quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Partidários de Mubarak atacam multidão no Egito

Milhares de partidários do presidente Hosni Mubarak, provavelmente gente contratada pelo partido do governo ou recrutada na polícia, entraram na praça central da capital do Egito e atacaram os manifestantes que pedem a queda do ditador, com paus, pedras e bombas incendiárias, cavalos e até camelos.

O toque de recolher noturno foi suspenso e a Internet voltou a funcionar precariamente.

Mais cedo, o Exército mandou evacuar a praça, dizendo para o povo voltar à vida normal, mas a maioria dos oposicionistas não sabe. Há menos soldados e blindados nas ruas e eles não intervieram, deixando o pau quebrar. É uma provocação para sugerir que os manifestantes não representam o povo, mas são uma minoria.

Depois, bombas incendiárias foram jogadas na multidão. O Exército tentou apagar o fogo, mas deixou a tropa de choque do regime atacar. Alguns partidários de Mubarak foram presos pelos soldados. A violência seguiu pela noite.

Em depoimento à BBC, um oposicionista acusa os partidários de Mubarak de levar armas para a praça com a conivência do Exército.

Ontem à noite, depois do pronunciamento de Mubarak prometendo deixar o poder em setembro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a transição deve começar já. Hoje, o Ministério do Exterior rejeitou as “pressões internacionais” por uma transição imediata.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon considerou inaceitável qualquer ataque contra manifestantes pacíficos.

A Rússia, o Reino Unido e a Turquia pedem uma transição pacífica.

O poder de fato já teria sido transferido para o vice-presidente. Há dois dias, Mubarak mandou o primeiro-ministro iniciar um diálogo com todos os partidos, mas quem apareceu na TV foi o vice, Omar Suleiman. Ex-chefe do serviço secreto, é uma figura odiada publicamente, além de ser acusado de ser favorável a Israel porque os serviços secretos dos dois países trocam informações, sobretudo a respeito das atividades dos fundamentalistas do Hamas e da Irmandade Muçulmana, que é a mãe do Hamas.

Israel e a ANP torcem pelo regime militar egípcio, temendo a influência da Irmandade Muçulmana num Egito democratizado.

No Financial Times, a especialista em Oriente Médio Roula Khalaf analisa as hipóteses sobre o futuro do país líder do mundo árabe.

O economista Nouriel Roubini adverte que uma alta nos preços do petróleo por causa da crise no Egito ameaça a frágil recuperação mundial.

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