sábado, 4 de novembro de 2006

Argentina não terá segunda reeleição

BUENOS AIRES - Só ontem o presidente Néstor Kirchner se manifestou mas a derrota de uma proposta que permitiria a reeleição indefinidamente do governador da província de Misiones (Missões), que faz fronteira com o Brasil, enterra também suas chances de re-reeleição, como brincou o jornal Página 12.

"As reeleições não devem servir para gerar falsos dilemas e dividir os argentinos", declarou Kirchner, num recado aos governadores das províncias de Jujuy, Eduardo Fellner, e de Buenos Aires, Felipe Solá, que também sonhavam com a reeleição.

Até domingo passado, o presidente apoiava claramente a proposta do governador Carlos Rovira, de Misiones. E desde então, poucos representantes do oficialismo haviam se manifestado, entre eles os governadores de Chubut, Mario das Neves, e o de Santa Fé, Jorge Obeid, e apenas para dizer que a derrota não afeta os planos de reeleição do presidente em 2007.

Embora muito fragmentadas, as oposições viram no plebiscito de Misiones um sinal de que Kirchner pode ser derrotado no próximo ano. O principal candidato antiKirchner até agora é o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, que renegociou a dívida argentina depois de moratória de 2001 conseguindo um desconto de até 75% mas foi demitido pelo presidente depois das eleições legislativas do ano passado por ter sido indicado pelo presidente interino Eduardo Duhalde (2002-03).

Duhalde bancou a candidatura Kirchner para barrar nova reeleição de Carlos Menem (1989-99). Como Menem fugiu do segundo turno, Kirchner acabou sendo eleito apenas com os 22% que conquistou no primeiro turno.

Na busca da legitimidade negada por Menem, Kirchner partiu então para disputar com seu padrinho o controle da máquina do Partido Justicialista (peronista), que disputou as eleições de 2005 dividido entre as correntes peronistas kirchnerista, duhaldista e menemista.

Com sua vitória em outubro do ano passado, Kirchner reformou o governo já pensando na reeleição em 2007. A derrota em Misiones o levará a rever seus planos. O presidente argentino é o favorito para a eleição. Mas não é imbatível.

Nenhum comentário: