A escritora sul-coreana Han Kang, de 53 anos, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2024 "por sua prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana", revelou hoje a Academia Real da Suécia. Ela tem três livros traduzidos no Brasil, todos da editora Todavia.
"É uma grande conquista para a literatura da Coreia do Sul e uma ocasião para uma celebração nacional", festejou o presidente conservador Yoon Suk Yeol. É a segunda pessoa do país a ganhar um Prêmio Nobel, depois do presidente Kim Dae Jung, agraciado com o Nobel da Paz em 2000 por sua luta pela democracia.
Filha do romancista Han Seoung-Won, Kang nasceu em Kwangju. Quando tinha 10 anos, a família se mudou para Seul. Ela estudou literatura coreana na Universidade Yonsei e trabalhou três anos como jornalista.
A carreira literária começa com a publicação de cinco poemas, entre eles Inverno em Seul, na revista Munhak-gwa-sahoe (Literatura e Sociedade) em 1993. No ano seguinte, publicou seu primeiro romance, A Âncora Escarlate, que ganha um prêmio literário. Em 1995, lança o primeiro livro de contos, Yeosu.
Sua principal obra é A Vegetariana, publicada em 2007. O livro vira filme dois anos depois, ganha o International Booker Prize em 2016, é traduzido para português e lançado no Brasil. Conta a história surreal de uma mulher que para de comer carne depois de ter um pesadelo com um matadouro e é considerada desequilibrada pela família. Ela para de manter relações sexuais com o marido e rompe com a família quando tentam obrigá-la a comer carne.
Atos humanos, de 2021, o segundo livro de Han Kang publicado no Brasil, se baseia na história real de um massacre de estudantes que lutavam pela democracia cometido pelo Exército da Coreia do Sul em 1980 em sua terra natal, Gwangju. É um trabalho sobre a dor e a memória do trauma. No primeiro capítulo, um sobrevivente de 15 anos procura amigos entre os corpos estendidos num ginásio. No segundo capítulo, os espíritos dos mortos observam a putrefação dos corpos.
Em 2021, Han participou da Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP).
O Livro Branco, terceiro romance da laureada publicado no Brasil, começou a ser escrito durante uma residência literária em Varsóvia, a capital da Polônia. Sai em 2016 na Coreia do Sul e aqui em 2023. Na cidade arrasada pela guerra, a personagem se move entre ruínas e prédios novos, numa reflexão sobre a violência política. O branco da neve polonesa é a cor do luto na Índia, na China, na Coreia e no Japão.
Seu livro mais recente, de 2021, traduzido para o inglês como We Do Not Part (Nós Não nos Separamos), será lançado no Brasil no próximo ano. Hoje, Han Kang é professora de economia criativa na Universidade de Seul. Além da literatura, também trabalha com artes plásticas.
A premiação surpreendeu. A favorita era a chinesa Can Xue, filha de intelectuais presos durante a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76).
Han Kang recebe um prêmio de 11 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 5,91 milhões pela cotação de hoje.
Amanhã, sai o resultado do Prêmio Nobel da Paz, o único anunciado pelo comitê norueguês do Nobel. Na segunda-feira, será conhecido o ganhador do Prêmio Nobel de Economia.
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