segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Brasil ofereceu aos EUA apoio a antichavistas

Uma das questões que divide o Brasil e os Estados Unidos na luta para se afirmar como líder da América do Sul é a relação com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o grupo de países bolivaristas que ele lidera.

Isso está claro em documentos do Departamento de Estado sobre as relações entre os três países, divulgados ontem pela organização não governamental WikiLeaks: "O Brasil acredita estar engajado numa competição com os EUA na América do Sul e desconfia das intenções americanas".

O governo Lula preferiu se afastar dos EUA. Tenta conter Chávez através do diálogo e do engajamento. Na visão americana, faz questão de se distanciar para mostrar independência: "O Brasil tem uma necessidade quase neurótica de ser igual aos EUA e de ser tratado como tal."

Quando o presidente venezuelano resolveu comprar aviões de guerra, o Brasil não queria, observam os diplomatas americanos, que a Venezuela comprasse caças e bombardeiros da Rússia. Tentou vender o Super Tucano, da Embraer, mas os EUA vetaram.

Como o Super Tucano tem tecnologia americana, Washington tem poder de veto. Os memorandos dizem que o governo brasileiro se ofereceu para apoiar o movimento Sumate, da oposição venezuelana. Os EUA acharam muito pouco e mantiveram o veto.

Outro memorando, de novembro de 2009, avalia o embaixador Antonio Patriota, que serviu em Washington e é apontado como ministro das Relações Exteriores do governo Dilma Rousseff: "Mesmo que Patriota conheça bem os EUA e esteja pronto a trabalhar conosco, não o fará numa perspectiva pró-americana, mas na base do nacionalismo tradicional da diplomacia brasileira".

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