quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Reino Unido suspeita de bomba e suspende voos do Sinai

Por suspeitar que uma bomba derrubou um avião de passageiros da Rússia no fim de semana no Egito, o governo do Reino Unido suspendeu todos os voos de companhias aéreas britânicas com origem ou destino na cidade de Charm el-Cheikh, na Península do Sinai.

Em nota, o escritório do primeiro-ministro David Cameron declarou que com as investigações em andamento ainda não é possível afirmar com certeza qual a causa da tragédia que matou todas as 224 pessoas a bordo. "Mas enquanto mais informações vêm à luz, ficamos preocupados que o avião possa ter sido derrubado por um aparato explosivo."

Hoje, foi revelado que a cauda do avião caiu no deserto e cinco quilômetros de distância do resto do aparelho. Isso indica que o Airbus 321 se partiu no ar. Ontem, analistas de inteligência e segurança aérea dos Estados Unidos anunciaram que houve uma onda de calor junto ao avião, mas descartaram a possibilidade de um ataque de míssil porque não havia um rastro de calor saindo do solo.

Desde o primeiro momento, o braço egípcio da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, a Província do Sinai do Estado Islâmico, reivindicou a responsabilidade pela queda do avião da companhia aérea Metrojet. O voo ia de Charm el-Cheikh, no Egito, para São Petersburgo na Rússia. Hoje a milícia voltou a assumir a autoria de um possível ataque na Internet, acrescentando que não vai contar como fez.

O atentado seria uma retaliação pela intervenção militar russa na guerra civil da Síria com o objetivo declarado de combater o Estado Islâmico, embora só 22% dos mortos nos bombardeios russos fossem do grupo.

Tanto o Egito quanto a Rússia rejeitam a hipótese de terrorismo. No Egito, o ditador Abdel Fattah al-Sissi derrubou em 3 de junho de 2013 o único presidente eleito democraticamente da história do país, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, declarada terrorista.

A repressão governamental matou mais de mil partidários da Irmandade, além de perseguir e condenar toda a cúpula dirigente do mais antigo grupo fundamentalista muçulmano, que abandonara o terrorismo nos anos 1960s. Não faltam extremistas muçulmanos em busca de vingança.

Para o protoditador russo, Vladimir Putin, seria um duro golpe na sua política intervencionista na Síria, um país relativamente distante dos interesses da maioria dos russos. Enquanto dá uma demonstração de força, o nacionalismo russo aumenta seu prestígio. Quando russos começam a morrer, a opinião pública pode virar contra Putin.

Como esses dois países controlam o inquérito, podem abafar a hipótese de terrorismo. Em entrevista à BBC, Al-Sissi insistiu que o governo controla o Egito, mas mais de 100 soldados e policiais foram mortos neste ano no Sinai.

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