Centenas de pessoas protestaram hoje no central de Madri contra o julgamento do juiz Baltasar Garzón, acusado de abuso de poder por abrir uma investigação sobre os crimes da Guerra Civil (1936-39) e da ditadura do generalíssimo Francisco Franco (1939-75).
Garzón ficou conhecido internacionalmente por ordenar a prisão do general Augusto Pinochet ex-ditador chileno (1973-90) por violações dos direitos humanos como assassinatos, sequestros, tortura e desaparecimento de pessoas.
Pinochet foi preso em Londres em 1998, quando fazia tratamento de saúde. Depois que a turma de juízes da Câmara dos Lordes, que funciona como supremo tribunal no Reino Unido, decidir pela extradição do general para a Espanha, o governo britânico acabou devolvendo-o ao Chile porque o ex-ditador estaria velho e doente demais para ser processado.
O juiz espanhol, que entrevistei em Porto Alegre no Fórum Social Mundial, também investigou os crimes da última ditadura militar argentina (1976-83).
Em outubro de 2008, Garzón iniciou uma investigação sobre a morte de cem mil pessoas durante a Guerra Civil e a ditadura do generalíssimo Franco.
Como a lei espanhola não permite abertura de processo por delitos ocoridos há mais de 30 anos, o juiz Garzón está sendo acusado de abuso de poder e está respondendo por isso diante do Supremo Tribunal.
Franco morreu em 1975, e a maioria dos crimes do franquismo ocorreu nos anos 30 e 40 do século 20.
Durante a manifestação de hoje no centro da capital da Espanha, a atriz Pilar Bardem declarou: "Elogiamos Garzón quando ele processou Pinochet. Elogiamos Garzón quando ele investigou os crimes da ditadura argentina. Quando ele quer fazer o mesmo na Espanha, é processado. Não quero chamar os acusadores de herdeiros de Franco. Mas é muito estranho..."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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