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sábado, 5 de abril de 2025

Hoje na História do Mundo: 5 de Abril

CASAMENTO PELA PAZ

    Em 1614, a princesa indígena Pocahontas, filha do cacique Powhatan, casa com o inglês John Rolfe, um produtor de tabaco, em Jamestown, na Virgínia, a primeira colônia inglesa na América, garantindo alguns anos de paz entre colonos e índios.

Jamestown, fundada em 1607 por 100 colonos ingleses, sofre com a fome, a doença e os ataques indígenas. John Smith, um aventureiro inglês que ajuda na defesa da colônia e mapeia a área, é capturado pelos indígenas e poupado da morte, no mesmo ano, supostamente por interferência da princesa de 13 anos, cujo verdadeiro nome é Matoaka.

Smith se torna presidente da colônia em 1608. Depois de um incêndio que destrói a maior parte da vila, Pocahontas é enviada pelo pai com ajuda e se torna amiga dos colonos.

John Rolfe chega em 1610 e introduz a plantação de tabaco, até hoje importante na Virgínia.

Em 1613, o capital Samuel Argall sequestra a princesa na esperança de usá-la para negociar uma paz duradoura. Ela é tratada como convidada. Converte-se ao cristianismo e é batizada como Rebecca.

Quando o cacique negocia a libertação da filha, ela está apaixonada por Rolfe. Eles se casam com a bênção do cacique e do governador da Virgínia. Em 1616, o casal viaja à Inglaterra e é recebido na corte do rei Jaime I. Na véspera da viagem de volta, Pocahontas morre, provavelmente de varíola.

Rolfe volta para a Virgínia e morre no Massacre de Jamestown, em 22 de março, de 1622, quando os índios mataram 347 colonos, um quarto da população da Virgínia.

INDEPENDÊNCIA DO CHILE

    Em 1818, o movimento pela independência do Chile, liderado pelo general argentino José de San Martín e Bernardo O'Higgins, obtém uma vitória decisiva contra a Espanha na Batalha de Maipú, em que 2 mil espanhóis e mil nacionalistas chilenos morrem.

Depois da invasão napoleônica à Península Ibérica em 1807 e 1808, o imperador francês Napoleão Bonaparte nomeia seu irmão José Bonaparte como rei da Espanha, mas os líderes da América Espanhola não reconhecem sua legitimidade.

O'Higgins se junta ao movimento pela independência em 18 de setembro de 1810. A proposta inicial é restaurar o rei Fernando VII, mas esta é festejada como de independência do Chile. Quando o vice-rei do Peru, José Fernando Abascal y Sousa, tenta restabelecer o controle sobre o Chile.

Com a vitória dos espanhóis sob o comando de Mariano Osorio, O'Higgins e outros nacionalistas chilenos fogem para a Argentina, onde ficam durante três anos e voltam em 1817 em aliança com San Martín. A vitória em Maipú, perto de Santiago, numa luta de 5 mil nacionalistas contra 4,6 mil monarquistas, consolida a independência do Chile.

ORIGEM DAS ESPÉCIES

    Em 1859, o naturalista inglês Charles Darwin envia aos editores os três primeiros capítulos de A Origem das Espécies, um dos livros mais importantes de todos os tempos, que revoluciona a biologia e a maneira como o homem vê a si mesmo ao propor a Teoria da Evolução.

Filho de um médico bem-sucedido, Darwin tem uma formação privilegiada. Desde jovem, mostra interesse por botânica e ciências naturais. Ele desenvolve a Teoria da Evolução das Espécies depois de uma viagem de cinco anos pelo mundo no navio Beagle, inclusive pela América do Sul, quando fica impressionado pelos répteis das Ilhas Galápagos.

Em fevereiro de 1858, quando faz pesquisa nas Ilhas Molucas, hoje parte da Indonésia, o naturalista Alfred Russell Wallace envia uma carta a Darwin pedindo uma avaliação de sua teoria. Era o que o próprio Darwin desenvolvia havia duas décadas. 

Os dois decidem fazer uma apresentação conjunta na Sociedade Lineana de Londres, o maior centro de estudos biológicos do Reino Unido, em 1º de julho de 1858. A primeira edição de A Origem das Espécies, lançada em novembro de 1859, se esgota rapidamente.

GUERRA DO PACÍFICO

    Em 1879, o Chile declara guerra à Bolívia e ao Peru. A Guerra do Pacífico da América do Sul é uma disputa por regiões ricas em recursos naturais na região de Antofagasta e do Deserto de Atacama.

Ao proclamar a fundação da República de Bolívar, nome meses depois mudado para Bolívia, em 1825, o libertador Simón Bolívar exige que o país tenha uma saída para o mar, conhecida como a província do Litoral. Na época, Chile e Peru protestam, alegando que eles dividem a fronteira.

Em 1837, quando Bolívia e Peru formam a Confederação Peruano-Boliviana, o Chile, sentindo-se ameaçado, vai à guerra, conseguindo acabar com a confederação. Isso leva a décadas de instabilidade política e econômica nos derrotados, de novo divididos em dois países.

Dois tratados são assinados, em 1866 e 1874, para tentar definir a fronteira no Deserto do Atacama, onde há jazidas de cobre, guano e salitre, esses dois últimos grandes fontes de nitratos usados como fertilizantes na agricultura.

Depois de um maremoto que arrasa Antofagasta em 1877, o governo boliviano decide em 1878 cobrar um imposto de 10 centavos sobre cada quintal de 100 quilos de salitre extraído na região. O Chile protesta e pede uma mediação internacional para resolver o conflito.

A Bolívia não só rejeita a mediação como cassa a licença da companhia, encampa seus bens e marca um leilão para vendê-los em 14 de fevereiro de 1879. Naquele dia, 200 soldados do Chile tomam Antofagasta sob aplausos da população local, de maioria chilena, atraída para CSFA, a empresa exploradora.

Em 1º de março de 1879, a Bolívia declara guerra ao Chile e cobra o apoio do Peru. Desde 1873, os dois países têm um acordo secreto de defesa mútua. O Congresso peruano marca uma sessão para decidir a posição do país, a princípio neutro, em 24 de abril. Antes disso, em 5 de abril de 1879, o Chile declara guerra a ambos.

A Guerra do Pacífico também é conhecida como a Guerra do Salitre e a Guerra dos Dez Centavos, mas é claro que havia muito mais do que dez centavos por quintal de salitre em jogo, observa o historiador britânico Ronald Bruce St. John: "Por um lado, havia a força, o prestígio e a estabilidade do Chile, comparados com a deterioração econômica e a instabilidade política que caracterizaram a Bolívia e o Peru depois da independência.

"Por outro lado", acrescenta o historiador, "estava em curso uma luta pela hegemonia política e econômica da região, complicada ainda mais pela profunda antipatia entre o Chile e o Peru. Nesse ambiente, a incerteza sobre as fronteiras entre os três países se somou ao descobrimento de valiosos depósitos de nitrato e guano nos territórios disputados para produzir um conflito de dimensões insuperáveis."

A Bolívia e o Peru pedem ajuda à Argentina. Um dos principais receios da Argentina é que o Chile peça ajuda ao Império do Brasil, ampliando o conflito para dimensões continentais.

Nos primeiros seis meses da Guerra do Pacífico, há uma disputa pela supremacia naval, importante para a guerra no Deserto do Atacama, a região mais seca do mundo. Como a Bolívia não tem forças navais, a guerra no mar é travada pelas marinhas do Chile e do Peru.

A Bolívia abandona a guerra depois da derrota aliada na Batalha de Tacna, em 26 de maio de 1880. O Exército do Peru sofre nova derrota na Batalha de Arica, em 7 de junho de 1880. Naquele ano, os Estados Unidos tentam mediar a paz em troca de concessões da Bolívia e do Peru para explorar a área. Mas o Chile se nega a devolver os territórios ocupados, a província boliviana do Litoral ou de Antofagasta e a província peruana de Tarapacá.

Sem acordo, o Exército chileno entra em Lima em 17 de janeiro de 1881, mas não consegue tomar o resto do Peru. Nos últimos dois anos, o Peru resiste com uma guerra de guerrilhas na região da Cordilheira dos Andes liderada por Andrés Cáceres, que vira um herói nacional, ditador (1884-85) e presidente constitucional do país (1886-90 e 1894-95).

A Guerra do Pacífico termina em 20 de outubro de 1883 com a assinatura em Lima do Tratado de Ancón entre Chile e Peru. O total de mortos foi estimado em 13 a 18 mil bolivianos e peruanos, e 2,4 mil a 2,8 mil chilenos. O Chile fica com o Deserto de Atacama e as províncias boliviana de Antofagasta e peruana de Tarapacá. Até hoje, a Bolívia reivindica uma saída para o mar.

MORTE DE KURT COBAIN

    Em 1994, o cantor, compositor e guitarrista da banda de rock Nirvana, Kurt Cobain, morre em casa, em Seattle, no estado de Washington aos 27 anos, a mesma idade da morte de outros roqueiros famosos: Brian Jones, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Janis Joplin e Amy Winehouse.

O corpo é encontrado três dias depois por Gary Smith, um eletricista que faria um serviço na casa. A polícia conclui que é suicídio.

Cobain tem problemas com drogas pesadas como heroína desde a adolescência. O nome da banda, Nirvana, sai do que seria o paraíso do budismo, "a liberdade em relação à dor, ao sofrimento e ao mundo exterior".   

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Hoje na História do Mundo: 12 de Fevereiro

EXECUÇÃO DE LADY JANE

    Em 1554, rainha da Inglaterra por nove dias, é executada em Londres aos 16 anos a mando da rainha Maria I.

Lady Jane nasce em outubro de 1537 em Bradgate, no Condado de Leicester, na Inglaterra. É bisneta do rei Henrique VII e neta da irmã mais moça de Henrique VIII, pai de Maria I.

Linda e inteligente, tem excelentes tutores. Além de inglês, estuda e fala grego, latim, francês, italiano e hebreu. Seu protestantismo a torna a candidata ideal para assumir o trono com a morte aos 15 anos de Eduardo VI, o filho que Henrique VIII tanto lutou para ter, inclusive fazendo a Reforma Protestante na Inglaterra para poder se divorciar de sua primeira mulher, Catarina de Aragão.

John Dudley, Duque de Northumberland, casa seu filho, Lorde Guilford Dudley, com Lady Jane e convence Eduardo VI no leito de morte de afastar suas irmãs Maria e Elizabeth da linha sucessória.

Eduardo VI morre em 6 de julho de 1553. Lady Jane reluta em ser elevada ao trono num jogo político inescrupuloso. Mesmo assim, é proclamada rainha em 10 de julho. Mas Maria Tudor é a herdeira do trono com base numa lei aprovada pelo Parlamento em 1544. 

Lady Jane cai em 19 de julho. Ela e o pai são presos na Torre de Londres. Ele é perdoado, mas Lady Jane e o marido são acusados de alta traição em 14 de novembro de 1553. Ela confessa a culpa e é decapitada junto com o marido.

Sua execução por Maria, a Sanguinária, lhe angaria uma simpatia pelo resto do mundo. 

INDEPENDÊNCIA DO CHILE

    Em 1818, no primeiro aniversário da vitória na Batalha de Chacabuco, Bernardo O'Higgins proclama, jura e assina em Santiago a ata de independência do Chile do Império Espanhol, antes da vitória decisiva na Batalha de Maipú.

A conquista do Chile pela Espanha começa em 1536-37 com Diego de Almagro, associado e depois rival de Francisco Pizarro, o conquistador do Peru. Almagro vai em busca de "outro Peru", mas os espanhóis não encontram ouro nem uma grande civilização e voltam para o Peru.

A segunda tentativa de colonizar o Chile acontece em 1540-41, quando Pizarro autoriza Pedro de Valdivia a instalar um assentamento na área. Sem grandes riquezas, o Chile é uma província menor da do Império Espanhol.

Com a invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica, a Portugal em 1807 e à Espanha em 1808, as colônias da América Latina aproveitam a dissolução do poder central para proclamar a independência. A Argentina faz isso em 25 de maio de 1810. O México dá o Grito de Dolores em 16 de setembro do mesmo ano.

Dois dias depois, o Chile realiza um cabildo aberto, uma assembleia popular que aceita a renúncia do governador colonial e elege uma junta formada por líderes locais. De 1810 a 1813, eles mantêm autonomia em relação ao Vice-Reino do Peru.

Quando a Espanha e Portugal derrotam a França napoleônica com a ajuda do Reino Unido, em 1814, os governos da Península Ibérica são restaurados e a Espanha tenta reassumir o controle sobre suas colônias. No Chile, faz isso ao vencer a Batalha de Rancágua, em 1º e 2 de outubro de 1814.

Diante da derrota, os nacionalistas chilenos como O'Higgins, José Miguel Carranza e irmãos fogem para a Argentina, onde recebem o apoio do general José de San Martín, herói da independência da Argentina e um dos libertadores da América ao lado do venezuelano Simón Bolívar. 

San Martín apoia o governo revolucionário de Buenos Aires, que proclamara a independência das Províncias Unidas do Rio da Praia, e forma um exército para libertar o Chile e atacar o Peru pelo mar.

O exército de San Martín, tendo O'Higgins como um de seus comandantes, começa a atravessar a Cordilheira dos Andes em janeiro de 1817. Em 12 de fevereiro, derrota as forças imperiais e abre o caminho para Santiago. A independência é proclamada um ano depois.

ÚLTIMO IMPERADOR DA CHINA

    Em 1912, Puyi, o último imperador da China, abdica no fim da Revolução Chinesa, liderada por Sun Yat-sen. É o fim um império de mais de 2 mil anos e o início da República da China.

Puyi nasce em Beijim em 7 de fevereiro de 1906. É o último imperador da Dinastia Ching (1644-1912), que é manchu. Com a morte do tio, o imperador Guangxi, em 14 de novembro de 1908, ele ascende ao trono e reina três anos sob uma regência.

Quando o Império do Japão invade a Manchúria, em 1931, instala Puyi como um imperador-fantoche do reino de Manchukuo de 1934 a 1945.

INDEPENDÊNCIA DO SUDÃO

    Em 1953, o Egito faz um acordo com o Império Britânico para dar autonomia administrativa ao Sudão e, dentro de três anos, autodeterminação.

De 1955 a 1972, o Sudão vive sob guerra civil entre o Norte, muçulmano, e o Sul, cristão e animista. A guerra civil recomeça em 1983, vai até 2005 e as negociações de paz terminam com a independência, em 9 de julho de 2011, do Sudão do Sul, que fica anos sob guerra civil.

Durante uma onda de protestos, em abril de 2019, um golpe depõe o ditador Omar Bachir, mas um golpe contra a democratização em outubro de 2021 aborta o processo e leva a nova guerra civil entre o comandante do Exército, general Abdel Fattah al-Burhan, e o general Mohamed Dagalo, líder das Forças de Apoio Rápido, uma milícia acusada pelo genocídio de Darfur.

SLOBO EM JULGAMENTO

    Em 2002, o Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia começa a julgar em Haia, na Holanda, por 65 acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, o principal responsável pela sangrenta divisão do país, o ditador sérvio Slobodan Milosevic, o Carniceiro dos Bálcãs, como o chamou em 1992 o jornal The New York Times.

Antes do veredito, em 11 de março de 2006, o réu é encontrado morto em sua cela aos 64 anos, supostamente por causa de um ataque cardíaco.

A Iugoslávia nasce em 1º de dezembro de 1918, logo depois do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18), como o Reino dos Croatas, Sérvios e Eslovenos, rebatizado em 1929 como Reino da Iugoslávia.. 

Ocupada pela Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-45), quando é governada por um regime colaboracionista croata, a Iugoslávia renasce sob a liderança do líder da resistência, o croata Josip Broz Tito, como uma federação formada por Bósnia-Herzegovina, Croácia, Eslovênia, Macedônia, Montenegro e Sérvia.

Com a morte de Tito, em 1980, e o declínio do comunismo como ideologia, Milosevic, um líder comunista, apela para o nacionalismo sérvio para consolidar o poder. Em 1991, a Croácia e a Eslovênia declaram a independência. O governo central, dominado pelos sérvios, não aceita. Começa a guerra civil.

Em 6 de abril de 1992, a guerra civil chega à Bósnia-Herzegovina, uma república etnicamente dividida entre bósnios (44%), sérvios (31%) e croatas (16%), onde a guerra é mais sangrenta, com mais de 100 mil mortes. Estas guerras terminam em 1995 com o Acordo de Paz de Dayton, negociado pelos Estados Unidos.

Depois da perseguição e de massacres contra albaneses da província sérvia do Kossovo, em 24 de março de 1999, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar ocidental liderada pelos EUA, intervém militarmente e bombardeia a Sérvia, Montenegro e as forças sérvias no Kossovo.

Os sérvios se revoltam contra Milosevic, que rejeita a vitória de Vojislav Kostunica na eleição presidencial de 24 de setembro de 2000. Uma grande manifestação de massa em Belgrado sela seu destino em 5 de outubro. No dia seguinte, ele reconhece a derrota e deixa o poder em 7 de outubro.

Milosevic é preso em 1º de abril de 2001, sob acusações de abuso de poder e de corrupção. Em 28 de junho, é entregue a forças dos EUA em Tuzla, na Bósnia-Herzegovina, e de lá enviado para o tribunal de Haia.

MACEDÔNIA DO NORTE

    Em 2019, no Acordo de Prespa, a ex-república iugoslava da Macedônia muda de nome para República da Macedônia do Norte.

A mudança de nome é uma exigência da Grécia, que bloqueia o acesso da Macedônia à União Europeia e outras organizações internacionais porque tem uma região chamada Macedônia e teme que o novo país reivindicasse soberania sobre a parte grega.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 11 de Novembro

FIM DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

    Em 1918, um armistício assinado pela Alemanha e os aliados às 5h entra em vigor às 11h e marca o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Os canhões silenciam na undécima hora do undécimo dia do undécimo mês do ano. A guerra, que no início todos acreditavam que seria breve, dura quatro anos e acaba com a Era dos Impérios. Saem de cena os impérios alemão, austro-húngaro, otomano e russo.

Cerca de 20 milhões morrem na guerra e 50 milhões na pandemia da Gripe Espanhola, disseminada pela movimentação dos soldados.

A Primeira Guerra Mundial é o conflito que forja o século 20. Em 1917, com a Revolução Russa e a entrada dos Estados Unidos no conflito, entram em cena as duas superpotências que dominariam o mundo na segunda metade do século. 

O Nazismo e o Fascismo são reações à ascensão do comunismo e à humilhação sofrida pela Alemanha na Conferência de Paz de Versalhes.

"A guerra para acabar com todas as guerras", argumento do presidente Woodrow Wilson para convencer os norte-americanos a entrar na guerra na Europa, leva à paz para acabar com todas as pazes na Conferência de Versalhes, que impõe grandes perdas à Alemanha e alimenta o revanchismo nazista.

EUA REDUZEM IDADE PARA SERVIR NAS FORÇAS ARMADAS

    Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o Congresso dos Estados Unidos aprova a redução para 18 anos da idade mínima para servir as Forças Armadas e limita a idade máxima a 37 anos.

O Congresso aprova o serviço militar obrigatório em tempo de paz em setembro de 1940, mais de um ano antes dos EUA entrarem na guerra.

A convocação dos homens de 21 a 36 anos começa um mês depois. São 20 milhões nos EUA. A metade é rejeitada no primeiro ano por problemas de saúde e 20% dos convocados por serem analfabetos.

Com o país em guerra, a idade mínima de convocação diminui. Os negros são discriminados por racismo. São considerados menos capazes e há dúvidas sobre a eficiência de um exército misto racialmente.

Isto muda em 1943, quando é estabelecida uma cota de 10,6% para negros, o percentual de sua participação na sociedade norte-americana. De início, eles ficam nas "unidades de trabalho". Mais tarde, entram em combate.

Quando a guerra termina, em 1945, o total de alistados é de 34 milhões; 10 milhões servem nas Forças Armadas dos EUA. Cerca de 416,8 mil soldados norte-americanos morrem na guerra.

URSS SE NEGA A JOGAR NO CHILE

    Em 1973, a União Soviética anuncia que não vai disputar uma partida contra o Chile pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1974 marcada para 21 de novembro no Estado Nacional de Santiago.

Depois do golpe militar do general Augusto Pinochet, que derruba o presidente socialista Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, o Estádio Nacional é usado como centro de concentração, tortura e execução dos aliados do governo deposto. Victor Jara, o músico popular mais famoso do Chile, é morto lá. 

INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA

    Em 1975, com a retirada dos portugueses depois da Revolução dos Cravos, em 1974, a República de Angola declara a independência. O Brasil é o primeiro país a reconhecê-la.

Os portugueses estão presentes no território do que hoje é Angola desde o século 15, quando exploram a costa da África em busca de um caminho marítimo para as Índias. O primeiro europeu a chegar lá é o navegador português Diogo Cão, que cai em desgraça por anunciar que havia descoberto o extremo sul da África, o que não se confirma.

Portugal mantém entrepostos comerciais em portos africanos, inclusive para o tráfico de escravos. A ocupação efetiva do território, ordenada para Conferência de Berlim (1884-85), que faz a Partilha da África entre as potências europeias, só começa nos anos 1920.

Com a descolonização da África depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), Portugal é a potência colonial que mais resiste. A queda da ditadura salazarista na Revolução dos Cravos abre caminho para a independência das colônias portuguesas.

A independência de Angola é proclamada pelo Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), um movimento guerrilheiro de esquerda apoiado pela União Soviética que se converte no partido que domina a política do país até hoje. De 1975 a 2002, o país enfrentou uma guerra civil travada principalmente entre o MPLA e a União Nacional pela Independência Total de Angola (UNITA), que têm o apoio da África do Sul e dos Estados Unidos dentro da Guerra Fria.

MORTE DE YASSER ARAFAT

    Em 2004, morre em Paris Yassar Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) de 1994 a 2004 e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) de 1969 a 2004 e líder da Fatah (Luta), sua principal facção.

Filho de um casal palestino, Arafat nasce no Cairo, a capital do Egito, em 24 de agosto de 1929. Ele estuda engenharia na Universidade Rei Fuad I, onde abraça o nacionalismo árabe e o antissionismo.

Quando o Estado de Israel é fundado, em 1948, Arafat luta ao lado da Irmandade Muçulmana na Guerra da Independência de Israel (1948-49), que os árabes perdem. Em 1959, ele funda a Fatah, mas é o ditador do Egito, Gamal Abdel Nasser, que funda a OLP em 1964. Só depois da derrota árabe na Guerra dos Seis Dias (1967), a Terceira Guerra Árabe-Israelense, assume o controle da OLP, em 1969, e passa a liderar a luta guerrilheira contra Israel.

A tentativa de golpe contra o rei Hussein, da Jordânia, causa o massacre de palestinos conhecido como Setembro Negro (1970). A OLP foge para o Líbano, de onde faz incursões através da fronteira com Israel, especialmente a partir de 1978. Isso provoca a invasão de Israel ao Líbano, em 1982, para expulsar a OLP, que foge para a Tunísia.

Em 15 de novembro de 1988, Arafat anunciou o reconhecimento do direito de existência de Israel para participar de negociações de paz promovidas pelos Estados Unidos. Durante a Guerra do Golfo (1991) para expulsar os iraquianos do Kuwait, ele apoia o Iraque de Saddam Hussein, que propõe sair do Kuwait em troca da retirada de Israel dos territórios árabes ocupados na Guerra dos Seis Dias.

Por isso, a OLP é marginalizada das negociações sobre a paz no Oriente Médio iniciadas na Conferência de Madri, em 30 e 31 de outubro de 1991. Como os negociadores palestinos não fazem nada sem consultar a OLP, ela participa das negociações secretas na Noruega que levam aos Acordos de Oslo (1994).

Em 13 de setembro de 1993, Arafat aperta a mão do primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, no jardim da Casa Branca, quando é anunciada uma declaração de princípios.

Os Acordos de Oslo criam a ANP, com jurisdição inicial sobre a Faixa de Gaza e Jericó e Arafat como presidente interino, e a promessa de criação de uma pátria para o povo palestino dentro de 10 anos. Arafat divide o Prêmio Nobel da Paz de 1994 com Rabin e o ministro do Exterior de Israel, Shimon Peres. Em 1996, ele é eleito presidente.

No fim do governo Bill Clinton (1993-2001), o presidente dos EUA tenta negociar um acordo de paz definitivo entre israelenses e palestinos, mas as negociações entre Arafat e o então primeiro-ministro de Israel, Ehud Barak, fracassam. Arafat faz a aposta errada. Imagina que será possível negociar um acordo melhor no governo de George W. Bush (2001-9) porque tradicionalmente o Partido Democrata é mais a favor de Israel.

Com as ações terroristas do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que até defende a destruição de Israel, e a volta da direita ao poder em Israel, o processo de paz não avança. Arafat morre em 2004. Sua mulher, Suha Arafat, acusa Israel de envenená-lo com polônio radioativo, mas investigadores franceses e russos não veem indícios de crime.

domingo, 13 de outubro de 2024

Hoje na História do Mundo: 13 de Outubro

 PEDRA FUNDAMENTAL DA CASA BRANCA

    Em 1792, é lançada a pedra fundamental da sede do governo dos Estados Unidos, em Washington, a nova cidade construída especialmente para ser capital do país, substituindo a Filadélfia.

O segundo presidente dos EUA, John Adams, é o primeiro a ocupar o prédio, que logo começa a ser chamado de Casa Branca, em contraste com os edifícios de tijolos vermelhos.

Os estados de Maryland e da Virgínia cedem os territórios para a fundação do Distrito de Colúmbia. As obras começam em 1791.

Em 1814, durante a Guerra de 1812, os soldados britânicos tocam fogo na Casa Branca e no Capitólio em retaliação pelo incêndio de prédios do governo colonial no Canadá.

CANADÁ SALVO DE INVASÃO

    Em 1812, durante a Guerra de 1812-15, em que o Reino Unido tenta recolonizar os Estados Unidos, forças britânicas sob o comando do general Sir Isaac Brock derrotam os norte-americanos na Batalha de Queenstown Heights e impedem a invasão do Canadá.

Brock, o melhor general britânico nesta guerra, morre em combate, assim como cerca de mil soldados. Os EUA desistem de tomar o Canadá.

MILAGRE NOS ANDES

    Em 1972, o voo 571 da Força Aérea do Uruguai começa a descida para o aeroporto de Santiago do Chile antes da hora, bate na Cordilheira dos Andes e os sobreviventes só são resgatados 72 dias mais tarde.

O avião é fretado para levar o time do Old Christian Rugby Club de Montevidéu, a capital do Uruguai, para o Chile. Leva 45 pessoas a bordo; 19 jogadores, além parentes, amigos e tripulantes. 

Em meio às nuvens que escondem as montanhas, o piloto erra a manobra de descida e, de repente, se vê diante de um pico escuro. Tenta passar por cima, mas o avião bate na montanha, se espatifa e desliza pela encosta até parar numa geleira.

Doze pessoas morrem na hora, entre elas o piloto, e cinco pouco depois, inclusive o copiloto.

Uma hora depois do acidente, o Serviço de Busca e Salvamento Aéreo do Chile inicia a operação de resgate, mas os sobreviventes só são encontrados 72 dias depois.

Logo, eles ficam sem comida. No 11º dia na montanha, os sobreviventes ouvem num rádio que a busca é suspensa. O sobrevivente Roberto Canessa conta que eles têm a sensação de que os corpos estão se consumindo para sobreviver: "Sabíamos a resposta, mas era terrível demais."

Depois de rezar, eles decidem que só resta canibalizar os mortos. Provavelmente todos morreriam sem esta medida extrema. 

Uma avalanche no 17º dia mata oito sobreviventes e quase enterra os outros vivos. Em 15 de novembro, um grupo de quatro decide sair atrás de ajuda pensando em chegar a um vale próximo. Eles encontram os destroços da cauda do avião, onde acham remédios, alimentos e livros, mas não conseguem ajuda.

Três sobreviventes, Canessa, Nando Parrado e Antonio Vizintín, fazem nova tentativa. Sobem a montanha durante três dias. Quando chegam ao pico, percebem que estão mais longe do que pensavam. Canessa e Parrado caminham mais nove dias até atingir um rio e um vale onde conseguem ajuda.

Os outros sobreviventes são resgatados por helicópteros da Força Aérea do Chile em 22 e 23 de dezembro.

PALESTINOS SEQUESTRAM AVIÃO ALEMÃO

    Em 1977, quatro militantes da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) sequestram um avião da companhia aérea alemã-ocidental Lufthansa e exigem a libertação de 11 prisioneiros do grupo terrorista Baader-Meinhof, também conhecido como Fração do Exército Vermelho. 

Durante três décadas, o grupo de ultraesquerda aterroriza a Alemanha Ocidental e mata mais de 30 políticos, militares e empresários.

Depois de passar por seis países, o avião pousa em Mogadíscio, a capital da Somália, em 17 de outubro, depois dos terroristas matarem o piloto. No dia seguinte, um comando de operações especiais do Exército da Alemanha Ocidental ataca o avião, mata três sequestradores e liberta os 86 reféns.

Na manhã seguinte, Andreas Baader é encontrado na cela da prisão de Stammheim morto por um tiro. Gudrun Ensslin está enforcada. Jan-Carl Rasper agoniza depois de levar um tiro e Irmgard Möller tem quatro marcas de facadas no pescoço e no peito. A versão oficial é suicídio coletivo. A única sobrevivente afirma que foram dopados e assassinados. 

RESGATE DE MINEIROS CHILENOS

    Em 2010, depois de 69 dias presos no subsolo a 800 metros da superfície, os últimos de 33 mineiros chilenos são salvos, depois de um tempo recorde de sobrevivência embaixo da terra.

O drama dos mineiros começa em 5 de agosto, quando a mina de ouro e cobre São José, situada a cerca de 800 quilômetros ao norte de Santiago, desaba. Os mineiros procuram um refúgio seguro dentro de mina e não tem contato com a superfície durante 17 dias.

Quando alguns mineiros já pensam em suicídio ou canibalismo, em 22 de agosto, uma sonda atinge a área onde estão os mineiros, que enviam uma nota dizendo que todos estão bem. Logo, eles passam a receber água, comida, cartas, outros suprimentos e câmeras de vídeo para monitorar a situação.

Para viabilizar o resgate, os engenheiros cavam um buraco e enfiam um tubo com espaço suficiente para passar uma pessoa. Cada um fica cerca de 15 minutos dentro da cápsula até chegar à superfície.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 11 de Setembro

 GUERRA DA SUCESSÃO ESPANHOLA

    Em 1709, o Duque de Marlborough e o príncipe Engênio, de Saboia, lideram uma força de 100 mil britânicos, holandeses e austríacos contra um exército de 90 mil franceses sob o comando do general Claude-Louis-Hector, Duque de Villers, e do marechal Louis-François, Duque de Boufflers, na Batalha de Malplaquet, uma das mais sangrentas da Guerra da Sucessão Espanhola (1701-14).

A guerra começa após a morte de Carlos II, da Espanha, que não deixa sucessores. Sobe ao trono o Duque de Anjou, Felipe de Anjou, da Dinastia de Bourbon, neto de Luís XIV, da França, como Felipe V. Na prática, a sucessão joga a Espanha nos braços da França. Isto provoca a reação do Reino Unido, da Holanda, da Prússia, de Portugal, de Saboia e da Áustria, onde Leopoldo I quer unir as coroas espanhola e austríaca com seu filho Carlos.

Os aliados cercam o forte de Mons em 4 de setembro e atacam Malplaquet pelos flancos para obrigar os defensores franceses a enfraquecer a resistência no centro, onde avançam com uma cavalaria de 30 mil homens O plano de ataque funciona, com altas perdas. Pelo menos 22 mil aliados e 12 mil franceses são mortos ou feridos.

A França se retiram e os aliados continuam o avanço até tomar Mons em 26 de outubro. Há várias negociações. A guerra deveria acabar com o Tratado de Utrecht (1713), mas vai até 1714. Felipe V mantém a coroa e as colônias da Espanha, mas abre mão de se candidatar ao trono da França. A Áustria não participa das negociações de Utrechet, mas não tem como continuar a guerra sem os aliados.

QUEDA DE BARCELONA

    Em 1714, depois de 14 meses de cerco, o Exército de Felipe V, da Espanha, toma Barcelona na Guerra da Sucessão Espanhola. É o fim das leis e instituições catalães. É a data nacional da Catalunha.

O Cerco da Barcelona é uma das últimas operações militares da Guerra da Sucessão Espanhola (1701-14). Quando morre Carlos II, da Espanha, que não deixa herdeiros, é o fim da dinastia austríaca, do ramo espanhol do Império dos Habsburgo. 

Ascende ao trono o Duque de Anjou, Felipe de Anjou, neto de Luís XIV, como Felipe V. Isto fortaleceria a relação entre Espanha e França, mudando a relação de forças no continente. A França, por sua vez, teme uma união entre Espanha e Áustria.  A Holanda e o Reino Unido se opõe à França, com que disputam a supremacia na Europa.

Durante a guerra, portugueses e espanhóis se enfrentam na América do Sul na luta pelo controle da Colônia do Sacramento. O Reino Unido toma o Estreito de Gibraltar, reclamado até agora pela Espanha.

No fim da guerra, Felipe V, da Dinastia de Bourbon, aproveita a resistência dos catalães em Barcelona para derrubar os muros das cidades que se opõem a seu Exército. O cerco começa em 25 de julho de 1714, com um número de soldados muito superior aos dos defensores de Barcelona. 

A data nacional da Catalunha é celebrada desde 11 de setembro de 1886. É proibido nas ditaduras de Miguel Primo de Rivera (1923-30) e Francisco Franco (1939-75).

GUERRA DA CRIMEIA

    Em 1855, durante a Guerra da Crimeia (1853-56), depois de onze meses de cerco, a França e o Reino Unido tomam Sebastopol, onde fica a principal base da Frota do Mar Negro da Rússia.

É uma das maiores operações militares da guerra. Cerca de 50 mil soldados britânicos e franceses, e 10 mil piemonteses, sob o comando de Lorde Raglan e do general francês François Conrobert, cercam Sebastopol a partir de 17 de outubro de 1854. O príncipe Alexander Menshikov comanda as forças da Rússia.

A batalha dura 11 meses porque os aliados não têm artilharia pesada para quebrar a resistência da cidade, enquanto os russos não conseguem romper o cerco. Em 8 de setembro, os franceses tomam Malakhov, no Sudeste da cidade. Os russos afundam os navios, explodem as fortificações e fogem em 11 de setembro.

A Guerra da Crimeia termina em 1º de fevereiro de 1856 com a derrota da Rússia. Isto leva o novo czar, Alexandre II, que sucede a Nicolau I em março de 1855, a fazer reformas como o fim da servidão, em 1861. No mesmo ano, começa a Guerra da Secessão (1861-65) em torno da abolição da escravatura.

A Áustria, que se alia à França e ao Reino Unido, perde o apoio da Rússia, e sofre derrotas em 1859 e 1866 que levam às unificações da Itália (1861) e da Alemanha (1871).

GOLPE NO CHILE

    Em 1973, um golpe militar apoiado pelos Estados Unidos na Guerra Fria derruba o presidente socialista Salvador Allende e dá início à ditadura do general Augusto Pinochet, que mata 3.216 pessoas.

Allende é eleito em 1970 por uma aliança de socialistas e comunistas, com 36% dos votos, 39 mil a mais do que um candidato conservador. Sua eleição precisa ser referendada pelo Congresso, onde o Partido Democrata-Cristão vota a favor.

Em plena Guerra Fria, os EUA sabotam Allende desde a campanha. Fomentam uma revolta para impedir a posse. A CIA (Agência Central de Inteligência) dá US$ 8 milhões a grupos de oposição, como o sindicato dos caminhoneiros, que parou o país, 

Sem maioria no Congresso do Chile, o governo da Unidade Popular enfrenta forte da oposição da direita e depois dos democratas-cristãos, que apoiam o golpe e são perseguidos pela ditadura pinochetista. Mais de 40 mil pessoas são torturadas e 200 mil fogem do Chile.

Um plebiscito, em 5 de outubro de 1988, nega a prorrogação do mandato do tirano. Em 1989, o democrata-cristão Patricio Aylwin é eleito pela Concertação, uma aliança de 16 partidos liderada por democratas-cristãos e socialistas.

Aylwin toma posse em 11 de março de 1990, pondo fim à ditadura. Pinochet permanece no comando do Exército até 1998. Depois de deixar o cargo, é preso em Londres em 16 de outubro de 1998 por ordem do juiz de instrução espanhol Baltasar Garzón sob as acusações de genocídio, tortura, terrorismo internacional e desaparecimento de pessoas.

Quando o governo conservador espanhol de José María Aznar deixa claro que não vai pedir a extradição, o Reino Unido faz um acordo com o Chile para liberar Pinochet com a desculpa de que ele sofreria sérios problemas de saúde. 

No Chile, o ex-ditador é processado por 18 sequestros e 57 assassinatos. Chega a ficar em prisão domiciliar, mas nunca é condenado definitivamente. Impune, Pinochet morre do coração em 10 de dezembro de 2006.

Como consequência do golpe no Chile, a maioria dos países da América Latina hoje faz eleição presidencial em dois turnos quando o primeiro colocado não consegue a maioria absoluta dos votos válidos ou uma ampla vantagem sobre o segundo em alguns países que não exigem 50% dos votos válidos mais um. Assim, o presidente chega ao poder com o apoio da maioria.

TERROR NOS EUA

    Em 2001, no pior atentado terrorista da história, a rede Al Caeda transforma aviões de passageiros em mísseis guiados por pilotos suicidas, derruba as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e ataca o Pentágono, sede do Departamento da Defesa dos Estados Unidos, perto de Washington, matando 2.977 pessoas em Nova York, 125 no Pentágono e 69 num quarto voo, derrubado pelos passageiros, que iria para a Casa Branca ou o Capitólio.

O ataque provoca uma reação dos EUA: a Guerra contra o Terror, um equívoco desde o nome porque o terrorismo é uma tática de guerra, não é um inimigo em si. O inimigo, no caso, é o jihadismo, o terrorismo dos fundamentalistas islâmicos que pregam a guerra santa. 

É de certa forma um populismo político que pesca no mar do Corão para criar sua ideologia sanguinária. É uma ideologia e uma guerra ideológica é uma batalha de ideias, é, antes de mais nada, uma guerra civil dentro do Islã sobre qual é a verdadeira interpretação do Corão. 

O movimento jihadista tem uma base religiosa, sonha em recriar o mundo à imagem da Arábia no século 7, no tempo de Maomé, mas ao mesmo tempo usa os recursos tecnológicos do século 21. Criou um califado digital que recruta voluntários para o martírio. Na verdade, é um movimento político extremista surgido em lugares onde não há liberdade política, então eles se encontram nas mesquitas.

Depois de atacar o Afeganistão em 7 de outubro de 2001 e derrubar o regime fundamentalista dos Talebã em três semanas, os EUA conseguiram cercar a liderança d'al Caeda na Batalha de Tora Bora, mas Ossama ben Laden conseguiu escapar para o Paquistão.

Em 2003, o então presidente George W. Bush resolveu invadir o Iraque do ditador Saddam Hussein, que não tinha relação alguma com os atentados, provocando uma revolta dos muçulmanos sunitas de que Al Caeda se aproveitou para entrar no Iraque.

Al Caeda do Iraque se tornou Estado Islâmico do Iraque e, na guerra civil da Síria, Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Depois de retirar as forças dos EUA em 2011, o presidente Barack Obama declarou em agosto de 2014 guerra ao Estado Islâmico, que havia proclamado um califado nas regiões que ocupava no Iraque e na Síria.

A Guerra do Afeganistão, a mais longa da história dos Estados Unidos, acabou de maneira humilhante para os americanos, com a volta imediata dos talebã ao poder e caos no aeroporto de Cabul, inclusive um atentado terrorista cometido pelo Estado Islâmico. 

A vitória dos jihadistas empolga os extremistas do mundo inteiro e certamente ajuda a recrutar mais voluntários para o martírio. O Afeganistão volta a ser solo fértil para grupos jihadistas que fazem terrorismo internacional. 

Os talebã prometem no acordo com os EUA não deixar usar o território afegão para desfechar ataques aos americanos e aliados, mas não controlam totalmente o país para garantir isso.

A Guerra contra o Terror não termina. Pelos dados oficiais morreram 6.892 soldados dos EUA nas guerras do Afeganistão, do Iraque e na Síria e no Iraque contra o Estado Islâmico. Ao todo, a Guerra contra o Terror custa aos EUA US$ 8 trilhões. Estima-se que 900 mil pessoas morreram nesta guerra.

sexta-feira, 12 de julho de 2024

Hoje na História do Mundo: 12 de Julho

 RÁPIDO NO GATILHO

    Em 1861, Wild Bill Hickok começa a criar fama como um dos pistoleiros mais rápidos do Oeste dos Estados Unidos ao balear três homens num tiroteio no estado de Nebraska.

James Butler Hickok nasce em Homer, no estado de Illinois. Aos 18 anos, em 1855, se muda para o Kansas. Sua fama é ampliada por um perfil publicado em 1867 na revista Harper's Monthly Magazine dizendo que ele matou nove homens sozinho, um evidente exagero.

Wild Bill morre aos 39 anos, em 1876, com um tiro pelas costas.

NASCE NERUDA

    Em 1904, o poeta, diplomata e político Pablo Neruda, talvez o poeta mais importante da América Latina no século 20, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1971, nasce em Parral, no Chile.

Seu verdadeiro nome é Ricardo Eliécer Naftalí Reyes Basoalto, filho do ferroviário José del Carmen Reyes e de Rosa Basoalto. A mãe morre pouco depois de seu nascimento. Dois anos depois, a família de muda para Temuco, mais ao sul.

Neruda é um menino precoce. Aos 10 anos, começa a escrever poesia. O pai o desencoraja. Não dá importância aos poemas do filho. Talvez por isso o jovem poeta passa a assinar com o pseudônimo de Pablo Neruda, que adota legalmente como nome em 1946.

Tímido a solitário, Neruda se torna um leitor voraz e é estimulado a escrever pela diretora da escola feminina de Temuco, a poetisa Gabriela Mistral, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 1945. Ele publica seus poemas em jornais e até em revista da capital chilena.

Em 1921, ele se muda para Santiago, onde se torna professor de francês. Seu primeiro livro de poemas, Crepusculário, sai em 1923, no estilo do simbolismo e do modernismo espanhol. Seu segundo livro, Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada, é resultado de uma decepção amorosa.

Aos 20 anos, com dois livros publicados, Neruda é um dos poetas mais importantes do Chile. Decide largar o francês e se dedicar integralmente à poesia. Publica mais três livros, mas a poesia não lhe dá dinheiro para viver. Ele consegue ser nomeado cônsul honorário em Rangum, a capital da Birmânia, hoje Yangun e Mianmar.

Durante cinco anos, Neruda representa o Chile na Ásia. De Rangum, vai para Colombo, a capital do Ceilão, hoje Sri Lanka, uma ilha ao sul da Índia. Em 1930, é nomeado para Batávia, hoje Jacarta, capital das Índias Orientais Holandesas, hoje Indonésia. Lá, ele se casa com a holandesa Maria Antonieta Hagenaar.

Em 1933, Neruda é nomeado cônsul em Buenos Aires, onde conhece o poeta espanhol Federico García Lorca, um admirador de sua poesia. Eles se tornam grandes amigos. 

Quando Neruda é nomeado cônsul em Barcelona e em seguida Madri, em 1934, García Lorca o apresenta a grandes escritores espanhóis, entre eles Rafael Alberti e Miguel Hernández, militantes do Partido Comunista Espanhol, que influenciam Neruda politicamente.

Na segunda edição ampliada de Residência, Residência na terra: 1925-35, publicada em dois volumes em 1935, Neruda sai da poesia altamente pessoal e às vezes hermética para uma linguagem mais clara e acessível que reflete suas preocupações sociais.

Com o fim do primeiro casamento, em 1936, ele se casa com a jovem argentina Delia del Carril. No mesmo ano, começa a Guerra Civil Espanhola (1936-39). García Lorca é executado pelos franquistas em 19 de agosto de 1936. Alberti e Hernández vão para a guerra. Neruda deixa a Espanha e tenta arrecadar dinheiro para os republicanos. Ele publica Espanha em meu coração para levantar dinheiro para a luta.

De volta a Santiago em 1937, Neruda entra na vida pública. Dá aulas, faz recitais de poesia, defende os republicanos na Espanha e apoia o governo de centro-esquerda do Chile. Em 1939, é nomeado cônsul em Paris, onde ajuda exilados espanhóis a procurar asilo na América Latina.

Em 1940, vai para a Cidade do México, onde começa a escrever Canto Geral. Neruda tinha ido a Machu Picchu e escrito Alturas de Machu Picchu em homenagem à cidade sagrada e perdida da civilização inca. Canto Geral celebra a América Latina, sua natureza, história, luta pela liberdade e a civilização pré-colombiana, mas também o ditador soviético Josef Stalin, de quem os comunistas eram fiéis seguidores.

O poeta volta ao Chile em 1943. Em 1945, entra para o Partido Comunista e é eleito senador. Em 1946, apoia Gabriel González Videla, candidato de esquerda que no poder dá uma guinada à direita. Sentindo-se traído, Neruda publica carta aberta criticando o presidente. É expulso do Senado e foge para não ser preso. Em fevereiro de 1948, atravessa a Cordilheira dos Andes a cavalo durante a noite com o manuscrito de Canto Geral na sela.

No exílio, Neruda visita a União Soviética, a Polônia, a Hungria e o México. onde encontra Matilde Urrutia, uma chilena que conhecera em 1946 e seria sua mulher até o fim da vida. Ela inspirou alguns dos mais lindos poemas de amor do século 20.

Ele volta ao Chile em 1952 e tem um período de grande produção literária. Em 1970, apoia a candidatura de Salvador Allende pela Frente Popular. É nomeado embaixador em Paris. Descobre um câncer na próstata antes de receber o Nobel de Literatura de 1971 por "uma poesia que, com ação de uma força elementar, dá vida ao destino e aos sonhos de um continente."

Oficialmente Neruda morreu em consequência do câncer, mas, em 2023, uma investigação concluiu que ele foi envenenado pela ditadura militar chilena em 23 de setembro de 1973, dias depois do golpe do general Augusto Pinochet, em 11 de setembro, e do suicídio de Allende.

Suas memórias estão em Confesso que vivi, publicado em 1974.

HELICÓPTERO PRESIDENCIAL  

    Em 1957, Dwight Eisenhower é o primeiro presidente dos Estados Unidos a usar uma nova tecnologia da aviação: o helicóptero.

Os helicópteros começam a ser testados em 1947. São necessários dez anos para começarem a ser usados pelo presidente para pequenas viagens oficiais. Eisenhower sugere ao Serviço Secreto, que considera o helicóptero mais seguro do que uma caravana de automóveis.

PRIMEIRO SHOW DOS STONES

    Em 1962, um grupo de garotos ingleses inspirados por rock e blues fazem no Marquee Club, em Londres, seu primeiro show como Rollin' Stones, com Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Ian Stewart e Dick Taylor.

Depois de deixar o grupo Blues Incorporated, Brian Jones bota um anúncio na revista Jazz Weekly de 2 de maio de 1962 em busca de músicos para formar uma nova banda. Stewart é o primeiro a responder. Em junho, Jagger, Richards e Taylor se juntam a eles.

No primeiro ensaio, Geoff Bradford e Brian Knight decidem não fazer parte do grupo por não querer tocar as músicas de Chuck Berry e Bo Didley de preferência de Mick e Keith.

Bill Wyman faz um teste num pub do bairro londrino de Chelsea em 7 de dezembro de 1962 para substituir Dick Taylor. A formação clássica (foto), com Jagger, Richards, Jones, Wyman e Charlie Watts na bateria toca junto pela primeira vez em 12 de janeiro de 1963 no Ealing Jazz Club.

No início, o líder da banda é Brian Jones. Richards conta que ele escolheu o nome da banda. Durante entrevista telefônica à revista Jazz News, o repórter pergunta: "Qual o nome da banda?" Jones olha para um disco de Muddy Waters jogado no chão. Uma das musicas é Rollin' Stone. Ele responde: "The Rolling Stones."

PRIMEIRA MULHER CANDIDATA

    Em 1984, a deputada federal Geraldine Ferraro é indicada candidata a vice-presidente na chapa de Walter Mondale, do Partido Democrata. Torna-se a primeira mulher a fazer parte de uma chapa de um grande partido em uma eleição presidencial nos Estados Unidos.

Quatro dias antes, ao abrir a Convenção Nacional Democrata, o governador de Nova York, Mario Cuomo, ataca a descrição que o presidente Ronald Reagan (1981-89) fazia dos EUA como "uma cidade brilhante no alto de uma colina", citando a pobreza e o conflito racial. A candidatura feminina não salva a chapa.

Mondale, vice-presidente no governo Jimmy Carter (1977-81), e Ferraro perdem a eleição para Reagan e George Bush em todos os estados, menos em Minnesota, o estado natal do candidato.

Em 2021, a senadora Kamala Harris se torna a primeira mulher vice-presidente. A ex-secretária de Estado e ex-senadora Hillary Clinton disputa a Casa Branca em 2016. Favorita nas pesquisas, ganha por 2,8 milhões no voto popular, mas perde para Donald Trump no Colégio Eleitoral.