quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Governo de Hong Kong vai dialogar com estudantes

Minutos antes do fim do ultimato dado pelos estudantes para sua renúncia, o governador da região semiautônoma de Hong Kong, Leung Chen-ying, anuncia neste momento a abertura de um diálogo com a Federação dos Estudantes, que lidera uma onda de protestos para garantir a eleição democrática do próximo chefe de governo, em 2017.

O governador pediu que os manifestantes se contenham, mantendo a paz e a tranquilidade durante os protestos. O diálogo será realizado pela secretária de governo, Carrie Lam, uma espécie de chefe da Casa Civil do governo de Hong Kong, que tem estatuto de "região administrativa especial" na China.

A Lei Básica, uma espécie de Constituição, adotada quando a ex-colônia britânica foi devolvida à China, em 1997, prevê a eleição direta do governador em 2017. O atual foi escolhido por um comitê eleitoral formado por 1,2 mil pessoas considerado subserviente a Beijim. Em agosto de 2014, o governo central chinês em Beijim deixou claro que pode vetar candidaturas para a eleição direta, o que deflagrou os protestos.

É a maior manifestação contra o regime comunista chinês desde o massacre do movimento pela democracia e liberdade na Praça da Paz Celestial, em Beijim, em 1989. A democracia em Hong Kong e a esperança de democracia na China estão em jogo.

Ninguém acredita que a ditadura militar chinesa tenha mudado de posição e vá fazer qualquer concessão democrática, embora tenha prometido manter o sistema capitalista em Hong Kong durante pelo menos 50 anos a partir da devolução.

Até o momento, a China deixou o problema a cargo do governo local, mas declarou que o movimento é "ilegal". Ao abrir diálogo com os estudantes, os analistas acreditam que o governador tente ganhar tempo, apostando no esvaziamento progressivo das manifestações, que paralisam o centro da cidade e perturbam a vida da população.

Se nenhum lado ceder, a violência será inevitável - e a China vai se impor. Segunda maior economia do mundo, maior parceiro comercial do Brasil, qualquer que seja a instabilidade na China vai afetar o mundo inteiro.

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