terça-feira, 3 de junho de 2014

Colômbia retoma negociações de paz com as FARC

O governo colombiano reiniciou hoje em Havana, a capital de Cuba, as negociações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para acabar com uma guerra civil em que cerca 300 mil pessoas foram mortas nos últimos 50 anos.

A guerra civil na Colômbia começa com o assassinato em 9 de abril de 1948 de Jorge Eliecer Gaitán, franco favorito para a próxima eleição presidencial. Sua morte provoca uma explosão de violência na capital conhecida como Bogotaço, com 2 mil mortes em dois dias. O conflito se alastra por uma década sangrenta conhecida na história da Colômbia como o período de La Violencia, com total de mortes estimado em 300 mil.

Durante aquele período, liberais e esquerdistas foram para a clandestinidade e formaram grupos guerrilheiros. As FARC, braço armado do Partido Comunista Colombiano, entram em ação em 1964. Com o declínio da ideologia comunista e o fim da União Soviética, sob pressão dos grupos paramilitares de direita conhecidos como autodefesas da Colômbia, nos anos 1990s, as FARC se aliaram a máfias do tráfico de drogas. Isso lhes deu uma sobrevida, mas tirou legitimidade.

Quando a guerrilha controlava 20% do território colombiano, depois de duas tentativas fracassadas de negociar a paz por seus antecessores Andrés Pastrana e Ernesto Samper, em 2002, Álvaro Uribe foi eleito presidente com a promessa de derrotar as FARC militarmente.

Oito anos depois, tendo reduzido significativamente a capacidade de luta das FARC com o apoio dos Estados Unidos, Uribe foi sucedido por seu ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, que reiniciou as negociações e passou a ser atacado pelo ex-presidente por causa disso.

No mês passado, o candidato de Uribe, Óscar Zuluaga, ficou em primeiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial com 29% dos votos prometendo não negociar com a guerrilha se ela não parar com todos os ataques. Santos, que disputa a reeleição, ficou com 25%. Já recebeu o apoio de vários partidos moderados.

As negociações são, portanto, o grande tema da campanha. O segundo turno será realizado em 15 de junho. A retomada indica que Santos confia na bandeira da paz para ser reeleito.

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