manuel Rosales - candidato derrotado na eleição presidencial de 2006 na Venezuela, ex-governador do estado de Zulia e atual prefeito de Maracaibo, a segunda maior cidade do país -, feita na semana passada pela procuradora-geral do estado de Zulia, é apenas o exemplo mais recente e mais notório.

Com a exceção dos que foram julgados por tribunais militares, ninguém foi condenado. As prisões preventivas, o atraso nos processos e as medidas protelatórias de juízes e promotores mantem esses processos em andamento - e afastam os réus do processo político.

Desde 2002, pelo menos 20 venezualanos -entre eles um ex-governador, um prefeito, um banqueiro e 13 policiais- estão presos há seis anos sem sentença condenatória, denuncia a organização não governamental Foro Penal Venezuelano.

Ao menos 272 funcionários foram proibidos de exercer cargos públicos e 256 estudantes foram detidos por participar de manifestações de protesto. Eles estão proibidos de deixar o país e precisam se apresentar regularmente à Justiça. Jornalistas e ativistas de ONGs foram acusados no Parlamento e na Justiça de "traição à pátria" por receber supostamente dinheiro do exterior sem que nada tenha sido provado.

"O que se pretende com tudo isso", afirma o advogado Gonzalo Himiob, do Foro Penal, "não é buscar a verdade através de um processo. O processo em si mesmo se converte numa sanção, além do que possa provar. A investigação pende permanentemente sobre as pessoas como uma espada de Dâmocles".

• Chávez enfrenta problemas com a crise econômica global e a acetuada queda nos preços do petróleo, que chegaram a US$ 147,50 em julho de 2008 e estão hoje em torno de US$ 50. O caudilho venezuelano anunciou um corte de 7% no orçamento e o aumento no Imposto de Valor Agregado (IVA), equivalente ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Líder do Hamas elogia "nova linguagem" de Obama

Do exílio em Damasco, na Síria, o dirigente máximo do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Khaled Mechal, elogiou a "nova linguagem" do presidente Barack Obama em relação ao Oriente Médio e manifestou a esperança de que se traduza na melhoria das políticas dos Estados Unidos e da Europa para a região.

"Uma nova linguagem sobre a região está vindo do presidente Obama", declarou Mechal em entrevista ao jornal italiano La Repubblica. "O desafio para todos é fazer disso o prelúdio de uma mudança genuína nas políticas dos EUA e da Europa. Uma abertura em relação Hamas é uma questão de tempo.

Mechal estava se referindo às propostas de diálogo de Obama à Síria e ao Irã.

No sábado, o Supremo Líder iraniano, aiatolá Ali Khamenei, reagiu friamente, alegando que a oferta de "um recomeço" nas relações entre os EUA e o Irã proposta por Obama é apenas um "slogan" mas disse estar pronto a responder positivamente a qualquer mudança contra na política externa americana para o país.

sábado, 21 de março de 2009

Líder do Irã pede novo comportamento dos EUA

O Supremo Líder político e espiritual da revolução islâmica do Irã, aiatolá Ali Khamenei, respondeu hoje formalmente à proposta de diálogo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, dizendo que o país precisa mudar o comportamento e não apenas o discurso.

Ontem, no Ano Novo iraniano, Obama enviou uma mensagem ao governo e ao povo do Irã propondo um amplo diálogo para resolver todos os problemas entre os dois países. Eles romperam relações diplomáticas em 1979, depois da revolução liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, que derrubou o xá Reza Pahlevi, um aliado dos EUA.

Durante 444 dias, de 4 de novembro de 1979 a 20 de janeiro de 1981, estudantes islâmicos radicais ocuparam a Embaixada dos EUA em Teerã e mantiveram reféns 52 diplomatas americanos.

Desde então, os líderes da república dos aiatolás chamam os EUA de Grande Satã. O Departamento de Estado americano coloca regularmente o Irã na lista dos países que apóiam o terrorismo pela ajuda que dá a grupos como Movimento de Resistência Islâmico (Hamas) palestino e a milícia fundamentalista xiita Hesbolá (Partido de Deus), no Líbano.

Em 28 de janeiro de 2002, no Discurso sobre o Estado da União, em que o presidente dos EUA presta contas e apresenta seus planos no Congresso, George W. Bush usou a expressão "eixo do mal" para agrupar a Coreia do Norte, o Irã e o Iraque.

Bush estava preparando o povo americano para a invasão do Iraque, mas a Coreia do Norte e o Irã viram uma séria ameaça e aceleraram seus programas nucleares.

A Coreia do Norte faz uma chantagem nuclear em troca de ajuda econômica, energia e alimentos, mas um Irã com armas atômicas seria uma força de desestabilização do Oriente Médio, onde já é uma potência regional.

Sob a ótica do regime iraniano, por que o Irã não pode ter armas nucleares se o vizinho Paquistão e Israel tem?

Do ponto de vista dos EUA e da Europa, armas nucleares nas mãos do regime revolucionário iraniano serão um fator de desestabilização do Oriente Médio e um perigo a mais para Israel, que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ameaçou "varrer do mapa". Se o Irã tiver armas nucleares, o Egito, a Síria e a Arábia Saudita, sem falar no Iraque, também vão querer.

Há o risco de uma corrida armamentista nuclear.

Na realidade, se um país pobre e relativamente atrasado como o Paquistão pode fabricar armas nucleares, como observou um analista estratégico americano, qualquer um pode.

O Irã quer que os EUA mudem seu comportamento. Mas o objetivo estratégico, sob Obama, é o mesmo: impedir o Irã de ter a bomba atômica. A república e a revolução islâmicas acreditam que tem esse direito. Será um diálogo longo, tortuoso e difícil.

EUA anunciam segunda-feira plano para bancos

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner, deve anunciar finalmente na segunda-feira como será o plano do governo Barack Obama para remover os papéis pobres ou ativos tóxicos, os títulos que sofrerem forte desvalorização por serem ligados a dívidas incobráveis.

Leia mais no jornal americano The Wall Street Journal.

O New York Times antecipa que haverá grandes subsídios para os investidores que comprarem os papéis podres, que devem se valorizar quando as empresas e a economia como um todo se recuperarem.

AIG pagou US$ 165 milhões em bônus

O procurador geral do estado de Connecticut, Richard Blumenthal, revelou hoje que a megasseguradora americana AIG (American International Group) pagou US$ 218 milhões em bônus a seus executivos do departamento de produtos financeiros, responsável pelo colapso da empresa, em setembro do ano passado.

Depois da iniciativa do procurador-geral do estado de Nova York, ontem 19 procuradores-gerais de outros estados decidiram iniciar suas próprias investigações sobre o escândalo dos bônus pagos com dinheiro público pelas empresas salvas pelo Tesouro.

Com base nos documentos examinados, Blumenthal concluiu que 73 pessoas receberam pelo menos US$1 milhão. Pelo menos cinco diretores ganharam mais de US$ 4 milhão.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Orçamento de Obama projeta décifit de US$ 9 bi

O Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos advertiu hoje que a proposta orçamentária do presidente Barack Obama projeta um déficit público federal de US$ 9,3 trilhões de 2010 a 2019.

A reação do governo Obama foi alegar que os cálculos se baseiam em previsões de crescimento diferentes para a economia na americana na próxima década.

Produção industrial européia cai ainda mais

A produção industrial dos 27 países da União Europeia caiu 2,9% em janeiro e 16,3% nos últimos 12 meses, revelou hoje a Eurostat, o instituto de estatísticas do bloco europeu. Na zona do euro, desde janeiro com 16 países por causa da entrada da Eslováquia, a queda mensal foi de 3,5% e a anual de 17,3%.

Em janeiro, só dois países da UE tiveram crescimento industrial, a Irlanda (+6,2%) e a Hungria (+2,5%). As maiores reduções foram na Letônia (-11,2%), em Portugal (-9,8%) e na Alemanha (-7,5%).

Nos últimos 12 meses como um todo, nenhum país comunitário teve crescimento industrial. As baixas mais acentuadas foram na Estônia (-26,8%), na Letônia (-23,9) e a Hungria (-21%). O melhor resultado foi da Irlanda (-0,8%), seguida da Lituânia (-4,7%) e Dinamarca (-9,6%).

Obama vai à TV mas não evita a AIG

Barack Obama quebrou mais um tabu da política americana: foi o primeiro presidente dos Estados Unidos no exercício do cargo a aparecer num programa de entrevistas ao vivo. Ontem à noite, Obama foi ao Jay Leno Show, mas não pôde evitar as questões sobre os bônus pagos a executivos de empresas salvas com dinheiro público.

Mais importante do que o dinheiro pago pela seguradora AIG (American International Group) a seus executivos, respondeu Obama, é toda uma cultura dominante no mercado financeiro de assumir riscos exagerados para ter altos ganhos em pouco tempo, já que esses ganhos são generosamente recompensados com bônus milionários.

Sob intensa pressão da opinião pública, seguindo o exemplo de Nova York, os procuradores-gerais de 19 estados abriram inquéritos para saber se alguém recebeu bônus da AIG na sua jurisdição.

Os executivos da empresa já se queixam de perseguição. A AIG foi a empresa que deflagrou o lançamento do Plano de Estabilização Financeira do governo George W. Bush, de US$ 700 bilhões, e recebeu a maior parte até agora, US$ 183 bilhões ao todo, sendo que falta desembolsar uma parte.

Mas o governo americano é hoje o maior acionista. Tem 80% da AIG, afirma o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, deputado democrata Barney Frank. Reter parte dos US$ 30 bilhões prejudicaria a empresa e não os executivos recompensados apesar do prejuízo de US$ 62 bilhões que a AIG teve nos últimos três meses de 2008.

UE ajuda FMI e Europa Oriental

No fim de uma reunião de cúpula em Bruxelas, na Bélgica, os líderes dos 27 países da União Européia tomaram três medidas, destinando:

• 5 bilhões de euros (US$ 6,8 bilhões) para um programa que incentivo à inovação e desenvolvimento tecnológico de energias alternativas;

• 50 bilhões de euros (US$ 68 bilhões) para ajudar os países do bloco em dificuldades com a crise financeira global, especialmente da Europa Oriental; e

• 75 bilhões de euros (US$ 102 bilhões) para reforçar o caixa do Fundo Monetário Internacional (FMI).

FMI critica plano de recuperação dos EUA

A "falta de detalhes essenciais" no plano de estabilização do sistema financeiro dos Estados Unidos deixa incerteza no mercado sobre como o governo Barack Obama pretende recapitalizar os bancos do país, adverte um relatório divulgado ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para o mercado, o problema central é como avaliar os chamados ativos problemáticos, títulos que perderam valor com a crise. O relatório do FMI aumenta a pressão sobre o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que terá revelar em breve o mecanismo para criar um fundo público-privado para comprar esses papéis podres e sanear os balanços dos bancos.

"Os detalhes críticos sobre a avaliação dos ativos problemáticos não é clara", diz o Fundo, que vem divulgando trechos do relatório sobre a economia mundial em preparação para a conferência de cúpula dos 20 países mais ricos do mundo (G-20), a ser realizada em Londres, em 2 de abril, para buscar saídas para a crise.

Leia mais no Financial Times.

Obama manda mensagem de paz ao Irã

Em mensagem divulgada agora há pouco, com tradução em persa, em homenagem ao Ano Novo iraniano, o presidente Barack Obama propôs a abertura de um diálogo amplo para resolver todos os problemas entre os Estados Unidos e a república islâmica do Irã.

A data coincide com o sexto aniversário da invasão do Iraque e realça a mudança da política externa americana do uso da força da era Bush para a diplomacia de Obama.

Os dois países romperam relações diplomáticas depois da revolução islâmica de 1979, quando a Embaixada dos EUA em Teerã foi ocupada durante 444 dias e 52 diplomatas foram sequestrados, de 4 de novembro de 1979 a 20 de janeiro de 1981, dia da posse de Ronald Reagan na Casa Branca.

Durante a ocupação, no governo Jimmy Carter, os EUA fizeram uma tentativa fracassada de libertar os reféns. A crise provocou sua derrota para Reagan na eleição presidencial de 1980.

Desde então, os aiatolás e a Guarda Revolucionária, que dominam o regime ditatorial iraniano, chamam os EUA de Grande Satã e o Departamento de Estado americano coloca o Irã na lista de países que apóiam o terrorismo por sua ligação com grupos como a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá.

Em janeiro de 2002, o presidente George Walker Bush fez o discurso do Estado da União em que usou a expressão "eixo do mal" para se referir ao Irã, ao Iraque e à Coreia do Norte. Seu objetivo era preparar a opinião pública americana para a invasão do Iraque, mas Teerã e Pionguiangue levaram a ameaça a sério e aceleraram seus programas nucleares.

A grande questão no momento é a forte suspeita de que o programa nuclear iraniano tem como um dos objetivos fabricar armas atômicas. No ano passado, o governo Bush teria negado a Israel armas para atacar fortalezas subterrâneas que seriam utilizadas para abrigar as instalações nuclear do Irã.

Os falcões da era Bush, capitaneados pelo vice-presidente Dick Cheney, seriam a favor de um bombardeio cirúrgico ao Irã para pelo menos atrasar o desenvolvimento do programa nuclear do país.

Tudo o que Obama não quer é uma nova guerra no Oriente Médio, ainda mais contra o Irã, um país de tradições milenares, herdeiro da antiga Pérsia, muito mais forte e populoso do que o Iraque.

Sua jogada é abrir um diálogo amplo com o regime fundamentalista iraniano. Mas o objetivo é o mesmo: impedir o Irã de ter armas nucleares.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Câmara dos EUA taxa bônus em 90%

Por 328 votos contra 93, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou hoje uma lei para taxar em 90% dos bônus pagos a executivos de empresas salvas com mais de US$ 5 bilhões de dinheiro público.

A lei tenta abafar o escândalo provocado pelo pagamento de US$ 165 milhões de dólares em bônus pela seguradora AIG (America International Group) a executivos do setor de produtos financeiros, que derrubou a empresa, dando-lhe um prejuízo de US$ 62 bilhões no último trimestre de 2008.

Como a AIG recebeu desde setembro mais de US$ 180 bilhões, o pagamento de prêmios de produtividade com dinheiro público a executivos que afundaram a empresa foi considerado um abuso pelo governo e pela opinião pública americana.

No momento em que 12,5 milhões de americanos estão desempregados, sendo 4,4 milhões desde janeiro de 2008, quando a economia dos EUA entrou em declínio, virou um escândalo.

A maioria democrata na Câmara correu para apagar o incêndio e teve o apoio de 85 deputados republicanos e 243 democratas. Isso garantiu uma folgada vitória por mais de dois terços dos votos. Mas seis democratas e 87 republicanos votaram contra, alegando que o erro está no governo Barack Obama, que estaria supervisionando adequadamente o emprego dos US$ 700 bilhões do Programa de Eliminação de Ativos Problemáticos (TARP, do inglês).

Essa falta de controle vem do Plano de Estabilização Financeira do governo George W. Bush, feito às pressas pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, no momento de pânico do mercado, com o sistema financeiro dos EUA à beira do colapso. A maioria dos republicanos votou contra e continua contra.

"O povo disse não. Devolvam o nosso dinheiro", bradou da tribuna da Câmara o deputado democrata por Dakota do Norte Earl Pomeroy. "Quem recebeu esses cheques não tem vergonha? Vocês são profissionais perdedores e desgraçados", acrescentou, num arroubo populista.

Antes de receber dinheiro público, a AIG, que antes da crise era a segunda maior seguradora do mundo, doava generosamente para campanhas eleitorais de vários pesos pesados da política americana, inclusive Obama, Hillary Clinton e John McCain.

França faz segunda greve geral contra Sarkozy

Mais de 1,2 milhão de franceses saíram às ruas hoje na segunda greve geral em dois meses contra o presidente Nicolas Sarkozy, convocada pelas principais centrais sindicais da França.

Com a crise, o total de franceses desempregados passa de 2 milhões. A taxa de desemprego subiu para 7,8% na França continental e 8,2% se consideradas as colônias ultramarinas.

O primeiro-ministro François Fillon rejeitou a possibilidade de um novo pacote social e o presidente Sarkozy rechaçou a proposta de aumento de impostos feita pelos sindicatos declarando que não foi eleito para aumentar impostos.

FMI vê aprofundamento da recessão mundial

O Fundo Monetário Internacional vê um agravamento da crise econômica global e a confirmação de que este será o primeiro ano com queda na produção mundial depois de 1945. Já prevê contração de até 1% este ano na economia mundial este ano, com crescimento de 2,5% nos países em desenvolvimento. A previsão anterior era um recuo de 0,6%.

No relatório que será apresentado na reunião dos 20 países mais ricos do mundo (G-20) em 2 de abril, em Londres, o FMI registra que na produção, no nível de emprego e no comércio internacional.

Apesar dos planos trilionários dos países ricos, a produção de riqueza será menor em 2009. A retração deve ser de 2,6% nos Estados Unidos; de 3,2% nos países do euro; e de 5,8% no Japão.

Os países em desenvolvimento devem crescer, na média, de 1,5% a 2,5%. Para o Brasil, a previsão é de "forte desaceleração do crescimento" sem recessão.

Mesmo com o agravamento da crise, a União Européia, liderada pela primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, resiste à pressão americana por um aumento coordenado dos gastos públicos dos países do G-20 para estimular a retomada do crescimento.

No Japão, o governo anunciou um plano no valor equivalente a US$ 16 bilhões para manter o nível de emprego e ajudar os desempregados.

O governo dos EUA abriu uma linha de crédito especial de US$ 5 bilhões para fabricantes de autopeças.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Escândalo da AIG atinge Geithner

Em depoimento na Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o presidente da seguradora AIG (American International Group), Edward Liddy, declarou ter pedido aos executivos da empresa que receberam US$ 100 mil ou mais que devolvam pelo menos metade do dinheiro. O escândalo do pagamento de bônus com dinheiro público já atinge o governo Barack Obama.

Apesar de um prejuízo recorde de US$ 62 bilhões no fim do ano passado e de sobreviver com um empréstimo de US$ 173 bilhões do Tesouro, a AIG pagou, na sexta-feira passada, US$ 165 milhões em bônus a seus executivos do departamento de produtos financeiros, justamente o responsável pelo colapso da megasseguradora.

No mercado, circula uma piada: o que significa AIG? Arrogância, incompetência e ganância.

A audiência no Congresso americano foi tensa. O presidente da Comissão de Finanças da Câmara, o deputado democrata Barney Frank, afirmou que o governo é dono de 80% da AIG e vai exigir a devolução do dinheiro dos bônus.

Liddy pediu desculpas e alegou que está no comando da empresa há apenas seis meses, não sendo responsável portanto por contratos anteriores. Ele revelou ter pedido aos 293 executivos que ganharam mais de US$ 100 mil para que devolvam pelo menos metade do dinheiro e informou que alguns se prontificaram a devolver 100% do dinheiro público.

É normal que os executivos do setor financeiro ganhem bônus calculados com base no sucesso de suas transações. Mas, no caso do colapso de uma empresa salva com dinheiro público em meio a uma crise que já deixou 4,4 milhões de americanos desempregados, é imoral.

Com a ajuda de emergência do governo, tanto o Tesouro quando o banco central dos EUA (Reserva Federal, Fed) participam da diretoria da AIG. Portanto, sabiam do pagamento dos bônus e não fizeram nada para impedi-los.

O escândalo atingiu o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que até agora tem uma avaliação ruim no mercado. Ele não soube explicar claramente como será o programa de compra dos papéis podres, os títulos incobráveis ou ativos tóxicos que contaminam os balanços dos bancos.

Obama defendeu seu secretário do Tesouro alegando que os furos são da Lei de Estabilização Financeira do governo George W. Bush e que a responsabilidade final é dele, do presidente. No mercado financeiro, já há especuladores comprando papéis numa aposta de que Geithner não passa de junho.

Fed injeta mais US$ 1,2 trilhão no mercado

O Conselho da Reserva Federal (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu manter inalterada a taxa básica de juros em praticamente zero e ampliou o plano de saneamento financeiro do país.

Para mostrar que ainda tem instrumentos para enfrentar a crise mesmo com o juro zero, o Fed anunciou:
• a compra de US$ 300 bilhões de dólares em títulos de longo prazo da dívida do governo americano;
• a intenção de comprar até US$ 750 bilhões em títulos de crédito hipotecário;
• e dobrou para US$ 200 bilhões o total empenhado na compra de papéis podres em poder das agências de financiamento habitacional Freddie Mac e Fannie Mae.

Banco Mundial reduz previsão para China

O Banco Mundial reduziu sua previsão de crescimento para a China este ano de 7,5% para 6,5%, alinhando-se com a expectativa do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Na medida em que a crise se intensifica, as exportações da China são duramente atingidas, abalando a confiança e o investimento, especialmente no setor industrial", observa o relatório.

Um instituto de pesquisas chinês previu que o crescimento no primeiro trimestre deste ano deve projetar uma taxa anual de 6,5% contra 6,8% no último trimestre de 2008.

Maioria do G-20 toma medidas protecionistas

Apesar das promessas antiprotecionistas feitas na reunião de cúpula de novembro nos Estados Unidos, 17 dos 20 países mais ricos do mundo introduziram um total de 47 medidas restritivas a importações, afirma um relatório divulgado ontem pelo Banco Mundial. O Brasil está em eles por causa da ajuda do governo à indústria automobilística.

No relatório, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, adverte para os riscos do "isolacionismo econômico, capaz de levar a uma espiral negativa como a que vimos nos anos 30, que transformou uma situação muito ruim noutra muito pior".

O Grupo dos Vinte (G-20) reúne os países ricos do Grupo dos Sete (G-7), Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, a União Européia (UE) e as grandes economias emergentes: África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, México, Rússia e Turquia.

terça-feira, 17 de março de 2009

Congresso quer sobretaxar bônus da AIG

O presidente da Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o democrata Barney Frank, enviou carta à seguradora AIG (American International Group). Exige a revisão os contratos do ano passado para não pagar ou receber de volta o que pagou de bônus a seus executivos com os US$ 173 bilhões recebidos do Tesouro para não quebrar.

Se a empresa não recuar, Frank pretende propor uma lei para sobretaxar em até 90% quem recebeu esses bônus. O valor total é estimado em US$ 165 milhões.

Com mais de 70 milhões de segurados em 130 países, a AIG foi considerada grande demais para falir. Foi o pivô da crise. Além de segurar casas, automóveis, pessoas e todas as suas propriedades, também trabalha com grandes empresas, segurando de filmes de Hollywood a plataformas de petróleo contra tempestades.

Nos últimos anos, entrou na área de produtos financeiros, segurando títulos, operações de crédito e com derivativos. Foi esse setor que teve problemas.

Hoje a AIG declarou que gastou mais de US$ 100 bilhões do dinheiro público recebido com o pagamento de indenizações de seguro para bancos como o Goldman Sachs e outras instituições financeiras.

Quando a AIG virou alvo de ataques especulativos, em 15 de setembro de 2008, dia em que o banco de investimentos Lehman Brothers pediu concordata, o governo Bush recuou da posição de não salvar empresas em dificuldades.

A AIG foi a empresa que mais recebeu dinheiro do Plano de Estabilização Financeira do governo George W. Bush, de US$ 700 bilhões. Esse plano foi feito às pressas, quando a crise estourou, sem criar os mecanismos de supervisão e controle sobre como os empréstimos seriam pagos.

O escândalo dos bônus vem da era Bush mas enfraquece o presidente Barack Obama, adverte hoje o jornal The Washington Post. Reduz o apoio político e parlamentar aos planos ambiciosos do presidente.

Obama fez hoje mais um apelo ao Congresso para que aprove sua proposta orçamentária de US$ 3,6 trilhões. É difícil para deputados e senadores americanos se comprometerem com gastos desta ordem com dinheiro público no momento em que se vê que executivos que fracassaram saem da crise com os chamados paraquedas dourados.

Militares depõem presidente de Madagascar

Depois de meses de protestos e agitação social em que pelo menos 135 pessoas foram mortas, as Forças Armadas destituíram hoje o presidente de Madagascar, Marc Ravalomanana.

O maior beneficiário é o prefeito da capital e líder da oposição, Andry Rajoelina. Mas a União Africana e a União Europeia advertiram que podem não reconhecer nem dar ajuda a um governo nascido de um golpe de Estado.

Hoje os tanques do Exército cercaram o palácio presidencial em Antanarivo, a capital de Madagascar, a quarta maior ilha do mundo.

Lá dentro, o presidente entregou o poder ao comandante da Marinha. Mas quem apareceu para assumir o poder foi o prefeito Rajoelina, um ex-discotecário de 34 anos, jovem demais para ser presidente de Madagascar. A idade mínima prevista pela Constituição é 40 anos.

Em Adis Abeba, na Etiópia, a União Africana criticou a sucessão extraconstitucional, enquanto a UE ameaçava cortar a ajuda.

FMI revisa previsões econômicas

Na previsão anterior, o Fundo Monetário Internacional esperava uma queda de 0,5% na produção mundial este ano. Agora, rebaixou para 0,6% de contração em 2009 e expansão de 2,3% em 2010.

Esta é a nova perspectiva econômica 2009-2010:
Economia mundial: -0,6% +2,3%
EUA: -2,6% +0,2%
Eurozona: -3,2% +0,1%
Japão: -5% 0
América Latina: -0,6% +2,3%

Construção de casas aumenta nos EUA

Depois de sete meses de queda, a construção de casas aumentou 22,2% em fevereiro, e o número de alvarás de licença para o início de novas casas cresceu 3%.

Neste ritmo, em um ano, seriam construídas 583 mil casas. É muito mais do que as 477 mil casas por ano de janeiro e muito mais do que as 450 mil casas da média das previsões dos analistas.

O aumento de 3% nos alvarás de construção projeta a construção de 547 mil casas num ano.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Obama quer impedir AIG de dar bônus

O presidente Barack Obama pediu hoje ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, que explore todos os caminhos possíveis para impedir a seguradora AIG (American International Group) de pagar US$ 165 milhões em bônus a diretores e corretores.

A empresa recebeu US$ 173 bilhões em ajuda do governo para não quebrar e alega que o pagamento de bônus faz parte de contratos firmados no ano passado, antes do início do governo Obama.

Geithner ameaça não liberar parte da ajuda, enquanto o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, deputado Barney Frank, fala em afastar os diretores da empresa.

Chávez manda ocupar portos e aeroportos

Em mais um ato de força, o presidente Hugo Chávez mandou as Forças Armadas da Venezuela ocupar os portos e aeroportos dos estados governados pela oposição.

Ontem, no programa semanal de televisão Alô Presidente, o caudilho venezuelano mandou o comandante da Marinha tomar ainda esta semana o porto da cidade de Porto Cabello.

No mesmo programa, Chávez negou ter oferecido à Rússia uma base aérea na Venezuela, mas ressalvou que aviões de guerra russos podem usar os aeroportos venezuelanos quando precisarem.

Hoje, o presidente venezuelano admitiu aumentar o preço da gasolina pela primeira vez em 10 anos.

A Sociedade Interamericana de Imprensa acusou o governo venezuelano de "totalitário e ditatorial" por não cumprir as recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre a atividade jornalística.

Esquerda ganha eleição em El Salvador

Dezessete anos depois do fim de uma guerra civil em que 75 mil pessoas morreram, a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional chegou ao poder pelo voto. O presidente eleito, Mauricio Funes, é um jornalista de televisão sem passado de luta armada. Ele recebeu 51,6% dos votos contra 48,4% para a oposição.

Ao reconhecer a derrota, seu rival, Rodrigo Ávila, da Aliança Republica Nacionalista (Arena), que apoiava os governos militares nos tempos da Guerra Fria, acusou Funes de esconder na campanha suas ligações com Hugo Chávez e com o projeto bolivarista e socialista do presidente da Venezuela, que levaria El Salvador ao comunismo.

A Guerra Fria ainda reluta para morrer em algumas regiões mais atrasadas da América Latina. El Salvador herdou da guerra civil uma juventude sem esperança e uma geração acostumada a resolver problemas com base nas armas.

Os índices de criminalidade e violência de San Salvador estão entre os piores do continente.

domingo, 15 de março de 2009

Kirchner prepara candidatura à Câmara

Depois de antecipar as eleições legislativas de outubro para que o país possa se concentrar na solução da crise econômica, o governo Cristina Kirchner prepara agora o lançamento da candidatura do primeiro-marido, o ex-presidente Néstor Kirchner à Câmara pela província de Buenos Aires.

O casal Kirchner perdeu vários aliados nos últimos meses. A popularidade da presidente é de apenas um terço do eleitorado.

Por causa do calote da 2001 e da negociação forçada sob Kirchner, a Argentina não tem crédito interno nem externo para fazer políticas anticíclicas de combate à crise. E o conflito com o campo, iniciado há um ano, quando o governo começou a sobretaxar as exportações de grãos para fazer caixa num momento em que os preços dos produtos primários batiam recordes, volta com ainda mais força depois da pior seca em 49 anos no pampa argentino.

Enquanto os ruralistas estão sufocados pela seca e pela crise econômica global, o governo não pode perder arrecadação.

Assim, a antecipação das eleições é mais vista mais como um sinal de fraqueza do que de força do casal K, uma sombra desgastada do general Juan Domingo Perón e Evita.

AIG quer pagar bônus com dinheiro público

Em mais um escândalo provocado pela crise financeira global, a seguradora AIG (American International Group) pretende pagar mais de US$ 100 milhões em bônus a diretores e corretores de sua divisão de produtos financeiros, responsável pelo colapso da empresa.

A AIG recebeu US$ 173 bilhões do Tesouro dos Estados Unidos desde que o governo George W. Bush lançou o Plano de Estabilização Financeira, de US$ 700 bilhões, para evitar o colapso do sistema financeiro americano. Alega ter repassado a maior desse dinheiro a bancos que tinham seguro de produtos financeiros que deram prejuízo. Ficou de apresentar uma lista de bancos e valores repassados.

Zardari aceita reinstaurar juízes no Paquistão

Depois de cinco dias de manifestações de protesto em todo o Paquistão, o presidente Assif Ali Zardari, viúvo da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, concordou neste domingo, 15 de março de 2009, em reinstaurar os juízes depostos há um ano e meio pelo então ditador Pervez Musharraf, inclusive o presidente do Supremo Tribunal, Iftikhar Mohammad Chaudhry.

Os Estados Unidos saudaram positivamente a decisão, anunciada oficialmente na manhã desta segunda-feira na televisão pelo primeiro-ministro Youssaf Raza Gilani. Chaudhry reassume a chefia do Poder Judiciário paquistanês no próximo dia 21 de março

Cerca de 60 juízes superiores foram destituídos em novembro de 2007 pelo general Musharraf, que lutava na época por um terceiro mandato consecutivo de presidente que o Supremo consideraria ilegal.

A intervenção no Judiciário permitiu a reeleição de Musharraf, como queriam os EUA, mas tornou o ditador extremamente impopular. Isso obrigou a líder da oposição, Benazir Bhutto, que os americanos pretendiam compor com o general, a atacar Musharraf para que o Partido Popular Paquistanês (PPP) não perdesse votos para a Liga Muçulmana do Paquistão do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif (LMP-N).

O assassinato de Benazir, num atentado terrorista em 27 de dezembro de 2007, provocou um caos ainda maior no Paquistão e o adiamento das eleições de janeiro para fevereiro de 2008. Como sempre, ganharam os partidos tradicionais liderados pelos grandes caciques políticos paquistaneses.

Isso levou à ascensão do viúvo de Benazir, Assif ali Zardari, um ex-playboy considerado incompetente, corrupto e despreparado, à presidência do único país muçulmano com armas nucleares.

A situação nos territórios tribais, cada mais dominados por extremistas muçulmanos, se agravou ao ponto do governo aceitar a introdução da charia, o direito islâmico, no Vale do Swat, onde escolas para mulheres tem sido atacadas.

O governo do único país muçulmano com armas nucleares é fraco e não consegue vencer a luta interna contra os jihadistas. As desencontradas de diferentes setores do governo paquistanês diante do ataque de extremistas paquistaneses contra Mumbai, na Índia, em 26 de novembro de 2008, mostra uma divisão interna e a fraqueza do poder civil.

Quem pressionou Zardari a ouvir a voz das ruas e reinstaurar os juízes foi o comandante do Exército, general Ashfaq Kayani, o homem-forte do Paquistão.

sábado, 14 de março de 2009

Obama recebe Lula e promete trabalhar junto

Ao receber hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Casa Branca, o presidente Barack Obama prometeu que o Brasil e os Estados Unidos vão trabalhar juntos na luta para combater a crise econômica mundial.

Lula manifestou preocupação com a onda de protecionismo provocada pela crise, com diversos países querem proteger seus empregos e mercados, e defendeu a reabertura das negociações de liberalização comercial da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio. Obama respondeu que, no momento, não há clima ampliar a abertura de mercados.

A visita marca o reconhecimento definitivo pelos EUA do Brasil como líder inconteste da América do Sul e parceiro fundamental no mundo globalizado.

O presidente brasileiro pediu o fim do embargo econômico dos EUA à Cuba, que já dura 47 anos, e mandou uma mensagem conciliadora do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Desde que as relações entre Washington e Caracas se deterioraram, por causa do apoio do governo George W. Bush ao golpe de Estado de 11 de abril de 2002, Lula é o principal interlocutor entre os EUA e a Venezuela. Os EUA, por sua vez, contam com o Brasil como intermediário nas relações com os governos da chamada esquerda radical, notoriamente antiamericanos, de Chávez, na Venezuela; Evo Morales, na Bolívia; e Rafael Correa, no Equador.

Morales acaba de expulsar o terceiro diplomata americano em meses. Lula terá mesmo muito trabalho para reconciliar o que às vezes parece inconciliável.

Em menos de dois meses de governo, Obama reduziu as restrições para viagens e remessas de dinheiro para Cuba, ou seja, tomou medidas positivas em relação à ilha. O que faz o recém-criado Conselho de Defesa da América do Sul? Exige que os EUA suspendem o embargo econômico a Cuba?

Ora, superpotências não gostam de ser pressionadas e colocadas contra a parede. Nestes casos, a tendência é não ceder, já que isso poderia ser considerado um sinal de fraqueza.

Durante a Guerra Fria, o Ocidente vivia pressionando a União Soviética a libertar seus dissidentes mais famosos, como o físico Andrei Sakharov e o escritor Alexander Soljenitsyn. Em uma das muitas negociações secretas, um emissário soviético disse: "Se vocês ficarem quietos e não tocarem no assunto por alguns meses, pode ser. Se ficarem pedindo insistentemente, não dá."

As mentes retrógradas que teimam em ressuscitar a Guerra Fria na América Latina deveriam prestar mais atenção nas sutilezas.

O governo Obama é uma oportunidade única de melhorar as relações com os EUA. Obviamente, como presidente dos EUA, ele vai defender os interesses americanos. Mas está disposto a ouvir.

Esta é uma das principais mudanças da política externa americana no novo governo: em vez da arrogância dos neconservadores que chegaram ao poder com Bush em 2001, os EUA de Obama estão dispostos a ouvir. Querem saber o que os outros países querem.

Desperdiçar esta oportunidade em nome de um purismo ideológico é conversa para iludir ou acalmar o público interno. É a doença infantil do esquerdismo.

O Brasil não caiu nessa cilada ideológica. Lula iniciou hoje um diálogo direto, sem submissão, com Barack Obama.

Japão combate pirataria no Chifre da África

Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o Japão manda suas Forças Armadas para uma missão de combate fora de seu território e de seu mar territorial. Antes, soldados japoneses realizaram missões de transporte e de abastecimento em apoio a alianças militares lideradas pelos Estados Unidos, como na Guerra do Iraque, e participaram de operações de paz das Nações Unidas.

Neste sábado, dois contratorpedeiros saíram de sua base no porto de Kure, no Sul do Japão, com destino à costa da Somália, na região conhecida como Chifre da África, onde vão se somar à China e aos países europeus que combatem os piratas somalianos.

O agressivo imperialismo japonês foi a principal causa da Segunda Guerra Mundial na Ásia, também chamada de Guerra do Pacífico.

Em 1931, o Japão ocupou a Mandchúria, no Nordeste da China. Em 1937, o Exército Imperial invadiu o resto da China e cometeu atrocidades como o Massacre de Nanquim, em que 200 mil pessoas morreram. Em 7 de dezembro de 1941, os japoneses bombardearam, sem declarar guerra, a Frota do Pacífico dos EUA, baseada em Honolulu, no Havaí.

Durante a guerra, o Japão tomou todo o Sudeste Asiático sob o pretexto de libertar a região do "colonialismo ocidental".

A guerra terminou com as bombas atômicas em Hiroxima e Nagasaki, em 6 e 9 de agosto de 1945, e a rendição incondicional do imperador Hiroíto, em 15 de agosto.

Pelo artigo 9 da Constituição de 1947, imposta pelos EUA, as Forças de Defesa do Japão só poderiam atuar em missões de defesa . A primeira vez que voltaram a sair do Japão foi em 1992 para a missão de paz da ONU no Camboja.

Ao contrário da Alemanha, o Japão nunca reconheceu plenamente sua culpa pelos crimes de guerra. Isso é uma fonte de um mal-estar permanente com a China, as Coréias, a Indonésia, o Vietnã e outros países do Sudeste Asiático.

No santuário xintoísta de Yasukuni, no centro de Tóquio, estão enterrados cerca de 2,5 mil heróis de guerra japoneses, inclusive 14 criminosos de guerra condenados pelo Tribunal de Tóquio. Cada vez que um primeiro-ministro japonês mais nacionalista visita o santuário provoca reações negativas dos países vizinhos.

G-20 promete "fazer o que for necessário"

Os ministros das Finanças e os presidentes de bancos centrais do Grupo dos Vinte países mais ricos do mundo, reunidos perto de Londres, prometeram "fazer tudo o que for necessário" para tirar o mundo da recessão.

No fim do encontro preparatório para a conferência de cúpula do G-20 marcada para 2 de abril em Londres, os países responsáveis por 85% da produção mundial não quiseram se comprometer com a proposta dos Estados Unidos de um aumento de gastos públicos coordenado para retomar o crescimento econômico. Também anunciaram nenhuma medida específica que exija a mudança nas políticas de combate à crise adotadas até agora.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Vendas de carros voltam a cair na Europa

As vendas de automóveis na União Europeia voltaram a desabar em fevereiro, com baixa de 18,3% na comparação do o mesmo mês em 2008, revelou hoje a Associação Europeia dos Fabricantes de Veículos.

Houve uma grande exceção: a Alemanha, onde as vendas cresceram 21,5% por causa da ajuda do governo, que está dando 2,5 mil euros, o equivalente a R$ 7 mil reais, para quem quiser trocar o carro velho por um novo.

As outras exceções foram a Polônia, com alta de 7,3%, e Luxemburgo, com 0,3%.

Os piores resultados foram as quedas de 48,8% na Espanha, 24,4% na Itália e 21,9% no Reino Unido.

No ano passado, as vendas da indústria automobilística europeia foram as piores em 15 anos, e a situação continua piorando.

Suíça admite levantar sigilo bancário

Sob forte pressão internacional, a Suíça concordou hoje em levantar parcialmente o sigilo bancário em casos de fraude fiscal.

Outros paraísos fiscais europeus, na Áustria, Andorra, Liechtenstein e Luxemburo, também concordaram. O objetivo é escapar de uma lista negra de paraísos fiscais que está sendo elaborada pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Em Berna, a capital suíça, o presidente e ministro das Finanças, anunciou a decisão de relaxar as regras do sigilo bancário em vigor no país desde 1934 em casos em que o país demandante apresente provas de fraude fiscal. A simples sonegação de impostos não seria motivo para suspender o sigilo bancário suíço.

Seis meses que abalaram o mundo

Há seis meses, a economia globalizada perdeu sua aura de invencibilidade.

Desde que o governo dos Estados Unidos deixou o banco de investimentos Lehman Brothers quebrar, em 15 de setembro de 2008, os preços dos produtos primários caíram pela metade. A produção e a demanda por produtos industriais entrou em queda livre no mundo inteiro.

O valor das empresas cotadas em bolsas de valores foi reduzido à metade. Várias moedas de economias emergentes se desvalorizaram, inclusive o real. As vendas externas dos maiores exportadores mundiais, Alemanha e China, despencaram. As exportações japonesas caíram ainda mais.

Cerca de 50 trilhões em ativos financeiros foram pulverizados. Só nos Estados Unidos, onde a crise começou com o calote das hipotecas de alto risco, os americanos ficaram US$ 18 bilhões mais pobres, com a desvalorização de ações e casas.

Os governos prometeram trilhões de dólares para sanear as finanças e retomar o crescimento, com poucos resultados visíveis até agora, além de evitar uma crise ainda pior. Darão resultado, mas a recuperação será longa.

Durante quatro anos até 2007, a economia mundial cresceu 5% ao ano. Agora, pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a economia mundial vai encolher e também o comércio internacional.

Um mercado global e um sistema financeiro cada vez mais integrados transformaram-se em correias de transmissão da crise, amplificando-a e acelerando o processo de contaminação. O mercado de crédito interbancário ficou praticamente paralisado.

A falência do Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, provocou pânico nos sistemas de pagamento nacionais e internacional. No dia seguinte, a violenta especulação contra a seguradora AIG (American International Group), que era a maior do mundo, obrigou o governo dos EUA a recuar e intervir, lançando o Plano de Estabilização Financeira, de US$ 700 bilhões, para evitar o colapso do sistema financeiro americano.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Europa empresta 3 bilhões de euros a montadoras

O Banco Europeu de Investimentos vai oferecer uma linha de crédito de 3 bilhões de euros às fábricas de automóveis do continente.

A indústria automobilística foi duramente afetada pela crise. Com o colapso generalizado das vendas em todo o setor, a BWM, fabricante alemã de carros de luxo, anunciou hoje uma queda de 89,5%.

O governo americano socorreu a General Motors, a Ford e a Chrysler, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, ajudou a Reunalt e a Peugeot, que podem até se fundir para sobreviver. Mas a Alemanha resiste. Negou, por exemplo, o empréstimo à General Motors para tornar sua subsidiária europeia Opel uma companhia independente.

Símbolo de poder e status no século 20, o automóvel com motor a combustão interna queimando gasolina, óleo diesel ou álcool é um dos principais responsáveis pelo aumento da concentração na atmosfera dos gases que agravam o efeito estufa, causando o aquecimento global.

Desde a primeira crise do petróleo, em 1973-74, os carrões beberrões, os Cadillacs, perderam seu charme. A poluição e os engarrafamentos fizeram o resto para destronar o que Marshall Mc Luhan chamou de "noiva mecânica".

O carro do futuro terá de ser elétrico, não-poluente. Mas é claro que o automóvel a gasolina, diesel ou álcool está muito vivo. Na China, as vendas cresceram 25% em fevereiro. Na contramão do resto do mundo, os chineses trocam a bicicleta pelo automóvel.

Madoff é preso e algemado por fraude bilionária

O homem que roubou US$ 65 bilhões na maior fraude até hoje nos Estados Unidos foi finalmente preso e algemado.

Depois de conquistar alto prestígio em Wall Street, e de fundar e presidir a bolsa Nasdaq, das ações de empresas de alta tecnologia, o megainvestidor Bernard Madoff confessou-se culpado de todas as 11 acusações de fraude financeira, roubo, perjúrio e lavagem de dinheiro.

O juiz suspendeu a fiança que lhe permitia responder ao processo em liberdade, alegando que Madoff tinha "incentivo" e "meios" para fugir. Ele será sentenciado daqui a três meses. Pode pegar até 150 anos de cadeia.

Madoff dirigia um fundo de investimentos que prometia altos rendimentos e funcionava como uma pirâmide. Os novos investimentos pagavam lucro aos antigos investidores.

Enquanto o dinheiro estava entrando e as bolsas de Nova York subindo, Madoff conseguiu enganar celebridades como Steven Spielberg e o escritor polonês Eli Wiesel, sobrevivente do Holocausto e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, entre seus 4 mil clientes, inclusive brasileiros. Com a queda das bolsas e a crise financeira, a falcatrua veio à tona.

Wiesel ficou indignado e prometeu jamais perdoar Madoff, que roubou o dinheiro de um fundo para sobreviventes do Holocausto criado pelo escritor.

No Brasil, o Banco Safra prometeu garantir os investimentos feitos no fundo de Madoff.

Os procuradores-gerais dos estados americanos estão preparando uma onda de processos contra os responsáveis pelas fraudes financeiras e tacadas ilegais reveladas pela crise financeira global.

Em Nova York, o procurador Andrew Cuomo pretende processar o banco de investimentos Merrill Lynch, que pagou US$ 3,6 bilhões em bônus com dinheiro do Plano de Estabilização Financeira do governo George W. Bush.

Repórter que atacou Bush pega três anos

Em 14 de dezembro de 2008, George Walker Bush dava sua última entrevista coletiva em Bagdá como presidente dos Estados Unidos. Ao lado do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, elogiava sua obra no Iraque, quando o repórter Muntazer al-Zaïdi se levantou e jogou dois sapatos contra o presidente, chamando-o de cachorro e dizendo que era um presente de despedida do povo do Iraque.

Bush se esquivou da sapatada. Zaïdi não escapou de truculência dos seguranças americanos e iraquianos, mas virou um herói no mundo muçulmano. Preso, ele foi processado por agressão a um chefe de Estado estrangeiro, crime punível no Iraque com pena de até 15 anos de prisão.

A defesa alegou que foi um insulto e não uma agressão, já que os sapatos não provocariam ferimento grave no presidente dos EUA.

Zaïdi alegou ter expressado o sentimento de repulsa do povo iraquiano ao líder que ordenou a invasão do país. Ele foi condenado há três anos, sob o protesto de um irmão do réu que denunciou o julgamento como político, controlado pelos EUA. A defesa promete recorrer.

Mais de cem mil iraquianos e cerca de 4,5 mil americanos foram mortos no Iraque desde a invasão ordenada por Bush em março de 2003 para derrubar o ditador Saddam Hussein.

Saddam caiu em 9 de abril e o país entrou num estado de anarquia que até hoje cobra em preço alto em vidas, com uma nova onda de atentados terroristas tentando frustrar o plano de retirada do presidente Barack Obama.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Ex-ministros veem recessão na Argentina

Dois ex-ministros de Economia, Roberto Lavagna e Martín Lousteau, entendem que a economia da Argentina está em recessão, tendo em vista o que acontece com a produção, o consumo, o investimento e o emprego.

"Não se criam empregos, não há investimento, há fuga de capital", observa Lavagna. "Claramente, a Argentina está em recessão desde o princípio de 2008".

Como ministro dos presidentes Eduardo Duhalde e Néstor Kirchner, depois do colapso da dolarização do peso de era Menem (1989-99) em 2001, Lavagna renegociou a dívida externa caloteada pela Argentina, conquistando grande prestígio.

O ex-ministro questionou as medidas tomadas pela presidente Cristina Kirchner para combater a crise: "Em vez de anunciar todos esses planozinhos, casas, casinhas, em que a burocracia vai atrasar tudo, seria melhor reduzir o IVA [Imposto sobre Valor Agregado, equivalente no Brasil ao ICMS, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] da cesta básica e oferecer empréstimos diretamente às pequenas e médias empresas."

Horas depois, foi a vez de Lousteau fazer sua análise sobre a economia argentina: "Quando você olha para o último trimestre do ano passado, a queda em relação ao anterior não foi inferior a 1%. Neste primeiro trimestre, também há uma queda e isto é recessão."

Lousteau foi ministro no início do governo Cristina Kirchner e foi uma espécie de bode expiatório no longo conflito entre a Casa Rosada ou o casal Kirchner e os produtores rurais argentinos, que durou mais de 100 dias no ano passado. Foi marcado por diversas paralisações da comercialização de produtos agropecuários, em protesto contra a sobretaxa imposta por decreto nas exportações de grãos.

Esse conflito continua, acirrado pela crise financeira internacional, deixa o governo argentino, chamuscado pelo calote de 2001-02, sem opções de financiamento externo nem interno.

Os ruralistas, por sua vez, estão ganhando muito menos com a queda dos preços dos produtos primários do que ganhavam quando o imposto foi introduzido e enfrentam a pior seca em 49 anos no pampa úmido argentino.

Encomendas à indústria alemã despencam

As encomendas à indústria da Alemanha caíram 8% em janeiro, depois de uma queda de 7,6% em dezembro.

Na comparação com o mesmo mês no ano passado, a produção industrial alemã diminuiu 20,7%.

Comércio exterior da China desaba

O comércio exterior da China desabou em fevereiro, com queda de 25,7% nas exportações e de 24,1% nas importações em relação a um ano atrás.

As exportações para os EUA caíram 47%, para a UE 40% e para o Japão, 27%.

Em julho, o crescimento das exportações fora de 27%. O saldo positivo caiu de US$ 39,1 bi para US$ 4,8 bi.

O consumo de energia está caindo, mas as vendas de carros e cimento aumentaram.

Apesar da crise, os chineses compraram 25% mais automóveis do que em fevereiro de 2008. O investimento público em cidades aumentou 26,5%, sinal de que o programa de aceleração do crescimento chinês está em andamento.

terça-feira, 10 de março de 2009

Dalai Lama condena ocupação chinesa

No aniversário de 50 anos de uma rebelião fracassada contra o domínio chinês, o Dalai Lama, líder político e espiritual do Tibete, acusou o regime comunista pela morte de centenas de milhares de tibetanos e de transformar o Tibete num "inferno na Terra".

O aniversário da revolta derrotada pelo Exército Popular de Libertação da China foi lembrado com vigílias luminosas em Hong Kong, na China, e Dharamsala, na Índia, onde o Dalai Lama lidera o governo tibetano no exílio.

No templo maior de Dharamsala, o décimo-quarto Dalai Lama, Tenzin Gyatso, criticou a China, acusando-a de provocar tantas dificuldades e sofrimento que transformaram o Tibete num inferno e de destruir milhares de templos, mosteiros e centros culturais.

Ele insistiu na reivindicação de autonomia. Oficialmente, o Tibete é uma região autônoma da República Popular da China. Na prática, o Partido Comunista chinês controla o Tibete com força militar. Já promoveu a migração forçada de 7 milhões de chineses da etnia han, que é maioria na China, para consolidar a ocupação.

Há um ano, no aniversário da rebelião de 1959, os tibetanos protestaram contra o domínio chinês e foram duramente reprimidos. Cerca de cem pessoas foram mortas e 7 mil tibetanos foram presos.

Este ano a China reforçou a segurança. Hoje, o governo chinês declarou que o Tibete apresenta indicadores econômicos que comprovam o desenvolvimento da região e decidiu festejar os "50 anos do fim da servidão".

Para o regime comunista chinês, ao invadir o Tibete por ordem de Mao Tsé-tung, o governo de Beijim libertou os tibetanos do regime medieval e de servidão imposto pelo Dalai Lama.

A China respondeu com os indicadores econômicos para alegar que levou progresso ã região. No ano passado, 7 mil tibetanos foram presos. Este ano o governo reforçou o policiamento, desencorajando protestos no Tibete.