quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Cesta básica sobe 283% num ano na Venezuela

A cesta básica para uma família de cinco pessoas custava 97.292 bolívares em setembro de 2015, 23,8% a mais do que em agosto e 283% a mais do que em setembro do ano passado, calculou o Centro de Documentação de Análise Social da Federação Venezuelana de Professores, citado pelo jornal Latin American Herald Tribune.

Para comprar a cesta básica, eram necessários 13,1 salários mínimos em setembro. Os maiores aumentos em setembro foram nos itens educação (53,5%), alimentação (22,3%), artigos de higiene pessoal e limpeza do lar (14%) e aluguel de moradia (12%).

Com uma inflação catastrófica estimada em 200% ao ano, a maior do mundo, e a expectativa de uma queda de 10% no produto interno bruto neste ano, o regime chavista não divulga dados oficiais sobre a economia há 10 meses e culpa inimigos internos e externos por sua própria incompetência.

Apesar de ter apenas 10% de apoio popular, o governo Nicolás Maduro insiste nas políticas do "socialismo do século 21" do finado caudilho Hugo Chávez, baseadas no controle dos preços e do câmbio na perseguição e criminalização do setor privado.

Desde a chegada de Chávez ao poder, em 1999, a Venezuela ganhou US$ 1 trilhão com a venda de petróleo, mas não tem dinheiro para importar produtos básicos como papel higiênico, medicamentos e alimentos. No mercado paralelo, o dólar vale hoje 805,80 bolívares, que um dia foram chamados de bolívares fortes.

Diante do descalabro, há um grande temor de violência nas eleições parlamentares de 6 de dezembro, quando o chavismo, que tem 71 milícias, os coletivos, deve perder a maioria na Assembleia Nacional pela primeira vez desde a ascensão de Chávez.

Em vez de pressionar Maduro a mudar a política econômica desastrosa, os governos amigos, a começar pelo Brasil, são coniventes com esse caos econômico capaz de levar a uma fraude eleitoral em massa.

A maioria dos economistas tem uma receita para a Venezuela voltar à normalidade:
• unificar as diferentes cotações do dólar numa taxa de câmbio competitiva de 200 bolívares ou mais, com medidas transitórias para reduzir o impacto social da desvalorização;
• aumentar o preço do litro da gasolina, hoje em centavos de dólar, para cobrir os custos de produção e distribuição;
• acabar com os controles de preços e do câmbio;
• restaurar a autonomia do Banco Central;
• garantir a inviolabilidade da propriedade e dos investimentos privados; e
• restituir a independência do Poder Judiciário.

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