quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Doutrina Trump quer impor suas políticas ao mundo

A nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos, anunciada na semana passada, abandona 80 anos de política externa baseada em alianças e num sistema internacional multilateral e consolida as ideias e visões de mundo do presidente Donald Trump.
A Doutrina Trump quer conciliar a hegemonia dos EUA com um recuo dos compromissos internacionais que o país assumiu desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o que é impossível. É uma regressão à Era dos Impérios, a um mundo dividido em esferas de influência das superpotências militares: EUA, China e Rússia.

Em 29 páginas, o documento traz uma lista de desejos, exalta a supremacia dos EUA e cita os instrumentos que o país tem para atingir seus objetivos. Divide o mundo em cinco regiões: América, Ásia, Europa, Oriente Médio e África.

Enquanto na Ásia Trump espera que os países atuem como aliados voluntários de uma ampla aliança informal para conter a China, na Europa e na América, exige uma submissão total aos interesses econômicos e militares dos EUA.

Há um desprezo pela Europa, descrita como uma civilização decadente sob ameaça de extinção, assolada pela imigração de povos não europeus. Isso significa que imigrantes não brancos corrompem os valores das sociedades ocidentais. Este racismo explícito é uma das raízes do trumpismo, causado pelo medo de que em algumas décadas os brancos de origem europeia deixem de ser maioria nos EUA.

Só três parágrafos são dedicados à África, desprezada e discriminada por esta visão racista. À noite, em comício na Pensilvânia em que deveria exaltar a superioridade de sua economia, Trump voltou a se referir a países africanos como "buracos de merda", uma semana depois de chamar os somalianos norte-americanos de "lixo".

Na América Latina, a proposta é resgatar a Doutrina Monroe, enunciada no início do século 19 para evitar intervenções militares europeias e tentativa de recolonizar países do continente. Os objetivos são combater o tráfico de drogas, a imigração ilegal e a crescente influência da China. Mas não diz como pretende fazer isso numa região em que a China é a maior parceira comercial da maioria dos países.

O Corolário Trump da Doutrina Monroe não é doutrina nem estratégia, mas vai aumentar a presença militar dos EUA na América Latina.

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