segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Soros faz proposta para estabilizar Eurozona

Para restaurar a legitimidade do euro, abalada pela crise das dívidas públicas, a União Europeia precisa recapitalizar os bancos, lançar eurobônus, lastreado por todos os países que usam a moeda, e criar um mecanismo para quem quiser deixar a união monetária, propõe o megainvestidor George Soros.

Em artigo publicado hoje no jornal Financial Times, Soros alega que o Tratado de Maastricht (1991), que criou a união monetária e econômica, prevê medidas para resolver problemas no setor público, mas não no setor privado, e "os excessos no setor bancário foram muito piores".

Ao dar moeda forte e crédito barato a países que nunca os tiveram, a introdução do euro causou a formação de bolhas especulativas nos mercados imobiliários da Espanha e da Irlanda.

A primeira medida tomada para atacar o problema foi autorizar o Fundo Europeu para Estabilidade Financeira a socorrer os bancos. Soros defende a criação de uma "poderosa agência" para regulamentar e fiscalizar o setor financeiro. Argumenta que isso "poderia acabar com a relação incestuosa entre bancos e reguladores, interferindo muito menos na soberania nacional do que ditando a política fiscal".

Em segundo lugar, continua o investidor, é preciso lançar bônus pan-europeus de dívida soberana. A união monetária deveria levar a uma convergência econômica entre os diferentes países. Na prática, acentuou as divergências, ao desnudar as diferenças de produtividade, competitividade e endividamento entre as economias.

Parece uma ideia simples, mas sua execução é difícil. Implica mais uma cessão de soberania das pequenas economias e risco para a credibilidade das grandes, como a Alemanha. A primeira-ministra Angela Merkel é contra. Seus assessores avisaram que o tema não será discutido na reunião de cúpula desta terça-feira com o presidente da França, Nicolas Sarkozy.

No Banco Central da Europa (BCE), cada um dos 17 países-membros da Eurozona tem direito a um voto. Se for criado um conselho de governo econômico, os votos serão proporcionais ao peso econômico da cada país, como no Fundo Monetário Internacional (FMI)? É difícil que os países ricos aceitar pagar a conta, se não tiverem poder proporcional.

Por fim, Soros entende que a UE deve ter regras para os países que quiserem deixar a união monetária. O objetivo é evitar calotes e desvalorizações descontroladas.

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