sábado, 18 de maio de 2024

Hoje na História do Mundo: 18 de Maio

FUNDAÇÃO DE MONTREAL

    Em 1642, Paul de Chomodey, Senhor de Maisonneuve, funda a cidade de Montreal, hoje parte do Canadá froncófono.

A cidade ocupa três quartos da Ilha de Montreal, a maior das 234 ilhas do Arquipélago Hochelaga, um dos três próximos à confluência dos rios Ottawa e São Lourenço.

O lugar onde está é conhecido como Hochelaga pelo povo huron quando chega o explorador francês Jacques Cartier na sua segunda viagem ao Novo Mundo (1535-36). Mais de mil nativos o recebem ao pé da montanha que ele batiza como Mont Réal.

Mais de 50 anos passam até que os franceses voltem. Samuel de Champlain funda Quebec e pensa em criar um ponto do comércio de peles no que chama de Praça Real, mas seu sonho não se materializa.

Montreal não nasce como um entreposto do comércio de peles. É um centro missionário que seu fundador, Paul de Chomodey, batiza como Vila Maria. Ele constrói casas, uma capela, um hospital e outras estruturas.

Em 1644, o Rei Sol, Luís XIV, dá uma carta régia para Montreal e Chomodey se torna o primeiro governador.

A povoação está sob constante ameaça dos índios iroqueses, aliados do Império Britânico, até um tratado de paz de 1701. 

SUPREMA CORTE LEGITIMA SEGREGAÇÃO

    Em 1896, no caso Plessy x Ferguson, a Suprema Corte dos Estados Unidos legitima a segregação racial com uma doutrina chamada de "separados, mas iguais".

A ação questiona a cláusula da 14ª Emenda à Constituição, aprovada no período da Restauração depois da Guerra da Secessão (1861-65), que garante "proteção igual perante a lei" a qualquer pessoa em qualquer lugar.

O caso é um desafio à Lei dos Vagões Separados do estado da Louisiana, que obriga da companhias ferroviárias a oferecer "acomodações iguais mas separadas" para pretos e brancos. 

Homer Plessy, que tem muito mais antepassados brancos do que pretos, compra uma passagem no vagão dos brancos. Quando se nega a ir para o vagão dos pretos, é preso.

No julgamento em primeira instância, o juiz John Ferguson rejeita a alegação de que a lei é inconstitucional e o caso vai até a Suprema Corte.

A decisão sanciona a segregação ao pressupor que os serviços e as instalações oferecidas ao negros são iguais às dos brancos. Vira jurisprudência até ser derrubada em 17 de maio de 1954 pelo caso Brown x Conselho de Educação de Topeka, que proíbe a segregação racial nas escolas. 

CONFERÊNCIA DE HAIA

    Em 1899, começa a Primeira Conferência Internacional de Haia, na Holanda, um passo rumo à formação das organizações internacionais de caráter universal dedicadas à paz mundial.

A conferência é convocada pelo ministro do Exterior da Rússia, Mikhail Nikolaievich Muraviov, durante o reinado de Nicolau II (1894-1917), que propõe três questões:

  1.  limitar a expansão das Forças Armadas e o uso de novas armas;
  2. aplicação dos princípios da Convenção de Genebra de 1864 à guerra naval;
  3. e a revisão da Declaração de Bruxelas de 1874 sobre as leis e os costumes da guerra em terra.
Até 29 de julho, os representantes de 26 países debatem a paz mundial em Haia. O Brasil não participa. Da América, só vão os Estados Unidos e o México.

A Primeira Convenção de Haia é um conjunto de três tratados internacionais, a Convenção para a Solução Pacífica de Disputas Internacionais, que cria o Tribunal Permanente de Arbitragem;, a Convenção sobre as Leis e os Costumes da Guerra em Terra; e a Convenção para Adaptação da Guerra Naval aos Princípios da Convenção de Genebra de 22 de agosto de 1864.

A Segunda Conferência de Haia é proposta pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt e convocada pelo czar Nicolau II, da Rússia, e realizada de 15 de junho a 18 de outubro de 1907. Participam 44 países, inclusive o Brasil, representado por Rui Barbosa, que faz um discurso brilhante. Mais uma vez, a limitação de armas de guerra é rejeitada.

Uma terceira conferência seria realizada em 1914. É adiada para 1915 e suspensa com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Depois da guerra, a Conferência de Paz de Versalhes (1919) cria a Liga das Nações, a primeira organização internacional de caráter universal dedicada à paz mundial, que fracassa ao não evitar a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e é substituída pela Organização das Nações Unidas (ONU).

BOMBA ATÔMICA INDIANA

    Em 1974, na Operação Buda Sorridente ou Krishna Feliz, a Índia testa no deserto do Rajastão sua primeira bomba atômica e chama de "explosão nuclear pacífica". É o sexto país a fabricar armas nucleares.

O programa nuclear da Índia começa em 1944, antes da independência. A perda de território numa breve greve de fronteira com a China nas montanhas do Himalaia, em 1962, levou à decisão de desenvolver armas nucleares. A explosão usa plutônio produzido no reator canadense CIRUS.

A Índia assume abertamente o status de potência nuclear com uma série de cinco explosões realizadas de 11 a 13 de maio de 1998. O arqui-inimigo Paquistão, que tinha a bomba secretamente desde 1975, responde com cinco explosões em 28 de maio. Hoje estima-se que cada um tenha 170 ogivas nucleares.

MOVIMENTO PELA DEMOCRACIA NA CHINA

    Em 1989, um milhão de pessoas marcham pelas ruas de Beijim num movimento pela liberdade e a democracia para liberalizar o regime comunista da China. A revolta é esmagada no Massacre na Praça da Paz Celestial na noite de 3 para 4 de junho.

As reformas anunciadas pelo líder Deng Xiaoping em 13 de dezembro de 1978 abrem a economia e liberalizaram o regime depois do longo trauma que foi a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76).

O movimento iniciado por estudantes sai às ruas em 15 de abril, quando morre o ex-secretário-geral do Partido Comunista Hu Yaobang (1981-87), um grande responsável pelas reformas políticas e econômicas sob a liderança de Deng, favorável a liberalizar o regime.

Quando o movimento cresce, apresenta suas demandas:

  1. Reconhecer como corretas as visões de Hu Yaobang sobre democracia e liberdade.
  2. Admitir que as campanhas contra a "poluição espiritual" e a "liberalização burguesa" são erradas.
  3. Publicar informações sobre a renda dos altos dirigentes e de suas famílias.
  4. Acabar com a censura e autorizar a publicação de jornais de grupos privados.
  5. Mais dinheiro para a educação e aumento dos salários dos intelectuais.
  6. Fim das restrições a manifestações em Beijim.
  7. Fazer uma cobertura objetiva do movimento estudantil na mídia oficial.

O então secretário-geral do PC, Zhao Ziyang, defende o diálogo com os estudantes, enquanto o primeiro-ministro linha-dura Li Peng exige uma condenação oficial das manifestações. Quando Zhao viaja à Coreia do Norte, em 23 de abril, Li toma a iniciativa.

Em 25 de abril, o primeiro-ministro e o presidente Yang Shangkun se reúnem na casa de Deng, que aprova a linha dura. No dia seguinte, o Diário do Povo, jornal oficial do PC, publica editorial de primeira página de lavra de Li sob o título: "É preciso adotar uma posição clara contra os distúrbios". Descreve o movimento como contra o partido e contra o governo.

Com a volta de Zhao, o governo retoma a tolerância. Em 13 de maio, dois dias antes do início de uma visita do líder soviético Mikhail Gorbachev, os estudantes começam uma greve de fome. Quando Zhao diz a Gorbachev que o líder supremo é Deng, este toma como uma tentativa de lhe atribuir toda a responsabilidade pela revolta dos estudantes.

Numa reunião do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central na casa de Deng, em 17 de maio, a alta cúpula do regime comunista chinês decide decretar lei marcial e convocar o Exército para tomar a capital. 

No dia 18, quando um milhão saem às ruas da capital, Li encontra os estudantes numa reunião marcada pela confrontação, sem qualquer avanço. Diante das câmeras, o primeiro-ministro mostra mais preocupação com a saúde dos estudantes em greve de fome.

A última aparição de Zhao é na madrugada do dia 19, quando ele fala com os estudantes ao lado de Wen Jiabao, que seria primeiro-ministro de Hu Jintao (2003-13). À noite, numa reunião da alta cúpula, Deng declara ter se arrependido de nomear Hu e Zhao para a liderança do partido. Zhao cai e passa o resto da vida em prisão domiciliar.

Em 20 de maio, o governo decreta lei marcial e convoca 30 divisões, num total de 250 mil soldados, para ocupar Beijim. Em 3 de junho, autoriza a ação para retirar os estudantes acampados na praça central da capital centenas. O total de mortes é estimado entre centenas e 10 mil.

As reformas políticas são enterradas definitivamente. A ascensão de Xi Jinping, em 2012, torna a ditadura mais personalista e contrária a qualquer dissidência. A liberdade acadêmica daquele período não existe mais. 

Com a imposição de uma Lei de Segurança Nacional, o fim da autonomia regional e das liberdades democráticas em Hong Kong, todos os livros e publicações sobre o movimento pela liberdade e democracia, que era lembrado com vigílias no território, desaparecem das livrarias e bibliotecas.

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