quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Petróleo alimenta o conflito no Chade

Por trás do conflito no Chade, há uma disputa pelo petróleo do país, que não é muito mas é fundamental para o futuro de uma das nações mais pobres da África.

A oposição acusa o presidente Idriss Déby, apoiado pela França e os Estados Unidos, de vender os recursos naturais do país.

O conflito é essencialmente político mas "o petróleo joga um papel importante", afirma o editor da newsletter Africa Energy Intelligence, Philippe Vasset.

"Há um butim de guerra valioso a ser dividido", acrescenta.

Para o pesquisador Philippe Hugon, especialista em economia africana, "parte da riqueza do petróleo tem sido enviada para fora do país ou desperdiçada com a compra de armas e o enriquecimento pessoal do grupo ligado a Idriss Déby. Os rebeldes querem sua parte".

Por força de um acordo com o Banco Mundial, o governo chadiano é obrigado a investir 70% da renda do petróleo no desenvolvimento econômico e social, em troca de um financiamento para a construção de um oleoduto de mil quilômetros, ligando o campo petrolífero de Doba, no Chade, ao porto de Cribi, na república dos Camarões.

Com uma produção diária de 150 a 160 mil barris e reservas de 1,5 bilhão de barris de petróleo, o Chade está muito atrás da Nigéria, maior potência petrolífera da África, com produção de 2,12 milhões de barris diários e reservas de 36 bilhões de barris de cerca de 159 litros.

A alta do petróleo melhorou a sorte do Chade, um dos países mais pobres do mundo, desértico e sem acesso ao mar.

Graças ao petróleo, o investimento estrangeiro provocou um crescimento econômico de 30% em 2004, que caiu para 8% no ano seguinte. Mas os geólogos acreditam que o potencial de exploração de petróleo no Chade não está esgotado.

A expectativa é que China e Estados Unidos, que travam uma disputa pelos recursos naturais da África, se interessem mais pelo petróleo do Chade

A ExxonMobil lidera um consórcio com a Chevron e a estatal Petronas, da Malásia para explorar o petróleo chadiano, antecipando-se a chineses e europeus.

Como a China importa cerca de 30% de seu petróleo do vizinho Sudão, o mais interessante para os chineses seria prolongar o oleoduto até o Chade.

Mas como o governo chadiano considerou o suposto apoio sudanês à ofensiva rebelde uma "declaração de guerra", no momento é difícil imaginar uma reconciliação entre Cartum e Ndjamena.

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