sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Guerra do Afeganistão completa 10 anos

Há dez anos, os Estados Unidos e aliados invadiram o Afeganistão atrás dos refúgios e centros de treinamento da rede terrorista Al Caeda, responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001, e da milícia fundamentalista dos Talebã (Estudantes), que governava o país.

O regime extremista muçulmano dos Talebã caiu em três semanas. Depois que a liderança da Al Caeda escapou do cerco de Tora Bora, em dezembro de 2001, o presidente George W. Bush desviou o esforço militar para a invasão do Iraque e o conflito no Afeganistão se arrasta até agora.

Desde 7 de outubro de 2001, 2.754 militares das forças invasoras e dezenas de milhares de afegãos foram mortos. Há hoje 139 mil soldados estrangeiros em solo afegão, a um custo mensal de US$ 10 bilhões.

A Guerra do Afeganistão já é a mais longa da História dos EUA, maior do que a Guerra da Secessão (1861-65), a guerra civil em que morreram mais de 600 mil americanos, maior do a Segunda Guerra Mundial, as guerras da Coreia e do Vietnã.

Para os analistas militares, os EUA e aliados ainda estão na "metade do caminho" para criar um governo afegão estável com forças de segurança que controlem efetivamente o país. Por enquanto, é um sonho distante.

A estratégia do presidente Barack Obama de negociar a paz com setores mais moderados da milícia dos Talebã enquanto prepara a retirada deu um estímulo a mais à insurgência, convencida de que basta resistir mais um pouco que os americanos irão embora e o governo que eles instalaram vai ficar sem apoio.

Em entrevista hoje à BBC, o presidente afegão, Hamid Karzai, disse que o maior problema de seu governo é não conseguir garantir a segurança da população e declarou suspensas as negociações com os Talebã. Será preciso reduzir a capacidade militar dos rebeldes para forçá-los a negociar.

Durante muitos anos, do fim da invasão soviética, em 1989, até a invasão americana, em 2001, o Afeganistão foi entregue à sua própria sorte, aos senhores da guerra com liderança regional e à influência de países vizinhos e grandes potências que ali travam suas batalhas.

Como o governo Bush abandonou a Guerra do Afeganistão para invadir o Iraque, só nos últimos anos, sob Obama, os EUA voltaram a concentrar esforços na luta contra os Talebã, que ressurgiram nesse meio tempo, agem em quase todo o país e recebem apoio do serviço secreto paquistanês.

A rede Haqqani, acusada pelos EUA de um ataque recente contra a embaixada americana em Cabul e o quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), é um braço dos militares do Paquistão para intervir na Guerra do Afeganistão. Luta ao lado dos Talebã.

Com a morte de Ossama ben Laden, em 1º de maio de 2011, os EUA e seus aliados europeus da OTAN querem sair do Afeganistão o mais rapidamente possível.

O Paquistão sabe disso e teme ter de enfrentar sozinho o atoleiro afegão. A rede Haqqani é um de seus braços armados. Para neutralizar o inimigo histórico em outra frente de batalha, nesta semana a Índia anunciou que vai dar treinamento antiterrorismo às forças de segurança do Afeganistão.

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