quarta-feira, 30 de abril de 2025

Hoje na História do Mundo: 30 de Abril

 POSSE DE WASHINGTON

    Em 1789, George Washington, o comandante do Exército Continental na Guerra da Independência (1775-83), toma posse no Salão Federal em Nova York como primeiro presidente dos Estados e fala sobre "um novo governo livre".

A família era rica, mas perdeu a fortuna na Revolução Puritana na Inglaterra. John Washington, bisavô do presidente, emigra para os EUA em 1657. Augustine, o pai de George Washington, estuda na Inglaterra e trabalha como marujo até se fixar na Virgínia para administrar suas propriedades.

George Washington nasce em 22 de fevereiro de 1732 no Condado de Westmoreland, na Colônia da Virgínia. Estuda matemática, inclusive trigonometria, geografia, talvez um pouco de latim e lê os clássicos ingleses.

Aos 14 anos, Washington anota num caderno uma série de preceito morais, Regras de Civilidade e Comportamento Decente em Companhia e em Conversa. Mas aprende mais na vida prática. Domina a produção de tabaco e a criação de animais.

Com a morte do pai, ele vai morar com um tio que herda uma fazenda and Little Hunting Creek que pertenceu a John Washington, o primeiro da família a morar nos EUA.

Washington recebe treinamento militar. Na Guerra Franco-Indígena (1754-63), exerce funções de comando no Regimento da Virgínia. É uma guerra entre os impérios Britânico e Francês. Ambos têm aliados indígenas. Os algonquinos e os hurões lutam ao lado da França, enquanto os iroqueses se aliam ao Reino Unido.

Mais tarde, é eleito para a Câmara dos Burgueses da Virgínia e é enviado como delegado ao Congresso Continental, que o nomeia comandante do Exército Continental. Ele lidera das forças norte-americanas, aliadas da França, na guerra contra o Império Britânico. Com o reconhecimento da independência dos EUA pelo Tratado de Paris (1783), Washington abandona as funções militares.

Na Presidência, cria um governo forte e bem financiado. Fica neutro na rivalidade entre entre os ministros Thomas Jefferson e Alexander Hamilton. Reeleito em 1792, firma em 1794 o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação com o Reino Unido.

Ele estabelece os princípios da Presidência dos EUA, de ser chamado de Senhor Presidente e governar com um ministério. Seu Discurso de Despedida é um dos documentos fundadores da política externa dos EUA. Defende a neutralidade do país, o não envolvimento em guerras externas, especialmente na Europa, e o comércio com todos.

Washington tenta integrar os índios à sociedade norte-americana, mas não hesita em reprimir revoltas indígenas. Dono de escravos, é a favor da escravidão para não ameaçar a União, mas liberta seus escravos no testamento. Ele morre em Monte Vernon em 14 de dezembro de 1799.

NASCE WILLIE NELSON

    Em 1933, o cantor, compositor e violonista Willie Nelson, um dos maiores nomes da música sertaneja nos Estados Unidos, nasceu em Abott, no Texas.

Com a morte do pai e o abandono da mãe, William Hugh Nelson e a irmã, Roberta Nelson, são criados pelos avós. Willie toca violão e Bobbie, piano.

A família se muda em 1960 para Nashville, no Tennessee, um dos grandes centros da músca country, onde ele lança Hello Walls, um de seus maiores sucessos. A canção On the Road Again é das mais tocadas no início dos anos 1980 e vira tema do filme Forrest Gump.

Ao todo, ele grava 67 álbuns. Em 1993, Willie Nelson entra para o Country Music Hall of Fame.

TV ESTREIA NOS EUA

    Em 1939, a National Broadcasting Company (NBC), a mais antiga rede de telerradiodifusão nos Estados Unidos, faz a primeira transmissão de televisão no país na abertura da Feira Mundial de Nova York e começa o serviço regular.

A partir de 1951, a NBC transmite de costa a costa, unindo o país. Historicamente, fica em segundo lugar em audiência, atrás da Columba Broadcasting System (CBS), mas mantém a liderança tecnológica e desenvolve o sistema de TV colorida adotado como padrão pela Comissão Federal de Comunicação em 1953.

No mesmo ano, faz a primeira transmissão em cores de costa a costa. Em 1956, introduz o videotape.

SUICÍDIO DE HITLER

    Em 1945, com a Segunda Guerra Mundial (1939-45) perdida e o Exército Vermelho da União Soviética avançando em direção a Berlim, o ditador nazista Adolf Hitler se mata em sua fortaleza subterrânea na capital da Alemanha, tomando uma cápsula cianeto e dando um tiro na cabeça.

A guerra começa a virar com a rendição do 6º Exército da Alemanha no fim da Batalha de Stalingrado, em 3 de fevereiro de 1943. A partir daí, na frente oriental, o Exército Vermelho marcha rumo a Berlim.

Os aliados ocidentais começam a invadir a Europa dominada pelo nazifascismo em 10 de julho de 1943 pela Sicília, na Itália. Em 6 de junho de 1944, desembarcam na Normandia, na França.

Diante da derrota inevitável, em julho de 1944, oficiais alemães liderados pelo coronel Claus von Stauffenberg tentam matar o Führer, mas o atentado fracassa e o regime nazista executa 4 mil alemães.

Com a aproximação do Exército Vermelho, em janeiro de 1945, Hitler se refugia no seu bunker, situado no subsolo, 17 metros abaixo da Chancelaria, a sede do governo alemão. A fortaleza subterrânea tem 18 peças, água corrente e energia elétrica independentes.

Lá, Hitler despacha regularmente com seus principais subordinados, Heinrich Himmler, ministro do Interior, comandante militar da SS, a tropa de choque do Partido Nazista, e da polícia política Gestapo, e comandante do Exército da Reserva; e Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda nazista e sucessor de Hitler.

Um dia antes do suicídio, Hitler se casa com sua amante, Eva Braun.

QUEDA DE SAIGON

    Em 1975, o Exército do Vietnã do Norte toma Saigon, a capital do Vietnã do Sul, rebatizada como Cidade de Ho Chi Minh. É o fim da Guerra do Vietnã (1955-75).

Depois de uma série de expedições militares do Segundo Império Francês (1852-70) e da Terceira República Francesa (1870-1940) realizadas de 1858 a 1885, a França domina os territórios do Vietnã, do Laos e do Camboja e forma a Indochina Francesa em 1887.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o Império do Japão invade o Vietnã em setembro de 1940. Quando o Japão se rende oficialmente, em 2 de setembro de 1945, Ho Chi Minh proclama a independência do Vietnã. A França não aceita, o que leva à Primeira Guerra da Indochina (1946-54).

Com a vitória do Vietnã na Batalha de Dien Bien Phu, a França se rende. Há uma negociação de paz em Genebra, na Suíça, que divide o país em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. O país seria reunificado com eleições. 

Quando fica evidente que os comunistas liderados por Ho Chi Minh venceriam as eleições, em plena Guerra Fria, os EUA pressionam para impedir sua realização. Isto causa a Segunda Guerra da Indochina ou Guerra do Vietnã, do Norte comunista, apoiado pela União Soviética e a China, contra o Sul capitalista, aliado dos EUA e das outras potências ocidentais.

Os EUA começam a enviar assessores militares no Governo Dwight Eisenhower (1953-61). No fim do Governo John Kennedy (1961-63), já são 2.800 assessores militares e muitos se envolvem em combates.

Em 2 de agosto de 1964, dois contratorpedeiros dos EUA que realizam operações anfíbias secretas no Golfo de Tonkin são atacados pelo Vietnã do Norte. Dois dias mais tarde, os EUA anunciam um segundo ataque em 4 de agosto, que não houve.

No dia seguinte, esse relato falso sobre o Incidente do Golfo de Tonkin chega ao Congresso, que em 10 de agosto aprova a Resolução do Golfo de Tonkin, que autoriza o presidente Lyndon Johnson a usar a força militar no Sudeste Asiático para combater a ameaça comunista sem uma declaração formal de guerra.

Ao todo, 2,594 milhões de norte-americanos lutam no Vietnã. No pico, em 30 de abril de 1969, há 543.482 soldados dos EUA no país. Morrem 58.200 norte-americanos e cerca de 2 milhões de civis e 1,1 milhão de combatentes vietnamitas na Guerra do Vietnã.

Os EUA assinam os Acordos de Paz de Paris, em 27 de janeiro de 1973, e retiram suas forças de combate, mas a guerra continua até queda de Saigon.

terça-feira, 29 de abril de 2025

Presidência imperial de Trump tem queda de popularidade aos 100 dias

Depois de ganhar pela primeira vez no voto popular e voltar à Casa Branca com uma popularidade maior do que tinha no primeiro governo, o presidente Donald Trump chega aos 100 dias de governo com reprovação maior do que aprovação, em meio a uma guerra comercial que causa incerteza à economia, abusos na deportação de imigrantes e conflitos com os aliados, a Justiça, o jornalismo independente, as universidades, o meio ambiente e a burocracia estatal.

As últimas pesquisas dão a Trump entre 39% e 42% de aprovação. Ele assumiu com 52%, mais do que teve nas urnas. No primeiro governo, nunca teve mais de 50%. Este declínio rápido da popularidade quando o presidente deveria estar em lua de mel com o eleitorado e o Congresso é resultado do autoritarismo, do amadorismo, da incompetência e da improvisação do segundo governo Trump.

Trump foi reeleito principalmente porque a maioria do eleitorado viu nele, por ser um bilionário, alguém capaz de fazer uma administração econômica melhor depois da maior inflação em 40 anos e da alta do custo de vida no governo Joe Biden. A imigração, as políticas identitárias e outras questões também pesaram, mas o que decidiu a eleição foi a economia. O governo anterior foi reprovado.

Hoje na História do Mundo: 29 de Abril

 JOANA D'ARC ENTRA EM ORLEANS

    Em 1429, durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453) contra a Inglaterra, a heroína francesa Joana d'Arc e suas tropas entram na cidade de Orleans, na França.

Aos 16 anos, Joana d'Arc "ouve vozes" de três santos católicos – Santa Catarina, Santa Margarida e São Miguel – exortando-a a apoiar o Delfim, o futuro Carlos VII, na reconquista de Reims e do trono da França. Em abril e maio de 1429, o Exército da França, comandando por Joana d'Arc, conquista Orleans. Depois de uma série e vitórias francesas, Carlos VII é coroado em Reims.

Joana d'Arc é presa pelas forças de Borgonha em 23 de maio de 1430 e entregue aos ingleses, que a julgam por heresia em março de 1431. Aos 19 anos, ele é queimada na fogueira na Praça do Velho Mercado, em Rouen. O primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, que também foi historiador, considera a execução sumária um erro que a transforma em mártir.

Sob a inspiração da jovem camponesa, a Guerra dos Cem Anos vira a favor da França. Em 1453, Carlos VII havia reconquistado todo o território francês menos o porto de Calais, que os ingleses entregam em 1558. Em 1920, Santa Joana d'Arc é canonizada pela Igreja Católica.

JAMES COOK NA AUSTRÁLIA

    Em 1770, o navegador britânico James Cook desembarca pela primeira vez na Austrália.

Cook nasce em 27 de outubro de 1728, em Marton-in-Cleveland, no Condado de York, na Inglaterra, filho de um agricultor que emigrou da Escócia. Ao perceber que o menino é inteligente, o patrão do pai paga os estudos até 12 anos. Um estágio numa cidade costeira de Whitby o põe em contato com o mar.

Aos 18 anos, Cook começa como aprendiz de marinheiro. Aos 21 anos, está pronto para grandes viagens. De início, trabalha nas águas perigosas do Mar do Norte, em navios de 300 a 400 toneladas. Ganha experiência para grandes viagens. Promovido a piloto, entra para a Marinha Real.

Ele vai duas vezes ao Canadá, em 1759 e 1763-67. Como capitão, faz três viagens ao Oceano Pacífico, em 1768-71, 1772-75 e 1776-79. Vai da Antártida ao Estreito de Bering, das costas da América do Norte à Austrália, à Nova Zelândia e ao Havaí. É o primeiro europeu a visitar o Havaí. Com uma dieta de agrião, chucrute e um extrato de laranja, seus marinheiros não morrem de escorbuto, uma doença causada por falta de vitamina C.

NASCE DUKE ELLINGTON

    Em 1889, o compositor e pianista Duke Ellington, um dos músicos mais importantes da história do jazz, pioneiro das grandes bandas, nasce em Washington, a capital dos Estados Unidos.

Edward Kennedy Ellington é de uma família de classe média que o incentiva a estudar as artes. Seu pai é desenhista da Marinha dos EUA e mordomo da Casa Branca. Aos 7 anos, ele começa a tocar piano. Sua maior paixão era o beisebol. Ele trabalha como vendedor de amendoim para conseguir ver os jogos. Com 17 anos, começa a se apresentar profissionalmente. Em 1923, vai para Nova York.

Sua influência musical no mundo do jazz vai dos anos 1920 aos anos 1970. Ele é considerado o maior compositor da história do jazz. Em 1969, ganha a Medalha Presidencial da Liberdade. Em 1973, entra para a Legião de Honra da França. São as maiores condecorações para civis destes dois países.

LIBERTAÇÃO DE DACHAU

    Em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), o 7º Exército dos Estados Unidos liberta dezenas de milhares de prisioneiros do campo de concentração de Dachau, na Alemanha.

Primeiro campo de concentração da Alemanha Nazista, Dachau começa a funcionar em 10 de março de 1933, cinco semanas de Adolf Hitler se tornar chanceler (primeiro-ministro), na cidade do mesmo nome, a 16 quilômetros ao norte de Munique, a capital da Baviera.

Os primeiros presos são comunistas, socialistas e opositores do regime nazista. Depois, chegam ciganos e homossexuais. Os judeus começam a ser enviados a Dachau depois de Noite dos Cristais, 9 de novembro de 1938, quando judeus e propriedades de judeus, especialmente lojas, são atacadas.

Durante a guerra, Dachau vira uma rede de 150 campos de concentração espalhados pela Alemanha. Cerca de 160 mil prisioneiros passam pela campo principal e 60 mil pelos outros. Pelo menos 32 mil morrem. Muito mais são enviados para centros de extermínio na Polônia.

PROTESTO ANTIRRACISTA EXPLODE EM LOS ANGELES 

    Em 1992, depois que a Justiça absolve quatro policiais que espancaram o motorista negro Rodney King, uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial irrompe no Centro-Sul de Los Angeles, a segunda maior cidade dos Estados Unidos, com saques, depredações, ataques a motoristas e mais de 100 incêndios.

King está em liberdade condicional em 3 de março de 1991, quando é perseguido pela polícia dirigindo em alta velocidade até se render, bêbado. Como resiste à prisão, é brutalmente espancado pelos policiais Laurence Powell, Theodore Briseno e Timothy Wind.

De um edifício próximo, um cidadão grava as cenas de violência num vídeo de um minuto e 29 segundos. Entregue a jornalistas, o vídeo deflagra um debate sobre racismo institucional e violência policial.

Rodney King é liberado sem qualquer acusação. Os três agentes e o sargento Stacey Koon, que comandava a ação, vão a júri popular.

Diante da comoção social, o caso é levado para Simi Valley, no Condado de Ventura. Em 29 de abril de 1992, o júri absolve os réus de todas as acusações, menos uma acusação de agressão física contra Powell, em que os jurados se dividiram.

A absolvição causa os distúrbios mais violentos dos EUA no século 20. Em 1º de maio, o presidente George W. Bush manda o Exército intervir e, no dia seguinte, a situação é controlada.

Em três dias de distúrbios, mais de 60 pessoas morrem, quase 2 mil saem feridas e 7 mil são presas. O prejuízo é estimado em US$ 1 bilhão.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Canadá elege ex-presidente do banco central para enfrentar Trump

O primeiro-ministro Mark Carney, do Partido Liberal, ex-presidente do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra, foi eleito hoje para um novo mandato com a missão principal de resistir aos ataques do presidente Donald Trump, indicam as projeções da televisão pública CBC (Canadian Broadcasting Corporation), que o candidato da oposição quer fechar.

Depois de quase 10 anos de governo do primeiro-ministro liberal Justin Trudeau, o Partido Conservador tinha uma vantagem de 25 pontos percentuais nas pesquisas, mas perdeu a liderança depois que Trump impôs tarifas de importação aos produtos canadenses, passou a chamar o primeiro-ministro canadense de governador e a declarar insistentemente que o Canadá deve ser o 51º estado dos EUA.

Será o quarto governo liberal consecutivo. Ainda não está claro se Carney terá maioria absoluta. No Câmara dos Comuns do Canadá, de 343 cadeiras, a maioria é de 172 deputados.

A Rádio Canadá prevê 167 cadeiras para os liberais, 145 para os conservadores 23 do Bloco Quebequense, o Canadá francês, onde há um forte movimento pela independência, 7 para o Novo Partido Democrático e 1 para o Partido Verde. 

Os canadenses preferiram eleger um economista moderado e liberal politicamente em vez do líder conservador Pierre Poilievre, que defende políticas de Primeiro, o Canadá, na linha do ultranacionalismo do presidente Trump, que se revelou nocivo às relações bilaterais e ao comércio internacional, com sérios prejuízos para o Canadá.

Carney era presidente do Banco do Canadá na crise financeira internacional de 2008 e presideiu o Banco da Inglaterra quando o Reino Unido estava saindo da União Europeia. É visto como um líder para grandes crises.

No discurso da vitória, Carney transmitiu uma mensagem de união nacional, cumprimentando todos os candidatos de todos os partidos, inclusive o líder da oposição, por querer servir ao país neste momento difícil. 

"Uma das responsabilidades do governo é preparar para o pior e não esperar o melhor", declarou o líder liberal. "O presidente Trump quer quebrar o Canadá para nos conquistar. Isso não vai acontecer nunca, mas temos de reconhecer que o mundo mudou." Em outro momento, disparou: Trump "quer nossa terra, nossos recursos, nossa água".

O país está em choque porque é talvez o melhor vizinho do mundo e tinha excelentes relações com os EUA. Trump acusa o Canadá de viver sob a proteção dos EUA como aliado na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Afirma que os EUA subsidiam o Canadá em US$ 200 bilhões por ano sem explicar de onde tirou esse valor. 

O Canadá é o segundo maior parceiro comercial dos EUA, depois do México e à frente da China, com uma corrente de comércio de US$ 762 bilhões em 2024. Cerca de 75% das exportações canadenses vão para os EUA. No ano passado, os EUA tiveram um déficit comercial de US$ 45 bilhões.

Trump impôs tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá e do México, e de 10% para produtos de energia canadenses. Assim, rompeu o acordo de livre comércio da América do Norte que ele mesmo renegociou no primeiro governo. Depois, deu algumas isenções.

Aos quebequenses, falando em francês, Carney afirmou que "a língua e a cultura quebequenses são parte da identidade nacional canadense", numa tentativa de neutralizar o movimento pela independência do Quebec.

Carney era primeiro-ministro porque Trudeau renunciou em março à liderança do partido e do governo sob pressão dos liberais diante da expectativa de uma grande derrota eleitoral nas eleições parlamentares que deveriam ser realizadas antes do fim do ano. Com a saída de Trudeau, foram antecipadas para hoje.

"Vamos construir um grande futuro independente para o Canadá. Um Canadá forte, um Canadá livre e um Canadá independente", concluiu o primeiro-ministro, depois de dizer que o país vai procurar outros parceiros na Europa e na Ásia para diminuir a dependência dos EUA e manter a prosperidade.

Hoje na História do Mundo: 28 de Abril

 MOTIM NO BOUNTY

    Em 1789, durante uma viagem do Taiti para o Caribe, um motim liderado pelo capitão Flechter Christian toma o navio britânico Bounty, deixa o capitão William Bligh, autoritário e opresssor, e 18 marinheiros leais a ele num pequeno barco à deriva no Oceano Pacífico, e segue para Tubuai, ao sul do Taiti.

O Bounty sai do Taiti em 4 de abril com uma carga de fruta-pão. Perto de Tonga, Christian e outros 28 marinheiros se amotinam. No pequeno barco de 7 metros, Bligh e seus homens chegam ao Timor em 14 de junho depois de uma viagem de 5.750 quilômetros em mar aberto.

Com o fracasso da colônia que tentam criar, em janeiro de 1790, os rebeldes do Bounty vão para o Taiti, onde 16 resolvem ficar. Christian e outros oito amotinados, seis homens taitianos e pelo menos 12 mulheres e uma criança vão para Pitcairn, uma ilha vulcânica desabitada a mais de 1,6 mil km do Taiti.

Os amotinados que ficaram no Taiti são presos. Três são enforcados. 

Em 1808, um navio baleeiro norte-americano vê fumaça no ar e descobre uma comunidade liderada por John Adams, único sobrevivente do motim do Bounty. Um navio britânico lhe concede anistia em 1825.

A história é contada no filme Motim no Bounty, com Marlon Brando como Fletcher Christian.

LIGA DAS NAÇÕES

    Em 1919, a Conferência de Versalhes decide criar a Sociedade das Nações ou Liga das Nações, a primeira organização internacional de caráter universal dedicada à paz mundial. É uma das 14 propostas do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1913-21), para acabar com a Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Os EUA historicamente não se envolviam em guerras na Europa. Para convencer os norte-americanos da necessidade de entrar na guerra, Wilson afirma que é "a guerra para acabar com todas as guerras". Em 8 de janeiro de 1918, ele apresenta o plano de paz de 14 pontos ao Congresso dos EUA.

A participação dos EUA é decisiva para a derrota da Alemanha pelos aliados, Reino Unido e França. Com a derrota, desaparecem os impérios Alemão, Austro-Húngaro, Russo e Otomano (turco). A conferência de paz, dominada pelos vencedores, é conhecida como "a paz para acabar com todas as pazes".

Quando o Tratado de Versalhes, que impõe pesadas indenizações à Alemanha, é assinado, em 28 de junho de 1919, 44 países assinam junto a Convenção da Liga das Nações, instalada em 20 de janeiro de 1920.

Wilson ganha o Prêmio Nobel da Paz de 2019 por criar a Liga das Nações, mas o Senado dos EUA não ratifica a Convenção da Liga das Nações. Assim, o país fica fora. O Brasil sai em 1925, em protesto por não fazer parte do conselho.

A Liga dá mandatos aos impérios Britânico e Francês para administrar o Oriente Médio depois da dissolução do Império Otomano, em tese, para preparar os países árabes para a independência. O moderno Oriente Médio surge daí e sofre até hoje da Síndrome Pós-Otomana.

Mas a Liga não cria uma estrutura para garantir a paz. Todos os países têm o mesmo voto. Quando o Japão invade a Manchúria, em 1931, e o Leste da China, em 1937; a Itália Fascista de Benito Mussolini ocupa a Etiópia, em 1935; e a Alemanha Nazista de Adolf Hitler anexa a Áustria e a Tcheco-Eslováquia, em 1938 e 1939; a Liga não reage. Não consegue evitar a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

A Liga das Nações faz sua última reunião em abril de 1946.

Outro presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt (1933-45), articula durante a guerra a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), que autoriza o uso da força com a aprovação do Conselho de Segurança. Como os cinco grandes vencedores da guerra (EUA, França, Reino Unido, URSS e China) têm direito de veto, o sistema ONU cria um condomínio de grandes potências com recursos e capacidade militar para intervir. 

O veto causa uma paralisia do sistema. Raramente há um consenso para usar a força. As grandes potências se dão o direito de ir à guerra e de vetar qualquer resposta da ONU, e ainda protegem aliados.

MUSSOLINI E AMANTE EXECUTADOS

    Em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), o líder fascista e ditador da Itália, Benito Mussolini, o Duce, e sua amante, Clara Petacci, presos no dia anterior, são fuzilados por guerrilheiros comunistas da resistência antifascista quando tentam fugir para a Suíça.

Fundador do fascismo, Mussolini vira primeiro-ministro da Itália em 31 de outubro de 1922, mais de 10 anos antes de Adolf Hitler na Alemanha, seu grande aliado na guerra em que entrou em 10 de junho de 1940.

Cai pela primeira vez em 25 de julho de 1943, quando é deposto pelo Grande Conselho por levar a Itália a uma derrota militar desastrosa, nomear incompetentes para altos cargos e alienar grande parte da população.

Preso no mesmo dia, ao sair de uma audiência de rotina com o rei Vítor Emanuel III para fazer um relato sobre a guerra, Mussolini é resgatado por forças especiais da Alemanha. Até a derrota final, chefia um governo, a República Social Italiana, nas regiões da Itália sob o controle dos nazifascistas.

FIM DA OCUPAÇÃO DO JAPÃO

    Em 1952, termina a única ocupação da história do Japão, que começa com a rendição do país na Segunda Guerra Mundial (1939-45), mas até hoje os Estados Unidos mantêm forças em território japonês. 

O Império do Japão invade a província chinesa da Manchúria em 1931 e as principais cidades da China em 1937. 

Depois do início da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 1º de setembro de 1939, o Japão invade o Vietnã, então parte da Indochina Francesa, em setembro de 1940, sob o pretexto de liberar países asiáticos do colonialismo europeu.

Em 7 de dezembro de 1941, a Força Aérea do Japão faz um ataque de surpresa contra a Frota do Pacífico dos EUA, estacionada em Pearl Harbor, no Havaí. Os EUA entram na guerra. O Japão se rende em 2 de setembro de 1945, depois de ser atacado com bombas atômicas em Hiroxima, em 6 de agosto, e Nagasáki, em 9 de agosto daquele ano.

Os EUA preservam o imperador Hiroíto, mas impõem uma Constituição pacifista em 1947, que proíbe o Japão de projetar seu poderio militar no exterior. Em 8 de setembro de 1951, 49 países assinam o Tratado de São Francisco, que entra em vigor em 28 de abril de 1952. Shigeru Yoshida, que colabora com o general Douglas MacArthur, comandante da ocupação, se torna primeiro-ministro do Japão.

ALI REJEITA CONVOCAÇÃO

    Em 1967, o campeão mundial de boxe peso-pesado, Muhammad Ali, recusa a convocação do Exército dos Estados Unidos para lutar na Guerra do Vietnã e perde o título. Anos depois, a condenação é revogada pela Suprema Corte e Ali recupera o título duas vezes. Até hoje, é o único peso-pesado a ser três vezes campeão, em 1964, 1974 e 1978.

Um dos maiores boxeadores de todos os tempos, Ali nasce em Louisville, no Kentucky, em 17 de janeiro de 1942. É batizado como Cassius Marcelus Clay Jr. Aos 18 anos, ganha a medalha de ouro na Olimpíada de Roma. 

Aos 22 anos, surpreende o mundo ao vencer Sonny Liston e se tornar campeão mundial dos pesos pesados em 1964. No mesmo ano, converte-se ao Islã e muda de nome para Muhammad Ali. Rejeita o sobrenome herdado do senhor de escravos que era dono de sua família, como era o padrão nos EUA.

Arrogante, pretensioso e cheio de si, Cassius Clay declara ao bater Liston pela primeira vez, em 1964: "Sou o maior do mundo." Na revanche contra Liston, promete um nocaute em 90 segundos e cumpre a promessa. Muita gente ainda está entrando no ginásio quando a luta acaba. Nasce uma lenda do esporte.

Ao descrever seu estilo, declara: "Flutuo como uma borboleta e ferro como uma abelha."

Politicamente consciente, Ali luta contra o racismo e se recusa a ir para o Vietnã: "Nenhum vietcongue me chamou de crioulo para eu atirar nele."

Como desertor, tem o título mundial cassado. Em 1971, a Suprema Corte aceita seu recurso. Todas as acusações e punições são anuladas. É um caso clássico de objeção de consciência.

Ao tentar reconquistar seu título, Ali perde por pontos uma luta memorável com Joe Frazier em que chega a cair na lona e dá vários socos curtos (jabs) na testa do adversário de menor estatura para mantê-lo à distância. É sua primeira derrota como profissional. Depois da luta, Frazier passa longo tempo hospitalizado, mas Ali fica sem o título.

Ali voltaria a ser o maior do mundo na Luta do Século contra George Foreman realizada em 30 de setembro de 1974 em Kinshasa, a capital do Zaire, na África, e imortalizada no livro A Luta, do escritor americano Norman Mailer.

Ele chega com todo o seu espírito e sua ironia: "Se você pensa que [o presidente norte-americano Richard] Nixon surpreendeu o mundo ao renunciar, espere até eu esmagar Foreman."

Mais jovem e mais forte, Foreman tem 25 anos e Ali 32. O campeão submete o ex-campeão a uma saraivada de golpes desde o início da luta. Com toda sua técnica e talento, Ali se defende como pode até dar o bote fatal no fim do oitavo assalto. Naquele momento, Ali já lidera na contagem de pontos de todos os jurados.

Em declínio, ele perde por pontos para Leon Spinks com os jurados divididos em fevereiro de 1978 em Las Vegas. Na revanche, em Nova Orleans, Ali ganha por decisão unânime dos jurados, tornando-se o único lutador até hoje a ser três vezes campeão mundial da categoria peso pesado.

Em 27 de julho de 1979, Ali anuncia sua aposentadoria. Ainda trava uma luta patética com Larry Holmes em outubro de 1980, que teria contribuído para o Mal de Parkinson, diagnosticado em 1984. A doença é atribuída às pancadas na cabeça que um boxer recebe, especialmente na categoria peso pesado.

Em 1996, Ali acende a pira da Olimpíada de Atlanta, nos EUA.

Aos 74 anos, Muhammad Ali é internado num hospital de Phoenix, no Arizona, com problemas pulmonares e morre em 3 de junho de 2016.

DE GAULLE RENUNCIA

    Em 1969, o general Charles de Gaulle, líder do governo francês no exílio durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), renuncia à Presidência da França.

Charles André Joseph Marie de Gaulle nasce em Lille, no Norte da França, em 22 de novembro de 1890 e se torna militar, político, estadista, escritor e fundador da 5ª República. Preso na Batalha de Verdun durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), é prisioneiro de guerra por dois anos e oito meses. 

Nos anos 1920 e 1930, defende a guerra de blindados e a aviação militar, que vê como maneira de superar o impasse da guerra de trincheiras que caracterizou a Primeira Guerra Mundial.

Quando a Alemanha Nazista ocupa a França na Segunda Guerra Mundial, De Gaulle foge para o exílio na Inglaterra e se torna o líder da França Livre, o governo no exílio. Com a libertação da França em 1944, ele forma o governo provisório que dura até 1946.

Em 1958, é nomeado primeiro-ministro e reescreve a Constituição da França, fundando a 5ª República. É eleito presidente no fim do ano e toma posse em 8 de janeiro de 1959. Governa a França por 10 anos, inclusive durante a Revolução dos Estudantes de maio de 1968, quando sai do país. Volta com o apoio do Exército e amplia a maioria na Assembleia Nacional, mas renuncia ao perder um referendo que propõe a descentralização do Estado francês.

Os partidos gaullistas, da direita conservadora e republicana, presidem a França com Georges Pompidou (1969-74), Jacques Chirac (1995-2007) e Nicolas Sarkozy (2007-12), mas sua posição é abalada pela ascensão de Emmanuel Macron, que atrai eleitores do Partido Socialista e do gaullismo.

EUA TORTURAM NO IRAQUE

    Em 2004, a rede de televisão norte-americana CBS (Columbia Broadcasting System) mostra fotos da tortura a iraquianos na prisão de Abu Ghraib, perto de Badgá, durante a invasão dos Estados Unidos ao Iraque para derrubar o ditador Saddam Hussein.

A prisão era mal-afamada na ditadura de Saddam por ser um centro de detenção e tortura de prisioneiros políticos. Os EUA a fecham após a queda do ditador, em abril de 2003, e a reabrem em agosto do mesmo ano.

O tratamento cruel e desumano de presos é proibido pela 8ª Emenda à Constituição dos EUA, mas é autorizada no governo George Walker Bush (2001-9) na Guerra contra o Terror deflagrada pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. 

No começo de 2002, o governo Bush começa a enviar presos na luta contra o terrorismo dos extremistas muçulmanos para uma prisão em Guantânamo, uma parte do território de Cuba ocupado pelos EUA para lhes negar os direitos que teriam em julgamentos nos EUA e até mesmo os conferidos pela Convenção de Genebra sobre Prisioneiros de Guerra, sob a alegação de que não pertencem a um exército regular nem obedecem a uma cadeia do comando.

A tortura é uma prática corriqueira em Guantânamo e o mesmo acontece no Iraque. Aliás, os EUA usam outros países, inclusive a Líbia do ditador Muamar Kadafi, para prender e torturar suspeitos de terrorismo.

As fotos de Abu Ghraib confirmam os abusos, a tortura e a morte de prisioneiros nas mãos do Exército dos EUA. As denúncias começam logo depois da invasão do Iraque, em 20 de março de 2003. Em novembro de 2003, a agência de notícias Associated Press. Quando o programa 60 Minutes, da CBS, divulga as fotos, é um escândalo.

A invasão do Iraque sob o falso pretexto de que Saddam tinha armas de destruição em massa desmoralizou os EUA e sua pregação de que o fim da Guerra Fria traria uma nova ordem internacional baseada na democracia e nos direitos. Acabou com a solidariedade internacional que o país recebeu depois do ataque às Torres Gêmeas do Centro Mundial de Comércio de Nova York.

domingo, 27 de abril de 2025

Hoje na História do Mundo: 27 de Abril

 PEDRA DA COROAÇÃO

    Em 1296, o rei Eduardo I, da Inglaterra, na tentativa de submeter a Escócia a sua suserania, rouba a Pedra da Coroação ou Pedra de Scone, usada na coroação dos reis escoceses e a leva para a Abadia de Westminster, em Londres, local da coroação dos reis ingleses.

A pedra, de pedra-sabão, tem 66 cm x 41cm x 28 cm e pesa 152 quilos. Tem uma incisão na forma de uma cruz na parte de cima e duas alças de ferro para facilitar o transporte. De acordo com a tradição celta, a pedra um dia foi o travesseiro onde o patriarca Jacó repousava na cidade bíblica de Betel quando teve visões de anjos.

Da Terra Santa, diz a tradição, a pedra viaja ao Egito, à Sicília e à Espanha. Chega à Irlanda por volta de 700 antes de Cristo e é colocada na colina de Tara, onde os reis da Irlanda são coroados. Depois que os celtas invadem a Escócia, por volta do ano 840 da era cristã, Kenneth MacAlpin leva a pedra para a cidade de Scone, onde é encaixada na trono da coroação.

Em 1292, João Balliol é o último rei da Escócia a ser coroado com a pedra sob o trono. Eduardo I a leva para Londres em 1296. Ela é instalada na Cadeira da Coroação, na Abadia de Westminster, em 1307. É um símbolo de que os reis da Inglaterra seriam também coroados reis da Escócia.

VOLTA AO MUNDO PELA METADE

    Em 1521, o navegador português Fernão de Magalhães, que dava a volta ao mundo a serviço da Espanha, morre em combate com os habitantes da Ilha de Mactã, nas Filipinas, na primeira viagem de circunavegação da Terra.

Fernão de Magalhães zarpa de Sanlúcar de Barrameda, na Espanha, em 20 de setembro de 1519 com cinco navios e 270 homens para procurar uma rota pelo oeste para chegar as Ilhas das Especiariais (Indonésia).

A expedição entra no Rio da Prata. Sem sucesso, segue para o sul. Em março de 1520, a expedição para em Porto de São Julião, na Patagônia, onde Magalhães enfrenta uma revolta dos capitães espanhóis. Controla o motim executando um capitão rebelde e deixando outro em terra.

Em 21 de outubro de 1520, a frota finalmente descobre o Estreito de Magalhães, que separa a Terra do Fogo do continente. Só três navios entram na passagem: um afunda antes e outro deserta. Eles levam 38 dias para atravessar o estreito.

Ao ver o oceano do outro lado, Magalhães chora de alegria. A frota leva 99 dias para cruzar este oceano de águas tão calmas que deram o nome de Pacífico, provavelmente por causa do fenômeno El Niño, um aquecimento anormal das águas do Pacífico Equatorial. É um contraste com o Oceano Atlântico, que os marinheiros chamam de Mar Tenebroso.

Como o Pacífico é muito maior, a comida acaba. Os marinheiros chegam à Ilha de Guam em 6 de março de 1521 mastigando peças de couro para tentar enganar o estômago.

Dez dias depois, a frota ancora na ilha de Cebu, nas Filipinas, onde o chefe local se converte ao cristianismo e pede ajuda na guerra contra a ilha vizinha de Mactã, onde em 27 de abril Magalhães é ferido mortalmente por uma flecha envenenada e morre.

A expedição vai para as Ilhas Molucas, onde pega um carregamento de especiarias. Com apenas dois navios, sob o comando do espanhol Juan Sebastián Elcano, atravessa o Oceano Índico, dá a volta no Cabo da Boa Esperança (que os marinheiros ainda chamam pelo antigo nome de Cabo das Tormentas) e chega a Sanlúcar de Barrameda em 6 de setembro de 1522, completando a façanha.

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NA FRANÇA

    Em 1848, a escravatura é definitivamente abolida na França, um processo que começa na Revolução Francesa de 1789 e leva décadas para se consolidar.

A Convenção Nacional decreta o fim da escravidão nas colônias francesas em 4 de fevereiro de 1794. É uma das primeiras abolições. 

O Comitê de Salvação Pública, um grupo de 12 homens que manda de fato na revolução, sob a liderança de Maximiliano Robespierre, manda uma força de 1.200 homens às colônias do Mar do Caribe para aplicar a lei.

Em 1802, o ditador Napoleão Bonaparte reintroduz a escravidão nas colônias. O Congresso de Viena, que tenta restaurar o status quo na Europa depois da derrota de Napoleão, em 1815, declara oposição ao tráfico de escravizados. Em 1818, o rei Luís XVIII proíbe o tráfico.

A abolição definitiva vem durante a Segunda República Francesa, depois da Revolução de 1848.

FIM DO APARTHEID

    Em 1994, a África do Sul realiza suas primeiras eleições livres para enterrar o regime segregacionista do apartheid, que impunha uma ditadura cruel e brutal da minoria branca. Mais de 22 milhões de pessoas votam e dão ampla maioria de 62,7% dos votos ao Congresso Nacional Africano (CNA). 

Seu líder, Nelson Mandela, torna-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Ele forma um governo de coalizão com o Partido Nacional, chefiado pelo ex-presidente Frederik de Klerk, que mandava no tempo do apartheid; e o Partido da Liberdade Inkhata, liderado por Mangosuthu Buthelezi, que alimentava o sonho de ser o primeiro presidente negro.

Mandela nasce em 18 de julho de 1918 em Mzevo, uma pequena aldeia, numa família da nobreza da tribo xhosa. É sobrinho do rei Jongintaba. Estuda direito e, em 1944, entra para o CNA, partido que luta pelos direitos da maioria negra desde 1912.

Em 1952, é eleito vice-presidente nacional. Sob a inspiração do herói da independência da Índia, Mohandas Gandhi, defende uma resistência e uma luta pacífica contra o apartheid

Gandhi tem a influência do escritor e pacifista russo Leon Tolstoy, que lhe apresenta as ideias de Henry David Thoreau, o naturalista norte-americano que cria o conceito de desobediência civil ao se negar a pagar impostos para não financiar guerra contra o México (1846-48), quando os EUA tomam cerca de 40% do território mexicano.

Depois do Massacre de Sharpeville, em 1960, quando a polícia atira contra uma multidão de manifestantes e mata 69 pessoas, o CNA abandona o pacifismo e parte para a luta armada. Mandela é o organizador e comandante do braço armado do partido, Umkhonto we sizwe (Lança da Nação).

Preso em 1962, Mandela é condenado à morte, mas tem a pena comutada para prisão perpétua. Junto com outros companheiros, vai para a prisão da ilha Robben e mais tarde para as prisões de Pollsmoor e Victor Verster.

É solto 27 anos depois, em 11 de fevereiro de 1990 para negociar uma transição pacífica para a democracia. Vira presidente, mas não se apega ao cargo. Ao contrário dos líderes autoritários que desgraçaram a África independente, transfere o poder a seu sucessor na liderança do partido, Thabo Mbeki.

MORTE DE ROSTROPOVICH

    Em 2007, morre em Moscou aos 80 anos o instrumentista e maestro russo Mstislav Rostropovich, um dos melhores violoncelistas do século 20, diretor da Orquestra Sinfônica Nacional dos Estados Unidos.  

Rostropovich nasce em 27 de março de 1927, em Baku, capital do Azerbaijão, uma das repúblicas da União Soviética. Ainda criança, a família se muda para Moscou. Ele recebe educação musical dos pais, um violoncelista e uma pianista, e estuda no Conservatório de Moscou, onde tem como professores músicos como Dimitri Shostakovich e Serguei Prokofiev, e depois se torna professor.

Nos anos 1950, Rostropovich começa a se apresentar no exterior. Em 1970, quando ele apoia o escritor dissidente Alexander Soljenítsin, o regime comunista reduz as permissões para tocar no exterior. Depois de sair da URSS com a mulher em 1974, Rostropovich anuncia em a decisão de não voltar.

Em 1977, ele se torna diretor musical da Orquestra Sinfônica Nacional dos EUA, em Washington. A URSS cassa a cidadania do casal em 1978 e só a restitui em 1990, na Era Gorbachev (1985-91). Rostropovich morre em Moscou aos 80 anos.

sábado, 26 de abril de 2025

Hoje na História do Mundo: 26 de Abril

POLÍCIA NAZISTA

    Em 1933, o líder nazista Hermann Göring forma a Gestapo, a polícia política do regime de Adolf Hitler, que elimina a oposição sem quaisquer escrúpulos e se envolve na captura de judeus deportados para campos de concentração e centros de extermínio no Holocausto.

Em abril de 1934, Göring passa o comando da Gestapo a Heinrich Himmler. A polícia política nazista não tem limites. Pode "prender preventivamente" e seus atos não estão sujeitos a revisão judiciária. Milhares de artistas, intelectuais, sindicalistas e homossexuais "desaparecem". 

BOMBARDEIO DE GUERNICA

    Em 1937, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-39), 50 bombardeiros da Legião Condor da Força Aérea da Alemanha Nazista (Luftwaffe) arrasam a cidade basca de Guernica em apoio aos rebeldes nacionalistas liderados pelo generalíssimo Francisco Franco.

A Alemanha Nazista testa seu poderio aéreo antes da Segunda Guerra Mundial (1939-45). O ataque aéreo de três horas mata 1.645 pessoas. Ao todo, 22 mil toneladas de explosivos são jogadas em Guernica, de pequenos artefatos a bombas de 250 quilos.

O pintor espanhol Pablo Picasso, o maior artista plástico do século 20, transforma o horror do ataque no mural Guernica (foto), uma de suas obras-primas. 

SETE SAMURAIS

    Em 1954, estreia no Japão um dos melhores e mais influentes filmes de todos os tempos, os Sete Samurais, de Akira Kurosawa.

O fim do século 16 é uma era de grande turbulência e guerra civil entre samurais que termina em 1603, com a vitória de Ieyasu Tokugawa, o primeiro xogum do Xogunato Tokugawa (1603-1868). 

Nesta terra sem lei, uma pequena vila pobre vive sob a ameaça de bandidos que saqueiam as colheitas e roubam a comida. Os saqueadores esperam até a próxima safra para fazer novo ataque. A aldeia decide então contratar sete samurais para defendê-la.

Há um clima de tensão por causa da imagem de violência e abuso sexual associada aos samurais. Mas ele são a única salvação.

O filme era apresentado no Museu da Imagem em Movimento, em Londres, como o melhor dos anos 1950.

REPÚBLICA DA TANZÂNIA

    Em 1964, com a fusão entre Tanganica e Zanzibar, nasce no Leste da África a República Unida da Tanzânia, com Julius Nyerere como primeiro presidente.

Uma Constituição provisória é adotada em 1965. A atual Constituição é aprovada em 1977 e emendada em 1984 para incluir uma lista de direitos fundamentais. A principal cidade é Dar es Salaam, um porto no Oceano Índico e antiga capital. Desde 1974, a capital é Dodoma.

A Garganta de Olduvai, no Grande Vale da África, na região do Serengueti, na Tanzânia, é um dos berços da humanidade. Os fósseis de mais de 60 hominídeos que viveram até 2,3 milhões de anos atrás são descobertos em Olduvai. É o mais longo registro contínuo da evolução da espécie humana. 

ACIDENTE NUCLEAR DE CHERNÓBIL

    Em 1986, o reator número 4 da Central Nuclear de Chernóbil, situada em Pripiat, na república soviética da Ucrânia, explode de madrugada durante um teste de segurança e causa o maior acidente nuclear da história. Durante 9 dias, o reator emite uma coluna de material radioativo até o incêndio ser controlado, em 4 de maio.

O teste simula uma falta de energia elétrica na central atômica. Os sistemas de segurança de emergência e de controle são desligados intencionalmente. Por uma falha no projeto do reator e erros de operação, a água usada para resfriar o reator se superaquece, se transforma em vapor e explode o reator, projetando grafite no ar.

Como a União Soviética impõe uma rigorosa censura, a dimensão da tragédia só é revelada quando a nuvem radioativa chega à Europa Ocidental. 

Pelo menos 31 pessoas morrem em 3 meses em consequência do contato direto com a explosão, inclusive bombeiros e funcionários da usina nuclear. Em 2005, as Nações Unidas divulgam uma estimativa de 4 mil mortes em consequência da radiação. 

Cerca de 600 mil pessoas trabalham na descontaminação. O governo ucraniano paga pensão a 36 mil viúvas de maridos mortos por causa do acidente nuclear. O reator acidentado é encapsulado por um sarcófago de concreto armado concluído em dezembro de 1986.

Para o último líder soviético, Mikhail Gorbachev, o acidente de Chernóbil é fator mais importante para o fim da URSS do que sua abertura política e econômica.