sexta-feira, 8 de julho de 2022

Ex-primeiro-ministro Shinzo Abe é morto a tiros no Japão

O ex-primeiro-ministro que governou o Japão por mais tempo, Shinzo Abe, foi baleado duas vezes e morto hoje de manhã em Nara, a primeira capital japonesa, ao discursar num comício do Partido Liberal-Democrata (PLD), que domina a política do país há décadas, durante a campanha para as eleições de domingo para o Senado.

A polícia prendeu como suspeito um homem desempregado de 41 anos identificado como Tetsuya Yamagami. De 2002 a 2005, ele serviu na Força Marítima de Auto-Defesa, a Marinha do Japão, a quarta maior do mundo.

Num país onde as armas são controladas com rigor, a arma do crime parece ser de fabricação caseira. Em 2021, houve apenas uma morte por arma de fogo no Japão. Desde 2017, foram 14 mortes no país, de 125,8 milhões de habitantes.

"Este é um crime hediondo e brutal totalmente imperdoável", desabafou o atual primeiro-ministro japonês, Fumio Kichida. Os assassinatos no país são raríssimos.Sua política econômica tinha três eixos: uma política monetária com juros baixos, gastos públicos para aumentar a demanda e movimentar a economia e reformas estruturais. As reformas não avançaram.

Abe foi um chefe de governo conservador. Governou durante dois períodos, de 26 de setembro de 2006 a 26 de setembro de 2007, e de 26 de dezembro de 2012 a 16 de setembro de 2020.

Com a Abeconomia, tentou vencer a estagnação com deflação que caracteriza a economia do Japão desde os anos 1990. Sua política econômica tinha três eixos: uma política monetária do Banco do Japão com juros baixos, gastos públicos para aumentar a demanda e movimentar a economia, e reformas estruturais. As reformas não avançaram.

Ele foi um dos principais articuladores da Parceria Transpacífica (TPP), um acordo de comércio e investiimentos negociado no governo Barack Obama (2009-17) e abandonado pelo presidente Donald Trump (2017-21) no primeiro dia de governo. Abe queria resgatar a TTP.

Outra grande preocupação era transformar o Japão num país normal, sem os limites impostos pela derrota na Segunda Guerra Mundial. Isto significa revogar o artigo 9 da Constituição imposta pelos Estados Unidos, que proíbe o Japão de usar a guerra para resolver conflitos internacionais.

O país não pode projetar seu poderio militar no exterior nem ter armas nucleares. Desde 1992, participou de missões de paz da ONU.

Em julho de 2014, o governo Abe adotou uma interpretação mais livre da Constituição e autorizou as Forças de Auto-Defesa de defender um país aliado em caso de guerra. Em setembro de 2015, a Dieta, o parlamento japonês, aprovou o envio de equipamentos militares a países em guerra.

Depois de deixar o governo alegando razões de saúde, Abe continuava em campanha para tornar o Japão num país igual aos outros, responsável pela sua própria segurança, sem a tutela dos EUA.

O ex-primeiro-ministro foi um dos primeiros a usar a expressão Indo-Pacífico. Era a favor d uma aliança com os EUA, a Índia e a Austrália para contrabalançar o crescente poderio chinês. Meu comentário:
Sob o impacto do assassinato de Abe, o PLD venceu as eleições de domingo, 10 de julho, para o Senado. Agora, o governo tem a maioria de dois terços necessária para mudar a Constituição.

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