quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Emergentes sofrem maior fuga de capital desde 2008

Os investidores estrangeiros tiraram US$ 40 bilhões dos países emergentes no terceiro trimestre de 2015, na maior fuga de capitais desde o último trimestre de 2008, no auge da Grande Recessão, revelou hoje o Instituto de Finanças Internacionais, citado pela agência de notícias Bloomberg.

No fim de 2008, os investidores venderam US$ 105 bilhões em ativos de mercados emergentes, em muitos casos para cobrir posições nos países ricos.

Agora, a fuga é estimulada pela desaceleração do crescimento da China, o colapso nos preços dos produtos primários e a expectativa de que o banco central dos Estados Unidos aumente as taxas básicas de juros antes do fim do ano.

A política de juro zero da Reserva Federal (Fed), que imprimiu dinheiro para estimular a economia americana, terminou por levar esse dinheiro para os países emergentes, onde havia melhores oportunidades de negócios.

Hoje a tendência se inverteu. As moedas do Brasil e da África do Sul desabaram. A decisão do Comitê de Mercado Aberto do Fed de não aumentar juros em setembro deu um fôlego, mas 84% dos economistas ouvidos pela Bloomberg esperam uma alta em dezembro.

Cerca de US$ 19 bilhões foram resultado de venda de ações e os outros US$ 21 bilhões da venda de títulos de dívidas de países emergentes e suas empresas. De julho a setembro de 2015, o índice MSCI de mercados emergentes registrou queda de 20%. Foi o maior recuo em quatro anos.

"A reação é muito grave, mas a maior parte dos danos provavelmente já aconteceu", comentou Brendan Ahern, diretor-executivo do Krane Fund Advisors LLC em Nova York. "É o efeito triplo de queda no crescimento dos investimentos, declínio nos preços dos produtos primários e do dólar forte."

Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revelou que as dívidas de empresas não financeiras nos mercados emergentes pulou de US$ 4 bilhões em 2004 para US$ 18 trilhões em 2014.

Presidente das Ilhas Maldivas escapa de atentado

Uma explosão há dois dias a bordo de um barco onde estavam o presidente das Ilhas Maldivas, Yamin Abdul Gayoom, e sua mulher foi uma tentativa de assassinato, declarou hoje a ministra do Exterior do país, Dunya Maumoon, à agência de notícias Associated Press (AP).

A explosão ocorreu perto do principal molhe de Male, a capital maldiva, quando o presidente e a mulher voltaram da peregrinação anual dos muçulmanos a Meca, na Arábia Saudita.

Peritos da Arábia Saudita e do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, colaboram com a investigação. O presidente saiu ileso e a primeira-dama sofreu pequenos ferimentos.

A rivalidade entre a China e a Índia no Oceano Índico interfere na política das Ilhas Maldivas.

Preços de casas mantêm alta nos EUA

Os preços dos imóveis residenciais subiram 4,7% em julho nos Estados Unidos na comparação anual, mantendo o forte ritmo de negócios no setor habitacional no primeiro semestre de 2015, apontou o índice S&P Case-Shiller. Em junho, a alta anual estava em 4,5%.

Nas 10 maiores cidades, o avanço foi de 4,5%. Se consideradas as 20 maiores cidades, o crescimento foi de 5%. Em agosto, houve uma queda de 1,4% no ritmo de vendas de imóveis residenciais usados, informou o jornal The Wall Street Journal.

Um analista observou que o setor habitacional costuma ser visto como um todo por ter sido a origem da Grande Recessão de 2008-9. À medida que a situação se normaliza, cada mercado local reagem da sua própria maneira.

Na maioria das regiões metropolitanas a oeste do Rio Mississípi, houve aumento de preços em junho e julho, enquanto as cidades a leste sofreram quedas, com baixa de 1,2% em Chicago e de 0,5% em Nova York.

Em Los Angeles, São Francisco e São Diego, na Califórnia, os preços das casas dobraram desde janeiro de 2000. Em Detroit, subiram só 3% e, em Cleveland, 10%, apontou o índice Case-Shiller.

Aliança árabe captura barco do Irã com armas para o Iêmen

A aliança sunita liderada pela Arábia Saudita anunciou hoje a captura há quatro dias de um barco iraniano carregando armas para os rebeldes hutis do Iêmen, noticiou a televisão saudita Al Arabiya.

Entre outras armas, o barco interceptado a sudeste da costa do sultanato de Omã continha 18 balas de canhão capazes de furar blindagem, 54 mísseis antitanques e 15 baterias para sistemas de orientação de projéteis teleguiados, afirmaram os sauditas e aliados.

Ao revistar a embarcação, a aliança árabe sunita teria encontrado documentos comprovando que está registrado em nome de um cidadão do Irã.

Em sua guerra indireta com a Arábia Saudita e as monarquias petroleiras do Golfo Pérsico, o Irã apoia os rebeldes hutis, xiitas zaiditas, e fomenta rebeliões xiitas. O acordo com os Estados Unidos e as outras potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas para desarmar o programa nuclear iraniano não muda esta realidade. Com mais dinheiro por causa do fim de sanções internacionais, o regime fundamentalista iraniano terá mais recursos para expandir sua influência no Oriente Médio.

Os hutis invadiram a capital do Iêmen, Saná, em setembro de 2014. Em fevereiro de 2015, dissolveram o governo do presidente Abed Rabbo Mansur Hadi e o Parlamento. Hadi fugiu para a Arábia Saudita. Nas últimas semanas, seus partidários tentaram reinstalar o governo no porto de Áden, a segunda maior cidade iemenita.

Curdos não aderem à aliança entre Irã, Iraque e Rússia

O governo autônomo do Curdistão iraquiano declarou hoje que não faz parte da aliança formada no domingo passado entre o Irã, o Iraque, a Rússia e a Síria para trocar informações na guerra contra a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, noticiou a agência iraquiana Shafaq News.

Os quatro países criaram um centro de coordenação e troca de informações com sede em Bagdá. O governo regional curdo não foi convidado nem avisado da formação da aliança. Com a hostilidade da Turquia, preocupada com a tentativa de criação de um Curdistão independente, os curdos estão isolados, dependendo cada vez mais do apoio dos Estados Unidos.

A aliança viola acordos de segurança e defesa firmados pelos EUA com o governo central do Iraque. O governo iraquiano alega que os EUA não estavam cumprindo os acordos ao não entrar decididamente na guerra contra o Estado Islâmico.

Produção industrial do Japão cai pelo segundo mês seguido

A produção das fábricas do Japão caiu inesperadamente pelo segundo mês consecutivo em agosto de 2015, acumulando uma baixa de 0,5% desde julho, anunciou hoje o Ministério da Indústria e do Comércio do país, citado pela agência Reuters.

As vendas no varejo cresceram pelo quinto mês seguido, mas menos do que nos meses anteriores revelando a persistente fragilidade do consumo interno japonês. Uma pesquisa do governo com empresários da indústria previu uma alta de 0,1% em setembro e de 4,4% em outubro.

Esses números indicam o fracasso das tentativas do primeiro-ministro Shinzo Abe de estimular o crescimento para combater a deflação e a estagnação, duas pragas da economia do Japão desde os anos 1990s.

A expectativa é de que a terceira maior economia do mundo tenha recuado no terceiro trimestre e que o país esteja em recessão, definida como queda do produto interno bruto por dois trimestres consecutivos.

Eurozona registrou deflação de 0,1% ao ano em setembro

Depois de uma alta de 0,1% ao ano em agosto, o índice de preços ao consumidor nos 19 países da Zona do Euro sofreu uma queda para -0,1%. Está longe da meta de 2% ao ano perseguida pelo Banco Central Europeu, informou hoje o Eurostat (Escritório Oficial de Estatísticas da União Europeia).

A inflação foi maior no setor de alimentação, álcool e tabaco, subindo de 1,3% para 1,4% ao ano em setembro, seguida dos serviços (1,3%, depois de 1,2% em agosto). Os preços dos bens industriais não energéticos avançaram menos, 0,3% contra 0,4% em agosto.

Por causa da queda nos preços do petróleo, o setor de energia pesou para baixo, de -7,2% em agosto para -8,9% em setembro, causando a queda no índice geral de preços.

EUA e Rússia bombardeiam território da Síria

A Força Aérea da Rússia entrou em ação pela primeira vez hoje na guerra civil da Síria, bombardeando posições rebeldes perto da cidade de Homs, a terceira maior do país, a pedido do ditador Bachar Assad, enquanto os Estados Unidos atacaram o Estado Islâmico do Iraque e do Levante perto de Alepo, a segunda maior cidade síria.

Em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas na última segunda-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, defendeu o apoio à ditadura de Assad como única maneira de acabar com o conflito na Síria, que matou mais de 250 mil pessoas em quatro anos e meio, mas analistas militares alegam que os alvos escolhidos hoje não têm importância estratégica para a luta contra o Estado Islâmico.

O objetivo maior de Putin seria apresentar a Rússia como uma potência mundial. As autoridades russas só avisaram os EUA depois da operação e alegaram o direito de usar o espaço aéreo a pedido de Assad. Na ONU, Putin argumentou que os bombardeios aéreos americanos na Síria são ilegais porque não contam com a aprovação do regime.

Em entrevista coletiva, o secretário da Defesa dos EUA, Ashton Carter, considerou a posição da Rússia "contraditória", alegando que aparentemente não há combatentes do Estado Islâmico na área bombardeada pelos russos perto de Homs. Os alvos seriam outros grupos que combate a ditadura de Assad, um aliado do Kremlin.

Ao não coordenar a ação com os EUA, apesar das promessas feitas no encontro entre os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin segunda-feira na ONU, a Rússia agiu de maneira "antiprofessional", acusou o chefe do Pentágono.

O governo de Israel foi avisado através de um telefonema para o assessor de Segurança Nacional, Yossi Cohen, uma hora antes do ataque.

Afeganistão luta para reconquistar Kunduz

Com o apoio da Força Aérea dos Estados Unidos, o Exército do Afeganistão lançou ontem uma contraofensiva para retomar a cidade de Kunduz, no Norte do país, tomada na segunda-feira pela milícia extremista muçulmana dos Talebã (Estudantes).

Pela primeira vez desde a invasão americana de 2001 para vingar os atentados de 11 de setembro, uma grande cidade afegã caiu para os Talebã. Com 300 mil habitantes, Kunduz é capital da província do mesmo nome.

A queda de Kunduz é um duro golpe no governo de Cabul. Coloca dúvidas sobre sua capacidade de se defender e obriga o presidente Barack Obama a repensar a decisão de retirar as tropas americanas do Afeganistão no fim de 2015.

Diante do fracasso das forças de segurança afegãs, tropas americanas foram enviadas para tentar reconquistar Kunduz.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Japão e Rússia concordam em discutir disputa territorial

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concordaram ontem em realizar negociações sobre uma disputa territorial entre os dois países que vem da Segunda Guerra Mundial, informou a agência de notícias japonesa Kyodo.

Abe e Putin se encontraram em Nova York durante a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas. Ficaram de voltar a discutir o assunto na reunião de cúpula do Grupo dos 20 marcada para novembro na Turquia e na reunião anual do fórum de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), nas Filipinas.

A União Soviética de Josef Stalin declarou guerra ao Japão em 9 de agosto de 1945, dia em que os Estados Unidos jogaram a segunda bomba atômica, em Nagassaque, e ocupou o que a Rússia, herdeira da URSS, chama da ilhas Kurilas do Sul e o Japão de Territórios do Norte.

Os dois países nunca assinaram um tratado de paz.

Assessores militares do Irã e da Rússia chegam a Bagdá

Assessores militares da Rússia e do Irã chegaram hoje a Bagdá para coordenar os esforços de inteligência com o Iraque, a Síria e o Líbano na luta contra a milícia terrorista sunita Estado Islâmico do Iraque e do Levante, anunciou o presidente do Comitê de Segurança e Defesa da Assembleia Nacional iraquiana, deputado Hakim al-Zamili.

O deputado justificou a aliança com a Rússia e o Irã, que viola acordos de segurança e defesa firmados com os Estados Unidos. Alegou que os americanos não entraram para valer na guerra civil iraquianos e que os bombardeios aéreos ordenados pelo presidente Barack Obama há pouco mais de um ano não deram resultado.

Doze anos depois da invasão ordenada pelo presidente americano George W. Bush, o Iraque é um país destroçado. No Norte, a região curda conquistou autonomia e sonha em recriar o Curdistão. O Centro e o Sul estão sob o controle do governo majoritariamente xiita de Bagdá, apoiado pelo Irã. A região majoritariamente sunita é dominada pelo Estado Islâmico.

O atual primeiro-ministro Heidar al-Abadi tentou diminuir a influência iraniana com o apoio do Grão-Aiatolá Ali al-Sistani, maior autoridade religiosa xiita do Iraque. Há rumores de golpe de Estado em Bagdá. O ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki estaria arquitetando um retorno.

Em sua luta para combater a influência do Irã e do xiismo, a Arábia Saudita reabriu sua embaixada em Bagdá depois de 25 anos e outras monarquias petroleiras do Golfo Pérsico devem seguir o exemplo.

Oposição síria não aceita manutenção de Assad no poder

No momento em que o presidente Barack Obama, sob pressão da Rússia, admite aceitar a manutenção do ditador Bachar Assad no poder na Síria "durante um período de transição", a oposição rejeita totalmente esta possibilidade, noticiou hoje a Agência France Presse (AFP).

Assad é o principal responsável pela guerra civil que matou mais de 250 mil pessoas nos últimos quatro anos e meio, provocando a fuga de 4 milhões de refugiados, na maior tragédia humanitária em andamento hoje no mundo.

Para combater a expansão da milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu ontem na Assembleia Geral das Nações Unidas uma união em torno do governo Assad. Os Estados Unidos e a Europa exigiam o afastamento de Assad, mas admitiam negociar com outros líderes do atual regime, que faria parte de um acordo de paz na Síria.

Putin estacionou 28 aviões de combate numa base aérea na Síria para sustentar Assad. Com a crise econômica da Rússia, dificilmente estaria disposto a bancar uma intervenção em larga escala, mas está pronto a defender o aliado diplomaticamente nas negociações sobre o futuro da Síria.

Turquia rejeita proposta da Europa para refugiados

O primeiro-ministro Ahmet Davutoglu recusou hoje a proposta para criar um campo para refugiados em território da Turquia em troca de uma ajuda de 1 bilhão de euros da União Europeia. 

Em resposta, o chefe do governo turco propôs a construção de um campo para 3 mil refugiados numa área segura do Norte da Síria que ficaria sob proteção internacional.

Davutoglu anunciou ainda ter chegada a um acordo com a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, para criar um grupo de trabalho sobre refugiados. A Grécia também faria parte.

A ajuda financeira não será suficiente para manter os refugiados na Turquia, onde eles encontram dificuldades para trabalhar legalmente.

Enquanto têm esperança de voltar para casa, os refugiados ficam em países vizinhos como a Turquia, o Líbano e a Jordânia. Quando pensam em começar uma vida nova, vão para os países ricos da Europa.

China pune 249 funcionários por atraso em projetos do governo

O regime comunista da China puniu 249 funcionários públicos por erros no gasto de dinheiro público e atraso na execução de projetos do governo, noticiou hoje a agência estatal Nova China. 

Por causa da campanha anticorrupção destinada a consolidar o poder do presidente Xi Jinping, muitos altos funcionários temem um exame rigoroso dos projetos. Em consequência, 249 servidores de 24 províncias foram demitidos, afastados do cargo ou advertidos no fim de uma investigação concluída em junho.

A campanha anticorrupção, inicialmente uma arma contra adversários políticos, tornou-se o eixo central do governo Xi Jinping.

EUA e Rússia concordam em manter diálogo, diz chanceler russo

Depois de trocarem acusações na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a guerra civil na Síria, a maior tragédia humanitária hoje no mundo, os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Vladimir Putin, conversaram ontem durante uma hora e meia sem chegar a um acordo, mas os dois países vão manter o diálogo, afirmou hoje o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov.

Foi o primeiro encontro dos dois líderes depois da anexação ilegal da Crimeia pela Rússia em março de 2014, tema de um violento discurso do presidente da Ucrânia, Petro Porochenko, contra Putin. O homem-forte da Rússia descreveu a conversa com Obama como "surpreendentemente franca". A Síria e a Ucrânia foram os principais assuntos.

Qualquer ação militar conjunta contra a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, um inimigo comum, é "irrealista", observou Lavrov em entrevista à televisão estatal Russia Today, mas ações em terra ou no ar exigem coordenação.

Em seu discurso, o primeiro em dez anos na Assembleia Geral, Putin tentou apresentar a Rússia como um agente racional. Sua maior preocupação em relação ao Ocidente é negociar o fim das sanções que estão estrangulando a economia russa ao lado da forte queda nos preços do petróleo.

Apesar de ter estacionado 28 aviões de combates, helicópteros e 2 mil soldados numa base da província de Latakia, na opinião de analistas internacionais, a Rússia não deve investir muitos recursos na guerra civil da Síria por causa da crise econômica.

Putin tenta resgatar parte do poder imperial soviético. Conseguiu um encontro de cúpula com o presidente dos EUA que nem de longe lembra o tempo da Guerra Fria. Mas não tem recursos para bancar o jogo contra o Ocidente em todos os tabuleiros, como gostaria.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Marte tem água e pode ter alguma forma de vida

Marte, o planeta mais próximo da Terra, não é um deserto árido. Tem água em estado líquido e poderia abrigar alguma forma de vida, anunciaram hoje cientistas da Agência Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA), que pensa em enviar uma missão ao planeta vermelho até 2030.

Água em estado líquido circula por muralhas e crateras nos meses de verão em Marte. "Há hoje água em estado líquido por toda a superfície de Marte", declarou Michael Meyer, diretor científico do programa de exploração do planeta pela NASA.

"Marte não é o planeta árido e deserto que imaginávamos no passado", constatou Jim Green, outro cientista da NASA. É uma água escura e salobra, mas pode ser útil em missões espaciais tripuladas.

A Terra tem 4,5 bilhões e meio de anos. Sua superfície se estabilizou há 4 bilhões e a vida na Terra surgiu há 3 bilhões e 800 milhões de anos. Em eras geológicas, foi rápido. A vida poderia assim ser um fenômeno comum no universo e não uma particularidade deste planeta azul.

A grande questão filosófica - estamos sozinhos no universo? - volta a intrigar o macaco homem.

Lucro da indústria chinesa sofre maior queda já registrada

O lucro das fábricas chinesas caiu 156,6 bilhões de iuanes (US$ 24,6 bilhões ou R$ 100 bilhões) em agosto de 2015, numa redução de 8,8% em comparação com agosto de 2014, revelam dados publicados hoje pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China, citados pelo jornal South China Morning Post, de Hong Kong.

É o maior declínio anual desde o governo chinês começou a publicar estatísticas a respeito, em 2011. Nos primeiros oito meses de 2015, a baixa foi de 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

A pesquisa aponta problemas com aumento de custos, queda de preços e a recente desvalorização das ações negociadas em bolsas de valores. Só as flutuações da moeda chinesa seriam responsáveis por um aumento de custos de 23,9% nos últimos 12 meses.

Tailândia encerra caçada a terroristas que atacaram Bangkok

Com a suposta confissão de um suspeito preso no mês passado, a polícia da Tailândia anunciou hoje o fim da caçada aos terroristas responsáveis pelo atentado contra um santuário situado no centro da capital, noticiou a televisão Channel News Asia.

O suspeito foi identificado como Bilal Muhammad, também chamado de Bilal Turk e Adem Karadag, um estrangeiro. Ele teria admitido na semana passada ser o homem que aparece numa gravação de câmeras de segurança colocando a bomba no Santuário de Erawan.

No fim de semana, ele e outro suspeito da etnia uigur de nacionalidade chinesa acusado de disparar a bomba participaram de uma reconstituição do crime feita no local do atentado.

Ambos seriam membros de uma gangue de tráfico de pessoas que teria organizado o ataque como retaliação pela repressão das autoridades tailandesas. A polícia tailandesa promete continuar a investigação até desmantelar a máfia de trafico humano.

Na China, o regime comunista acusa extremistas muçulmanos da minoria étnica uigur de realizar uma campanha terrorista a partir da província de Xinjiang. Suas ações incluiriam um ataque terrorista na Praça da Paz Celestial, em Beijim, em que cinco pessoas morreram, três no carro participante do atentado, descrito pelas autoridades chinesas como terrorismo suicida.

Israel bombardeia posições do Exército da Síria

As Forças de Defesa de Israel atacaram hoje duas posições do Exército da Síria depois que um foguete disparado do outro lado da fronteira atingiu o território israelense, informou a Agência France Presse (AFP).

Foi o segundo foguete a cair do lado israelense das Colinas do Golã, território ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, anexado unilateralmente em 1981 e reivindicado pela Síria.

O primeiro-ministro linha-dura israelense, Benjamin Netanyahu, alega que a Síria e o Irã querem abrir uma frente de luta contra Israel nas Colinas do Golã.

domingo, 27 de setembro de 2015

Independentistas vencem eleições na Catalunha

Os dois partidos favoráveis à independência da Catalunha da Espanha venceram as eleições regionais catalãs deste domingo, elegendo 72 dos 135 deputados do Parlamento regional.

Computados 90% dos votos, eles ganharam com 47,8%, sem a maioria absoluta dos votos. A abstenção foi de 22,5%.

Com maioria absoluta no Parlamento, os partidos nacionalistas catalães pretendem iniciar um processo para chegar à independência até 2017.

O primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, chefe do governo central espanhol, rejeita a convocação da consulta popular. Já obteve uma decisão favorável do Tribunal Constitucional. A consulta popular teria de ser realizada em toda a Espanha com a aprovação do Parlamento nacional.

Se a Catalunha deixar a Espanha, sairá também da União Europeia e terá de negociar sua adesão.

França bombardeia Estado Islâmico na Síria pela primeira vez

A Força Aérea da França bombardeou hoje pela primeira vez posições da milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante em território da Síria, anunciou em Nova York o presidente François Hollande, afirmando que um centro de treinamento foi destruído.

Durante cinco horas, seis caças-bombardeiros franceses alvejaram o acampamento do Estado Islâmico no vale do Rio Eufrates. Hollande ameaçou "realizar novos ataques, se for necessário, mas bombardeios aéreos têm impacto limitado. Uma coalizão liderada pelos Estados Unidos ataca o EI há pouco mais de um ano, sem conseguir degradar e destruir a milícia, como prometeu o presidente Barack Obama.

O presidente francês justificou o ataque alegando que o Estado Islâmico representa uma ameaça de ataques terroristas na França e disse que nenhum civil inocente foi ferido. Até agora, a França tinha bombardeado o grupo apenas em território do Iraque para não dar vantagem ao ditador Bachar Assad na guerra civil da Síria. Hollande insistiu em que "o futuro da Síria não pode incluir Assad".

Amanhã, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, vai defender na Assembleia Geral das Nações Unidas uma aliança contra o EI que preserve o ditador sírio, Bachar Assad. Ele ficaria no poder durante um período de transição.

A Europa e os EUA exigem a saída de Assad como precondição para as negociações de paz na Síria. Putin, aliado do regime sírio, luta para preservar Assad. Nos últimos dias, concentrou 2 mil homens, aviões e helicópteros de combate numa base aérea síria para intervir diretamente na guerra civil do país

Depois de discursar na ONU, Putin se encontra com o presidente americano, Barack Obama, numa tentativa de romper o impasse que paralisou o Conselho de Segurança e impediu até agora uma ação coordenada da sociedade internacional para acabar com a guerra civil na Síria.

Mais de 250 mil pessoas foram mortas, 4 milhões fugiram do país e outras 7 milhões fugiram de casa em quatro anos e meio de conflito na Síria. Com Assad no poder, dificilmente os refugiados vão voltar.

Estado Islâmico lança ataque coordenado no Leste do Afeganistão

O braço afegão da milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante fez hoje uma série de ataques coordenados contra pelo menos oito postos de polícia do distrito de Achin, na província de Nangarhar, no Leste do Afeganistão, noticiou a Agência France Presse (AFP).

A ação acontece um dia depois que as Nações Unidas advertiram que o Estado Islâmico se infiltrou em 25 das 34 províncias do Afeganistão. É um desafio à milícia fundamentalista dos Talebã (Estudantes), que governou o país de 1996 a 2001 e foi derrubada pela invasão dos Estados Unidos para vingar os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

Desde o anúncio da morte do mulá Mohamed Omar, fundador e líder histórico dos Talebã, a milícia estaria dividida entre grupos que querem e não querem negociar a paz com o governo central afegão. O Estado Islâmico considera uma traição qualquer negociação com grupos secularistas que não aceitem sua versão extremista do islamismo.

Polícia de Israel enfrenta palestinos na Esplanada das Mesquitas

A polícia de Israel e manifestantes palestinos entraram em choque hoje na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, onde houve várias cenas preocupantes de violência nas últimas semanas, noticiou a agência Reuters.

Jovens palestinos jogaram pedras na polícia de choque na véspera do festival religioso judaico de Sukkot e no fim do feriado religioso muçulmano do Eid al-Adha, a Festa do Sacrifício que marca o fim do período da peregrinação anual a Meca.

Para aliviar a tensão e evitar conflitos, os judeus estão proibidos há dias de visitar o complexo situado no local que os israelenses chamam de Monte do Templo, onde ficava o templo histórico do rei Salomão. É um lugar mais sagrado para os judeus e o terceiro maior para os muçulmanos, que acreditam que o profeta Maomé ascendeu ao céu na esplanada.

Eleição na Catalunha vira plebiscito sobre independência

Os partidos que lutam pela independência da Catalunha transformaram as eleições regionais deste domingo no Nordeste da Espanha num plebiscito sobre a independência do país, observa o jornal espanhol El País.

O governo central espanhol de centro-direita rejeita qualquer iniciativa para dividir o país. O primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular, recusa a reivindicação dos independentistas de convocar um plebiscito.

Mas o movimento Juntos pelo Sim entende que, se os partidários da Catalunha independente conseguiram uma maioria de pelo menos 68 deputados no parlamento regional de 135 cadeiras, terá um mandato para lutar pela independência.

A Catalunha, com capital em Barcelona, é a região mais rica da Espanha, responsável por 20% do produto interno bruto do país.

Embora as pesquisas indiquem uma pequena maioria a favor de permanecer na Espanha, os independentistas, mais organizados, tendem a votar mais. Como o voto não é obrigatório, a expectativa é de que vençam as eleições de hoje.

As pesquisas de boca de urna apontam a vitória da aliança Juntos pelo Sim.

Partidos pró-Rússia protestam contra governo da Moldova

Cerca de 20 mil pessoas protestaram hoje contra o governo da ex-republica soviética da Moldova diante da sede do Parlamento, em Chisinau, a capital do país, informou a agência Associated Press (AP). Dois partidos favoráveis a uma aliança com a Rússia organizaram o protesto.

Foi a primeira manifestação desde 6 de setembro, quando dezenas de milhares de oposicionistas protestaram contra o fracasso no combate à corrupção e na realização de reformas. A oposição pede a dissolução do governo e a convocação de eleições antecipadas.

A manifestação de hoje acontece dias depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) avisou que não vai negociar um novo empréstimo para o governo moldavo pagar salários e pensões.

Embora não tenha fronteira com a Moldova, a Rússia tenta manter o controle sobre todas as ex-repúblicas soviéticas, o chamado exterior próximo, que considera parte de sua área de influência. A Moldova é étnica e linguisticamente romena e gostaria de aderir à União Europeia (UE).

sábado, 26 de setembro de 2015

Burkina Fasso extingue a guarda presidencial

O governo interino de Burkina Fasso, restaurado há três dias depois do golpe militar de 17 de setembro, decidiu ontem extinguir o Regimento de Segurança Presidencial, a guarda presidencial, responsável pela conspiração, noticiou a Radio France Internationale.

Depois de fazer um inventário das armas em poder da guarda, o governo vai entregá-las a outros soldados e dispersar a guarda.

O presidente interino Michel Kafando substituiu no ano passado o ditador Blaise Compaoré, derrubado por uma revolta popular depois de 27 anos no poder, com a missão de preparar as eleições parlamentares e presidencial previstas para 11 de outubro de 2015. Voltou ao cargo em 23 de setembro.

Hoje a Justiça burkinense anunciou o congelamento dos bens de 14 golpistas, inclusive do general Gilbert Diendéré, líder do golpe e ex-chefe da guarda presidencial, ligado a Compaoré, e de quatro partidos políticos.

O Conselho Nacional de Transição reassumiu hoje seus plenos poderes. As ruas da capital de Burkina Fasso, Uagadugu, estão calmas. Pelo menos dez pessoas foram mortas pelo golpe.

Putin usa Síria em sua escalada estratégica

O protoditador russo Vladimir Putin vai usar o discurso de segunda-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas para justificar mais um cartada na sua obsessão estratégica de resgatar pelo menos parte do poder imperial perdido com o fim da União Soviética. Vai apresentar a intervenção militar da Rússia na guerra civil da Síria como sua contribuição na luta contra o terrorismo e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

A ditadura de Bachar Assad, aliado do Kremlin, controla hoje apenas 15% a 20% do território sírio. Por isso, a Rússia optou por uma intervenção militar direta a pretexto de combater o Estado Islâmico. Na prática, é mais um lance da estratégia de Putin para jogar em todos os tabuleiros sem perder qualquer chance de apoiar regimes autoritários e desafiar o Ocidente.

Assad é o principal responsável pela guerra civil na Síria. Seus bombardeios à população civil em áreas rebeladas matam muito mais do que o Estado Islâmico. Tanto a Europa quanto os EUA aceitam negociar com o regime, mas entendem que a saída do ditador é precondição para acabar com uma guerra civil que ele começou, já matou mais de 250 mil pessoas e provocou a fuga do país de 4 milhões de pessoas, sem falar de outros 7 milhões desalojados internamente.

Um inquérito conduzido na ONU pelo sociedade brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro comprovou o uso de armas químicas naquele caso de 2013. A Rússia impediu que o relatório apontasse os responsáveis. 

Obama tinha ameaçado bombardear as forças de Assad se o ditador usasse armas químicas. Aceitou a proposta russa para eliminar as armas químicas da Síria, um desarmamento apenas parcial como mostra o uso recente de bombas de cloro pela ditadura. O presidente dos EUA traçou uma "linha vermelha", o regime sírio ignorou, com o apoio do Moscou, e ficou por isso mesmo.

Ao vacilar, Obama validou as iniciativas de uso da força de Putin. Meses depois, a Rússia interveio militarmente na Ucrânia, anexou a península da Crimeia e deflagrou uma rebelião no Leste da ex-república soviética, punida por se afastar da órbita de Moscou.

Sem tantas hesitações dos EUA e da Europa, Putin não estaria hoje concentrando aviões, helicópteros e soldados numa base aérea da Síria. Está defendendo sua única base militar no Mar Mediterrâneo, que fica na Síria, e aumentando seu poder no Oriente Médio.

A URSS deixou de ser uma potência no Oriente Médio quando o ditador egípcio Anuar Sadat abandonou a aliança com Moscou e virou aliado dos EUA, em 1977, para recuperar a Península do Sinai em negociações diretas com Israel. Quatro anos antes, a URSS entrara em alerta nuclear para impedir que Israel destruísse o III Exército do Egito na Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). 

A questão é se agora a Rússia vai conseguir virar o jogo. No Afeganistão, extremistas muçulmanos conseguiram humilhar o Exército Vermelho, com o apoio dos EUA, Arábia Saudita, China e Paquistão. Lá, nasceu a rede terrorista Al Caeda (A Base), origem do Estado Islâmico. Com mísseis antiaéreos, os jihadistas neutralizaram a superioridade área da URSS.

Para a empresa de análises estratégicas Stratfor, a guerra civil síria será decidida no campo de batalha e não em negociações internacionais. Grupos como o EI, Al Caeda e o Exército da Conquista não vão participar de negociações. Terão de ser derrotados em combates no solo.

Outra questão: dá para acreditar que uma improvável vitória de Assad reduza o fluxo migratório para a Europa? A Síria está arrasada. O frágil equilíbrio entre a minoria alauíta, um ramo do xiismo, a maioria sunita e as minoriais curda, cristã, drusa e caldeia existente antes da guerra não será restaurado sob Assad. A Síria é mais um Estado em colapso, a exemplo do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, do Líbano e da Somália, focos de agitação e terrorismo.

A reconstrução de um país é uma tarefa muito mais complexa do que sua destruição, como mostram as invasões do Afeganistão e do Iraque e a intervenção militar na Líbia para evitar que o ditador Muamar Kadafi massacrasse seu próprio povo, em 2011, quando Assad começava a fazer isso. Para conquistar a paz, é preciso construir ou reconstruir a máquina do Estado e a nação. 

O Afeganistão sempre foi um país tribal. A lealdade ao grupo étnico está acima do sentimento de nacionalidade. Seria necessário um grande investimento para reconstruir o país depois da invasão soviética e do domínio caótico dos grupos extremistas muçulmanos que tomaram conta do país com a retirada soviética.

Depois de deixar Ossama Ben Laden escapar na Batalha de Bora Bora, no fim de 2001, o então presidente americano George W. Bush desviou a atenção para invadir o Iraque e depor Saddam Hussein. Não basta ganhar a guerra. É preciso conquistar a paz reconstruindo uma sociedade que funcione e seja capaz de se autossustentar. Nesse sentido, os EUA fracassaram no Afeganistão e no Iraque, e a ONU fracassou na Líbia.

Ao se opor à invasão do Iraque, o então secretário de Estado americano, general Colin Powell, foi claro: depois de derrubar Saddam Hussein, os EUA seriam responsáveis por administrar um país de 25 milhões de habitantes dos quais não conheciam a língua nem a cultura. 

O processo foi dominado pelos neoconservadores do Pentágono, iludidos com o sonho de serem recebido como libertadores. Algum dia imaginaram que os EUA iriam governar um país árabe? Faltaram planos Marshall para Iraque e Afeganistão como o que reconstruiu a Europa depois da Segunda Guerra Mundial. 

Na verdade, construir Estados e nações nunca estiveram nos planos de Bush e seus asseclas. O candidato Bush deixou isso claro num dos debates com o vice-presidente Al Gore durante a campanha eleitoral de 2000. Sairia muito mais caro. O preço real está sendo muito maior.

O Estado Islâmico é fruto da destruição dos estados nacionais, do fracasso da Primavera Árabe em oferecer uma alternativa democrática e da guerra de Assad contra seu próprio povo. Grande parte de suas forças são ex-soldados e ex-policiais da ditadura de Saddam desmobilizados numa das grantes besteiras da invasão americana: desempregar centenas de milhares de homens com formação militar.

De positivo, a intervenção militar russa obriga os EUA a tomarem uma posição na guerra civil da Síria. A ajuda aos rebeldes sempre foi indireta e insuficiente. Dentro da estratégia de Assad de libertar os jihadistas e acusar os inimigos de terrorismo, não há moderados no campo de batalha. A oposição civil não tinha formação militar e foi logo esmagada.

O EI como inimigo comum ajuda, mas será suficiente? Depende do sucesso da invasão russa. A Rússia vai colocar soldados no campo de batalha, o que o Ocidente reluta em fazer?

Putin quer também uma acomodação da questão da Ucrânia e o fim das sanções dos EUA e da União Europeia sem deixar de interferir no país vizinho, que considera parte da Rússia. Obama vai aceitar a barganha? 

As Forças Armadas de Assad estão destroçadas. A maioria dos sucessos do regime no campo de batalha é atribuída à milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá, armada e financiada pelo Irã, o grande sustentáculo de Assad ao lado da Rússia.

Aceitar a narrativa russa de que não há saída sem Assad no poder significa legitimar o regime responsável pela maior tragédia humanitária de hoje no mundo. Putin fala no "governo legítimo da Síria". O Ocidente alega que ele perdeu a legitimidade ao massacrar seu próprio povo. Ceder será uma capitulação em nome da estabilidade de um Estado que na prática não existe mais.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Presidente da Câmara dos EUA renuncia sob pressão da ultradireita

Sob pressão da ala mais radical da direita do Partido Republicano, o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, deputado John Boehner, anunciou hoje que vai deixar o cargo no fim de outubro. Seu provável sucessor é o atual líder da bancada majoritária, deputado Kevin McCarthy, informou o jornal The Washington Post.

Como presidente da Câmara, Boehner é o segundo substituto do presidente Barack Obama, depois do vice-presidente Joe Biden. É também o republicano que ocupa o cargo mais alto nos EUA. Isso o torna o principal líder da oposição.

Nesta posição, onde está há quase cinco anos, desde as primeiras eleições intermediárias do governo Obama, Boehner é alvo de uma pressão constante dos deputados ligados ao grupo radical de direita Festa do Chá. A ultradireita cobra uma confrontação constante em temas como aborto, imigração, gastos públicos e o programa de Obama para universalizar a cobertura de saúde.

Agora, quer forçar mais uma vez a paralisação dos serviços não essenciais do governo federal para negar dinheiro do orçamento para a organização não governamental Planned Parenthood, que, entre outras atividades, financia abortos.

A renúncia de Boehner mostra que o radicalismo da direita americana divide não apenas o Congresso, mas também o Partido Republicano. Hoje a ultradireita está festejando uma vitória na luta pelo controle do partido.

Ao empurrar o partido mais para a direita, contra as minorias, contra os migrantes, contra os latinos, majoritariamente branco, a favor do Estado mínimo, negando o aquecimento global e defendendo o uso da forças nas relações internacionais, a direita republicana o torna mais inelegível.

EUA revisam para cima crescimento do segundo trimestre

A economia dos Estados Unidos avançou de abril a junho de 2015 num ritmo anual de 3,9% ao ano e não de 3,7%, como calculado na estimativa anterior, numa forte aceleração depois de uma alta de apenas 0,6% ao ano no primeiro trimestre, prejudicado pelo inverno rigoroso.

O crescimento mais forte foi atribuído ao aumento do consumo pessoal, especialmente em serviços como saúde e transporte, e da construção civil, informa a agência Reuters.

Esse resultado aumenta as chances de um aumento de juros ainda neste ano, nas reuniões do Comitê de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, como previu ontem sua presidente, Janet Yellen.

A expectativa de crescimento para o ano inteiro é agora de 2,5%.

Índice de preços cai no Japão pela primeira vez em dois anos

O núcleo do índice de preços ao consumidor do Japão registrou queda de 0,1% ao ano em agosto de 2015. Foi a primeira baixa desde que o banco central do país lançou um programa de estímulo de US$ 670 bilhões para combater a estagnação e a deflação, duas pragas da economia japonesa desde os anos 1990s.

A inflação plena, incluindo os preços mais voláteis de energia e alimentos, foi zero em relação a julho, mas subiu 0,2% na comparação anual, informou o jornal Asahi Shimbun, citando como fonte dados oficiais do Ministério do Interior.

Desde que chegou ao poder, em dezembro de 2012, o primeiro-ministro Shinzo Abe luta para acabar com a estagdeflação, assustado com o extraordinário crescimento da China, rival histórica do Japão. A forte queda nos preços do petróleo desde o ano passado complica a tarefa da chamada abeconomia.

Ontem, depois de ser reeleito líder do Partido Liberal-Democrata (PLD) por mais três anos, Abe prometeu disparar "três novas flechas" para aumentar o produto interno bruto em 22% sem fixar prazo, melhorar os benefícios sociais para as famílias de modo a estimular a natalidade e ampliar a cobertura previdenciária para os idosos.

Enquanto o plano de 2012 parecia uma estratégia ampla para revigorar a terceira maior economia do mundo, o discurso de ontem parece mais uma jogada eleitoreira. Abe não falou em abrir mais o país para imigrantes, aparentemente a única medida eficaz contra o envelhecimento da população, o mais rápido do mundo, um forte peso sobre a Previdência Social.

Com os limites no que pode conseguir com as políticas fiscal e monetária, o chefe de governo acena com crescimento, mais nascimentos e mais cuidados à velhice, mas não apontou nenhuma medida política concreta para realizar estes objetivos.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Ataque a mesquita xiita mata 25 pessoas no Iêmen

Pelo menos 25 pessoas foram mortas e dezenas saíram feridas hoje de um atentado a bomba contra uma mesquita xiita em Saná, a capital do Iêmen, dominada há um ano por rebeldes hutis, que são xiitas zaiditas apoiados pelo Irã.

A mesquita estava cheia de fiéis que festejavam o feriado religioso do Eid al-Adha, a Festa do Sacrifício que sucede a peregrinação a Meca. A primeira bomba explodiu dentro da mesquita. Quando os fiéis corriam para fugir do local, um terrorista suicida se detonou na entrada do prédio.

Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque. As principais suspeitas recaem sobre o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que realizou vários atentados recentes contra alvos xiitas.

O conflito entre os rebeldes e o governo deposto em fevereiro, apoiado por uma aliança sunita liderada pela Arábia Saudita, deixou um vácuo de poder ocupado por grupos jihadistas da Al Caeda ao Estado Islâmico.

Obama e Putin vão discutir guerra civil na Síria

Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Vladimir Putin, vão se encontrar durante a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas na próxima semana em Nova York para discutir uma solução para a guerra civil na Síria.

De acordo com um alto assessor do ditador Bachar Assad, os EUA e a Rússia já chegaram a um "acordo tácito" para acabar com o conflito que mais mais de 230 mil pessoas nos últimos quatro anos e meio, noticiou a Agência France Presse (AFP).

Até agora, o Kremlin se nega a aceitar a exigência dos EUA e da Europa de afastamento de Assad como precondição para as negociações de paz. Diante do avanço do Estado Islâmico do Iraque e do Levante e de outras milícias extremistas muçulmanas, a Rússia interveio diretamente na guerra civil síria, deslocando 2 mil soldados, aviões e helicópteros de combate para uma base aérea na provincia de Latakia.

Em seu discurso na ONU, Putin deve defender uma mobilização geral para combater o terrorismo, justificando assim a intervenção na Síria. Ao entrar diretamente no conflito sírio, pressiona Washington a negociar com Moscou para acabar com a guerra.

Hoje, caças-bombardeiros russos bombardearam posições do Estado Islâmico na província de Alepo, no Norte da Síria. O objetivo é romper o cerco rebelde à base aérea de Kueiris. Antes, um assessor do Kremlin revelou que Putin estava pronto a ordenar ações unilaterais contra o EI se os EUA rejeitassem sua proposta de unir forças contra o grupo jihadista

Colômbia suspende processos contra líderes das FARC

A Procuradoria-Geral da Colômbia suspendeu todas as denúncias contra membros do secretariado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que inclui os comandantes militares do grupo guerrilheiro, informou hoje o jornal El Espectador.

A medida é consequência do acordo anunciado ontem nas negociações de paz realizadas em Havana para a criação de um tribunal especial de paz para processar os crimes cometidos em 50 anos de guerra civil das FARC contra o Estado colombiano.

Foi um passo decisivo para a paz definitiva. Deve haver uma anistia, mas não para os "crimes contra a humanidade", como exige a sociedade colombiana. Atualmente, a Procuradoria investiga 38 mil casos ligados à guerra civil. O ministro da Justiça, Yesid Reyes Alvarado, declarou que até ex-presidentes podem ser acusados pelo novo tribunal.

O governo e a guerrilha prometeram ontem chegar a um acordo de paz em seis meses para que os rebeldes deponham as armas e se integrem à vida civil como um movimento político. Mas o fim da guerra não deve significar o fim da violência na Colômbia, onde mais de 500 mil pessoas foram mortas desde o assassinato do líder liberal Jorge Eliécer Gaitán, em 9 de abril de 1948.

A exemplo do que aconteceu em países da América Central, o fim da guerra civil deve deixar milhares de guerrilheiros sem qualquer qualificação em condições difíceis de se reintegrar à sociedade. Isso acabou fortalecendo as gangues do crime organizado. Os cartéis do tráfico oferecem uma opção de vida. As extorsões, sequestros e assaltos à mão armada devem continuar

Estado Islâmico prepara ofensiva contra Deir el-Zur

A milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante está preparando uma ofensiva para tomar os bairros que ainda não domina na cidade de Deir el-Zur: Jaura e Kussair, noticiou ontem a agência de notícias All4Syria.

Os milicianos foram vistos por aviões da coalizão liderada pelos Estados Unidos. O EI assumiu o controle da região em 2013, mas tropas leais à ditadura de Bachar Assad recuperação algumas áreas, inclusive uma base aérea.

Agora, os jihadistas partem para uma ofensiva final contra as forças governamentais. Para sustentar Assad, a Rússia está intervindo diretamente na guerra civil da Síria. Já tem 2 mil homens, aviões e helicópteros de combate prontos para entrar em ação. A pretexto de atacar o EI, reforça sua presença militar no Oriente Médio.

Sem alternativa a não ser aceitar a realidade, o presidente Barack Obama deve se encontrar com o homem-forte da Rússia, Vladimir Putin, durante a reunião anual da Assembleia Geral da ONU em Nova York na próxima semana.

Pânico e correria matam 717 muçulmanos na Arábia Saudita

Na maior tragédia em 25 anos na peregrinação anual dos muçulmanos à cidade sagrada de Meca, pelo menos 717 pessoas foram atropeladas e mortas e outras 800 saíram feridas quando a cerimônia de "apedrejamento do demônio" provocou correria e pânico na cidade vizinha de Mina.

Cerca de 160 mil tendas climatizadas foram erguidas no vale de Mina, a cinco quilômetros de Meca, para abrigar mais de 2 milhões de muçulmanos que participaram da maior peregrinação anual no mundo inteiro.

Um dos rituais é jogar pedras num muro que representa o diabo. Muitos peregrinos entram em transe neste momento e às vezes a situação sai fora de controle. Na pior tragédia, em 1990, 1.426 peregrinos foram mortos. Há poucas semanas, a queda de um guindaste numa obra na Grande Mesquita de Meca matou 107 pessoas.

Peregrinar a Meca pelo menos uma vez na vida é obrigação de todo muçulmano que tenha condições físicas e materiais para fazê-lo. Neste ano, a peregrinação está sendo realizada de 22 a 26 de setembro.

Papa fala de pobreza, imigração e aquecimento global nos EUA

Depois de passar por Cuba sem falar publicamente nos presos políticos do regime comunista, o papa Francisco chegou nos Estados Unidos indicando claramente as questões que deseja abordar durante a visita: a desigualdade social em meio à riqueza, a situação dos imigrantes ilegais latino-americanos e a proteção ao meio ambiente.

Com a popularidade de um popstar, Francisco atraiu a maior multidão reunida em Washington desde a posse de Barack Obama no primeiro mandato, em janeiro de 2009. Hoje à tarde, ele se torna o primeiro papa a discursar no Congresso dos EUA.

Suas críticas à ganância do capitalismo, sua tolerância com o homossexualismo e a promessa de perdão a quem faz aborto e se arrepende tornaram o papa alvo de críticas dos setores mais conservadores.

O governador de Nova Jérsei, Chris Christie, católico e aspirante à candidatura do Partido Repúblicano na eleição presidencial de 2016, declarou constrangido que "a infalibilidade do papa é em questões religiosas e não em política".

A Igreja Católica dos EUA, tradicionalmente conservadora, está à direita de Francisco. Outro tema delicado é a imigração. Descendente de italianos, o papa defendeu a legalização dos imigrantes e descreveu os EUA como um país construído por imigrantes.

Nos jardins da Casa Branca, Francisco deu apoio às negociações sobre o clima, advertindo que "o aquecimento global não é um problema que possa ser deixado para as próximas gerações". Também disse que veio em defesa da família e do casamento.

A maioria dos candidatos republicanos costuma afirmar que o aumento da temperatura média do planeta não é resultado da ação do homem, mais especificamente da queima de combustíveis fósseis como gás natural, carvão e petróleo.

As teses do papa estão mais próximas do Partido Democrata. Talvez ninguém tenha ficado tão feliz quanto Obama, observou o jornal The New York Times. Francisco já foi obrigado a esclarecer que não é comunista, orienta-se pela doutrina social da Igreja.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Ditador do Egito perdoa 100 prisioneiros

Um dia antes de embarcar para Nova York, onde vai discursar na reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, o ditador do Egito, marechal Abdel Fattah al-Sissi, deu indulto a 100 presos, inclusive três jornalistas da televisão árabe Al Jazira.

O canadense Mohamed Fahmy, o egípcio Baher Mohamed e o australiano Peter Greste foram condenados a três anos de prisão num segundo julgamento no mês passado sob as acusações de trabalhar sem autorização e transmitir material danoso para o Egito. Greste foi deportado para a Austrália em fevereiro.

Outros prisioneiros indultados foram enquadrados numa lei que proíbe manifestações de protesto sem autorização. Ela foi imposta depois do golpe militar de 3 de julho de 2013, quando Al-Sissi derrubou o único presidente eleito democraticamente da história do Egito, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, que fazia um governo sectário e desastroso.

Colômbia e FARC prometem paz definitiva em seis meses

O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) divulgaram hoje comunicado conjunto em Havana anunciando um acordo provisório para pôr fim a 50 anos de guerra civil e prometeram a paz definitiva em seis meses. Se houver acordo, os guerrilheiros devem entregar as armas em 60 dias.

As negociações de paz iniciadas em 2012 estavam num impasse em torno do julgamento dos acusados de cometer crimes. Hoje o presidente Juan Manuel Santos foi pessoalmente a Cuba para fechar um acordo que prevê a criação de um tribunal especial de paz com duas câmaras, uma para os que aceitarem se submeter à Justiça e outra para investigar os demais casos.

Um triplo aperto de mãos entre o presidente da Colômbia, o líder das FARC, Rodrigo Londoño Echeverri, de nome de guerra Timochenko, e o ditador de Cuba, Raúl Castro, selou o acordo de hoje. "Este é o caminho para uma paz sem impunidade", como exige a sociedade colombiana, declarou Santos.

Desde o assassinato do candidato liberal à Presidência Jorge Eliécer Gaitán, em 9 de abril de 1948, que deflagrou o Bogotazo, com a morte de 2 mil pessoas num dia na capital da Colômbia, e um período conhecido como La Violencia, o total de mortos na guerra civil colombiana passa de 500 mil.

As FARC, braço armado do Partido Comunista Colombiano, nasceram quando a esquerda estava na clandestinidade por causa de La Violencia. Lutavam desde 1964 para impor uma ditadura marxista-leninista num país oligárquico, com grande concentração da riqueza e da propriedade da terra. Outros grupos de esquerda, paramilitares de direita e cartéis do tráfico de drogas também participaram do conflito. Mais de 220 mil pessoas foram mortas nesta guerra das FARC.

Com base no acordo de hoje, podem ser processados não apenas os guerrilheiros, destacou o presidente colombiano, mas "todos os que participaram do conflito de maneira direta ou indireta, inclusive agentes do Estado e em particular os membros da força pública".

O governo colombiano promete dar a "anistia mais ampla possível" para questões políticas, mas deixará de fora crimes de lesa humanidade, genocídio e crimes de guerra graves, que serão examinados pelo tribunal especial.

Timochenko manifestou "satisfação" com o acordo sobre os tribunais: "Corresponde às partes agora multiplicar esforços para a construção de consensos que nos aproximem de um cessar-fogo bilateral, definições sobre a entrega das armas e a transformação das FARC num movimento político legal."

França vende ao Egito navios de guerra encomendados pela Rússia

A França anunciou hoje a venda ao Egito por 980 milhões de euros (R$ 4,57 bilhões) de dois porta-helicópteros Mistral originalmente encomendados pela Rússia, que vai receber uma devolução de 950 milhões de euros (R$ 4,43 bilhão), noticiou a agência Associated Press (AP). 

O negócio com Moscou foi suspenso por causa das sanções impostas pela Europa e os Estados Unidos em resposta à intervenção militar russa na ex-república soviética da Ucrânia. Tanto o Egito quanto a Arábia Saudita manifestaram interesse em comprar os navios de guerra. Como são aliados, os sauditas podem financiar parte da transação.

Era um projeto feito para a Rússia. Os porta-helicópteros terão de ser reaptados para se adequar às exigências de comando, controle, comunicações e clima. Isso pode levar anos.

Além dos porta-helicópteros, o Egito comprou 24 aviões de caça franceses Rafale, que estiveram em cogitação quando o Brasil abriu concorrência para renovar a Força Aérea Brasileira. O governo pelos caças Gripen, da Suécia.

Colômbia e FARC devem anunciar acordo hoje à noite

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e o líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Rodrigo Londoño Echeverri, devem anunciar hoje à noite em Havana a assinatura de um acordo sobre o julgamento dos responsáveis por crimes de guerra durante a longa guerra civil do país, noticiou a Rádio Caracol.

A declaração conjunta deve ser feita durante uma visita de Santos a Cuba, onde as duas partes negociam a paz há quase três anos. Depois de acordos sobre várias questões, como o apoio da guerrilha ao narcotráfico, o processo de paz estava estagnado em torno das punições aos responsáveis por delitos cometidos durante a guerra civil.

Desde 1964, as FARC, antigo braço armado do Partido Comunista Colombiano, lutavam para instaurar uma ditadura marxista-leninista na Colômbia. O acordo a ser anunciado hoje pode ser um marco do fim do conflito.

Durante sua visita a Cuba, o papa Francisco elogiou a mediação cubana e fez um apelo às duas partes para não perderem a oportunidade de chegar à paz.

Presidente de Burkina Fasso reassume uma semana após golpe

O presidente interino de Burkina Fasso, Michel Kafando, reassumiu o cargo nesta quarta-feira, depois que o Exército tomou a capital e exigiu a rendição dos golpistas, membros da guarda presidencial ligados ao ex-ditador Blaise Compaoré.

"Estou de volta ao trabalho", declarou Kafando. "Durante esta experiência difícil, lutamos juntos e triunfamos juntos."

Pelo menos dez pessoas foram mortas durante o golpe. Kafando, o primeiro-ministro Isaac Zida e vários ministros foram presos pelos golpistas na quarta-feira passada. Zida foi libertado ontem.

O golpe foi repudiado pelas Nações Unidas, a União Africana e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas, em inglês), que negociou a restituição do poder ao governo deposto.

O líder golpista, general Gilbert Diendéré, chefe do Regimento de Segurança Presidencial, o nome oficial da guarda, é ligado ao ex-ditador Blaise Compaoré, deposto em outubro de 2014 em meio a uma revolta popular quando tentava concorrer a um novo mandato depois de 27 anos no poder.

Como presidente interino, a principal missão de Kafando é organizar as eleições parlamentares e presidencial previstas para 11 de outubro de 2015.

Diretor-presidente da VW cai em escândalo por fraude ambiental

Sob pressão desde que a Volkswagen admitiu fraude no controle da emissão de poluentes por seus motores a óleo diesel, o diretor-presidente da empresa, Martin Winterkorn, pediu demissão hoje.

"A VW precisa de um recomeço", declarou Winterkorn, alegando não saber das irregularidades. "Estou abrindo o caminho para este recomeço com minha demissão."

Ontem, a VW confessou ter alterado o programa de computador de 11 milhões de veículos a diesel para mascarar a emissão de poluentes. A denúncia inicial, feita na sexta-feira pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, era de 482 mil veículos manipulados.

As ações da companhia caíram 20% ontem. Hoje de manhã, registravam alta de 5,8%.

O único modelo a venda no Brasil que pode ter o problema é a picape Amarok fabricada na Argentina.

Europa vai acolher 120 mil refugiados

Apesar dos votos contrários da Eslováquia, Hungria, República Tcheca e Romênia, a União Europeia decidiu hoje acolher 120 mil refugiados em dois anos e distribuí-los entre seus países-membros com base em cotas calculadas de acordo com o tamanho da população.

Como em seu processo de expansão a UE adotou a decisão majoritária em diversas questões, os votos contrários não representam um veto. Os países derrotados são obrigados a aceitar a decisão. Para esses países pobres da Europa Oriental, parece um atentado contra a soberania nacional.

Em Bratislava, o primeiro-ministro Robert Fico desafiou as regras do bloco: "Enquanto eu for primeiro-ministro, as cotas obrigatórias não serão implementadas em território eslovaco."

Depois de uma longa batalha que ameaça o próprio futuro do projeto de integração da Europa, os ministros do Interior dos 28 países-membros resolveram dividir proporcionalmente os refugiados, adotando pela primeira vez uma política comum de asilo político.

A Polônia, que também era contra, acabou se juntando à Alemanha e à França, o eixo central da UE, e votou a favor da proposta.

O problema é que 120 mil é uma parcela muito pequena dos 4 milhões de refugiados que escaparam da Síria para fugir da guerra civil, além de iraquianos, afegãos e paquistaneses fugindo de suas próprias guerras civis.

"O plano de realocação não será suficiente para resolver a crise", advertiu Carlotta Sami, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas. "São apenas 120 mil em dois anos. Considerando que até hoje 480 mil pessoas chegaram de barco neste ano à Europa e que 84% vêm de países capazes de gerar refugiados, não é suficiente. Os países europeus precisam aumentar esse número."

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Espionagem e disputas no Mar da China marcam visita de Xi aos EUA

Num momento de desaceleração do crescimento e dúvidas sobre a economia da China, o presidente Xi Jinping iniciou hoje sua viagem aos Estados Unidos por Seattle, onde jantou com líderes da grandes empresas americanas para mostrar que seu país é um parceiro fundamental no mundo globalizado. 

Em Washington, onde será recebido quinta-feira em visita de Estado, Xi será pressionado pelo presidente Barack Obama por causa da espionagem cibernética e das disputas territoriais com países vizinhos no Mar do Sul da China.

"No momento, todas as economias estão enfrentando dificuldades e nossa economia também está sob pressão para baixo, mas isto é apenas um problema no curso do progresso. Tomaremos medidas coordenadas para atingir o crescimento estável", declarou o ditador chinês em discurso em Seattle em que deu "saudações e os melhores votos de mais de 1,3 bilhão de chineses".

Seu tom foi conciliador no melhor estilo chinês. Xi prometeu construir com os EUA "um novo modelo de relações entre grandes países sem conflito e sem confrontação", baseado "no respeito mútuo e na cooperação" benéfica para todos.

Entre os dirigentes empresariais que pagaram US$ 30 mil para jantar com Xi, estavam os líderes da Boeing, da Microsoft e da Starbucks, três megaempresas com sede em Seattle. O ex-secretário de Estado Henry Kissinger, que iniciou a reaproximação com a China em 1971, fez a apresentação do líder chinês.

Em poucos anos, a China deve ser a maior compradora de aviões da Boeing, um mercado que não pode ser desprezado. Nenhum estado americano exporta mais para a China do que Washington, onde Seattle é a maior cidade.

O objetivo dessa escala inicial é mostrar que a China ainda tem uma economia dinâmica, apesar da desaceleração do crescimento. Na última previsão oficial, a segunda maior economia do mundo deve avançar 6,9% em 2015, abaixo da meta de 7%.

Diante da inesperada desvalorização do iuane e da intervenção do regime comunista para sustentar as bolsas de valores da China, os economistas têm sérias razões para duvidar das declarações oficiais de que o crescimento está dentro do esperado.

Desde que o presidente Richard Nixon chegou à China num Boeing 707 em 1972, a China se tornou uma grande cliente da companhia. Nos próximos 20 anos, o mercado chinês deve comprar mais de 6 mil aviões novos. A Boeing quer aumentar sua fatia de mercado.

Outra empresa de Seattle, a cafeteria e lanchonete Starbucks, tem 1,8 mil lojas na China e pretende dobrar este número em quatro anos. Em atenção à cultura local, são mais cafeterias do que lanchonetes, muitas instaladas em grandes salões onde os chineses tomam chá, café ou refrigerantes, conversam e trabalham durante horas em seus computadores. Lá não existe a cultura de comprar e sair comendo ou comer depressa.

Xi Jinping é um dos principezinhos, os filhos dos heróis da revolução comunista liderada por Mao Tsé-tung que se tornaram dirigentes do partido e lutam para preservar o regime. Seu pai, Xi Zhongxun, general do Exército Popular de Libertação (ELP), visitou o Havaí em 1980, no início da abertura econômica chinesa, quando era governador da província de Cantão.

Em 1985, quando era um funcionário de província, Xi Jinping visitou Muscatine, no estado de Iowa, para conhecer a agricultura americana. Agora, chega a Washington como homem-forte da superpotência emergente no fim da tarde de 24 de setembro, quando o papa Francisco tiver deixado a capital dos EUA.

Os diplomatas chineses não queriam a concorrência do papa: "Ele é um popstar".

A saudação com 21 tiros de canhão nos jardins da Casa Branca criarão a pompa e a circunstância que Xi quer apresentar ao povo chinês para posar como grande líder. Nas questões de Estado substantivas, a ciberpirataria, a nova lei de segurança nacional chinesa e as disputas de mar territorial da China com países vizinhos, não deve haver avanço.

O dirigente máximo do regime comunista chinês é um burocrata do partido que lançou a maior campanha anticorrupção desde a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76) para afastar inimigos, garantir o controle sobre o Exército popular de libertação e consolidar o poder.

Com a desaceleração do crescimento, Xi apela ao nacionalismo e a uma revisão da história em busca de unidade ao redor do regime. Se o comunismo acabou como ideologia, o filósofo Confúcio, denunciado durante a Revolução Cultural, é resgatado para construir a narrativa da Grande China candidata a maior potência mundial. Esse nacionalismo inquieta os EUA e o Japão, inimigo histórico com que a China disputa umas ilhotas.

Durante a visita a Nova York, observa o jornal The New York Times, Xi vai ocupar o local de Obama ao se hospedar no Hotel Waldorf Astoria, tradicionalmente usado por presidentes e diplomatas americanos durante a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas. Como o hotel foi vendido para a companhia de seguros chinesa Anbang, os EUA temem ser espionados. É apenas mais um sinal da desconfiança entre as duas maiores potências mundiais.

Presidente deposto do Iêmen volta a Áden

Depois de seis meses no exílio na Arábia Saudita, o ex-presidente do Iêmen Abed Rabbo Mansur Hadi voltou hoje ao porto de Áden, a segunda cidade mais importante do país, noticiou a agência Reuters.

Outros membros do governo no exílio, inclusive o primeiro-ministro Khaled Bahah, voltaram à cidade para tentar reinstalar o governo, enquanto a aliança sunita liderada pela Arábia Saudita promete retomar o controle da capital, Saná, em poder dos rebeldes hutis, xiitas zaiditas apoiados pelo Irã, desde setembro de 2014.

Quando os rebeldes dissolveram o governo, em fevereiro de 2015, Hadi e seus aliados tentaram se instalar em Áden, mas foram expulsos da cidade, o que levou à intervenção saudita a partir de 25 de março de 2015.

VW admite fraude de normas antipoluição em 11 milhões de veículos

Depois de um grande esforço para se tornar o maior fabricante de automóveis do mundo, a empresa alemã Volkswagen reconheceu hoje que 11 milhões de veículos foram equipados com programas de computador para mascarar a emissão de poluentes e fraudar as normais de proteção ambiental.

Sob ameaça de um processo penal nos Estados Unidos, da convocação dos responsáveis pela empresa na Coreia do Sul e do pedido da França de uma investigação na Europa, a VW perdeu nos últimos dias 20% de seu valor de mercado.

Hoje, o diretor-presidente da empresa, Martin Winterkorn, prometeu que a manipulação jamais se repetirá. O escândalo das emissões de poluentes provocou uma onda de choque na Alemanha, onde a VW era considerada uma empresa-modelo e um orgulho nacional.

Na sexta-feira, as autoridades americanas denunciaram a fraude para mascarar a poluição gerada pelos veículos da VW movidos a óleo diesel, que poderia ser até 40 vezes acima do permitido. A multa pode chegar a US$ 18 bilhões.

A organização não governamental Conselho Internacional por um Transporte Limpo logo levantou a suspeita de que a fraude tenha sido cometida não só nos EUA, levando a União Europeia e a Coreia do Sul a exigir esclarecimentos e abrir investigações.

No primeiro semestre de 2015, a VW superou a japonesa Toyota em número de veículos vendidos, tornando-se a maior empresa do setor no mundo. Agora, essa liderança está ameaçada.

Boko Haram mata 52 pessoas em ataques múltiplos na Nigéria

Pelo menos 52 pessoas foram mortas em ataques a bomba múltiplos em Maiduguri, capital do estado de Borno, no Nordeste da Nigéria, noticiou ontem a agência espanhola EFE. O principal suspeito é o grupo extremista muçulmano Boko Haram, que agora se apresenta como o Estado Islâmico da África Ocidental.

As explosões aconteceram no domingo perto do aeroporto da cidade, que fica junto a uma base aérea e recentemente voltou a ser usado para voos comerciais. Um porta-voz do Exército da Nigéria declarou que três bombas explodiram. Ele atribuiu os atentados ao "desespero" do Boko Haram.

O porta-voz Sami Uthman advertiu a população a ficar vigilante e relatar qualquer atitude suspeita às forças de segurança - e reafirmou a determinação do governo nigeriano de destruir o grupo terrorista. Desde a posse do presidente Muhammadu Buhari, a Nigéria lançou uma grande ofensiva antijihadista com o apoio do Chade, de Camarões e do Níger, países vizinhos também atacados pela milícia.

Exército ocupa capital de Burkina Fasso

Cinco dias depois do golpe que derrubou o presidente interino, Michel Kafando, o Exército entrou durante a noite de ontem para hoje em Uagadugu, a capital de Burkina Fasso, para pressionar os líderes rebeldes a devolver o poder. O primeiro-ministro Isaac Zida foi libertado.

Os civis que saíram às ruas nos últimos dias para protestar contra o golpe não opuseram resistência ao Exército regular. A guarda presidencial ou Regimento de Segurança presidencial, responsável pelo golpe, negocia a rendição.

O líder golpista, general Gilbert Diendéré, é ligado ao ex-ditador Blaise Compaoré, derrubado há pouco menos de um ano numa revolta popular quando tentava mudar a Constituição para concorrer a um novo mandato depois de 27 anos no poder.

Diendéré se nega a devolver o poder a Kafando. Quer ficar até as eleições parlamentares e presidencial de 11 de outubro. Mas não tem apoio doméstico nem internacional.

As Nações Unidas, a União Africana e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas) condenaram o golpe e exigiriam a devolução imediata do poder aos civis dentro do processo de democratização em andamento.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Governador Scott Walker abandona corrida à Casa Branca

Depois de iniciar a campanha como um dos favoritos dos meios de comunicação e da cúpula do Partido Republicano, diante da falta de apoio nas pesquisas e de dinheiro, o governador de Wisconsin, Scott Walker, abandonou hoje a disputa pela candidatura de oposição à Presidência dos Estados Unidos em 2016.

É o segundo dos 14 aspirantes republicanos a tirar o time de campo. O primeiro foi o ex-governador do Texas Rick Perry. Em 2012, Perry chegou a liderar as pesquisas. Caiu quando não soube dizer num debate quais as três agências do governo federal que fecharia se fosse eleito.

Em seu anúncio, Walker atribuiu seu fracasso à inesperada popularidade nas pesquisas de intenção de voto do magnata imobiliário Donald Trump, que vem atacando ferozmente todos os rivais e se negou a se comprometer a apoiar quem for escolhido nas eleições primárias. Ameaça concorrer como candidato independente.

Ao fazer isso em 1992, o magnata Ross Perot ajudou Bill Clinton a derrotar George Bush, o pai, dando a Casa Branca ao Partido Democrata.

Walker recomendou o abandono da corrida aos outros candidatos com poucas chances para que o Partido Republicano possa se concentrar em evitar que Trump ganhe a parada.

Na segunda-feira à noite, o senador texano Ted Cruz, talvez o candidato mais à direita de todos, tinha encontro marcado em Nova York com um doador da campanha de Walker. Jeb Bush, outro favorito que não decolou ia telefonar para outro doador.

Na última pesquisa da televisão americana CNN, Walker não pontuou. Trump continua em primeiro, mas caiu de 32% para 24%. A alta executiva Carly Fiorina, ex-diretora-geral da empresa de informática HP, pulou três pontos para o segundo lugar com 15% por causa de seu bom desempenho no segundo debate da campanha. Passou à frente do neurocirurgião Ben Carson, que agora é o terceiro com 14%.

A característica comum dos três primeiros colocados é que nenhum é político de carreira. O velho discurso do Partido Republicano contra os políticos em geral e os de Washington em particular colou.

O quarto colocado é o jovem senador da Flórida Marco Rubio, filho de exilados cubanos, considerado um dos vencedores do debate ao lado de Fiorina. Com 11%, Rubio passou o ex-governador da Flórida Jeb Bush, irmão e filho de ex-presidentes, considerado o favorito da cúpula do partido, que aparece em quinto lugar com 9%.

Logo atrás, dois evangélicos, o senador Ted Cruz e o ex-governador do Arkansas Mick Huckabee com 6%; o senador libertário do Kentucky Rand Paul, com 4%; o governador de Nova Jérsei, Chris Christie, com 3%; o governador de Ohio, John Kasich, com 2%; e o ex-senador pela Pensilvânia Rick Santorum, com 1%.

Rússia concentra poder aéreo para intervir na guerra civil da Síria

Com pelo menos 16 aviões de combate estacionados na base aérea Bassel Assad, perto da cidade de Latakia, a Rússia está pronta para intervir diretamente na guerra civil da Síria em apoio à ditadura de Bachar Assad. As obras na base estão em andamento e cada vez chegam mais helicópteros de combate.

No sábado passado, a Rússia tinha na base quatro caças-bombardeiros Sukhoi-30, revelam imagens de satélites dos Estados Unidos. Hoje chegaram 12 Su-25, ampliando a capacidade de lançar ataques em terra nas linhas de frente da guerra civil síria.

Desde 4 de setembro, chegaram pelo menos 15 helicópteros de combate, inclusive Mi-24s. Ao esmo tempo, foram instaladas baterias antiaéreas para proteger a base aérea, alvo de ataques com foguetes Grad do grupo extermista muçulmano Exército da Conquista, que reúne várias milícias jihadistas.

Cerca de 2 mil militares russos vão trabalhar na base, entre pilotos, tripulantes, engenheiros, mecânicos e soldados para defender o quartel.

A concentração de forças russas alarmou o governo de Israel. Durante visita a Moscou, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que o objetivo é coordenar as operações para evitar choques entre as forças de Israel e da Rússia.

Na sexta-feira, os ministros da Defesa dos Estados Unidos e da Rússia conversaram pela primeira vez em mais de um ano. Ao discursar nos próximos dias na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Vladimir Putin vai justificar a intervenção em nome do combate à milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, mas seus objetivos centrais são manter a ditadura de Assad e reforçar a presença militar no Oriente Médio.

domingo, 20 de setembro de 2015

Junta militar de Burkina Fasso insiste em ficar no poder até eleições

O general Gilbert Diendéré, líder do golpe de Estado de 16 de setembro de 2015 em Burkina Fasso, resiste à pressão internacional para devolver o poder ao presidente interino Michel Kafando, noticiou hoje a rádio e televisão pública britânica BBC. Quer comandar o país até as eleições parlamentares e presidencial de 11 de outubro.

Ontem, o presidente do Benin, Thomas Boni Yayi, um dos mediadores enviados pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas), previu a volta de Kafando.

Mais cedo, hoje, militantes do Congresso pela Democracia e Progresso invadiram o hotel onde se realizam as negociações para manifestar apoio ao golpe e hostilizaram participantes do diálogo. São partidários do ditador Blaise Compaoré, derrubado por uma revolta popular em outubro de 2014 quando tentava aprovar uma reforma constitucional para concorrer a um novo mandado depois de estar no poder há 27 anos.

O líder golpista era chefe da guarda presidencial e um antigo aliado de Compaoré.

Direita reconhece derrota para Syriza nas eleições da Grécia

Com 33% a 35% dos votos, a Coligação de Esquerda Radical (Syriza) venceu as eleições parlamentares realizadas hoje na Grécia. O líder do partido conservador Nova Democracia, Vangelis Meïmarakis, reconheceu a derrota 15 minutos atrás.

Apesar de uma grande abstenção de 40%, os gregos deram uma segunda chance ao primeiro-ministro Alexis Tsipras, vencedor das eleições anteriores, em 25 de janeiro. A ND recebeu 28% dos votos e o partido neofascista Aurora Dourada, 7%.

A Syriza deve eleger cerca de 145 deputados. Vai precisar de uma coalizão para ter maioria no Parlamento da Grécia, de 300 cadeiras. Com 3,7% dos votos, o partido Gregos Independentes, parceiro menor da coligação de governo, deve eleger uns 10 deputados. Será suficiente.

No poder, Tsipras chegou a romper as negociações com os credores da dívida pública da Grécia e a convocar um plebiscito para legitimar a decisão. Quando voltou atrás, o partido se dividiu e o governo perdeu a maioria no Parlamento. Isso levou Tsipras a pedir demissão em agosto e à convocação de eleições antecipadas.

A Grécia enfrenta uma depressão que reduziu o produto interno bruto do país em 25% nos últimos seis anos e elevou o desemprego a 27% da população em idade de trabalhar. Tsipras se elegeu em janeiro como o candidato contra a austeridade fiscal. Foi obrigado a recuar para manter o país na união monetária europeia.

Com o novo acordo, a dívida pública grega subiu para 200% do PIB. O país precisa de uma renegociação que reduza o total da dívida, adverte o Fundo Monetário Internacional, mas os sócios da Grécia na Zona do Euro não querem arcar com o prejuízo.

EUA aceitam receber 100 mil refugiados em 2017

Durante visita à Alemanha, o secretário de Estado americano, John Kerry, declarou hoje que os Estados Unidos estão dispostos a receber 100 mil refugiados em 2017, 30 mil a mais do que devem acolher em 2015, noticiou o jornal The New York Times. Em 2016, serão 85 mil.

O plano ajuda a Europa a enfrentar a migração em massa provocada pela guerra civil na Síria, onde mais de 240 mil pessoas foram mortas e 4 milhões fugiram do país nos últimos quatro anos e meio. A Alemanha está recebendo centenas de milhares de refugiados.

Só pelo Mar Mediterrâneo, mais de 442 mil chegaram neste ano à Europa. Pelo menos 2.291 morreram na travessia. A cada dia, cerca de 4 mil pessoas chegam às ilhas gregas. Os dados atualizados foram divulgados na sexta-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.

sábado, 19 de setembro de 2015

Rússia terá base aérea na Bielorrússia

Em conflito com o Ocidente por causa de sua intervenção militar na Ucrânia, o presidente Vladimir Putin anunciou hoje seu apoio à instalação de uma base militar da Rússia na Bielorrússia, a outra república do núcleo eslavo que dominava a extinta União Soviética.

A proposta, feita inicialmente pelo ministro da Defesa, Serguei Choigu, em 2013, tende a aumentar a tensão entre a Rússia e os antigos países comunistas da Europa Oriental que saíram da órbita de Moscou, como a Polônia, vizinha da Bielorrússia, e entraram para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos.

A ex-república soviética da Bielorrússia tentou sem sucesso mediar o conflito entre Rússia e Ucrânia. Diante da crise econômica russa, busca uma aproximação econômica com a União Europeia. Mas o ditador Alexander Lukachenko, último líder stalinista do continente, já ancorou o país estratégica e militarmente à Rússia.

Depois de quase um ano de silêncio, os ministros da Defesa dos EUA e da Rússia voltaram a conversar ontem diante da crescente intervenção militar russa na Síria para apoiar a ditadura de Bachar Assad, que só controle hoje 15% do território nacional.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Obama vai nomear primeiro secretário do Exército gay dos EUA

Em mais um momento histórico para o Pentágono, o presidente Barack Obama decidiu indicar Eric Fanning para secretário do Exército dos Estados Unidos. Será o primeiro homossexual assumido a chefiar uma das Forças Armadas do país, noticiou o jornal The Washington Post.

A nomeação ainda precisa ser aprovada pelo Senado. Fanning, de 47 anos, é um especialista em defesa e segurança nacional com mais de 25 anos de experiência no Congresso e no Departamento da Defesa. Como secretário do Exército, Fanning vai trabalhar em conjunto com o general Mark Milley, que assumiu o comando da força em agosto de 2015.

É mais uma grande mudança para o Pentágono. Há apenas quatro anos, os militares americanos eram proibidos de assumir publicamente sua homossexualidade.

Rússia estaciona aviões de caça em base na Síria

Os satélites dos Estados Unidos detectaram a presença de aviões de caça da Rússia numa base militar no litoral da Síria que comprova o envolvimento cada vez maior do Kremlin na guerra civil da Síria para sustentar seu aliado, o ditador Bachar Assad, que controla menos de 15% do território do país.

Hoje os ministros da Defesa dos EUA e da Rússia tiveram seu primeiro contato direto em mais de um ano. A crise e a intervenção militar de Moscou na Ucrânia deixaram as relações entre a Rússia e o Ocidente no pior estado desde o fim da Guerra, com a dissolução da União Soviética, em 1991.

A retomada do diálogo reflete a preocupação de Washington com a escalada militar russa na Síria a pretexto de combater a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que hoje domina quase metade da Síria.

Durante 50 minutos, o secretário da Defesa dos EUA, Ashton Carter, e o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, discutiram a intervenção militar russa na Síria. Com o campo de batalha dominado por extremistas muçulmanos, fracassou a tentativa americana de armar e financiar rebeldes moderados.

Os EUA e a União Europeia defendem uma ampla negociação entre diferentes forças políticas, mas exigem o afastamento do ditador como precondição para um acordo capaz de pôr fim à guerra civil síria, iniciada há quatro anos e meio com a repressão de Assad às manifestações pacíficas da Primavera Árabe.

Como o atrito com o Ocidente faz a Rússia resgatar o status de grande potência nuclear, o protoditador Vladimir Putin parece disposto a jogar em todos os tabuleiros para fustigar os EUA e a Europa, reconquistando parte do espaço geopolítico perdido com o colapso da URSS.

Putin está na Síria porque pode. Usou a mesma lógica para anexar a Crimeia e provocar a rebelião no Leste da Ucrânia, certo de que ninguém vai entrar numa guerra possivelmente nuclear com a Rússia.

Quando discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas no fim deste mês, Putin vai apresentar a intervenção como a contribuição russa à guerra contra o Estado Islâmico. Mas sua preocupação maior é impedir a formação de um futuro governo sírio aliado do Ocidente. Ao lado do Irã, é hoje o aliado mais importante de Assad.

Afinal, a Rússia tem na Síria sua única base militar no Mar Mediterrâneo e Putin não está disposto a aceitar um recuo estratégico.

"Temos duas grandes tarefas na Síria: uma é chegar a um acordo diplomático e o outro é derrotar o Estado Islâmico", declarou ao jornal The Washington Post Julianne Smith, ex-funcionária da Casa Branca, hoje pesquisadora do Centro para uma nova Segurança Americana. "Ambas nos levam à Rússia."

Obama reduz restrições a viagens e negócios em Cuba

Às vésperas da visita do papa Francisco, principal mediador do reatamento entre os Estados Unidos e Cuba, o presidente Barack Obama tomou medidas para diminuir as restrições para que americanos viagem à ilha e façam negócios no país. 

Com os novos decretos publicados hoje no Diário Oficial do governo federal dos EUA, as viagens permitidas, que podem ser feitas por motivos empresariais, religiosos e educacionais, podem incluir membros da família e os viajantes poderão abrir contas bancárias em Cuba.

As empresas dos EUA poderão abrir escritórios e contratar cidadãos cubanos, informa o jornal The Washington Post. Há uma expectativa de que empresas de informática se instalem em Cuba para oferecer serviços de Internet, o que é capaz de inquietar o regime comunista cubano.

Parlamento do Japão aprova uso da força no exterior

Pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial, uma lei autoriza o primeiro-ministro do Japão a enviar as Forças Armadas para combate no exterior fora de missões de paz das Nações Unidas, abandonando um dispositivo central da Constituição pacifista imposta pelos Estados Unidos.

Apesar dos protestos, na manhã deste sábado pela hora local, o Parlamento japonês aprovou uma proposta do primeiro-ministro Shinzo Abe, que considera a medida necessária para o Japão voltar a ser "um país normal".

"Se pusermos o poderio da Marinha dos EUA e das forças de autodefesa marítimas do Japão lado a lado, finalmente um mais um será igual a dois", declarou Abe meses atrás em entrevista ao jornal americano The Wall Street Journal.

A medida foi adotada diante do crescente poderio militar e agressividade da China em disputas de mar territorial com os vizinhos. Permite fortalecer o papel do Japão na aliança militar com os EUA, intervir em possíveis conflitos entre as Coreias do Sul e do Norte ou agir contra o bloqueio de rotas marítimas capazes de ameaçar a segurança e o comércio exterior do país.

De acordo com o artigo 9 da Constituição de 1947, imposta durante a ocupação americana depois da Segunda Guerra Mundial, as Forças de Autodefesa do Japão só podem atuar defensivamente para proteger o território e as águas territoriais do país. Os críticos da decisão alegam que só poderia ser alterada por emenda constitucional.

Em 1992, depois de muita discussão, o Parlamento autorizou o envio de tropas japonesas ao exterior, mas só em missões de paz da ONU,

Líderes do golpe libertam presidente deposto em Burkina Fasso

Os líderes do golpe militar libertaram hoje o presidente Michel Kafando, deposto ontem, e vários ministros detidos durante uma reunião ministerial no palácio presidencial em Uagadugu, a capital de Burkina Fasso, um país muito pobre da África Ocidental, noticiou a Agência France Presse (AFP).

A rebelião foi liderada pelo novo homem-forte do país, general Gilbert Diendéré, próximo do ex-ditador Blaise Compaoré, que caiu em outubro de 2014 durante uma revolta popular contra sua tentativa de mudar a Constituição para concorrer a um novo mandato depois de 27 anos no poder.

Kafando, político e diplomata, assumiu em novembro do ano passado como presidente interino. Sua principal missão era preparar as eleições parlamentares e presidencial convocadas para 11 de outubro. O processo de redemocratização está ameaçada.

Em nota conjunta, as Nações Unidas, a União Africana e a Comunidade Econômica dos Países da África Ocidental repudiaram o golpe e reafirmaram o compromisso com a democratização de Burkina Fasso, a antiga República do Alto Volta, um dos países mais pobres do mundo, com renda média anual por habitante de apenas US$ 790.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Fed adia para fim do ano aumento dos juros nos EUA

Diante de uma inflação abaixo da meta, sem pressão para aumentar salários, e da desaceleração do crescimento da China, o banco central dos Estados Unidos decidiu hoje manter inalteradas suas taxas básicas de juros em praticamente zero. A expectativa é de que aumente até o fim do ano.

Em 18 de dezembro de 2008, para combater a Grande Recessão provocada pela falência do banco Lehman Brothers, o Comitê do Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed) baixou sua taxa básica de juros para uma faixa de zero a 0,25% ao ano.

Naquela data, o índice de desemprego estava em 7,3%. Chegou ao pico de 10% em dezembro de 2008. Hoje está em 5,1%, perto dos 5% considerados pleno emprego pelos economistas americanos.

A economia cresceu em ritmo de 3,7% ao ano no segundo trimestre. Mas a inflação está em 0,3% ao ano, abaixo da meta informal perseguida pelo Fed de 1% a 2% ao ano, e os salários não aumentaram. Não há pressão inflacionária vinda dos salários e a queda nos preços do petróleo diminui os custos.

Ao mesmo tempo, a China, segunda maior economia do mundo sofre com a desaceleração do crescimento, a queda no comércio exterior e na produção industrial. O regime comunista chinês intervém no mercado financeiro para defender os investimentos de pequenos acionistas.

Na 55ª reunião desde dezembro de 2008, o comitê de política monetária do Fed decidiu cautelosamente adiar mais uma vez o início da normalização da política monetária.

"À luz dos acontecimentos que vimos e seus impactos nos mercados financeiros, queremos mais tempo para avaliar os prováveis impactos sobre os EUA", declarou a presidente do Fed, Janet Yellen, ao justificar a decisão, referindo-se à China e ao panorama internacional.

A decisão reflete a cautela da própria Janet Yellen, economista com doutorado na Universidade de Yale. Para evitar surpresas desagradáveis, ela costuma chegar nos aeroportos horas antes dos voos e prepara seus pronunciamentos durante semanas. O banco central não deve fazer surpresas.

Aumentar os juros agora, num momento de incerteza sobre o futuro da recuperação americana, iria contra sua natureza, observou o jornal The Wall Street Journal.

Dos 17 membros do comitê, 13 esperam uma alta de juros ainda em 2015. Em junho, eram 15. O comitê de política monetária do Fed tem mais duas reuniões marcadas para este ano, no fim de outubro e em meados de dezembro.

Guarda presidencial derruba o presidente em Burkina Fasso

Num golpe de Estado, militares da guarda presidencial de Burkina Fasso invadiram hoje uma reunião ministerial, prenderam e destituíram o presidente Michel Kafando, o primeiro-ministro Yacouba Isaac Zida e dois ministros. 

Político e diplomata, Kafando estava no poder interinamente desde 21 de novembro de 2014 com a tarefa de preparar as eleições legislativas e presidencial marcadas para 11 de outubro de 2015. O golpe ameaça a democratização do país.

O antigo braço direito do presidente deposto, general Gilbert Diendéré, foi nomeado chefe do Conselho Nacional da Democracia depois da dissolução do governo pelos militares. A guarda presidencial ou Regimento de Segurança do Presidente (RSP), seu nome oficial, não deu explicações para justificar o golpe.

Ao anoitecer, os militares golpistas dispararam rajadas de metralhadora para o ar para dispersar manifestantes que protestavam diante do palácio presidencial. O RSP era um sustentáculo da ditadura de Blaise Compaoré, derrubado sob pressão de protestos populares em outubro de 2014, quando tentava mudar a Constituição para conseguir mais um mandato depois de 27 anos no poder.

Em comunicado conjunto, as Nações Unidas, a União Africana e a Comunidade Econômica dos Países da África Ocidental (Ecowas) exigiram a libertação imediata dos presos e reafirmaram seu compromisso com o processo da retorno à democracia.

Crise dos refugiados no Confronto Manchete

Daqui a pouco, entre meio-dia e uma da tarde pela hora de Brasília, dou entrevista no programa Confronto Manchete, da Rádio Manchete Rio de Janeiro AM 760 KHz, para falar da crise dos refugiados na Europa.

Durante o programa, disse que a crise dos refugiados é a guerra civil da Síria batendo nas portas da Europa depois de de 4 anos de uma tragédia humanitária, a maior hoje no mundo. Mas não é uma crise europeia.

Dos 4 milhões de sírios que fugiram do país, 1,9 milhão foram para a Turquia, 1,1 milhão para o Líbano, 629 mil para a Jordânia, 98 mil para a Alemanha e 66 mil para a Suécia. Como o Brasil, onde vivem 12,5 milhões de pessoas com origem árabe, recebeu 26 mil refugiados, se fosse um país europeu estaria em terceiro lugar.

Enquanto o conflito sírio não for solucionado com a substituição do ditador Bachar Assad, que começou a guerra ao atirar no seu próprio povo para conter os protestos da Primavera Árabe, e a derrota militar da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, a crise dos refugiados só vai aumentar.

Há uma série de Estados Nacionais que entraram em colapso, além da Síria e do Iraque há outros com problemas há mais tempo, como o Líbano, o Afeganistão e a Somália. São fontes permanentes de instabilidade, terrorismo e fuga de populações em busca de uma vida digna.

Outra questão importante é a crise do projeto de integração da Europa, abalado pela crise das dívidas públicas de países da periferia da Zona do Euro, agora restrita à Grécia, e pela migração em massa de refugiados, que quebrou os princípios de solidariedade da economia social de mercado. Há uma ascensão de uma extrema direita nacionalista e antieuropeia.

O projeto de integração da União Europeia se baseia na criação de uma entidade supranacional para controlar a ferocidade dos nacionalismos do continente, responsáveis por duas guerras mundiais, e resolver seus conflitos pacificamente, ao mesmo tempo em que o modelo social-democrata criaria uma sociedade mais justa, com os países ricos financiando o desenvolvimento dos mais pobres. A Grécia, a Espanha e Portugal muito se beneficiaram dos fundos de desenvolvimento estrutural.

Num mundo globalizado que gera uma riqueza sem precedentes enquanto aumenta a desigualdade, o modelo europeu de uma globalização solidária e social-democrata seria uma maneira de melhorar a situação econômica e assim reduzir os conflitos nos países menos desenvolvidos, de onde saem as massas de migrantes e refugiados em busca de um futuro melhor.

A crise da Europa é a crise de um projeto de sociedade baseada na paz e na solidariedade.