quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Hamas repudia Declaração de Balfour

Lorde Arthur James Balfour
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) repudiou ontem a Declaração de Balfour, feita em 1917 pelo então ministro do Exterior britânico, lorde Arthur James Balfour, que prometeu criar um Estado nacional para o povo judeu na Palestina. Descreveu-a como "uma declaração injusta e ilegal feita por uma força de ocupação", que viola o direito fundamental do povo palestino de viver em sua própria terra.

Com a derrota do Império Otomano (turco), no fim da Primeira Guerra Mundial, os Impérios Francês e Britânico ocuparam o Oriente Médio. Depois, ganharam mandatos da Liga das Nações para administrar a região até que seus países se tornassem independentes.

"Hoje, 2 de novembro, no 94ª aniversário da infame Declaração de Balfour, nosso povo permanece firme, paciente e comprometido com nosso direito à nacionalidade", afirmou em nota o principal movimento islamita palestino.

"A agressão contra o nosso povo representada pela ocupação sionista em Gaza, as violações de direitos na Cisjordânia, os assentamentos ilegais na Jerusalém ocupada, as tentativas de expulsar os palestinos de suas terras não podem nem vão ser capazes de acabar com a resistência, a determinação de nosso povo na luta pela liberdade e pelo direito de retorno à nossa terra", acrescenta a nota, citada pelo Middle East International Media Center.

O direito de retorno é uma das questões centrais das negociações de paz entre Israel e os palestinos, ao lado das fronteiras do Estado nacional palestino, das colônias nos territórios ocupados e do status de Jerusalém.

Se todos os árabes que fugiram da Palestina desde a criação do Estado de Israel, em 1948, pudessem voltar legalmente, a demografia do país seria alterada. Nenhum governo israelense pode aceitar isso. Uma solução seria indenizar as famílias que tiveram casas confiscadas ou destruídas e permitir que se assentem na Palestina independente, na Cisjordânia ou na Faixa de Gaza.

O Hamas acusa o Reino Unido e "os outros países colonialistas que apoiam a ocupação" de "serem responsáveis pelo que aconteceu e ainda está acontecendo com o povo palestino, que vive sob ocupação, enfrentando os crimes e a discriminação sionistas".

Com um discurso que nega o direito de existência de Israel, não reconhecido pelo grupo, o Hamas prega a unidade de todos os grupos como única forma de garantir os direitos nacionais do povo palestino.

Ao comentar a troca recente do sargento israelense Gilad Shalit, capturado em 2006, por mais de mil prisioneiros palestinos, numa defesa da luta armada, a nota a considera "uma prova clara de que só a resistência pode capturar mais soldados, garantir a libertação de mais presos e libertar a Palestina, com todos os seus direitos".

É uma declaração belicosa. Atira na memória de Lorde Balfour para minar a legitimidade de Israel.

Nenhum comentário: