segunda-feira, 7 de abril de 2008

Gangues de Mugabe intimidam zimbabueanos

Gangues de partidários do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, que se apresentam como veteranos da guerra pela independência do país, em 1980, embora a maioria não tenha idade para ter lutado naquela época, começaram uma campanha de intimidação em regiões do interior do país onde a oposição ganhou as eleições.

Os resultados oficiais da eleição presidencial de 29 de março ainda não foram divulgados. Mas o partido do governo, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF), que falava em segundo turno, passou a pedir a recontagem dos votos. E a tropa de choque de Mugabe entra em ação para fraudar as esperanças de uma transição pacífica no país, que já foi chamado de celeiro do Sul da África e hoje vive um colapso econômico, com inflação de mais de 100.000% ao ano e desemprego de 80%.

Desde 2000, quando o Movimento pela Mudança Democrática (MDC, do inglês) passou a ser uma ameaça real a seu poder, Mugabe mobilizou gangues de supostos veteranos de guerra para invadir terras dos fazendeiros brancos. Tentava, assim, desviar a atenção para a verdadeira luta política, acusando a oposição de ser aliada dos brancos, dos Estados Unidos e do Reino Unido,

No acordo da Lancaster House, que selou a independência da antiga Rodésia do Sul, em 1980, acabando com o regime segragacionista da minoria branca, liderado por Ian Smith, o Reino Unido se comprometeu a financiar a reforma agrária, indenizando os fazendeiros brancos que teriam terras desapropriadas para serem distribuídas entre a maioria negra. Mugabe pegou o dinheiro e distribuiu terras entre seus aliados.

Diante da situação catastrófica, o governo insiste o discurso de que o país é vítima de uma conspiração internacional para recolonizar o Zimbábue, que não receberia ajuda econômica internacional por causa do veto dos EUA e da Grã-Bretanha.

Outros líderes africanos relutam em se manifestar. Também não querem ingerência estrangeira em seus assuntos internos ou enfrentam problemas de miséria, subdesenvolvimento e concentração da renda e da terra da mesma natureza não-resolvidos depois de anos de independência.

O país-chave, líder da África negra ou subsaariana, na expressão politicamente correta, é a África do Sul. Seu presidente, Thabo Mbeki, perdeu a reeleição para a liderança do partido dominante, o Congresso Nacional Africano, principalmente por causa de sua insensibilidade social, da falta de políticas agressivas de inclusão social da maioria negra longamente deserdada pelas políticas segregacionistas do apartheid.

Mas o risco de uma onda de violência como a que assolou o Quênia depois da fraude na eleição presidencial de 27 de dezembro assusta os países vizinhos, já sobrecarregados pelos imigrantes zimbabueanos.

Nenhum comentário: