quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Tortura e morte nas prisões americanas

Quase cem presos na guerra contra o terrorismo morreram em prisões americanas no Iraque e no Afeganistão desde 2002, denunciou nesta quarta-feira, 22 de fevereiro, a organização não-governamental americana Human Rights Watch (Vigilância dos Direitos Humanos). Pelo menos 34 das 98 mortes foram descritas como homicídios causados por “conduta imprudente ou intencional”.

No relatório Responsabilidade do Comando: as mortes em prisões dos EUA no Iraque e no Afeganistão, outras 11 mortes foram consideradas suspeitas. Entre oito a 12 prisioneiros teriam sido torturados até a morte. Só um dos responsáveis por estas 12 mortes foi punido. A diretora da Human Rights Watch Deborah Pearlstein denuncia a criação de “uma cultura da impunidade”.

O Departamento da Defesa dos EUA admitiu à rádio BBC que as acusações são “muito sérias”, prometendo tomar as medidas necessárias. Mas o embaixador dos EUA no Iraque, Zalmay Khalilzad, tratou de minimizar a importância da denúncia, alegando que os soldados americanos são “seres humanos e, se violam a lei e cometem erros, têm de assumir sua responsabilidade”.

É uma tentativa de atribuir as torturas e mortes a soldados renegados, eximindo da responsabilidade maior os altos comandantes e as altas autoridades civis dos EUA, como se a guerra contra o terrorismo não tivesse criado uma cultura de impunidade em nome da defesa da pátria contra um novo 11 de setembro de 2001. Mas nos julgamentos de direitos humanos, quando há uma prática generalizada de crimes cometidos por uma força militar, a responsabilidade sobre para os chefes. Ou não têm comando para disciplinar suas tropas ou a orientação para usar força excessiva veio de cima, o que parece ser o caso do governo George W. Bush.

O presidente dos EUA tem violado a lei sistematicamente, ao invadir o Iraque, aceitar a tortura, autorizar a escuta telefônica generalizada – tudo em nome do combate ao terrorismo. Há um neomacarthismo no ar. O senador Joseph McCarthy, republicano de Wisconsin, aterrorizou os EUA ao liderar uma cruzada anticomunista de 1950 a 1954, o que provocou uma erosão dos direitos civis no país que se apresentava como líder do mundo livre na luta contra a tirania.

Hoje, mais uma vez, vários crimes são cometidos em nome da liberdade.

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