quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Cavaco Silva culpa Alemanha e França pela crise

O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, admitiu que a união monetária europeia tem erros de concepção, mas culpou a Alemanha e a França pela atual crise das dívidas públicas da Zona do Euro, lembrando que as duas maiores economias do grupo enviaram "um mau sinal para os mercados" em 2005, quando violaram as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento criado para sustentar o euro.

Em palestra no ciclo Europa em Debate, realizado pelo Instituto Universitário Europeu, em Florença, na Itália, Cavaco Silva argumentou que "o euro não é a causa da crise", informa o sítio de notícias Portugal Digital.

Na sua opinião, "foi a execução do Tratado de Maastricht e do Pacto de Estabilidade e Crescimento que o veio complementar, que ficou aquém do que se exigia, por irresponsabilidade da governação dos Estados e por ineficácia das instituições europeias", que fizeram "um mau escrutínio das finanças públicas de alguns países".

Cavaco Silva considerou importante "lembrar que a quebra de credibilidade do pacto" foi admitida "para que passasse incólume a violação dos limites do défice orçamental por parte da Alemanha e da França. Foi um mau sinal para os mercados: a União Europeia estava pronta a renunciar ao rigor dos critérios, em favor de considerações e circunstâncias políticas impostas por interesses nacionais".

Ele também criticou o eixo franco-alemão ao redor do qual foi construída a UE, acusando as duas maiores economias da Eurozona de,  sistemática e "sucessivamente à margem dos demais, tentarem impor soluções para a atual crise, sobrepondo-se e tornando irrelevante a iniciativas da Comissão Europeia", desvirtuando o "método comunitário".

"Em vez de uma mobilização convergente, e de uma responsabilidade solidária por parte de todos os Estados e instituições, vamos constatando a emergência de um diretório não reconhecido, sem mandato, que se sobrepõe às instituições comunitárias e limita sua margem de manobra", reclamou.

Para o presidente português, "este é um caminho errado e perigoso. Errado por que ineficaz. Perigoso por que é gerador de incertezas e desconfianças que minam o espírito da União".

A saída para a crise seria retomar a lógica que presidiu a construção da UE, que vive sua maior crise, uma ameaça ao processo de integração europeia, vital para que o continente continue a ter um peso importante nas relações internacionais.

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