A estatização da antiga empresa estatal de petróleo da Argentina, Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF), aprovada ontem à noite pela Câmara dos Deputados, melhorou a popularidade da presidente Cristina Kirchner, que pulou de 37% para 62%.
Reeleita com 54% votos em outubro de 2011, no melhor desempenho eleitoral desde a redemocratização do país, em 1983, Cristina viu sua aprovação despencar 17 pontos percentuais. O discurso nacionalista que justificou a expropriação de 51% das ações em poder do companhia espanhola Repsol fez sua popularidade subir para 62% em pesquisa do Centro de Estudos de Opinião Pública (Ceop).
Foi a maneira de desviar a atenção dos problemas do governo, com o anúncio do fim do congelamento das tarifas das empresas de serviços públicos privatizadas, o absurdo acidente de trem por falta de freios que matou 51 pessoas em Buenos Aires, o protecionismo crescente que já causa desabastecimento interno e as denúncias de corrupção contra o vice-presidente Amado Boudou.
Mesmo que a nacionalização dos recursos energéticos seja uma tendência internacional, a decisão de Cristina pareceu movida pela crise econômica e por oportunismo político.
Desde o colapso da dolarização do governo Menem (1989-99), em 2001, a Argentina ainda não acertou as contas com todos os credores privados nem com o Clube de Paris, que reúne países credores. Está fora do mercado internacional. Para se financiar, depende de saldos comerciais positivos. Isso também explica o protecionismo crescente, com a introdução de licenças de importação para atrasar os negócios.
Sob pressão dessa burocracia manobrada pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, fiel aliado do kirchnerismo, as exportações brasileiras para a Argentina caíram 27%.
A estatização foi uma cortina de fumaça eficiente no curto prazo. A médio e longo prazos, a nova YPF vai precisar de investimento e o governo argentino não tem recursos suficientes para isso.
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