segunda-feira, 13 de maio de 2019

China sobretaxa produtos dos EUA no valor de US$ 60 bilhões

As bolsas de valores caem no mundo inteiro diante do anúncio da China de que vai retaliar o tarifaço do presidente Donald Trump impondo taxas de 10% a 25% sobre 4.545 produtos dos Estados Unidos, importados num valor de US$ 60 bilhões por ano, a partir de 1º de junho, noticiou o jornal inglês Financial Times.

"O ajuste das tarifas é uma resposta ao unilateralismo e ao protecionismo comercial dos EUA", declarou em nota o Ministério das Finanças da China. "Para proteger o sistema multilateral de comércio e defender seus direitos e interesses legítimos, a China teve de ajustar as tarifas sobre alguns bens importados dos EUA."

As sobretaxas atingem vários setores da economia americana, da indústria pesada à agricultura, passando por produtos de consumo doméstico.

Para a maioria dos produtos sobretaxados, a tarifa sobe para 25%. Este grupo inclui alimentos como espinafre congelado e mel natural, substâncias como o sulfato de potássio, usado como fertilizante, e bens industriais como lâmpadas de LED.

Outras duas listas têm 1.078 produtos taxados em 20% e 974 itens tarifados em 10%. Entre eles, estão pasta de dentes, tecidos, roupas e máquinas para fabricar sapatos. Ficaram de fora 595 itens, inclusive lítio, aldeído fórmico, petróleo bruto, impressoras em três dimensões, aviões e instrumentos eletrônicos para dar a partida em carros, barcos e aviões.

Ao anunciar a retaliação, o Conselho de Estado da China declarou que "o lado chinês espera que os EUA voltem ao lado correto das consultas bilaterais comerciais e econômicas, e a trabalhar junto com a China para uma aproximação e tentar chegar a um acordo mutuamente benéfico na base do respeito mútuo."

Se não houver progresso nas negociações para acabar com a guerra comercial entre os dois países mais ricos do mundo, o governo Trump ameaça aumentar para 25% as alíquotas sobre outros produtos chineses, com um valor anual de importação de US$ 325 bilhões.

Isto cobriria quase todas as exportações chinesas para os EUA, que somaram US$ 539 bilhões em 2018. Os detalhes deste novo salvo na guerra comercial podem ser anunciados ainda hoje.

Na manhã desta segunda-feira, antes do anúncio, Trump advertiu a China a não retaliar e afirmou que será "gravemente atingida" se não chegar a um acordo porque as empresas americanas "serão forçadas a deixar a China e ir para outros países".

Minutos depois, a televisão estatal chinesa reagiu: "Se os EUA quiserem conversar ou lutar na próxima etapa, ou adotar outras ações, a China está totalmente preparada com sua caixa de ferramentas políticas para dar uma resposta ampla."

Em Nova York, as bolsas vivem o pior dia em quatro meses. Os índices Dow Jones e S&P 500 caem mais de 2,5%, enquanto a bolsa eletrônica Nasdaq, de ações de empresas de alta tecnologia, perde mais de 3%. A Bolsa de Valores de São Paulo opera em baixa de 2,5%.

Os preços do petróleo também estão em queda por causa do impacto da guerra comercial sobre a economia internacional. A soja está na sua pior cotação em dez anos. Vale US$ 292 por tonelada na Bolsa Mercantil de Chicago, informou a agência Bloomberg.

A escalada na guerra comercial fortalece os radicais dos dois lados e desacelera a economia mundial. "Os dois maiores riscos enfrentados hoje pelos mercados são uma guerra comercial e bancos centrais aumentando as taxas de juros depressa demais", avaliou a economista Kristina Hooper, estrategista para o mercado global da Invesco.

Apertem os cintos! A economia mundial passa por um período de fortes turbulências. A esperança é que Trump e o ditador Xi Jinping se encontrem na reunião de cúpula do Grupo dos 20 em 28 e 29 de junho, em Osaka, no Japão, e aliviem a tensão.

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