segunda-feira, 19 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 19 de Maio

 ANA BOLENA DECAPITADA

    Em 1536, condenada por adultério, Ana Bolena, a segunda das seis mulheres do rei Henrique VIII (1509-47), da Inglaterra, e mãe da futura rainha Elizabeth I (1558-1603), é decapitada na Torre de Londres.

Henrique VIII nasce em Greenwich em 28 de junho de 1991. É filho de Henrique Tudor, que derrota o rei usurpador Ricardo III na Batalha de Bosworth, em 22 de agosto de 1485, e vence a Guerra das Duas Rosas (1455-1487), a guerra entre as dinastias de Lancaster e York, herdeiras de Eduardo III, e se torna Henrique VII, o primeiro rei da dinastia Tudor.

A grande preocupação de Henrique VIII é ter um filho homem para evitar uma guerra de príncipes pela sucessão. Mas Catarina de Aragão, filha dos reis católicos da Espanha, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, lhe dá uma filha mulher, Maria Tudor, futura Maria I (1553-58).

Desde 1527, Henrique VIII pressiona o papa Clemente VII a anular o casamento. Seu rival, o rei Carlos V, da Espanha, imperador do Sacro Império Romano-Germânico e neto dos reis católicos, o mais poderoso rei da Europa naquela época, que sonha com uma "monarquia universal", faz pressão no sentido contrário.

Filha de Tomás Bolena e Elizabeth Howard, Ana Bolena é educada na Holanda, na corte de Margarida, arquiduquesa da Áustria, e depois vai para a França ser dama de companhia da rainha Cláudia de Valois, esposa de Francisco I. Ela volla à Inglaterra em 1522.

Dois anos e meio depois, Ana conhece Henrique VIII e resiste às investidas do rei para se tornar seu amante como a irmã Maria Bolena. Em 1532, em Calais, os dois se tornam amantes.

Ele se divorcia de Catarina de Aragão, motivo do rompimento com a Igreja Católica em 1534, depois de se casar secretamente em 25 de janeiro de 1533 com Ana Bolena, que em setembro lhe dá outra filha mulher, a futura Elizabeth I, a mulher mais poderosa da história da Inglaterra.

O casamento com Catarina de Aragão é anulado 23 de maio de 1533. Pouco depois, Henrique VIII e o arcebispo de York, Thomas Wolsey, são excomungados. 

Em 3 de novembro de 1534, Henrique VIII cria a Igreja da Inglaterra e se torna seu primeiro chefe. Até hoje, o rei da Inglaterra é o chefe da Igreja Anglicana. Na coroação de Carlos III, houve cerimônia em várias religiões para reconhecer a diversidade cultural do Reino Unido hoje.

Ao todo, Henrique VIII casa com seis mulheres. A terceira, Jane Seymour, lhe dá o filho homem, Eduardo VI (1547-53), fraco e doente.

Ana Bolena é presa em 2 de maio de 1536 sob acusações de adultério, incesto e traição, e decapitada na Torre de Londres. 

Quando Henrique VIII morre, em 28 de janeiro de 1547, o único filho legítimo homem, Eduardo VI, ascende ao trono com nove anos. Com a saúde frágil, morre aos 15 nos, em 6 de julho de 1553. É sucedido por Lady Jane Gray, filha de uma irmã de Henrique VIII, a Rainha dos Nove Dias, presa e executada como usurpadora do trono.

Quem herda o trono é Maria I, a primeira mulher a reivindicar com sucesso o trono da Inglaterra. Ele se casa com Felipe II, da Espanha, filho de Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico, mas não tem filhos. Católica, tenta reverter a Reforma Protestante na Inglaterra. 

Maria I morre em 17 de novembro de 1558. É sucedida por Elizabeth I, filha de Ana Bolena,  que retoma a Reforma Protestante e começa a construir o Império Britânico. Conhecida como a Rainha Virgem, morre sem deixar filhos em 1603. 

Elizabeth I é sucedida por Jaime I da Inglaterra e Jaime VI da Escócia, católico, filho de sua inimiga Maria Stuart, que manda construir um túmulo para a mãe na Abadia de Westminster do mesmo nível do de Elizabeth I.

O conflito entre católicos e protestantes leva à Guerra Civil Inglesa do século 17. Carlos I, filho de Jaime I, é decapitado em 30 de janeiro de 1649, início de um breve período republicano na história da Inglaterra. A guerra só termina a Revolução Gloriosa 1688, que produz a Declaração de Direitos de 1689, estabelece a supremacia do Parlamento e torna a Inglaterra numa monarquia constitucional.

GUERRA DOS TRINTA ANOS

    Em 1643, durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-48), o Exército da França, sob o comando de Luís II de Bourbon, vence a Espanha na Batalha de Rocroi, na região francesa de Ardennes, e acaba com a supremacia militar espanhola na Europa depois de 120 anos. No fim da guerra, a França se torna a maior potência militar do continente.

A guerra começa com a Terceira Defenestração de Praga. em 23 de maio de 1618, quando protestantes jogam três altos funcionários católicos do Reino da Boêmia de uma janela do Castelo de Praga, em revolta contra uma proibição à construção de igrejas protestantes no Sacro Império Romano-Germânico.

É no início um conflito religioso que começa dentro do Sacro Império, com os católicos austríacos e espanhóis lutando contra os reinos e principados protestantes. Depois das intervenções da Dinamarca (1625-29) e da Suécia (1630-35) do lado dos protestantes, a França, embora seja católica, intervém ao lado dos protestantes em 1635 sob a liderança do Cardeal de Richelieu, primeiro-ministro do rei Luís XIII.

A Guerra dos Trinta Anos é o conflito que provoca as invasões holandesas no Nordeste do Brasil e o fim da União Ibérica, o período da história do Brasil conhecido como Domínio Espanhol (1580-1640), quando o rei da Espanha reinava também em Portugal. Richelieu fomenta a Revolta de Lisboa, em 1º de maio de 1640, para Portugal recuperar a independência e enfraquecer a Espanha.

Cinco dias após a ascensão de Luís XIV (1643-1715) ao trono da França com menos de cinco anos, a França quebra em Rocroi o mito da invencibilidade espanhola nas guerras europeias.

NASCIMENTO DE HO CHI MINH

    Em 1890, nasce em Hoang Tru, no Vietnã, na época parte da Indochina Francesa, Ho Chi Minh, fundador do Partido Comunista da Indochina (1930) e de seu sucessor, o Viet Minh (1941) e presidente do Vietnã do Norte (1945-69), o grande herói da independência do Vietnã e da reunificação do país.

Ho Chi Minh declara a independência do Vietnã em 2 de setembro de 1945, data oficiall da rendição japonesa e do fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, quando a França tenta restabelecer a administração colonial. A vitória do general Vo Nguyen Giap sobre a França na Batalha de Dien Bien Phu foi decisiva na Guerra da Indochina (1946-54).

Em 1938, na iminência da invasão japonesa, Ho Chi Minh e Giap fogem para a China. No exílio, Giap organiza um exército guerrilheiro para combater o Exército Imperial do Japão, seguindo uma tradição milenar que vinha da luta contra o Império Chinês e continua no pós-guerra na luta contra a França e depois contra os EUA.

BATALHA DE DIEN BIEN PHU
De 13 de março a 7 de maio de 1954, com cerca de 80 mil homens, o Exército vietnamita perde 7,9 mil soldados para acabar com o colonialismo francês no Sudeste Asiático na Batalha de Dien Bien Phu, um pequeno planalto no Nordeste do Vietnã, perto das fronteiras com o Laos e a China.

Da força expedicionária da França, 2.293 soldados foram mortos e 5.193 feridos em combate em Dien Bien Phu. Dos 11.721 franceses presos, a maioria morre no cativeiro. Só 3.290 são repatriados.

Como os comunistas liderados por Ho obteriam uma expressiva vitória nas eleições, elas foram vetadas pelos EUA, que exigem aa divisão do país na paz negociada nas Nações Unidas e instalam um regime-fantoche no Vietnã do Sul.

GUERRA DO VIETNÃ
A divisão do país causa a Guerra do Vietnã (1955-75), que tem uma intervenção militar direta dos EUA de 1964-73, com a morte de 58,2 mil americanos. O general Giap supervisiona a Ofensiva do Tet, a maior batalha da guerra, decisiva para minar o apoio da opinião pública americana à guerra.

A Guerra do Vietnã ou Segunda Guerra da Indochina, travada no Vietnã, no Camboja e no Laos é uma tentativa de impedir que o comunismo tome conta de todo o Vietnã. De acordo com a teoria do dominó, poderia derrubar outros países do Sudeste Asiático.

Há medo de que países vizinhos como a Malásia e a Indonésia, com recursos estratégicos como borracha, estanho e petróleo, virem comunistas.

Em 1956, o Vietnã do Norte autoriza seu aliados do Vietcongue a iniciar atividades guerrilheiras contra o regime-fantoche sustentado pelos EUA.

Em 1959, o Partido Comunista do Vietnã do Norte decide promover uma “guerra popular” no Sul. O primeiro envio de armas pela Trilha de Ho Chi Minh, através do Camboja, é concluído em agosto de 1959.

A Frente de Libertação Nacional do Vietnã do Sul é fundada em 1960.

INTERVENÇÃO AMERICANA
O envolvimento dos EUA começa no governo Dwight Eisenhower (1953-61), que manda 900 assessores militares. No fim do governo Kennedy (1961-63), há 16,7 mil militares norte-americanos no Vietnã. O economista John Kenneth Galbraith adverte para o risco “de substituir a França como potência colonial e sangrar como a França”.

Como o Exército do Vietnã do Sul é muito incompetente no campo de batalha, militares norte-americanos passam a assessorar as forças sul-vietnamitas em todas as frentes sem entender direito a natureza política da insurgência.

INCIDENTE DO GOLFO DE TONKIN
Depois de dois falsos ataques contra navios norte-americanos em incidentes forjados pelos EUA em 2 a 4 de agosto de 1964 no Golfo de Tonkin, o presidente Lyndon Johnson declara guerra ao Vietnã do Norte.

Documentos desclassificados em 2005 mostram que, no primeiro caso, o navio norte-americano deu tiros de advertência a pesqueiros vietnamitas, que não responderam. No segundo caso, não houve ataque. Em nenhum dos dois, havia embarcações militares do Vietnã do Norte na área. O governo Johnson fabrica sua versão em Washington.

VIETCONGUE
De 5 mil rebeldes em 1959, quando é criado, o grupo guerrilheiro Vietcongue cresce para 1 milhão de homens em armas.

Em 2 de março de 1965, os EUA começam uma campanha de intensos bombardeios aéreos que dura três anos. Com 3 mil fuzileiros navais enviados em 8 de março de 1965, os EUA entram em combate em terra na linha de frente pela primeira vez.

Ho Chi Minh alerta: “Se os norte-americanos querem 20 anos de guerra, devemos lutar por 20 anos. Se eles querem paz, devemos fazer as pazes e convidá-los para tomar chá.”

O governo de Hanói declara não ter a intenção de expandir sua revolução pelos países vizinhos, mas documentos secretos do Pentágono, revelados em 1971 pelo jornalista Jack Anderson no jornal The New York Times, falam num “perigoso período de expansionismo vietnamita” citando expressamente o Laos e o Camboja como alvos fáceis e talvez também a Tailândia, a Malásia, Cingapura e a Indonésia.

OFENSIVA DO TET
Durante os feriados do Ano Novo Lunar (Tet), em 30 de janeiro de 1968, o Vietcongue lança uma de suas maiores ofensivas. Cerca de 84 mil guerrilheiros atacam 155 cidades, entre elas 36 das 44 capitais provinciais e a capital do Vietnã do Sul, Saigon, inclusive a Embaixada dos EUA e o comando militar norte-americano.

1968 é o pior ano para as tropas americanas: dos 58,2 mil americanos mortos na guerra, 16.592 soldados morrem naquele ano.

Com o fracasso da guerra, Johnson não concorre à reeleição em 1968. Richard Nixon ganha com a promessa de negociar a paz e tirar os soldados norte-americanos do Vietnã. Para isso, o assessor de Segurança Nacional, Henry Kissinger inicia uma aproximação com a China e a União Soviética.

Ho Chi Minh morre em Hanói, a capital do Vietnã do Norte, em 2 de setembro de 1969.

PAZ QUE NÃO HOUVE
A paz entre EUA e Vietnã é assinada em 27 de janeiro de 1973, mas a guerra continua até a queda de Saigon, hoje Cidade de Ho Chi Minh, em 30 de abril de 1975, quando houve uma fuga espetacular de helicóptero da Embaixada dos EUA. O total de mortos vietnamitas é estimado pelo governo nacional em 2 milhões de civis e 1,1 milhões de soldados e guerrilheiros.

Duas semanas antes, em 17 de abril de 1975, o grupo guerrilheiro Khmer Vermelho, outro subproduto da Guerra do Vietnã, toma o poder no vizinho Camboja, dando início a um reino de terror com mais de 2 milhões de mortes que acabaria em 8 de janeiro de 1979 com uma invasão vietnamita.

O regime comunista interna mais de 1 milhão de pessoas em campos de reeducação, onde 165 mil vietnamitas morrem. A repressão de caráter stalinista provoca a fuga em massa de mais de 1,5 milhão de pessoas em barcos precários criando uma das grandes crises humanitárias dos anos 1980, o povo dos barcos

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados estima que 200 a 400 mil pessoas morrem nessa fuga sem destino pelo mar porque ninguém quer recebê-los.

LAWRENCE DA ARÁBIA MORRE EM ACIDENTE DE MOTO

    Em 1935, seis dias depois de um acidente de motocicleta na estrada em Dorset, no interior da Inglaterra, morre aos 46 anos Thomas Edward Lawrence, mais conhecido como Lawrence da Arábia, o oficial de inteligência britânico que aderiu à Revolta Árabe (1916-18) para vencer o Império Otomano (turco) na Primeira Guerra Mundial (1914-18).

T. E. Lawrence nasce em Tremadog, na País de Gales, em 16 de agosto de 1888. Em 1896, sua família se muda para Oxford, onde ele estuda arquitetura e arqueologia. Em 1909, ele faz viagem de estudo à Palestina e à Síria, então partes do Império Otomano.

Dois anos depois, Lawrence consegue uma bolsa para uma expedição arqueológica que escava um assentamento hitita no Rio Eufrates durante três anos. Ele aprende árabe e viaja pelo Oriente Médio.

Em 1914, explora a Península do Sinai, no Egito, na época controlado pelo Império Britânico, na fronteira com o Império Otomano. Com seu conhecimento sobre o Oriente Médio, Lawrence se alista como oficial de inteligência quando começa a guerra. Fica baseado no Cairo como analista de informações.

Quando o emir de Meca, Hussein Ibn Ali, proclama a Revolta Árabe contra a dominação turca, em 1916, vai numa missão diplomática britânica à Arábia, convence seus superiores a apoiar a rebelião e se torna oficial de ligação com o exército de Hussein.

Sob a liderança de Lawrence, os árabes lançam uma guerra de guerrilhas. Em julho de 1917, eles tomam Ácaba, junto ao Sinai, onde se juntam às forças britânicas e marcham para Jerusalém. Lawrence é promovido a coronel.

Em novembro, é capturado como agente secreto em território inimigo, preso, torturado e abusado sexualmente pelos turcos. Ele consegue escapar a se junta ao Exército na tomada de Damasco, em outubro de 1918, a vitória final sobre os turcos.

Depois da guerra, Lawrence espera que a Arábia se una num grande país cobrindo toda a península. Decepcionado com a divisão fomentada pelo Império Britânico e o tribalismo árabe, volta para o Reino Unido.

domingo, 18 de maio de 2025

Direita se reelege em Portugal em derrocada da esquerda

O primeiro-ministro conservador Luís Montenegro foi reeleito hoje em Portugal, mas a Aliança Democrática, de direita, não terá maioria absoluta na Assembleia da República, de 230 cadeiras. Com 226 resultados definidos, elegeu 89 deputados, nove a mais, mas ficou longe da maioria de 116 cadeiras. 

As eleições foram marcadas pelo avanço da extrema direita, que passou a ter o mesmo número de deputados do Partido Socialista (PS), numa derrocada da esquerda, que fica com apenas 27% dos parlamentares.

Desde a Revolução dos Cravos (1974), que democratizou o país, o PS foi o partido que governou Portugal por mais tempo. Hoje, perdeu 20 cadeiras, caindo de 78 para 58, o mesmo resultado obtido pelo partido de extrema direita Chega, liderado por André Ventura, que tinha 49 deputados. Nas quatro cadeiras a decidir, com votos do exterior, a ultradireita levou duas.

Com o PS correndo o risco de ser rebaixado a terceiro maior partido no parlamento português, seu líder e candidato a chefe de governo, Pedro Nuno Santos, renunciou.

O Partido Comunista Português (PCP), que teve papel de destaque na revolução e que de 2015 a 2019 participou da Geringonça, a coalizão de governo do primeiro-ministro socialista António Costa, elegeu apenas três deputados. E o Bloco de Esquerda, outro parceiro daquela coligação, só um.

É a segunda eleição de Montenegro, de 52 anos, ambas com o marqueteiro brasileiro Sérgio Guerra, com o lema "Deixa o Luís trabalhar". Geralmente, em Portugal, os políticos são conhecidos pelo sobrenome. Usar o prenome foi uma jogada para dar a impressão de maior intimidade com o eleitor. 

Montenegro não é um líder carismático. Sempre foi homem da máquina do partido. Lidera a Aliança Democrática, formada por seu Partido Social-Democrata (PSD), de centro-direita, e o conservador Partido Popular (CDS-PP), o antigo Centro Democrático Social, que mudou de nome mas manteve as iniciais na sigla. O ex-primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva (1985-95), líder histórico do PSB, deu uma contribuição importante.

Ele chegou ao poder em abril de 2024. Tinha grande popularidade até estourar o Caso Spinumviva, um escândalo envolvendo uma empresa da família do primeiro-ministro que fazia negócios com empresas com interesses junto ao governo, entre elas um cassino. Sua popularidade caiu, mas não o prestígio do governo.

Candidato pró-Europa vence na Romênia em derrota do trumpismo

Numa grande reviravolta na eleição mais importante na Romênia desde a queda do comunismo, em 1989, com mais de 90% das urnas apuradas, o prefeito centrista de Bucareste, Nicusor Dan, foi eleito presidente hoje no segundo turno. 

Por 54% a 46% dos votos válidos, ele venceu o candidato ultranacionalista George Simion, que saiu na frente no primeiro turno e agora denuncia fraude. A participação do eleitorado foi de 65%, em contraste com 53% no primeiro turno duas semanas atrás.

É mais um extremista de direita que perde sob a sombra do presidente dos Estados Unidos. Grande admirador de Donald Trump, Simion ganhou o primeiro turno com 41% dos votos e dava a vitória como certa.

Quando terminou a votação, às 21h (15h em Brasília), os dois candidatos cantaram vitória. Dan atribuiu o resultado "à comunidade de romenos que desejam uma mudança profunda" e prometeu: "A partir de amanhã, vamos reconstruir a Romênia." Seus partidários gritavam "Europa" e "unidade", contra o divisionismo e os discursos de ódio e antieuropeus da extrema direita.

No primeiro momento, Simion também declarou vitória diante de seus partidários dizendo ser "o novo presidente da Romênia". Mais tarde, reconheceu a derrota no Facebook e prometeu "continuar a luta".

Nicosur Dan nasceu em Fagaras, na província de Brassov, em 20 de dezembro de 1969. É matemático. Na juventude, ganhou duas vezes medalha de ouro nas Olimpíadas Internacionais de Matemática com notas perfeitas em 1987 e 1988. Doutor pela Escola Normal Superior de Paris em 1998, fundou uma faculdade de mesmo nome ao voltar à Romênia.

Em 2015, ele fundou a União Salve Bucareste para lutar contra a corrupção e pela preservação da capital romena, o que o lançou na política. Dan foi eleito deputado em 2016 e prefeito de Buecareste em 2020 e 2024. Venceu a eleição presidencial por ser considerado um bom prefeito.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cumprimentou "calorosamente" o presidente eleito: "Os romenos foram às urnas em massa. Eles escolheram a promessa de uma Romênia aberta e próspera numa Europa forte."

Na vizinha Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky também festejou o resultado "histórico" e destacou "a importância de ter na Romênia uma parceira confiável". Antieuropeu, o candidato derrotado é contra a ajuda à Ucrânia. Na campanha, defendeu a neutralidade.

Esta eleição presidencial romena foi bastante controvertida. Em 6 de dezembro de 2024, dois dias antes da data marcada para o segundo turno, o Tribunal Constitucional, a corte suprema do país, anulou o primeiro turno vencido pelo ultradireitista Calin Georgescu com 23% votos sob a alegação de que houve interferência externa significativa, principalmente da Rússia, e violação da lei eleitoral.

Além de ataques cibernéticos e notícias falsas atribuídas à Rússia, as investigações descobriram que a campanha Georgescu recebeu pelo menos um milhão de euros de financiamento ilegal.

A anulação do primeiro turno foi uma das razões que levou o vice-presidente dos EUA, James David Vance, a acusar a Europa de retrocesso na democracia ao censurar a liberdade de expressão e de tentar suprimir uma corrente de pensamento ignorando parte de seu eleitorado, em discurso na 61ª Conferência de Segurança de Munique. Estava defendendo a extrema direita em todo o continente e alienando aliados históricos. 

Hoje na História do Mundo: 18 de Maio

FUNDAÇÃO DE MONTREAL

    Em 1642, Paul de Chomodey, Senhor de Maisonneuve, funda a cidade de Montreal, hoje parte do Canadá froncófono.

A cidade ocupa três quartos da Ilha de Montreal, a maior das 234 ilhas do Arquipélago Hochelaga, um dos três próximos à confluência dos rios Ottawa e São Lourenço.

O lugar onde está é conhecido como Hochelaga pelo povo huron quando chega o explorador francês Jacques Cartier na sua segunda viagem ao Novo Mundo (1535-36). Mais de mil nativos o recebem ao pé da montanha que ele batiza como Mont Réal.

Mais de 50 anos passam até que os franceses voltem. Samuel de Champlain funda Quebec e pensa em criar um ponto do comércio de peles no que chama de Praça Real, mas seu sonho não se materializa.

Montreal não nasce como um entreposto do comércio de peles. É um centro missionário que seu fundador, Paul de Chomodey, batiza como Vila Maria. Ele constrói casas, uma capela, um hospital e outras estruturas.

Em 1644, o Rei Sol, Luís XIV, dá uma carta régia para Montreal e Chomodey se torna o primeiro governador.

A povoação está sob constante ameaça dos índios iroqueses, aliados do Império Britânico, até um tratado de paz de 1701. 

SUPREMA CORTE LEGITIMA SEGREGAÇÃO

    Em 1896, no caso Plessy x Ferguson, a Suprema Corte dos Estados Unidos legitima a segregação racial com uma doutrina chamada de "separados, mas iguais".

A ação questiona a cláusula da 14ª Emenda à Constituição, aprovada no período da Restauração depois da Guerra da Secessão (1861-65), que garante "proteção igual perante a lei" a qualquer pessoa em qualquer lugar.

O caso é um desafio à Lei dos Vagões Separados do estado da Louisiana, que obriga da companhias ferroviárias a oferecer "acomodações iguais mas separadas" para pretos e brancos. 

Homer Plessy, que tem muito mais antepassados brancos do que pretos, compra uma passagem no vagão dos brancos. Quando se nega a ir para o vagão dos pretos, é preso.

No julgamento em primeira instância, o juiz John Ferguson rejeita a alegação de que a lei é inconstitucional e o caso vai até a Suprema Corte.

A decisão sanciona a segregação ao pressupor que os serviços e as instalações oferecidas ao negros são iguais às dos brancos. Vira jurisprudência até ser derrubada em 17 de maio de 1954 pelo caso Brown x Conselho de Educação de Topeka, que proíbe a segregação racial nas escolas. 

CONFERÊNCIA DE HAIA

    Em 1899, começa a Primeira Conferência Internacional de Haia, na Holanda, um passo rumo à formação das organizações internacionais de caráter universal dedicadas à paz mundial.

A conferência é convocada pelo ministro do Exterior da Rússia, Mikhail Nikolaievich Muraviov, durante o reinado de Nicolau II (1894-1917), que propõe três questões:

  1.  limitar a expansão das Forças Armadas e o uso de novas armas;
  2. aplicação dos princípios da Convenção de Genebra de 1864 à guerra naval;
  3. e a revisão da Declaração de Bruxelas de 1874 sobre as leis e os costumes da guerra em terra.
Até 29 de julho, os representantes de 26 países debatem a paz mundial em Haia. O Brasil não participa. Da América, só vão os Estados Unidos e o México.

A Primeira Convenção de Haia é um conjunto de três tratados internacionais, a Convenção para a Solução Pacífica de Disputas Internacionais, que cria o Tribunal Permanente de Arbitragem;, a Convenção sobre as Leis e os Costumes da Guerra em Terra; e a Convenção para Adaptação da Guerra Naval aos Princípios da Convenção de Genebra de 22 de agosto de 1864.

A Segunda Conferência de Haia é proposta pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt e convocada pelo czar Nicolau II, da Rússia, e realizada de 15 de junho a 18 de outubro de 1907. Participam 44 países, inclusive o Brasil, representado por Rui Barbosa, que faz um discurso brilhante. Mais uma vez, a limitação de armas de guerra é rejeitada.

Uma terceira conferência seria realizada em 1914. É adiada para 1915 e suspensa com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Depois da guerra, a Conferência de Paz de Versalhes (1919) cria a Liga das Nações, a primeira organização internacional de caráter universal dedicada à paz mundial, que fracassa ao não evitar a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e é substituída pela Organização das Nações Unidas (ONU).

BOMBA ATÔMICA INDIANA

    Em 1974, na Operação Buda Sorridente ou Krishna Feliz, a Índia testa no deserto do Rajastão sua primeira bomba atômica e chama de "explosão nuclear pacífica". É o sexto país a fabricar armas nucleares.

O programa nuclear da Índia começa em 1944, antes da independência. A perda de território numa breve greve de fronteira com a China nas montanhas do Himalaia, em 1962, levou à decisão de desenvolver armas nucleares. A explosão usa plutônio produzido no reator canadense CIRUS.

A Índia assume abertamente o status de potência nuclear com uma série de cinco explosões realizadas de 11 a 13 de maio de 1998. O arqui-inimigo Paquistão, que tinha a bomba secretamente desde 1975, responde com cinco explosões em 28 de maio. Hoje estima-se que cada um tenha 170 ogivas nucleares.

MOVIMENTO PELA DEMOCRACIA NA CHINA

    Em 1989, um milhão de pessoas marcham pelas ruas de Beijim num movimento pela liberdade e a democracia para liberalizar o regime comunista da China. A revolta é esmagada no Massacre na Praça da Paz Celestial na noite de 3 para 4 de junho.

As reformas anunciadas pelo líder Deng Xiaoping em 13 de dezembro de 1978 abrem a economia e liberalizaram o regime depois do longo trauma que foi a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76).

O movimento iniciado por estudantes sai às ruas em 15 de abril, quando morre o ex-secretário-geral do Partido Comunista Hu Yaobang (1981-87), um grande responsável pelas reformas políticas e econômicas sob a liderança de Deng, favorável a liberalizar o regime.

Quando o movimento cresce, apresenta suas demandas:

  1. Reconhecer como corretas as visões de Hu Yaobang sobre democracia e liberdade.
  2. Admitir que as campanhas contra a "poluição espiritual" e a "liberalização burguesa" são erradas.
  3. Publicar informações sobre a renda dos altos dirigentes e de suas famílias.
  4. Acabar com a censura e autorizar a publicação de jornais de grupos privados.
  5. Mais dinheiro para a educação e aumento dos salários dos intelectuais.
  6. Fim das restrições a manifestações em Beijim.
  7. Fazer uma cobertura objetiva do movimento estudantil na mídia oficial.

O então secretário-geral do PC, Zhao Ziyang, defende o diálogo com os estudantes, enquanto o primeiro-ministro linha-dura Li Peng exige uma condenação oficial das manifestações. Quando Zhao viaja à Coreia do Norte, em 23 de abril, Li toma a iniciativa.

Em 25 de abril, o primeiro-ministro e o presidente Yang Shangkun se reúnem na casa de Deng, que aprova a linha dura. No dia seguinte, o Diário do Povo, jornal oficial do PC, publica editorial de primeira página de lavra de Li sob o título: "É preciso adotar uma posição clara contra os distúrbios". Descreve o movimento como contra o partido e contra o governo.

Com a volta de Zhao, o governo retoma a tolerância. Em 13 de maio, dois dias antes do início de uma visita do líder soviético Mikhail Gorbachev, os estudantes começam uma greve de fome. Quando Zhao diz a Gorbachev que o líder supremo é Deng, este toma como uma tentativa de lhe atribuir toda a responsabilidade pela revolta dos estudantes.

Numa reunião do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central na casa de Deng, em 17 de maio, a alta cúpula do regime comunista chinês decide decretar lei marcial e convocar o Exército para tomar a capital. 

No dia 18, quando um milhão saem às ruas da capital, Li encontra os estudantes numa reunião marcada pela confrontação, sem qualquer avanço. Diante das câmeras, o primeiro-ministro mostra mais preocupação com a saúde dos estudantes em greve de fome.

A última aparição de Zhao é na madrugada do dia 19, quando ele fala com os estudantes ao lado de Wen Jiabao, que seria primeiro-ministro de Hu Jintao (2003-13). À noite, numa reunião da alta cúpula, Deng declara ter se arrependido de nomear Hu e Zhao para a liderança do partido. Zhao cai e passa o resto da vida em prisão domiciliar.

Em 20 de maio, o governo decreta lei marcial e convoca 30 divisões, num total de 250 mil soldados, para ocupar Beijim. Em 3 de junho, autoriza a ação para retirar os estudantes acampados na praça central da capital centenas. O total de mortes é estimado entre centenas e 10 mil.

As reformas políticas são enterradas definitivamente. A ascensão de Xi Jinping, em 2012, torna a ditadura mais personalista e contrária a qualquer dissidência. A liberdade acadêmica daquele período não existe mais. 

Com a imposição de uma Lei de Segurança Nacional, o fim da autonomia regional e das liberdades democráticas em Hong Kong, todos os livros e publicações sobre o movimento pela liberdade e democracia, que era lembrado com vigílias no território, desaparecem das livrarias e bibliotecas. 

sábado, 17 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 17 de Maio

 NAPOLEÃO TOMA O VATICANO

    Em 1809, o imperador Napoleão I incorpora os Estados Pontifícios ao Império da França.

Napoleão Bonaparte manda Pio VII o coroar imperador em 2 de dezembro de 1804. Este papa também contraria o general ao não anular o casamento de Jerônimo Bonaparte, casado com uma protestante filha de empresários da América do Norte.

Sem maior justificativa, Napoleão manda o general Miollis tomar Roma em seu nome e declara: "Sendo eu imperador de Roma, exijo a devolução do Estado eclesiástico, doação de Carlos Magno. Declaro findo o Império dos Papas."

GRANDE INTÉRPRETE DE WAGNER

Èm 1918, nasce em Västra Karup, na Suécia, Birgit Nilsson, uma soprano de voz poderosa e viva, famosa por interpretações de Wagner.

A conselho do chefe do coral local, Märta Birgit Svensson vai para Estocolmo, onde entra para a Ópera Real e estreia em 1946. Um ano depois, faz sucesso na ópera Lady Macbeth, de Giuseppe Verdi.

Depois de ser aclamada em Viena, Birgit estreia em Covent Garden, em Londres, em 1957, como Brünnhilde, personagem de Wagner. No ano seguinte, faz o papel principal em Turandot, de Giacomo Puccini. Sua primeira apresentação em Nova York, na Ópera Metropolitana, é como Isolda em 1959.

Depois de uma longa carreira de sucesso, ela se aposenta em 1984 e cria uma fundação que em 2009 dá o primeiro Prêmio Birgit Nilsson de música clássica para o tenor Plácido Domingo. Ela morre em 25 de dezembro de 2005 em Västra Karup, a cidade onde nasceu.

FIM DA SEGREGAÇÃO NAS ESCOLAS

    Em 1954, a Suprema Corte dos Estados Unidos considera inconstitucional a segregação racial nas escolas públicas.

No caso Brown v. Conselho de Educação de Topeka, no estado do Kansas, Linda Brown, uma menina negra reclama por não conseguir se matricular numa escola do ensino fundamental por causa da cor da pele.

O supremo tribunal norte-americano derruba na prática uma decisão de 1896. No caso Plessy v. Ferguson, a Suprema Corte considera que acomodações "separadas, mas iguais" em trens estão de acordo com a 14ª Emenda à Constituição dos EUA, que garante proteção igual perante a lei. Esta decisão serve de base durante décadas para a segregação em espaços públicos, inclusive em escolas.

A escola para brancos onde Linda Brown quer se matricular é muito melhor que a escola para negros mais próxima e fica quilômetros mais perto de sua casa. A Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP) abraça a causa. Em 1954, o caso chega à Suprema Corte.

O advogado da NAACP é Thurgood Marshall, que seria o primeiro ministro negro da Suprema Corte. Em nome da maioria, o presidente do tribunal, Earl Warren, escreve que "separado, mas igual" era inconstitucional não apenas no caso de Linda Brown, mas em todos os casos porque a segregação institucional deixa uma marca de inferioridade nos estudantes negros.

Um ano depois, a Corte estabelece as diretrizes para que as escolas promovam a inclusão educacional com a maior rapidez possível.

GOLPE NA COREIA

    Em 1980, o general Chun Doo-Hwan dá um golpe e força o Conselho de Ministros a estender a lei marcial a toda a Coreia do Sul para conter a luta do movimento estudantil contra a ditadura militar.

A lei marcial fecha universidades, proíbe atividades políticas e reduz ainda mais a liberdade de imprensa. Para impor a lei marcial, o regime envia soldados para várias regiões do país.

No mesmo dia, a agência de inteligência KCIA, criada na Guerra Fria no modelo da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), invade uma conferência nacional de líderes estudantis de 55 universidades. Cerca de 2.700 pessoas são presas, inclusive 26 políticos.

Em 18 de maio, a cidade de Gwangju se rebela contra a ditadura de Chun. Os cidadãos pegam em armas roubadas da polícia ou de arsenais, mas são esmagados pelo Exército da Coreia do Sul. Cerca de 600 pessoas morrem no Massacre de Gwangju.

Chun Doo-Hwan e Roh Tae-Woo mandam o Exército fechar a Assembleia Nacional em 20 de maio. Ambos são condenados, Roh à prisão e Chun à morte, mas as penas são comutadas e os dois são libertados pelo então presidente Kim Young-Sam a pedido do então presidente eleito Kim Dae-Jung, que havia sido condenado à morte pela ditadura militar.

CASAMENTO GAY

    Em 2004, Massachusetts se torna o primeiro estado dos Estados Unidos a legalizar o casamento de pessoas do mesmo sexo.

Durante séculos, as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexto são reprimidas, consideradas crime e desordem mental.

No início do século 21, os países que ainda criminalizam essas relações são sociedades conservadoras, principalmente teocracias islâmicas e alguns países da África e da Ásia, muitos sob leis da era do colonialismo europeu.

Em 1989, a Dinamarca se torna o primeiro país a legalizar o registro civil da união de pessoas do mesmo sexo; o casamento gay é legalizado em 2012. A chamada união civil passa a ser legal na Noruega (1993), na Suécia (1995), na Islândia (1996), na Holanda (1998), no Reino Unido (2005) e na Irlanda (2011).

O Canadá (2005) é o primeiro país de fora da Europa a legalizar o casamento gay, seguido pela África do Sul (2006), Argentina (2010) e Nova Zelândia (2013). No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (2011) reconhece a constitucionalidade.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 16 de Maio

 CASAMENTO REAL

    Em 1770, Luís, delfim (herdeiro do trono) da França, casa com Maria Antonieta, filha do imperador Francisco I, do Sacro Império Romano-Germânico, e da arquiduquesa Maria Teresa da Áustria, num casamento para fortalecer as relações entre inimigos históricos que acaba na guilhotina durante a Revolução Francesa de 1789.

O casamento começa mal. O delfim decide dar uma festa com fogos de artificio que termina em tragédia, com 132 mortes.

Com a morte do rei Luís XV, em 1774, seu neto ascende ao trono como Luís XVI. Ele é incapaz de resolver os problemas financeiros herdados do avô por causa da Guerra dos Sete Anos (1756-63), quando a França perde para o Império Britânico suas possessões na Índia e a maior parte das possessões na América do Norte.

A rainha é considerada extravagante, perdulária, dedicada aos interesses da Áustria e contrária à reforma da monarquia, alienando o regime do povo francês, que passa fome em invernos rigorosos.

A Revolução Americana, que leva à independência dos Estados Unidos em 1776, com o apoio da França, outra consequência da Guerra dos Sete Anos, desperta o interesse do povo francês pela democracia.

Quando estoura a Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789, com a tomada da prisão real da Bastilha, Luís XVI escreve em seu diário: "Nada". Mais um dia de tédio real.

O casal resiste aos conselhos de reformar a monarquia. Em 1791, o rei e a rainha decidem fugir para a Áustria. São presos e levados para Paris, onde Luís XVI aceita uma nova Constituição que o torna uma figura decorativa.

Em agosto de 1792, ambos são presos de novo. Em setembro do mesmo ano, começa a segunda fase da Revolução Francesa, o período da Convenção Nacional, que abole a monarquia e instaura um regime de terror sob o controle do Comitê de Salvação Nacional.

Sob a acusação de traição, ambos são condenados pelo tribunal revolucionário. Luís XVI é guilhotinado em 21 de janeiro de 1793 e Maria Antonieta em 16 de outubro do mesmo ano.

SANTA JOANA D'ARC

    Em 1920, o papa Bento XVI canoniza a grande heroína nacional da França, Joana d'Arc.

Joana d'Arc nasce em 1412 em Donrémy, no Nordeste da Franca, numa família camponesa. Aos 16 anos, "ouve vozes" de três santos católicos – Santa Catarina, Santa Margarida e São Miguel – exortando-a a apoiar o delfim na reconquista de Reims e do trono da França, tomado em 1415 por Henrique V, da Inglaterra. 

Ela vira uma heroína ao entrar em combate no Cerco de Orleans, de 12 de outubro de 1428 a 8 de maio de 1429, a primeira grande vitória francesa depois da derrota na Batalha de Agincourt, em 25 de outubro de 1415. Depois de uma série de triunfos francesas, Carlos VII é coroado em Reims.

A França obtém outras vitórias, mas o Cerco de Paris, de 3 a 8 de setembro, fracassa. Em 23 de maio de 1430, Joana d'Arc é capturada pelas forças de João, Duque de Borgonha, aliado da Inglaterra. É julgada pelo bispo Pierre Cauchon, que faz acusações de cunho religioso e a condena à morte na fogueira como uma bruxa. 

Aos 19 anos, ela é queimada na fogueira na Praça do Velho Mercado, em Rouen, em 30 de maio de 1431. O primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que também foi historiador, considera a execução sumária um erro que a transforma em mártir.

Sob a inspiração da jovem camponesa, a Guerra dos Cem Anos vira a favor da França. Em 1453, Carlos VII havia reconquistado todo o território francês menos o porto de Calais, que os ingleses entregam em 1558.

PRIMEIRA CERIMÔNIA DO OSCAR

    Em 1929, a Academia de Artes e Ciências do Cinema dos Estados Unidos realiza a primeira festa de entrega de prêmios aos destaques do ano, com cerca de 250 pessoas, num jantar no Hotel Roosevelt, em Hollywood, na Califórnia.

A academia, uma ideia de Louis Mayer, da poderosa companhia cinematográfica Metro Goldwin Mayer, nasce em maio de 1927. Seu primeiro presidente, o ator Douglas Fairbanks, é o mestre de cerimônias da primeira entrega das estatuetas douradas que mais tarde passam a ser chamadas de Óscars.

O som é a grande novidade do cinema na época, mas o filme The Jazz Singer, da Warner Brothers, não disputa o prêmio de melhor filme porque a concorrência com o cinema mudo é considerada desleal. 

O vencedor é Wings (Asas), de William Wellman, o filme mais caro até então, com orçamento de US$ 2 milhões. Conta a história de dois pilotos da Primeira Guerra Mundial (1939-45) que se apaixonam pela mesma mulher.

Aurora, do diretor alemão Friedrich Murnau, um dos grandes cineastas do cinema mudo, divide o prêmio de melhor filme.

O melhor ator é o alemão Emil Jannings, escolhido pela atuação em Tentação da Carne A Última Ordem. Janet Gaynor, de 22 anos, ganha o prêmio de melhor atriz por três filmes, Sétimo CéuAurora O Anjo das Ruas.

Charles Chaplin, o maior ator de todos os tempos, indicado para os prêmios de melhor ator, melhor roterista e melhor diretor de comédia, recebe um prêmio especial. Receberia o segundo, pelo conjunto da obra, em 1971.

A academia adota oficialmente o nome de Óscar para a estatueta em 1939. Uma versão não confirmada atribui o nome a Margaret Herrick, uma diretora-executiva da academia que a achou parecida com seu tio Oscar.

FIM DO LEVANTE DO GUETO DE VARSÓVIA

    Em 1943, com a destruição da última sinagoga, a Alemanha assume o controle total do Gueto de Varsóvia e acaba com a maior rebelião de judeus contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Mais de 13 mil judeus morrem no levante. Os sobreviventes são deportados para os centros de extermínio de Majdanek e Treblinka, na Polônia.

A guerra começa com a invasão da Polônia pela Alemanha, em 1º de setembro de 1939. Pouco depois, os nazistas encurralam os judeus da capital polonesa num gueto cercado por arame farpado, sob a vigilância da SS, a força para militar, o braço armado do Partido Trabalhista Nacional-Socialista da Alemanha (Nazista).

Mais de 500 mil judeus são confinados numa área de 340 hectares. Muitos morrem de fome e doenças.

Em julho de 1942, os nazistas começam a aplicar no Pacto de Varsóvia a solução final, o plano genocida para exterminar o povo judeu aprovado na Conferência de Wannsee, em Berlim, em 20 de janeiro do mesmo ano. A cada dia, 6 mil judeus de Varsóvia são enviados para a morte em centros de extermínio.

Os nazistas declaram que os judeus estão sendo enviados a campos de trabalho, mas logo chega ao gueto a notícia de que deportação significa extermínio. Nasce a Organização de Combate Judaica (ZOB), que consegue algumas armas.

Em 18 de janeiro de 1943, quando os soldados entram no gueto para transferir mais um grupo para os campos da morte, caem numa emboscada preparada pela resistência. A luta dura dias e vários soldados nazistas morrem.

O Levante do Gueto de Varsóvia começa em 19 de abril de 1943, quando o líder nazista Heinrich Himmler, comandante da SS, anuncia que o gueto será evacuado em homenagem ao aniversário de Adolf Hitler no dia seguinte.

Mais de mil soldados da SS entram no gueto com tanques e artilharia pesada. Cerca de 60 mil judeus sobreviventes buscam esconderijos secretos, mas mais de mil militantes da resistência enfrentam os nazistas com bombas caseiras e as armas conseguidas no mercado negro.

Apesar da resistência, os judeus são massacrados. Em 24 de abril, os alemães lançam um assalto total ao Gueto de Varsóvia e arrasam os prédios um a um. A resistência recua para a rede de esgotos para continuar a luta. 

Em 8 de maio, os nazistas tomam o bunker do comando dos judeus. Os líderes da resistência se suicidam. A revolta acaba em 16 de maio. 

BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO

    Em 1985, três cientistas da Sondagem Antártica Britânica publicam artigo na revista científica Nature revelando a existência de um buraco sobre o Polo Sul na camada de ozônio da atmosfera, que protege a Terra dos raios ultravioleta.

A causa seria a emissão de gases com clorofluorcarbonetos, usados principalmente em perfumes, desodorantes e outros produtos aplicados por aspersão.

Dentro de dois anos, 46 países assinaram o Protocolo de Montreal, prometendo banir o uso de substâncias que danificam a camada de ozônio. Todos os países-membros das Nações Unidas aderem. O então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, observa que "talvez seja o acordo internacional mais bem-sucedido até hoje." 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 15 de Maio

TEMPLO DE MERCÚRIO

    Em 495 antes de Cristo, um templo a Mercúrio, deus do comércio, da medicina, da comunicação, dos viajantes, da fortuna e da trapaça, e mensageiro dos deuses, é consagrado no Monte Aventino, perto do Circo Máximo, em Roma.


É o único templo de grande escala dedicado a Mercúrio que se conhece na Roma Antiga, que na época é uma República. É um ano de grande agitação política, com protesto dos plebeus contra os senadores patrícios. No ano seguinte, começam as Revoltas da Plebe, que vão até 287 AC.

Na mais importante, em 494 AC, sob a alegação de que são explorados economicamente pelos patrícios, os plebeus se recusam a servir o Exército e exigem direitos políticos e sociais. Eles se retiram para o Monte Aventino, uma das sete colinas de Roma, e ameaçam fundar uma nova cidade.

As Revoltas da Plebe levam à criação do cargo de tribunos da plebe, ao acesso gradual a cargos públicos antes exclusivos dos patrícios e aprovação de leis que protegem os plebeus como a Lei das Doze Tábuas, uma compilação das primeiras leis escritas de Roma.

MORTE DE EMILY DICKINSON

    Em 1886, morre de uma inflamação renal aos 55 anos em Amherst, no estado de Massachusetts, Emily Dickinson, uma das poetas mais importantes da literatura dos Estados Unidos.

Emily nasce na mesma cidade em 10 de dezembro de 1830 numa família religiosa e leva uma vida reclusa. Não se casa. A Bíblia é uma de suas fontes de inspiração. Começa a escrever na adolescência. Só 10 de seus cerca de 1,8 mil poemas são publicados durante sua vida. Ela envia centenas de poemas para amigos e correspondentes. Aparentemente, guarda grande quantidade para si mesma.

Seu estilo radicalmente diferente do padrão de sua época: versos curtos, rimas imperfeitas ou falta de rima, travessões, pontuação e uso de maiúsculas incomum. São sua marca registrada e parece vanguardista até hoje.

Dickinson escreve sobre o amor, a morte, a imortalidade, a solidão, o abandono, a natureza e a vida interior. Sua poesia de um brilho enigmático é filosófica, mística e emocional, ao mesmo tempo intimista e universal. 

CAMUNDONGO MICKEY

    Em 1928, com a avant-première de Plane Crazy, Walt Disney lança o primeiro filme do Camundongo Mickey.

Plane Crazy é um desenho animado de curta metragem originalmente mudo que apresenta ao público Mickey e sua namorada Minnie. É um teste para ver a reação da plateia a um filme de animação. Um executivo da Metro-Goldwin-Mayer vê o filme, mas não consegue distribuir.

No mesmo ano, os estúdios Disney lançam o primeiro filme sonoro com Mickey, Steamboat WilliePlane Crazy é relançado em 17 de março de 1929 como o quarto filme do Mickey.

GUERRA DA INDEPENDÊNCIA DE ISRAEL

    Em 1948, os países árabes vizinhos rejeitam a fundação de Israel e atacam o novo país. Os exércitos do Egito, da Síria, da Jordânia, do Líbano, do Iraque e da Arábia Saudita convergem e invadem em três frentes e pequena faixa de terra que é o Estado de Israel. É o dia da Nakba, o dia da catástrofe para os palestinos.

O conflito começa em 30 de novembro, um dia depois que as Nações Unidas aprovam a Resolução 181, que divide o território histórico da Palestina num país árabe e outro judeu. Até a fundação oficial de Israel se chama a Guerra Civil da Palestina Mandatária.

No fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18), os impérios Britânico e Francês recebem mandatos da Liga das Nações para administrar territórios do extinto Império Otomano, inclusive a Palestina, onde o Reino Unido havia prometido criar uma pátria para o povo judeu.

A guerra acontece principalmente no território histórico da Palestina e também no Líbano e na Península do Sinai, no Egito. Termina com a vitória de Israel, que conquista 50% do território que seria destinado ao país árabe, e um armistício, em 10 de março de 1949. Na realidade, não acabou até hoje. A Jordânia ocupa a Cisjordânia e o Egito, a Faixa de Gaza.

Do lado de Israel, morrem 6.373 pessoas. Entre os árabes, as estimativas vão de 6,7 a 20 mil contando militares e civis. Cerca de 700 mil palestinos são expulsos do território israelense, criando a diáspora palestina.

RETIRADA SOVIÉTICA

    Em 1988, na era das reformas do líder Mikhail Gorbachev, começa a saída das forças da União Soviética do Afeganistão, invadido mais de oito anos antes, no Natal de 1979, para Moscou impor seus favoritos no regime comunista afegão.

Antes da invasão, há uma revolta incipiente da população muçulmana, que não aceita o comunismo. Disso se aproveitam os Estados Unidos, a Arábia Saudita, a China e o Paquistão, decididos a fazer do Afeganistão o Vietnã da URSS.

Com armas como os mísseis antiaéreos Stinger, enviados pelos EUA a partir de 1981, os mujahedin conseguem derrotar o invasor, que nunca assume o controle do interior do país. Em dez anos de invasão, cerca de 15 mil soldados soviéticos morrem no Afeganistão, menos do que a Rússia perdeu em 80 dias de invasão da Ucrânia.

Também em 1988, os chamados árabes afegãos, liderados pelo saudita Ossama ben Laden, fundam a rede terrorista Al Caeda (A Base), que ataca os EUA em 11 de setembro de 2001, levando as guerras do Oriente Médio para o território norte-americano.

A rebelião muçulmana derruba em 1992 o ditador Mohamed Najibullah, entronizado pela URSS. O Afeganistão vive um período de anarquia até que a Milícia dos Estudantes (Talebã), criada em 1994 com o apoio do serviço secreto militar do Paquistão, assume o poder em Cabul (nunca controla todo o país) em 1996.

Depois dos atentados de 11 de setembro, os EUA invadem o Afeganistão, derrubam o regime dos talebã e chegam a cercar a liderança da Caeda na Batalha de Tora Bora, em dezembro de 2001, mas Ben Laden consegue fugir para o Paquistão, onde é morto por uma operação de comandos de elite da Marinha dos EUA em 2 de maio de 2011.

Com a retirada das forças internacionais e o fim da guerra, a mais longa da história dos EUA, em 30 de agosto de 2021, os Talebã retomam o poder no Afeganistão e, ao contrário das promessas, voltam a reprimir as mulheres, proibidas de estudar, trabalhar, viajar sem um parente e obrigadas a cobrir o rosto ao sair à rua.

PRIMEIRA-MINISTRA DA FRANÇA

    Em 1991, o presidente socialista François Mitterrand (1981-95) nomeia Édith Cresson como a primeira mulher a chefiar o governo da França, mas a primeira-ministra cai em menos de um ano por causa do desemprego em massa e da queda do apoio dentro do Partido Socialista.

Édith Campion nasce em 27 de janeiro de 1934 em Bologne-Billancourt, perto de Paris. Filha de um funcionário público, ela faz doutorado em demografia na Escola Superior de Estudos Comerciais. Em 1959, casa com Jacques Cresson. 

Ela entra para o Partido Socialista (PS) em 1965 e trabalha na fracassada campanha presidencial de Mitterrand naquele ano. Concorre a uma cadeira na Assembleia Nacional e perde em 1975, mas se torna deputada do Parlamento Europeu em 1979. É eleita prefeita duas vezes, em Thuré (1977) e Châtelleroult (1983).

Depois da eleição de Mitterrand, em 1981, antes de se tornar primeira-ministra, Cresson é ministra várias vezes, da Agricultura, do Turismo e Comércio Exterior, e da Europa. Com a demissão do primeiro-ministro Michel Rocard, o presidente a nomeia para o cargo.

O governo Cresson é um dos mais curtos da 5ª República Francesa. Impopular, ela cai em 2 de abril de 1992. Na luta contra o predomínio no mercado de produtos do Japão, ela dá uma tirada racista ao chamar os japoneses de "formigas amarelas que querem dominar o mundo". Ao comentar a vida sexual dos britânicos, declarou que "a homossexualidade me parece estranha. É diferente e marginal. Existe mais na tradição anglo-saxã do que na latina."

Em 1995, no fim de seu governo, Mitterrand a indica para comissária de Ciência, Pesquisa e Educação da União Europeia. A Comissão Europeia renuncia coletivamente em 1999 num escândalo de fraude e corrupção. Cresson é condenada em 2006 por favoritismo e má administração, mas não é punida. Hoje ela faz parte do Conselho das Mulheres Líderes Mundiais.

A segunda primeira-ministra da França é Élisabeth Borne (2022-24), que cai em janeiro de 2024.