segunda-feira, 14 de maio de 2012

Aliado de Bo deixa chefia do aparelho de segurança

O poderoso chefe do aparelho de segurança do regime comunista da China, que inclui a Polícia, a Justiça e os serviços secretos, Zhou Yongkang, caiu em desgraça, a exemplo do que aconteceu com seu aliado, o membro do Politburo Bo Xilai, expurgado em março de 2012.

Zhou faz parte do seleto Comitê Permanente do Politburo, onde Bo esperava chegar na renovação a ser realizada no fim do ano. É um dos chamados nove imperadores que realmente governam a China. Foi o maior defensor de Bo no debate interno do PC chinês que precedeu seu afastamento, primeiro da chefia do partido em Xunquim, uma grande cidade com status de província, em março, e depois do Politburo do Comitê Central, no mês passado.

No papel, afirma hoje o jornal inglês Financial Times, Zhou mantém o cargo de secretário do comitê de assuntos políticos e legislativos do partido. Na prática, o controle do aparelho de segurança do Estado passou para o ministro da Segurança Pública, Meng Zianzhu, diz o jornal, citando como fontes altos funcionários do PC e diplomatas.

A defesa obstinada de Bo teria selado a sorte de Zhou.

O expurgo de Bo Xilai revelou as divisões na cúpula dirigente chinesa e os métodos brutais usados na luta pelo poder. Sua mulher, Gu Kailai, foi presa sob acusação de envolvimento no assassinato do empresário britânico Neil Heywood.

Para não aumentar o descontentamento popular com as práticas arbitrárias e antidemocráticas do regime, Zhou deve manter o cargo sem nenhum poder real. Ele teria inclusive feito uma autocrítica diante do Comitê Permanente, reconhecendo o erro de tentar proteger Bo.

Por trás, há o duelo entre a ala reformista representada atualmente pelo primeiro-ministro Wen Jiabao, defensora de reforma políticas liberalizantes, e a velha guarda maoísta, que aproveitou a crise financeira internacional para defender o aumento do controle do Estado sobre a economia.

As quedas de Bo e Zhou são derrotas dos saudosos do maoísmo e das canções - e também dos métodos - da Revolução Cultural. Esta batalha ideológica que marca as reformas promovidas por Deng Xiaoping a partir de 1978 recomeça e está longe de terminar. Em jogo, o futuro da China, que em breve será o país mais rico do mundo.

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